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3. METODOLOGIA

3.6. O RGANIZAÇÃO DAS FICHAS TERMINOLÓGICAS

A organização das fichas terminológicas supõe uma parte essencial para a elaboração da base de dados e da proposta de glossário; aliás, a alma do trabalho. De acordo com Krieger e Finatto:

A ficha terminológica (...) pode ser definida como um registro completo e organizado de informações referentes a um dado termo. Nela, constam informações indispensáveis, tais como a fonte textual de coleta de um termo, segmentos de texto onde esse termo ocorre, seus contextos de uso, informações sobre variantes denominativas, sinônimos, construções recorrentes que o acompanham. A ficha também reúne informações operacionais ao trabalho, tais como o nome do responsável pela coleta, datas de registro e revisão, etc. (KRIEGER & FINATTO, 2004, p. 136).

O registro das informações dos termos selecionados é feito hoje em dia por meio de um programa informático de gestão de bases de dados, os quais permitem organizar as informações em diversos campos a serem preenchidos. Existem vários programas deste tipo no mercado, mas o mais popular de todos eles, sem dúvida nenhuma, é o programa Access, incluído no pacote Office, da companhia multinacional Microsoft. Foi este mesmo que nós usamos, pois estamos mais familiarizados com seu uso.

Para a confecção da nossa base de dados terminológica foi necessário selecionar uma série de campos em que estivessem organizadas as informações completas dos termos, atendendo a especificidade do trabalho abordado para sua melhor adequação.

Baseamo-nos nas recomendações de Krieger & Finato (2004), Pavel & Nolet (2002) e Cabré (1999). Nessas autoras, embora pertençam a escolas diferentes, existem pontos en comum em relação à elaboração de fichas terminológicas, sobretudo naquelas questões em que o senso comum deve guiar quando se trata de terminologia bilíngue, como a necessidade de oferecer uma língua de origem e de chegada, uma definição, contexto de uso, segmentos de texto incluíndo o termo ou, simplesmente, a numeração das fichas.

Krieger e Finatto (2004, p. 136-137) salientam a importância do planejamento dessa fase do trabalho, as múltiplas possibilidades de ficha em relação ao objetivo proposto em cada caso e afirmam que o fundamental é que a ficha seja um trabalho bem planejado em seu conjunto, com todas as informações coletadas, facilmente entendidas, localizáveis e

resgatáveis. O exemplo de ficha terminológica bilíngue apresentado pelas autoras, em relação à área de Gestão Ambiental, inclui os campos: definição, termo, fonte do termo, fonte da definição, contexto, temática, categoria do termo, marcas gramaticais e equivalentes em língua estrangeira.

Por sua vez, Pavel e Nolet (2002, p. 47) salientam os critérios principais para preparar uma ficha: validade, concisão, atualidade e complementaridade dos dados. Segundo as autoras, devem-se selecionar uma definição e um contexto que melhor descreva o conceito e melhor apresente a equivalência textual, evitando, porém, sempre que possível, a repetição de informações nas provas textuais selecionadas, e estas devem ser complementares para possibilitar ao usuário formar um constructo mental de todo o conceito. O exemplo de ficha proposta pelas autoras inclui: área temática, língua de partida, definição em língua de partida, contexto em língua de partida, observações, língua de chegada, definição em língua de chegada, contexto em língua de chegada.

Cabré (1999, p. 279) aponta que, embora as fichas possam incluir mais ou menos campos e seguir determinados modelos em função do tipo de trabalho a ser realizado, há alguns campos que são imprescindiveis para que a ficha seja, realmente, uma ficha terminológica, a saber: termo, categoria gramatical, contexto e referência da fonte.

Levando em conta estas considerações teóricas, resolvemos criar duas bases de dados que contivessem informações em português brasileiro e seus equivalentes em espanhol argentino e vice-versa, oferecendo inclusive as possíveis variações em português europeu dos termos selecionados em relação à variedade americana, com a intenção de fornecer os dados mais pertinentes e necessários, sem sobrecarregar as fichas de informações desnecessárias. Detalhamos, a seguir, os campos que compõem as fichas da nossa base de dados terminológica.

Campo 1: Código. Numeração do termo correspondente. Como foram selecionados 298 termos, ela aparece representada com três dígitos, partindo do 001 até o 298; o código 001 corresponde ao primeiro termo em língua portuguesa em ordem alfabética (abandono de curso) e o 298 ao último nesta mesma ordem (verificação de aprendizagem).

Campo 2: Área temática. Este campo está sempre preenchido com Educação

Superior, área sobre a qual nós fizemos a nossa pesquisa.

Campo 3: Subárea: Este campo, por sua vez, está sempre preenchido com

futuramente a base de dados poderia ser complementada com outras subáreas relacionadas com a Educação Superior, como, a organização econômica, administrativa, etc.

Campo 4: Termo em língua de entrada. Quando a língua de entrada for o português brasileiro, este campo aparece preenchido com o termo precedido das siglas PB, com a mesma forma que irá aparecer depois no glossário terminológico bilíngue como verbete; por sua vez, quando o espanhol for a língua de entrada, o termo aparece precedido das siglas EA.

Campo 5: Fonte do termo. Indicamos a fonte documentária da qual o termo foi selecionado (Lei, Estatuto, Regimento, etc.).

Campo 6: Definição. Neste campo aparece a definição do termo na língua correspondente, a qual servirá também como definição na proposta de glossário bilíngue.

Campo 7: Fonte da definição. Este campo aparece prenchido com a menção ao tipo de documento normativo do Brasil ou da Argentina e, se for o caso, o artigo, do qual foi extraída a definição.

Campo 8: Contexto. Contexto situacional em que o termo relacionado aparece. As informações fornecidas para este campo ajudarão a entender melhor o sentido da definição do termo, como complemento dela.

Campo 9. Fonte do contexto. Neste campo fazemos menção à fonte documentária do contexto (Lei, Parecer, Estatuto, etc.).

Campo 10. Termo em língua de chegada. Quando a língua de partida é o português brasileiro, este campo aparece introduzido pelas siglas EA e, na sequência, o termo equivalente em língua espanhola; por sua vez, quando a língua de entrada é o espanhol, o termo equivalente é introduzido pelas siglas PB.

Campo 11. Observações. Este campo está reservado para as informações adicionais relevantes que ajudem a uma compreensão completa do conceito

representado pelo termo de entrada, assim como as possíveis variações em relação ao português europeu. Este campo nem sempre aparece preenchido.

A seguir, oferecemos na figura 7 um exemplo de ficha terminológica com os campos preenchidos segundo o modelo proposto anteriormente. Trata-se da ficha correspondente ao termo abandono de curso:

Figura 7: Modelo de ficha terminológica em Micrososoft Access-vista: formulário. Lingua de entrada-Português brasileiro

Código: 001 Fonte da definição: Adaptada do Conselheiro Relator José Carlos Almeida da Silva, 2003, p. 4.

Área temática: Educação Superior Contexto: o aluno é regular porque está com o seu vínculo incólume com a instituição, embora, se vier a renunciar aos serviços contratados e postos à sua disposição não venha frequentando regularmente as aulas e se deixe reprovar por faltas

Subárea: Organização acadêmica Fonte do contexto: Parecer CNE/CES Nº 365/2003 do Ministério da Educação do Brasil, p. 4.

PB: Abandono de curso EA: desistencia; deserción

Fonte do termo:

Parecer CNE/CES Nº 365/2003 do Ministério da Educação do Brasil

Observações: PP desistência de estudos

Definição Ruptura do vínculo do aluno com a instituição pelo não comparecimento para renovação de matrícula. Fonte: o próprio autor.