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A utilização da gravação vídeo no contexto de desenvolvimento da

Segundo Faria (2001), o uso do vídeo no contexto de aula permite uma aprendizagem mais autônoma e interativa (Faria 2001 apud Almeida, et al. 2009, p.155). Para além disso, a utilização de ferramentas tecnológicas no ensino estimula o desenvolvimento de características associadas à iniciativa, motivação, autodisciplina e autonomia pelo aluno (Aguiar, 2008).

Deste modo, considerando a utilidade da gravação vídeo, qualquer feedback formulado sobre a visualização e audição da performance, permite a consciencialização das

reações demonstradas, de forma a estimular o aperfeiçoamento da experiência (Ribeiro, et al., 2015). Ou seja, segundo Pires (2010), quando um sujeito observa a própria imagem numa gravação vídeo, é-lhe proporcionada uma perspetiva diferente sobre si mesmo. Esta experiência permitirá uma transformação da consciência sobre si próprio (Pires, 2010). Nesta circunstância, e dado ao facto de um músico estar em constante aprendizagem, quando este observa e escuta as próprias performances, tenderá a aperfeiçoar o seu desempenho. Este aumento da motivação para a prática permitirá desenvolver melhores performances (Anderson & Ellis, 2001).

“Vídeo-espelho” foi o termo que Morán (1995) apresentou para designar o uso da gravação vídeo em aula dentro da vertente de “vídeo como avaliação”. Este conceito determina-se pela prestação da gravação como recurso à própria compreensão e descoberta do corpo, movimentos, hábitos e gestos involuntários (Morán, 1995). Segundo Lofthouse & Birmingham (2010), a utilização deste instrumento de forma adequada permitirá desenvolver conhecimento, discussão, reflexão e análise, atuando como uma ferramenta psicológica (Lofthouse & Birmingham, 2010). Como ferramenta tecnológica, a gravação vídeo é uma das várias estratégias que pode ser aplicada ao processo de autoavaliação. Para Daniel (2001) a visualização dos próprios registos performativos é recomendável, em especial quando esta é acompanhada por uma autoavaliação escrita. Esta prática fomentará no aluno a autonomia na apreciação do seu desempenho, limitando desta forma a constante procura do professor para identificação dos problemas (Daniel 2001 apud Jorgensen 2004, p. 96).

Em consideração às potencialidades da gravação vídeo, como um instrumento que possibilita o rápido acesso ao feedback, o aluno pode utiliza-lo de forma a observar e analisar as próprias performances, o seu comportamento e erros, conduzindo-o a um posterior aperfeiçoamento das suas habilidades (Almenara, 2002). Assim sendo, a gravação vídeo para além de oferecer um feedback imediato pelo aluno, permite a reprodução e repetição do vídeo as vezes necessárias para que este possa avaliar o seu desempenho de forma objetiva. Segundo Tan (2007), o recurso à gravação desenvolve nos alunos o pensamento crítico e a responsabilidade sobre a própria aprendizagem. Deste modo, o autor sugere o uso desta ferramenta tecnológica no contexto de aula, para que seja reunido um conjunto de registos

de vídeo dos progressos obtidos semanalmente, para posterior análise e reflexão pelo professor e aluno (Tan 2007 apud Feely 2017, p. 68).

Este tipo de funcionalidade atribuída à gravação vídeo está diretamente associado às estratégias metacognitivas que permitem o planeamento, monitorização e avaliação da aprendizagem. Em consideração à vantagem deste recurso tecnológico, alguns estudos comprovam que a gravação vídeo é uma ferramenta eficiente para esse efeito (Jorgensen & Hallam, 2008).

A tecnológica, num modo geral, tem sido integrada ao longo dos tempos nos processos de ensino e aprendizagem na construção do conhecimento (Almeida, et al., 2009). Contudo, o seu uso deverá ser ajustado aos objetivos delineados, de modo a promover maior qualidade no ensino e “desenvolver práticas pedagógicas que não se restrinjam em transmissões, repetições e memorizações de conteúdos” (Cunha, et al., 2012). Assim sendo, os recursos tecnológicos são potenciais instrumentos para o progresso do ensino e aprendizagem, quando introduzidos adequadamente ao contexto pedagógico (Almeida, et al., 2009). Dada a facilidade com que podemos ter acesso a um aparelho eletrónico, como é o caso do telemóvel, a gravação vídeo revela-se uma estratégia bastante acessível. O recurso a esta ferramenta tecnológica facilitará a prática, o desempenho, e a criação de feedbacks, partindo do contacto visual e auditivo com a própria performance (Hallam, et al., 2012). Para além destes aspetos, o recurso a esta ferramenta tecnológica contribui para o desenvolvimento da capacidade de reflexão e análise do próprio desempenho, que promove por sua vez, o pensamento autorregulado, autonomia na seleção de estratégias para os problemas identificados, e a autoavaliação da prática instrumental (Guerrero, 2008).

Num estudo realizado por Ribeiro, et al. (2015) a um grupo de flautistas, verificaram que a gravação das performances, permitiu aos participantes estabelecer relações entre a técnica na prática instrumental, e o efeito sonoro produzido. Para além deste aspeto, a revisão da performance levou a que muitos dos participantes melhorassem vários aspetos interpretativos durante a segunda prestação performativa. Isto é, a análise da gravação vídeo levou os alunos a tomarem consciência das suas reações durante a performance, e incitou ao aperfeiçoamento dessas mesmas execuções. Deste modo, os autores concluíram que a gravação vídeo é uma ferramenta capaz de fornecer feedback intrínseco e extrínseco de

Outro dos estudos realizados sobre a questão da utilização da gravação vídeo na aprendizagem, feito por Kaminski (2017), constatou que 57% dos sujeitos inquiridos utilizavam a gravação vídeo como uma estratégia para detetar problemas nas suas performances (Kaminski, 2017).

Do mesmo modo, Feely (2017) cita o autor Hallam (2012) relativamente à própria experiência deste com o uso das gravações, a fim de avaliar os comportamentos, detetar e corrigir erros do seu desempenho. Esta ferramenta tecnológica permitia-lhe uma melhor orientação e monitorização do progresso relativamente aos objetivos estipulados, e em conformidade com os feedbacks obtidos (Hallam 2012 apud Feely 2017, p. 22).

Para além das várias contribuições das gravações para a aprendizagem do aluno, a introdução desta ferramenta tecnológica como estratégia, induz a um ensino mais proactivo e reflexivo também pelo docente. Esta ferramenta permite ao professor analisar e repensar as suas orientações, de modo a adequar os comportamentos pedagógicos às diferentes necessidades no processo de aprendizagem do aluno (Lofthouse & Birmingham, 2010). Como tal, a tecnologia oferece ao professor variadas formas de adaptar as suas metodologias de trabalho, para além de permitir orientar e avaliar os seus alunos à distância (Móran, 2000). Por último, o vídeo permite o armazenamento de todo o progresso e aprendizagem do aluno, de modo a ser revisto sempre que necessário (Almenara, 2002).

2. Objetivos, Metodologias e Procedimentos