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A Utilização de Jogos de Computador na Sala de Actividades

Capítulo 3 – Apresentação e Discussão de Resultados

5.1 A Utilização de Jogos de Computador na Sala de Actividades

Embora ambos os educadores tenham iniciado a sua actividade docente recentemente (4 anos no caso do educador A e 5 anos no caso do educador B), quer um quer outro já utilizaram jogos de computador na sala de actividades. No entanto, a forma como o fizeram foi muito diferente. No caso do educador A, a utilização dos jogos de computador foi vista de forma natural:

“Usei em todos os anos lectivos. E neste ano lectivo deixei de usar a partir de

Maio porque o computador da sala se estragou. Quando usei o computador na sala dos 3-4 anos explorei mais jogos para a construção de histórias. Algumas nunca tinham tido contacto com o computador e serviu mais para elas aprenderam a manusear o computador. Para a sala dos 4-5 e 5-6 anos usei outros jogos. As crianças adoram jogar no computador.”

“Até já tivemos um cantinho para os computadores, como temos o cantinho

da leitura, a casinha de bonecos, entre outros.”

Educador A

O educador B, por seu lado, teve apenas uma breve experiência de utilização de jogos de computador, no último ano lectivo, com um único jogo. Este experiência teve um fim forçado, devido ao facto de o computador onde era realizada se ter avariado e nem todas as crianças da sala tiveram a oportunidade de jogar. No entanto, viu esta experiência como positiva e gostaria de a voltar a realizar.

“Sim, já usei. O jogo das 102 Actividades, que é um jogo que tem correspondências, memória, tendo outras actividades. A ideia foi minha. Eu tenho um universo, poderia arriscar talvez de 70% de crianças que nunca usaram o computador. Mas quando usei não chegou a todas as crianças porque entretanto fiquei sem computador na sala. Se o uso fosse regular poderia chegar a todas as crianças. Quando usei os jogos na sala não houve possibilidade de chegar a todas.”

“Sim, gostaria de usar com mais frequência.”

O educador B refere ainda que esta investigação contribuiu para despertar o seu interesse pela utilização de jogos de computador na sala de actividades:

Mas um aspecto positivo deste estudo que está a fazer neste jardim é que me fez reflectir e despertar o interesse pelo uso do computador na sala dos 4 anos. As coisas poderiam ter corrido melhor se todas as crianças já tivessem tido contactado com o computador.”

“Na avaliação que iremos fazer no final do ano lectivo uma sugestão que

irei deixar para a colega da sala dos 4 anos é que é urgente arranjar um computador para esta sala.”

Educador B

Esta diferença entre a posição dos educadores relativamente à utilização dos jogos de computador poderá ser enquadrada numa perspectiva mais ampla, onde são evidentes as diferenças relativas ao à-vontade que os educadores têm face ao computador. O educador A tem uma grande experiência com o computador, muito anterior à sua actividade docente e vê o computador como uma ferramenta natural e fundamental:

“Não consigo viver sem os computadores. Os meus pais trabalham na parte

informática da Universidade e obrigaram-me a fazer workshops relacionados com a exploração do Excel, do Word. Na altura detestava e eu dizia que quando crescesse a primeira coisa que fazia era deitar o computador fora. Neste momento quando é necessário resolver um problema informático na escola sou eu a primeira a ser chamada e mais do que isso estou sempre a tomar a iniciativa para elaborar materiais no computador tais como PowerPoints. Pertenço a uma comunidade virtual de aprendizagem relacionada com a educação pré-escolar e considero fundamental para a minha prática enquanto educadora deste jardim-de- infância e como pessoa.‖

Educador A

Este à-vontade não está presente no discurso do educador B. O seu contacto com o computador como ferramenta de trabalho ocorreu muito mais tarde do que no caso do

educador A. Este facto não o impede de reconhecer os méritos da utilização das novas tecnologias, mas não de uma forma pessoal, ou seja, está ao corrente das potencialidades do computador, mas não estão interiorizadas na sua actividade diária.

“Na minha rotina diária gostaria de usar mais porque acho que são muito

importantes. Sei que há pessoas que já usam a internet para ir ao banco, fazer compras…”

“Eu comecei a trabalhar com o computador por volta dos 20 anos quando a

escola me exigiu.”

“Eu pertenço à geração Spectrum. (…) Mas isso não era trabalhar com o

computador.”

Educador B

A formação académica de ambos os educadores é semelhante, tendo em conta que esta foi realizada na mesma instituição e que a idade dos educadores é muito próxima. No entanto, os educadores têm opiniões contrárias sobre essa formação, no que diz respeito à temática dos jogos.

O educador A optou por uma disciplina intitulada “Jogos e Danças Tradicionais

Portuguesas” que abordava especificamente esta temática e ambos os educadores

tiveram algumas disciplinas onde também estiveram presentes os jogos, como a Educação Física, a Música e as Tecnologias Educativas. No entanto, ambos os educadores afirmam que os jogos de computador não foram abordados especificamente. O educador A recorda-se porém de ter visto alguns jogos online, no âmbito de disciplinas relacionadas com as novas tecnologias. Por outro lado, em relação à matemática as diferenças acentuam-se: enquanto o educador A associa a exploração de vários jogos à sua formação matemática, o educador B afirma que não foram explorados jogos nas disciplinas relacionadas com a matemática que fizeram parte da sua formação.

“Sim, na matemática também exploramos jogos. Tais como a Tartaruga

Room, Blocos Lógicos, Material Cuisinaire. Na matemática exploramos muitos jogos.”

Educador A

“Tivemos 3 disciplinas semestrais mas não exploramos jogos. Falamos de

numerações e de outros assuntos mas não exploramos jogos. Mas agora que pergunta até considero que teria sido importante.”

Educador B

O educador A refere-se ainda à inexistência de acções de formação sobre jogos de computador:

―Sim, acho importante. Não há acções de formação sobre os jogos de computador. Há acções de formação sobre construção de sites, e outras relacionadas com as TICs.‖

Educador A

Pudemos assim observar que os educadores participantes nesta investigação já tinham algum conhecimento sobre a temática da utilização de videojogos em contexto de jardim-de-infância. No entanto, a formação nesta área parece ser insuficiente e seria desejável uma exploração desta temática quer na formação inicial, quer em termos de formação contínua.