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3.4.1.1 | Os processos perceptivos

A percepção parece um processo bem simples, basta uma pessoa virar a cabeça e

rapidamente identificar e descrever o que está ao seu redor. Assim, pode-se dizer que perceber é o ato de receber estímulos, decodificá-los e emitir uma resposta. “A percepção exige menos habilidades do que tarefas cognitivas como resolução de problemas ou tomadas de decisões” (MARTLIN,

MARGARETH W. 2004, p. 22), mas ainda assim é um ato bem complexo.

“A percepção usa conhecimentos prévios para reunir e interpretar os estímulos registrados pelos sentidos. É usando a percepção que você interpreta cada uma das letras desta página. Veja como fez para perceber a letra o na palavra percepção. Você combinou (1) as informações registradas pelos olhos, (2) seu conhecimento prévio da forma das letras do alfabeto e (3) seu conhecimento prévio sobre o que esperar quando o seu sistema visual já tivesse processado o fragmento percepção _ repare que a percepção combina aspectos tanto do mundo exterior (estímulo visuais) quanto do mundo interior (seu conhecimento prévio).(...) Duas tarefas perceptivas especialmente relevantes para a psicologia cognitiva são reconhecer objetos e prestar atenção (MARTLIN, MARGARETH W. 2004, p. 22).

O reconhecimento de objetos permite-nos perceber, por exemplo, a forma, ou, a textura do estímulo enquanto que a atenção permite-nos processar informações mais complexas e ignorar outras. “Quando você reconhece um artefato, seus processos sensoriais transformam e organizam as informações brutas fornecidas por seus receptores sensoriais. Você também compara os estímulos sensoriais com as informações armazenadas na memória” (MARTLIN, MARGARETH W. 2004, p. 25).

3.4.1.2 | Os processos perceptivos e o design

Os processos perceptivos estão ligados com maior ênfase à função estética dos objetos, pois é sua aparência e material que irão desencadear os estímulos. Na metodologia do design é

dependem do estado psicológico em que a pessoa se encontra, ou seja, dependem do seu estado emocional, da sua história de vida e da sua cultura, por isso é importante entender também os processos de inteligência, motivacionais, emocionais, de consciência e simbólicos.

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Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos processos da percepção ]

Conceituação do processo perceptivo; ■

Percepção de luminosidade; cor; espaço; forma; tempo; movimento; pessoas; e do ■ corpo; Atenção; ■ Memória; ■ Percepção estética ■

O efeito da aprendizagem sobre a percepção; ■

A influência da cultura sobre a percepção; ■

A percepção dos artefatos (em termo dos materiais e dos significados). ■

3.4.1.3 | Os processos da inteligência

Não é uma tarefa fácil definir inteligência devido a muitas variáveis que aparece de pessoa para pessoa. Contudo, em linhas gerias, pode-se afirmar que a inteligência seria a capacidade de resolver problemas novos, a capacidade de aprender e a capacidade de pensar abstratamente, ou em outras palavras, “em cada contexto, inteligência é a habilidade de aprender a partir da experiência, resolver problemas e usar o conhecimento para se adaptar a novas situações” (MYERS, DAVID I. 2006, p. 308).

Gardner (1994), baseando-se em anos de pesquisa em psicologia cognitiva, neuropsicologia e juntando influências e informações de muitas fontes, argumenta que as pessoas nascem com potencial para desenvolver múltiplas inteligências, de maneira que uma competência intelectual humana deve apresentar um conjunto de habilidades de criação e resolução de problemas. A sua teoria classifica as inteligências em:

Inteligência lingüística - capacidade em operações centrais da linguagem (exemplo: ■

poetas, escritores, etc);

Inteligência lógico-matemática - Domínio dos números, parte do objeto para o abstrato ■

(exemplo: matemáticos);

Inteligência corporal sinestésica - Domínio aguçado sobre os movimentos corporais ■

(exemplo: dançarinos, atletas, etc);

Inteligência musical - capacidade em realizar composições musicais (exemplo: ■

Mozart); - Inteligência espacial - Capacidade de perceber o mundo visual com precisão (exemplo: designers, arquitetos);

Inteligência emocional - capacidade aguçada em lidar com as emoções e ■

3.4.1.4 | Os processos da inteligência e o design

Com base na teoria das inteligências multiplas pode-se afirmar que cada tipo de inteligência irá influenciar na maneira como a pessoa irá perceber e interpretar os estímulos do meio. Isto determinará também o foco de interesse por artefatos, por exemplo, uma pessoa que apresenta a inteligência espacial, ao jogar The Sims terá o foco de interesse mais voltado para a organização dos ambientes do que para as organizações dos relacionamentos dos personagens, o que provavelmente será o foco de interesse da pessoa que tem em evidência a inteligência emocional.

Sobre a inteligência, é importante também que o designer saiba que esta se processa diferente em cada fase da vida (infância, adolescência, adulta, terceira idade). Isto pode ser entendido através da neuropsicologia que procura explicar o funcionamento neurológico, bem como através da teoria psicogenética de Jean Piaget que explica o desenvolvimento cognitivo, define a inteligência como uma adaptação biológica e que se desenvolve a partir do contato dos indivíduos com os objetos, aonde vão sendo criados esquemas mentais conceituais para interpretação dos mesmos. As pesquisas de Jean Piaget demonstraram que a inteligência se desenvolve por estágios e estes estão diretamente ligados ao desenvolvimento neurológico dos indivíduos. Os estágios de desenvolvimento da inteligência de acordo com a teoria de Jean Piaget são:

I. Estágio sensório-motor (0 a 2 anos) = a criança representa o mundo em termos de ações, acontece a aprendizagem da coordenação dos sentidos através do comportamento motor: chupar, sacudir, olhar, deixar cair.

II. Estágio pré-operacional (2 a 6 anos) = a criança lida com imagens e objetos concretos, estáticos, e já se relaciona com o meio através de representações simbólicas, por isso os contos de fadas tem muita influência neste período.

III. Estágios de operações concretas (7 a 11 anos) = compreensão de que é possível atuar mentalmente sobre os objetos. Operações lógicas apenas na cabeça sem necessariamente ter que alterar o mundo ao redor, a criança adora desmontar os brinquedos para descobrir o que tem e tentar montar novamente.

IV. Estágio de operações formais (12 anos em diante) = capacidade de pensar em termos de hipóteses, probabilidades. O Raciocínio cientifico começa a emergir.

As teorias do desenvolvimento cognitivo explicam que a inteligência se desenvolve também a partir do contato dos humanos com os artefatos, pois a utilização destes possibilitam a estruturação de esquemas mentais que serão utilizados para decodificação dos estímulos, bem como para mediar a relação das pessoas com o meio.

È possível afirmar através das teorias do desenvolvimento cognitivo que os interesses são diferentes em cada fase da vida e os estímulos para atenderem a cada interesse também são diferentes, pois alguns artefatos não poderão ser utilizados em algumas idades porque as pessoas, provavelmente, não terão esquemas mentais que possibilitem o uso.

Donald A. Norman em seu texto sobre a psicopatologia dos objetos do cotidiano traz conceitos sobre modelos conceituais, os quais se referem a modelos formados pela interação das ações

Objetos bem projetados são fáceis de interpretar e compreender. Eles contêm indicações visíveis de sua operação. Objetos mal concebidos e mal projetados podem ser difíceis e frustrantes de usar. Não fornecem indicação alguma - ou por vezes indicações falsas. Enganam o usuário e impedem o processo normal de interpretação e compreensão. Infelizmente, o design de má qualidade predomina (NORMAN, DONALD A. 2006, p. 26).

Como a função prática dos objetos/artefatos se refere principalmente ao uso destes, pode-se afirmar que esta função está explicitamente ligada aos processos de inteligência.

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Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos processos de inteligência ]

Conceito de inteligência; ■ Desenvolvimento da inteligência; ■ Inteligências Múltiplas; ■

A estrutura da inteligência e a relação com a função prática dos artefatos; ■

A psicopatologia dos objetos do cotidiano. ■

3.4.1.5 | Os processos motivacionais

A necessidade é a mãe da invenção.

Motivação é a energia, a força e a orientação do comportamento. “Para os psicólogos, a motivação é uma necessidade ou desejo que energiza o comportamento e o direciona para um objetivo” (MYERS, DAVID I. 2006, p. 308).

Maslow (1970) procurou hierarquizar as necessidades e criou uma pirâmide para representar a hierarquia (fígura 3.03).

Figura 3.03 - Pirâmide das necessidades de Maslow (1970)

a adquirir tantos artefatos, ou ainda, que tipo de artefatos as pessoas necessitam em sua vida cotidiana?

3.4.1.6 | Os processos motivacionais e o design

A necessidade é a mãe das criações e o designer cria artefatos para satisfazer as necessidades dos humanos, logo pode ser interessante o conhecimento acerca das motivações/necessidades dos indivíduos para este profissional, assim em seus projetos eles não só produzirão o artefato, mas também saberão exatamente a que necessidade dos humanos, os mesmos atenderão. Para realizar uma relação entre as necessidades e os artefatos foi criada, com base na pirâmide de Maslow (figura 3.09), uma pirâmide das necessidades em design (figura 3.04) realizando a correspondência das

necessidades humanas aos artefatos e a ênfase na função do objeto.

Na pirâmide das necessidades de Maslow em design (figura 3.04) foi realizada uma correlação associando os artefatos com as necessidades, evidenciando exemplos de artefatos que satisfazem aos tipos de necessidades. Foi realizada também uma relação com a função do objeto, de maneira que sugere em que aspecto da função (prática, estética ou simbólica) deverá, na metodologia, ser colocada a ênfase.

Figura 3.04 - Pirâmide das necessidades de Maslow em design

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Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos processos de motivação ]

Conceituação de motivação ■