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Esta abordagem tem como objetivo estudar as emoções, os níveis de consciência, o simbolismo e a influência destes no comportamento humano e na interação com os artefatos.

3.4.2.1 | Os processos emocionais

O reinado do pensamento cartesiano (penso, logo existo - Descartes) dificultou aos humanos aprenderem a identificar e como expressar, de maneira sensata, as emoções, e estas vagam no seu interior como sensações incompletas, impedindo respostas coerentes. Atualmente, devido a mudanças de paradigmas e a novas teorias acerca da emoção, este pensamento vem mudando. Admite-se que as emoções têm um papel primordial na vida dos indivíduos, e muitas vezes, estas chegam a esmagar a razão, pois uma pessoa com o Quociente de Inteligência (Q.I.) elevado pode, quando abalada emocionalmente, matar brutalmente alguém. Um comportamento deste tipo é estudado e compreendido pela neuropsicologia que explica o funcionamento cerebral e a relação com as respostas comportamentais. A seguir, pelo funcionamento do sistema límbico, neocórtex e amídala cerebral serão apresentadas as maneiras como acontecem as reações emocionais.

[ Sistema límbico, neocórtex, amídala cerebral ]

O sistema límbico, sede das emoções, surgiu na escala evolutiva a partir das aves e

representou um avanço - memória emocional - aprimorou a capacidade de aprendizagem e de fazer escolhas em situações criticas (figura 3.05).

Fonte Myers ( 2006, p.364)

Figura 3.05 - Exemplo do processamento dos estímulos emocionais.

“As emoções surgem da interface entre ativação, expressão de comportamento e experiência consciente (cognição)” (MYERS, DAVID I. 2006, p. 308). Este autor afirma ainda que há uma espécie de atalho entre os estímulos captados (principalmente partindo do olho e da orelha via tálamo) e a amídala cerebral, que possibilitam respostas emocionais mais rápidas do que as racionais, de maneira que a resposta emocional é tão rápida que a musculatura emite resposta (face feliz ou triste, por exemplo) antes mesmo de ser percebida conscientemente.

O amor, que não existe nos répteis, faz os animais protegerem os filhotes e aumentam a chance de sobrevivência da espécie. Reações automáticas gravaram-se em nosso sistema nervoso (para os biólogos), porque na pré-história decidiam entre a sobrevivência e a morte. Salvar um filho - para os biólogos evolucionistas = “sucesso reprodutivo”, perpetuar a espécie - para um pai (e

psicólogos) manifestação de amor.

Emoções primárias: Instintivas, servindo para autopreservação. ■

Emoções Básicas: Raiva; Medo; Amor; Surpresa; ■

Exemplo: Não se precisa pensar sobre o leão: um rugido nos faz correr.

Emoções Secundárias: Aprendidas ao longo da vida (evocações da amídala cerebral); ■

Felicidade; Nojo; Tristeza; Combinadas (Saudade = amor + tristeza; Ciúme = amor + medo (perda) + tristeza + raiva).

Diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de respostas, se o indivíduo não consegue identificar estas reações, as respostas serão inadequadas.

As emoções têm, a cada dia, ocupado o lugar e sua devida importância na vida das pessoas, chegando mesmo a ser motivo de escolha, em determinadas empresas, as pessoas que têm alto Quociente Emocional (Q.E.)

3.4.2.2 | Os processos emocionais e o design

O que as emoções tem haver com o design? Tudo. Pode-se dizer que os artefatos, não só são usados, muitas vezes, pelas pessoas para expressar suas emoções, como a escolha destes é completamente influenciada pelos sentimentos. As pessoas se relacionam através das emoções, amam ou odeiam, se sentem alegres ou tristes, etc. E estes sentimentos influenciam na escolha dos artefatos, pois como foi explicada através da figura 3.05, a resposta emocional vem primeiro do que a racional e é assim também em relação à escolha dos artefatos. Por exemplo, uma pessoa vai comprar um veículo e até deseja um determinado automóvel que é confortável, bonito, luxuoso, contudo a manutenção deste tem um alto custo financeiro e isto faz com que a pessoa sinta medo de estar “comprando um problema. Racionalmente a pessoa consegue elaborar diversas explicações e soluções para resolver o problema da manutenção, mas o sentimento de medo é determinante e a pessoa desiste de comprar o carro desejado. Outra situação como exemplo é o caso de pessoas que se sentem sozinhas, tristes ou angustiadas e vão comprar artefatos (como vestimentas, cd, aparelho de celular, etc) com a esperança de contornar estes sentimentos (estes geralmente se tornam compradores compulsivos). Nestes casos a função estética e principalmente a simbólica se destacam, pois irão ficar encarregadas de desencadear as emoções.

[

Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos processos emocionais ]

Conceituação das emoções; ■

Manifestação das emoções; ■

Os artefatos como expressão das emoções. ■

as quais têm formas desconhecidas, e por isso se diz que o id é amorfo, caótico e desorganizado, de modo que as leis lógicas do pensamento não se aplicam a ele. Quase todos os seus conteúdos são inconscientes, inclusive configurações mentais que nunca se tornaram conscientes, e também materiais que são inaceitáveis pela consciência, mas que, contudo, são capazes de influenciar a vida da pessoa e conservam com a mesma intensidade o poder de agir.

O ego é o responsável pela realidade externa. Desenvolve-se a partir do id, à medida que o bebê vai se dando conta da sua identidade. Procurando atender às diversas exigências do id, o ego busca reduzir a tensão e aumentar o prazer, tendo que controlar ou regular os impulsos do id, de maneira que o indivíduo possa buscar soluções menos imediatas e mais realistas. Assim, o ego procura garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade.

O superego, o qual se desenvolve a partir do ego, é o depósito dos códigos morais, modelo de condutas e dos construtos que constituem as inibições da personalidade.

A meta fundamental deste processo da psique é manter e recuperar, quando perdido, um nível aceitável de equilíbrio dinâmico, que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. Cada instância psíquica tem um interesse diferente, o que leva à instalação do conflito.

O ego tem uma tarefa conciliatória entre id e superego e quando não consegue desempenhá- la usa os mecanismos de defesa, que são formas de resolução de conflito. Tais mecanismos são necessários para adaptação, porém quando passam a fazer parte e reger o comportamento são considerados patológicos.

Quando uma vivência não é aceita pela consciência (ego), por ter sido considerada desagradável ou inaceitável, não sendo por isso vivida, é enviada para o inconsciente ficando lá recalcada. O recalque existe devido a uma representação de “ameaça. Todavia, devido à lei do retorno, essa vivência tende a voltar à consciência, sendo novamente recalcada. Ao ser novamente enviada para a consciência ela aparecerá em forma de sonho, ato falho ou sintoma, o qual será o representante metafórico do material recalcado.

Todo “material” gerado pelo indivíduo será hospedado em determinados “campos psíquicos” sendo estes denominados: inconsciente, referindo-se a um processo onde é possível encontrar elementos instintivos e material censurado e recalcado; pré-consciente, instância que tem uma parte do inconsciente, podendo o seu conteúdo se tornar facilmente consciente; consciente, referindo-se a tudo que estamos cientes, ou seja, um percepto formalizado.

O material recalcado, em geral, refere-se a conteúdos (sentimentos, desejos, etc.) que foram reprimidos pelo superego e são situações não realizadas pelo ego. A sublimação, que é um dos mecanismos de defesa, é uma maneira alternativa de catexia dos conteúdos inconscientes, sendo uma forma indireta de realizar o desejo recalcado, assim, toda produção humana é uma sublimação.

3.4.2.4 | Níveis de consciência e o design

A criação de artefatos é uma sublimação bem como o consumo destes artefatos.Os conteúdos sublimados ganham forma, textura, cor, cheiro, etc e as pessoas que os escolhem para consumir se identificam inconscientemente com os artefatos pois estes expressam algo que está contido no inconsciente, pré-consciente ou consciente.

Os processos inconscientes influenciam a pessoa em cerca de 70% de seus sentimentos e comportamentos, sem que estas se dêem conta disso. Assim, a função simbólica dos objetos tem

grande ênfase, pois o simbolismo é a principal linguagem do inconsciente, onde essa linguagem atua através de associações entre as situações vivenciadas, os artefatos e a personalidade da pessoa.

[ Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos níveis de consciência ]

Dinâmica consciente, pré-consciente e inconsciente; ■

Estruturação da personalidade; ■

A realização inconsciente dos desejos; ■

Os artefatos como manifestação dos desejos. ■

3.4.2.5 | Sistemas simbólicos

Antropólogos como Morin (1979), Maturana e Varela (1995) afirmam que os seres humanos, ao longo da história, sempre procuraram explicar o mundo que os cerca, seja para se proteger dos seus anseios ou para interagir com este mundo, e, é na interação homem-mundo que o imaginário tem origem.

O imaginário pode ser compreendido, segundo Trindade e Laplantine (1996), como tudo aquilo que não existe, um mundo oposto à realidade concreta. (...) uma produção de devaneios, de imagens que explicam e permitem a evasão para longe do cotidiano. É o lugar do “ainda-não” e sua força mobiliza a construção do que poderá vir a ser. A imaginação possibilita chegar ao real ou até vislumbrá-lo antes mesmo deste se constituir.

O imaginário trabalha com construção de símbolos universais (arquétipos) os quais vão

passando de geração a geração como uma inscrição gravada no ser. Desde os primatas, na interação humano-mundo, acontece uma série de sensações que são interpretadas e ganham significados, que muitas vezes, viram símbolos.

A história do simbolismo mostra que tudo pode assumir uma significação

simbólica, objetos naturais (pedras, plantas, animais, homens, vales e montanhas, lua e sol, vento, água e fogo) ou fabricados pelo homem (casa, barcos ou carros) ou mesmo formas abstratas (o número, o triângulo, o quadrado, o círculo). De fato, todo o universo é um símbolo em potencial. (...) Com sua propensão pra criar símbolos, o homem transforma inconscientemente objetos ou formas em símbolos (conferindo-lhes assim enorme importância psicológica) e lhes dá expressão tanto na religião quanto nas artes visuais (JUNG, CARL G.; 2002, p. 232).

Uma mulher que compra tudo que tem estampa de flores é dominada por um impulso que requer compreensão simbólica, este exemplo indica que os símbolos podem induzir a aquisição de artefatos. Neste contexto a função simbólica dos objetos/artefatos tem total ligação e ênfase.

3.4.2.6 | Sistemas simbólicos e o design

despertada e sempre que o filho tiver contato com estes artefatos (a camisa do time de futebol e o perfume) fará uma associação com a boa sensação despertadas e aos sentimentos despertados e envolvidos naquele momento. Os significados simbólicos dados aos artefatos são únicos porque a história de cada pessoa é única.

O designer pode utilizar os diversos significados simbólicos associados aos artefatos e utilizar as formas, texturas, cores, etc, em seus projetos direcionados ao público pretendido.

[ Conteúdos sugeridos para a compreensão e estudo dos sistemas simbólicos ]

Estruturação dos sistemas simbólicos; ■

Inconsciente coletivo - arquétipos e símbolos; ■

Diferença entre o símbolo e as demais figuras como signo, emblema, alegoria, ■

metáfora.

A mensagem simbólica contida nos artefatos. ■