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3 Fundamentos metodológicos

3.2 Abordagem geral da pesquisa

Essa é uma pesquisa de cunho qualitativo, pois essa abordagem se adequou mais à complexidade do objeto. Rey acrescenta que a investigação qualitativa enfatiza a compreensão como processo dialógico que implica tanto o pesquisador, quanto os entrevistados, em sua condição de sujeito do processo. Para esse autor a ciência é então compreendida como “produção permanente de novas zonas de sentido que definem novos níveis de inteligibilidade sobre os fenômenos estudados, nunca aparece em versões terminadas ou finais” (Rey, 2002, p. X). Surge, assim, um cenário complexo de diálogo.

Segundo Bogdan e Biklen a abordagem qualitativa pressupõe que uma investigação direta dos dados no ambiente natural e os mesmos são recolhidos em forma de palavras, documentos e imagens. Os dados incluem transcrições de entrevistas, notas de campo, memorando e outros registros oficiais. O pesquisador qualitativo procura analisar a riqueza de detalhes, “respeitando, tanto quanto o possível, a forma em que estes foram registrados ou transcritos” (Bogdan e Biklen,1994, p. 48).

Conforme esses autores, ao recolher os dados o pesquisador qualitativo aborda o objeto de estudo de forma minuciosa e os examina com a idéia de que nada é trivial e que tudo tem potencial para constituir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora de nosso objeto. A relação com os sujeitos dessa abordagem qualitativa coloca a ênfase na confiança, no contato intenso, valorizando a igualdade nas relações sujeito de pesquisa/pesquisador.

especializadas em educação. Assim, esse estudo foi desenvolvido nas dependências do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios25 e com os documentos expedidos por suas Promotorias especializadas, obtidos pessoalmente nas instituições e por meio do sítio da mesma.

A fim de realizar as entrevistas, a pesquisadora se deslocou para o Edifício Sede do MPDFT e para o Edifício em que se situam as Promotorias especializadas em educação. Além desses dois edifícios, houve também um deslocamento para outras cidades do Distrito Federal, a saber: Paranoá, Núcleo Bandeirantes, Santa Maria e Taguatinga. Isso ocorreu porque os Promotores que atuaram na Proeduc como Promotores de justiça ou como Promotores de justiça adjuntos atuam nas mais diversas Promotorias do MPDFT26.

As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com um total de quatorze Promotores27. O critério de escolha dos sujeitos de pesquisa foi o de delimitar os Promotores que participaram da criação da Proeduc em 2000, ou que atuaram diretamente nessa instituição. A relação nominal dos mesmos, o início das atividades de cada um no MPDFT encontra-se disponível no sítio da instituição. A identificação daqueles que atuaram na Proeduc foi realizada, em 2006, em um contato com essa Promotoria. Nossa intenção era a de entrevistar todos os Promotores que já atuaram nesse órgão. Entretanto, isso não foi possível porque uma Promotora estava de licença-gestante, outro Promotor em férias e um Promotor afastado de suas funções.

Salientamos que à medida que os entrevistados fizeram seus relatos, surgiram outros nomes de Promotores para possíveis contatos28. Somamos à lista de nomes de Promotores que nos foi repassada, até mesmo aqueles que passaram durante pouco tempo como, por exemplo, duas semanas. Assim, os sujeitos de nossa pesquisa são aqueles que atuaram na Proeduc e os que participaram da comissão de criação da mesma.

Durante as entrevistas esclarecemos aos sujeitos de pesquisa que haveria sigilo total e que seus nomes não seriam identificados. Assim, procedemos com uma codificação simples para identificação dos Promotores em que “E” significa “entrevistado” seguido dos _____________

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Anexo 01: Estrutura Física do MPDFT. 26

Estivemos também não apenas nas dependências do MPDFT, mas também em Fóruns de Justiça, quando os mesmos abarcaram a Promotorias do MPDFT, em determinadas cidades do DF.

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Percebemos que na ocasião que haveria alguns riscos ao propormos entrevistas a todos os Promotores que atuaram na Proeduc, pois não tínhamos conhecimento se todos ainda eram domiciliados em Brasília ou mesmo se teriam disponibilidade e interesse para participar da pesquisa. Entretanto, constatamos que houve um acolhimento e abertura pela pesquisa por parte dos Promotores entrevistados.

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números 01 a 14, uma vez que realizamos entrevistas com quatorze Promotores de justiça e Promotores de justiça adjuntos que trabalharam na comissão de criação da Proeduc29 e nas Proeduc. Desse total, doze Promotores atuaram nas Proeduc, sendo que cinco desses também participaram de sua comissão de criação. Entrevistamos dois Promotores que participaram de sua comissão de formação, sem terem atuado diretamente na instituição, totalizando quatorze Promotores. Ao término das entrevistas pudemos traçar o perfil dos entrevistados, conforme anexo 03.

3.3 Coleta das entrevistas semi-estruturadas e sistematização dos dados

Utilizamos dois instrumentos nesse procedimento investigativo: a entrevista semi- estruturada e a análise documental. As entrevistas semi-estruturadas visaram complementar a análise das Recomendações e responder as seguintes questões: em que consiste a atuação da Proeduc no sentido de promover o direito à educação no DF entre 2001 a 2007? Como os Promotores de justiça compreendem o direito à educação em sua atuação concreta? Como os Promotores definem Recomendação? Quem são os Promotores de justiça? O que é a Proeduc e o MP na visão dos Promotores?

Bogdan e Biklen (1994) sugerem que a entrevista comece com uma conversa banal, para começar a construir uma empatia entre o sujeito e pesquisador. E assim, foi realizado. A gravação das entrevistas iniciou-se sempre após essa primeira conversa banal: apresentação da pesquisadora, o porquê de seu interesse pelo tema da pesquisa e algumas explicações sobre a entrevista30. Esses autores acreditam que as boas entrevistas são caracterizadas por uma riqueza de dados, propiciando uma transcrição repleta de detalhes. As boas entrevistas também, segundo Bogdan e Biklen (1994), revelam a paciência do pesquisador.

Lüdke e André ressaltam o caráter interativo que permeia a entrevista, estabelecendo também uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado. Procuramos criar assim uma interação, havendo “uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde” (Lüdke e André, 1986, p. 33). A etapa de coleta de dados _____________

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A relação dos Promotores de justiça da Proeduc que trabalham ou que trabalharam nesta instituição é também de domínio público no site da instituição www.mpdft.gov.br

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Para todos entrevistados foi entregue uma solicitação formal da UnB sobre a pesquisa. Muitos entrevistados declinaram e não receberam esse documento, afirmando que o mesmo não seria necessário.