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O Slow Food tem sido discutido ao longo dos anos sob diversos enfoques (MYERS, 2013). Entretanto, estes estão dispersos na literatura, e, portanto, passíveis de identificação e esquematização. A fim de preencher essa lacuna e contribuir para o melhor entendimento do tema, a literatura foi explorada.

Miele e Murdoch (2002) exploram o caso de um restaurante com proposta Slow Food na Toscana, região da Itália, ao estudar a estética de alimentos típicos da culinária desta região como representantes da cultura local em processos de preparação e consumo. Gaytán (2004) estuda como membros do movimento usam de um imaginário local para participar de uma política de consumo no norte da Califórnia. Essa política tem por base a oposição às consequências negativas do fast food e de seus alimentos de baixa nutrição que fazem mal à saúde dos indivíduos. Nesse sentido, o fast food representa a antítese de uma cultura local, segundo a qual os consumidores valorizam compras de produtos frescos de produtores de pequena escala como um ato, ao mesmo tempo, cultural e político. Para o autor, o “local” é um espaço imaginativo definido pela sensação de “pertencimento” (belonging) que reúne e converge múltiplas identidades.

O estudo de Parkins (2004) se apoiou na análise de diversas publicações do Slow Food para investigar a lógica de reconceitualização do tempo na vida cotidiana dentro do

movimento. A autora fala de uma lentidão associada à velocidade, tanto para seguir a dicotomia rápido/lento do tempo dispendido à mesa quanto à oposição aos prejuízos promovidos pelo Fast Food, pensamento que deu base ao surgimento do Slow Food. No entanto, seu foco recai sobre o fato de o “lento” dizer mais sobre a reflexão crítica, o cuidado e a maior atenção voltados à aspectos como saúde, sabor, autenticidade, regionalismo, conexão e tranquilidade em processos de preparação e consumo de alimentos do que a ideia de, necessariamente, passar mais tempo na cozinha ou à mesa. Isso foi observado, em especial, na repetição de palavras como 'cuidado', 'reflexivo' e 'consciente' encontradas nos discursos e publicações do Slow Food.

Tam (2008) tem uma perspectiva similar quando explora o que significa ir devagar (go slow) no movimento. A ideia central está na noção de prazer, cuidado e compartilhamento associados a preparação e consumo alimentar para os membros do Slow Food, não na duração de uma refeição. Na visão da autora, o ir devagar ou a lentidão (slowness) do movimento se vincula a uma maneira cuidadosa de “proteger, sustentar e reparar os danos causados ao meio ambiente, animais, cultura e pessoas” (2008, p. 214) por meio de refeições que ofereçam a oportunidade de “compartilhar, refletir e ter convívio” (2008, p. 213), o que dá qualidade à perspectiva de tempo. Esse cuidado inicia com o próprio indivíduo e depois se estende à outras pessoas e questões, segundo a ideia de consciência de si como parte de um todo. A visão de fast não é ruim por significar “rápido”, mas por ser descuidada em relação a questões como essas. O slow, por outro lado, traz uma visão cuidadosa neste enfoque, dando importância ao questionamento, à reflexão e consciência.

Mair, Sumner e Rotteau (2008) discutem o Slow Food evidenciando que o movimento envolve críticas ao sistema de fast food e promove comportamentos alimentares alternativos como sentar-se para comer devagar com a família e os amigos, desacelerarando os ritmos alimentares e fortalecendo as interações entre pessoas no momento das refeições.

Sassateli e Davolio (2010) explicam o prazer sensorial (i.e. refinamento do gosto e apreciação estética) como fundamento para o investimento político do consumidor em escolhas alimentares características do Slow Food. Essas escolhas podem representar formas de protesto frente à política alimentar dominante, embora um protesto não signifique, necessariamente, renúncia ou ascetismo. Para os autores, no caso do SF, o protesto se dá por meio da busca por visões e escolhas alimentares alternativas em termos de prazer e satisfação.

Em 2010, A. Hayes-Conray desenvolveu três artigos sobre Slow Food. O primeiro como único autor e os demais em coautoria com J. Hayes-Conray e Martin. Hayes-Conray investiga nas cidades de Nova Escócia (Canadá) e Berkeley (EUA) como o Slow Food está vinculado à sentimentos e sensações experimentados através de alimentos (e.g. preferir certos

tipos de pães artesanais locais) e ambientes específicos (e.g. eventos, feiras, durante as refeições). Entre os achados, o fato de que atos de ver, cheirar e provar alimentos frescos, artesanais, locais e produzidos de maneira justa são experiências positivas dentro do movimento, além de responsáveis por fortalecer a associação contínua de indivíduos com o mesmo. Outro achado diz respeito ao interesse do movimento pela noção de convívio, ocorrendo por meio da formação de conexões entre pessoas e entre consumidores e alimentos durante eventos, feiras ou refeições.

Analisando o engajamento de consumidores com o Slow Food em colaboração com J. Hayes-Conrey, o autor identifica em seu segundo estudo que, em geral, membros do movimento tem sentimentos e sensações negativas quanto à produtos como coca-cola ou refeições de redes de fast foods. Ainda entre os achados, o fato de que experiências alimentares prazerosas não poderem ser dissociadas das relações com os ambientes em que elas ocorrem e com a presença de outras pessoas inseridas nesses ambientes. O terceiro estudo de Hayes- Conrey, desenvolvido em colaboração com Martin, envolve as sensações produzidas pelo engajamento com o Slow Food entre membros objetivando descobrir se estas estão associadas ao desenvolvimento de aspectos políticos do consumo alimentar. Os autores percebem que os indivíduos se alinham aos objetivos sociopolíticos do SF através de sensações boas por participar de um movimento que incentiva o consumo de alimentos 'bons, limpos e justos', princípios do Slow Food discutidos na seção a seguir.

Germov, Williams e Freij (2010) relatam representações do Slow Food na mídia impressa australiana, a fim de explorar discursos associados ao movimento. Seus resultados evidenciam que o convívio está profundamente atrelado ao SF no sentido de prazeres sociais advindos de maiores conexões entre amigos, familiares e comunidade em momentos de compartilhamento de uma “boa comida” à mesa. A produção de alimentos de pequenos produtores é valorizada na lógica do Slow Food, pois é entendida como socialmente e ambientalmente superior, com benefícios ao alimento (ambientalmente correto), ao produtor (socialmente justo) e ao consumidor, por adquirir produtos mais saudáveis e conhecer a origem da produção dos mesmos.

Em seu artigo, Tavanti (2010) argumenta que o Slow Food emerge como um movimento por alimentos sustentáveis ao enfatizar o respeito pelo meio ambiente e pelas pessoas envolvidas nos processos produtivos dos alimentos, que devem ser justos. O movimento ainda pode conectar um indivíduo, sua família e a comunidade por meio do convívio e compartilhamento de momentos de refeições prazerosas à mesa.

Investigando como o Slow Food havia sido tratado ao longo dos anos em fontes como jornais, revistas e relatórios, Van Bommel e Spicer (2011) identificaram mudanças no discurso do movimento em dois períodos principais: antes e após os anos 2000. A apreciação da arte de cozinhar com outras pessoas e pelo convívio à mesa, além da apreciação de produtos locais e frescos, feitos de modo artesanal foram preponderantes no período pré-anos 2000. No período pós-anos 2000, o tema sustentabilidade passou permear os discursos referentes ao movimento. Isso se deu ao tratar de impactos positivos ao meio ambiente, da utilização de produtos sazonais e métodos de produção menos danosos, e, no âmbito social, por visar tratamento e pagamento justos aos pequenos produtores locais de alimentos.

A análise de Tencati e Zsolnai (2012) revela que o SF cria ou fortalece conexões entre produdores e coprodutores a apartir de cadeias curtas de produção em pequena escala que os aproximam de maneira mais direta e propiciam trocas de informações e conhecimentos acerca dos alimentos e processos produtivos. O tema sustentabilidade se manifesta por meio de preocupações com o meio ambiente, envolvendo modos de produção que sejam orientados pelos alimentos que a natureza tem a oferecer segundo as estações do ano (i.e. envolve a sazonalidade), minimizando o transporte de alimentos, ou evitando desperdícios de consumo. Por fim, notam-se, dentro do movimento, a presença de críticas aos modelos de agronegócio dominantes que causam danos ambientais e produzem de modo insustentável. Como alternativa, opta-se pelo Slow Food, com produtos de excelente qualidade.

Dunlap (2012) examina o Slow Food como uma organização que encoraja modos de comer mais reflexivos e críticos. Nessa perpectiva, sensações de prazer físicas passam tanto pela atmosfera de convívio à mesa como pelas preocupações associadas aos danos ambientais, sociais e econômicos de produção dos alimentos, que devem ser os mínimos possíveis. Page (2012) revisita o conceito de Slow Food e sugere que a base do movimento se faz por meio de “preocupações interconectadas - ambiental, cultural e estética” (p. 5). Portanto, o foco recai na alimentação como representação de uma cultura local, envolvendo a apreciação estética dos alimentos e um senso de responsabilidade ambiental por parte dos consumidores em relação aos impactos dos processos de produção.

O artigo de Simonetti (2012) discute a ideologia do Slow Food e conclui que este deriva dos movimentos contraculturais e anti-consumistas das décadas de 1960 e 70 (e.g. consumo crítico e fair trade). A ideologia SF envolve ideias de tradição voltada à cultura local, de emergência de um novo consumidor (i.e. coprodutor) e seu engajamento no consumo de alimentos mais sustentáveis. Por sua vez, Siniscalchi (2013) estuda maneiras pelas quais o movimento Slow Food cria espaços para a ação política e promoção de maior qualidade de

produção, e posterior consumo, a partir da sustentabilidade ambiental e social. Para o primeiro caso, o autor afirma que o Slow Food promove debates e contestações relativas aos problemas do sistema alimentar dominante. Para o segundo, a sustentabilidade ambiental pode ser alcançada através do respeito ao meio ambiente na produção de alimentos. Já a social, por meio de preocupações referentes aos direitos dos pequenos produtores locais.

Frost e Laing (2013) examinam festivais de Slow Food e como estes são usados para estimular mensagens persuasivas do movimento. Os achados do estudo sugerem que as mensagens exemplificam objetivos do SF: mudar padrões de comportamento de consumo de alimentos por meio da rejeição ao fast food.

Hsu (2014) resgata o estudo da perspectiva de tempo dentro do Slow Food. Para isso, evita pensar em termos dicotômicos como rápido e lento objetivando dar um caráter mais profundo à análise. O autor trabalha com a noção de volume de tempo, coordenação de tempo quanto às atividades e a intensidade da alocação de tempo em meio à atividades simultâneas. O primeiro trata da ideia de que uma alimentação do tipo slow tende a aumentar a sensação de falta de tempo, uma vez que o Slow Food incentiva a preparação caseira a partir do zero, o que demanda tempo e engajamento no processo. Essa lógica de interesse em e gostar de preparar os alimentos, em cozinhar, é o que Petrini (2013) afirma possibilitar maior apreciação da comida e cuidados relativos à como ela deve ser preparada, de forma caseira, mais artesanal. Evitar refeições prontas, advindas de produção em grande escala e o uso de alimentos de conveniência também está atrelado ao engajamento com a preparação.

O segundo tópico traz a ideia de que o convívio pode ser ajudado ou minado através da adequação da falta de tempo para a realização da refeição ao uso de dispositivos envolvidos na preparação dos alimentos. Nessa lógica, um dispositivo que seja utilizado para faciliar o maior convívio, considerando que acelera a preparação para o indivíduo obtenha mais tempo à mesa, pode, ao mesmo tempo, prejudicar essa preparação no sentido de fazer mal à saúde ou apressar um momento que seria dedicado ao maior engajamento com o alimento. Um exemplo é que, dentro do Slow Food, dispositivos como o microondas normalmente são evitados o máximo a fim de contribuir para a criação de um relacionamento mais engajado com os alimentos no momento da preparação. Entretanto, esse mesmo dispositivo pode ser usado para que possa propiciar mais tempo ao momento da refeição, visto que acelerou o tempo de preparação. Por fim, o terceiro explica que uma perspectiva mais consciente dos alimentos consumidos e de engajamento com eles pode resultar em uma refeição mais suscetível a intensificação de conversas na forma de atividades paralelas, o que pode contribuir para intensidade da alocação de tempo para a refeição e as conversas.

O estudo de Bentia (2014) explora o paladar na lógica de eventos organizados pelo Slow Food na Itália e no Reino Unido (e.g. feiras, festivais e mercados) a fim de observar as relações estabelecidas entre pessoas e os alimentos nesses eventos. Espaços específicos como feiras foram escolhidos uma vez que possibilitam insights “para uma sociologia do paladar e dos sentidos, que visa avaliar constituições sensoriais emergentes como potenciais catalisadores e impulsionadores da mudança” (p. 175). Essa mudança se dá em direção à alimentos que propiciam prazer sensorial devido aos seus atributos locais, artesanais e ambientalmente amigáveis. Nas feiras, observou-se que pessoas são “confrontadas com as mais variadas formas de se envolver com a comida: os visitantes provam, comparam, comem, dão pequenos goles, cheiram, bebem, andam, pausam, escutam, falam e andam novamente” (p. 184). Além disso, demonstrações culinárias no evento fortalecem a relação entre indivíduos e a comida por meio do ato de cozinhar.

Lee, Scott e Packer (2014) investigam comportamentos e atividades dos membros do Slow Food. Dentre os achados, eles identificam que os membros em geral compram em mercados locais, se preocupam em adquirir produtos sustentáveis para cozinhar, estão cientes da relação entre saúde e alimentação e, por isso, buscam adquirir o máximo de alimentos orgânicos possível. Eles gostam de cozinhar para si mesmos, familiares e amigos, além de gostar de comer como uma atividade de prazer. As casas dos membros entrevistados normamalmente contava com cozinhas espaçosas e bem equipadas, o que os membros justificaram como uma forma de demonstrar prazer na atividade.

Abrahamsson (2014) analisa velocidades alimentares conflitantes nos discursos sobre fast e Slow Food. No estudo, situações específicas em que os alimentos são cozidos, consumidos e digeridos são responsáveis pela emergência dos ritmos alimentares. Aqui, o ato de cozinhar inclui desde a compra, passando pelo planejamento de menus, até a efetiva preparação de um prato. Um exemplo de ritmo mais slow poderia estar no planejamento semAnal de menus das refeições em vez de refeições rápidas por conveniência (i.e. ritmo fast). Já os ritmos de consumo de Slow Food se caracterizam como moderados ou equilibrados, isto é, “leva tempo” (take time) para que os alimentos sejam consumidos e apreciados, ao contrário daqueles de fast food. Também podem estar condizionados ao número de pessoas à mesa durante uma refeição (i.e. mais pessoas, mais tempo dispendido, mais slow). Por fim, os processos de digestão dos alimentos mais ou menos demorados são tratados com menos ênfase. Chaudhury e Albinsson (2014) discutem o Slow Food como um movimento alimentar alternativo que permite alcançar o consumo sustentável neste campo. Os autores sugerem que consumidores de Slow Food demonstram, em geral, insatisfações com o sistema

alimentar dominante e com um estilo de vida de ritmo acelerado, além de bucar dedicar tempo à preparação das refeições do zero, em um ritmo tranquilo. Na visão desses consumidores o sistema dominante e o estilo de vida acelerado são reponsáveis por estimular indivíduos a comer alimentos processados ou de fast food por conveniência, além de impactar negativamente tanto a saúde das pessoas como o meio ambiente devido ao uso de químicos em processos de produção. Essa visão está de acordo com o que Petrini (2003) defende sobre o Slow Food ser uma resposta ao Fast Food, que decorre de uma vida acelerada: "Somos escravizados pela velocidade e todos sucumbimos ao mesmo vírus insidioso: o Fast Life, que interrompe nossos hábitos, invade a privacidade de nossas casas e nos obriga a comer Fast Foods." (p. xxiii).

Portanto, tais consumidores buscam no Slow Food uma forma de ir de encontro ao paradigma dominante, por meio de uma visão crítica e de constestação do sistema dominante na indústria (HADLER, 2015). Os autores ainda destacam a filosofia de tempo “desacelerado” (slowing down) no consumo como central para o movimento, isto é, as pessoas aproveitam o tempo (take time) para usufruir do convívio nas refeições com amigos e família.

Para obter informações sobre se a sociedade estaria indo em direção ao fast food ou Slow Food, Mandemakers e Roeters (2014) investigaram tendências do tempo que as pessoas despendem durante a prepação e consumo de alimentos em casas holandesas entre 1975 e 2005. Entre os achados, em geral, a diminuição de tempo despendido para preparo e consumo na Holanda para o intervalo de tempo estudado, sugerindo uma tendência mais fast. No entanto, outras tendências foram observadas. Pessoas com ensino superior demonstraram preferir refeições mais slow, mais saudáveis, ainda que seu tempo pudesse ser restringido pelo aumento de demandas no trabalho. Seguindo a visão slow, homens com parceiras (com ou sem filhos) passaram a aumentar seu tempo de preparação de alimentos enquanto o contrário aconteceu para homens e mulheres solteiras (com e sem filhos). Já o tempo de consumo passou a ser maior entre homens e mulheres solteiros sem filhos.

Williams et al. (2015) examinam um festival Slow Food em Melbourne, na Austrália, para identificar motivos e experiências dos participantes neste espaço. Os autores identificaram que consumidores buscam o SF por essas razões de sustentabilidade ambiental, para conhecer a procedência dos produtos, métodos de produção menos danosos ao meio ambiente e que tornam os alimentos mais saudáveis, frescos, e com maior qualidade, além de justiça social para os produtores. Foi percebido o interesse pelas feiras como espaços que fortalecem conexões entre consumidores e os alimentos, além de conexões e trocas de conhecimentos entre consumidores e produtores. Nas feiras, os indivíduos também eram atraídos pela variedade de produtos ofertados. Ainda como achado, a relação positiva entre

comida e convívio. Os participantes revelaram que socializar durante as refeições conduzia a um maior envolvimento com a família e amigos e com os alimentos que as pessoas consumiam juntas. Van Bommel e Spicer (2015) estudam o discurso do Slow Food em torno de tradições culturais voltadas ao local onde o alimento está situado como uma característica vital do movimento e da noção de oposição ao fast food e aos prejuízos que ele causa à saúde dos indivíduos.

Rombach, Nellen e Bitsch (2016) estudam comportamentos dos membros do Slow Food com relação ao consumo alimentar. Os entrevistados contam que evitam desperdiçar alimentos desde a compra, pensando nos desperdícios também durante a preparação de alimentos. Eles expressam sentir prazer no ato de cozinhar, de comer, e no contato com as pessoas durante as refeições. Os membros ainda revelaram aplicar à lógica slow à preparação de pratos fast. Nesse sentido, a relação com o fast food pode ocorrer por meio do “slow down o fast food”, isto é, deixar os alimentos típicos de fast food com características mais slow (i.e. buscar fazer ou comer sanduiches naturais em vez dos advindos de fast food, feitos a partir de ingredientes mais naturais).

Munjal, Sharma e Menon (2016) estudam o entendimento do Slow Food no setor de hospitalidade indiano sob a perspectiva de adoção da sustentabilidade. Os autores revelam que o movimento apresenta aproximações com o conceito de sustentabilidade por meio do uso de alimentos “bons, limpos e justos” na preparação de alimentos da culinária local. Ademais, revelam que o movimento se compromete com mudanças nos hábitos alimentares e nos padrões de produção e consumo, tornando-os mais sustentáveis.

Wexler, Oberlander e Shankar (2017) exploram as premissas ideológicas do movimento. Para os autores o Slow Food trata da noção de “investir mais tempo de qualidade na aquisição, preparação e compartilhamento de alimentos frescos - pode se espalhar para fora e oferecer benefícios aos indivíduos” (WEXLER; OBERLANDER; SHANKAR, 2017, p. 2) e da ideia de que consumo local reduz os custos de transporte e, portanto, reduz a emissão e o uso de combustíveis fósseis, cria sentimento de comunidade local e pode ajudar a diminuir o poder do agronegócio na cadeia alimentar. Ainda na visão dos autores, o Slow Food se distancia de uma visão de protesto, mas, ao mesmo tempo, envolve o papel ativista no sentido de