Acompanhamento e avaliação por uma equipe de saúde multidisciplinar

uma equipe de saúde

multidisciplinar.

4.3.1.2 Alternativa para pessoas obesas que mesmo com reeducação alimentar não conseguiram emagrecer. 4.3.1.3 Banalização da cirurgia Bariátrica. 4.3.1.4 Cirurgia como uma alternativa

mágica para a resolução da obesidade.

4.3.1.5 Benefícios da cirurgia. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

A categoria intitulada de “Posicionamento sobre a cirurgia Bariátrica” que está associada ao terceiro objetivo específico, conforme demonstrado foi dividida nas subcategorias: Acompanhamento e avaliação por uma equipe de saúde multidisciplinar; Alternativa para pessoas obesas que mesmo com reeducação alimentar não conseguiram

emagrecer; Banalização da cirurgia Bariátrica; Benefícios da cirurgia e Cirurgia como uma alternativa para a resolução da obesidade. As subcategorias mencionadas serão discutidas a seguir:

4.3.1 Posicionamento sobre a Cirurgia Bariátrica

A cirurgia Bariátrica consiste em um método altamente invasivo e radical, devendo ser buscado nos casos em que todas as demais possibilidades de tratamento não apresentaram resultados satisfatórios e tenham se esgotado. Além disto, faz-se necessário que os candidatos a esta delicada intervenção cirúrgica, estejam conscientes sobre todas as etapas decorrentes deste processo, sejam elas pré, trans ou pós-operatórias. As subcategorias a seguir, denotam o posicionamento dos pesquisados sobre este procedimento cirúrgico.

4.3.1.1 Acompanhamento e avaliação por uma equipe de saúde multidisciplinar

Nos mais variados campos de atuação profissional o trabalho multidisciplinar consiste em uma necessidade, pois isto permite que diferentes profissionais possam compartilhar suas práticas e ampliar os seus conhecimentos. Sabe-se que em muitos campos profissionais a troca de informações é limitada e isto inviabiliza a existência de uma visão entre os profissionais e consequentemente não contribui para a prática da tão idealizada interdisciplinaridade.

O trabalho a ser desenvolvido por uma equipe multidisciplinar é imprescindível em relação à cirurgia Bariátrica assim como, o acompanhamento dos profissionais que compõem esta equipe. Uma vez, que os diferentes estágios, que dizem respeito à cirurgia, sejam eles, pré, trans e pós-cirurgicos necessitam ser amplamente analisados e acompanhados. O trabalho multidisciplinar reúne diferentes profissionais, mas isto não necessariamente resulta na prática da interdisciplinaridade. Neste sentido, Saupe, et al. (2005) elucida que uma prática interdisciplinar, é pautada na possibilidade de um trabalho conjunto, que respeite as diferentes bases disciplinares, contemplando a busca de soluções e alternativas, para o problema das pessoas e das instituições.

O relato dos entrevistados representa a compreensão dos mesmos, acerca do papel desenvolvido pelos profissionais que formam a equipe multidisciplinar e que atuam com a cirurgia Bariátrica:

“É necessária em alguns casos, porém deve ser realizada uma ampla avaliação, principalmente psicológica”. (S.8 – 5ª fase)

“É uma cirurgia perigosa exige uma avaliação criteriosa multidisciplinar, acho que há outras alternativas além dela”. (S.16 – 9ª fase)

“É um bom recurso para quem é obeso, mas é necessário um acompanhamento psicológico, nutricionista e médico”. (S.14 – 9ª fase)

“.... completamente a favor desde que tenha um acompanhamento prévio de um profissional da psicologia”. (S.29 – 10ª fase)

“Não é eficaz se o paciente não for acompanhado adequadamente por uma equipe de saúde multidisciplinar”. (S.10 – 9ª fase)

Os relatos denotam que os participantes da pesquisa apresentam ciência quanto as atividades pertinentes à equipe multidisciplinar, tanto ao que se refere a avaliação Psicológica, atividade esta que compete ao profissional da Psicologia, como o acompanhamento do próprio paciente.

Belfor (2006) destaca que a avaliação psicológica consiste em um recurso, relacionado à cirurgia Bariátrica e que este investigará se o paciente está apto para lidar com as transformações que ocorrerão em suas vidas. Uma vez, que ainda de acordo com este autor, o processo cirúrgico promoverá mudanças em seus hábitos alimentares e em seu estilo de vida de modo geral.

Contudo, de acordo com Gleiser (2009) os profissionais que atuam na equipe de cirurgia Bariátrica devem preparar-se e qualificar-se, pois não basta apenas que o médico cirurgião possua o título de bariátrico, mas os demais profissionais envolvidos devem ir à busca dessa especialidade, pois isto contribuirá para que o trabalho realizado por estes profissionais seja aprimorado e consequentemente tenham o seu trabalho cada vez mais difundido.

Franques (2006) demonstra que o papel do psicólogo inserido na equipe multidisciplinar deve visar à interdisciplinaridade e consiste em avaliar se o indivíduo está apto emocionalmente para realizar a cirurgia, assim como, auxiliá-lo quanto à compreensão dos aspectos decorrentes do pré-cirúrgico, avaliá-lo quanto aos seus conhecimentos sobre a

cirurgia, riscos e complicações, benefícios esperados, exames e seguimentos requeridos em longo prazo, consequências emocionais, sociais e físicas e responsabilidades esperadas. Benedetti (2003) também elucida que cabe ao profissional da psicologia realizar a avaliação pré-operatória, assim como, o acompanhamento do quadro pós- operatório, objetivando avaliar as condições emocionais do paciente, de modo a desenvolver um trabalho de orientação e investigação no que tange a qualidade de vida do paciente antes e após a realização da cirurgia.

4.3.1.2 Alternativa para pessoas obesas que mesmo com reeducação alimentar não conseguiram emagrecer

Conforme a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma doença crônica prevalente em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em relação ao seu tratamento pode-se citar: os tratamentos nutricionais, orientação física, acompanhamento psicológico e medicamentoso e por fim, quando todas estas possibilidades são insuficientes, a cirurgia Bariátrica pode ser vista como uma possibilidade. Embora este recurso venha sendo utilizado por muitos, antes de cessarem outras possibilidades.

Bressan e Costa (2006) destacam que o tratamento da obesidade requer que o indivíduo conte com o apoio de uma equipe de saúde multidisciplinar e que apresente disciplina e motivação para se adequar ao tratamento e nele se manter. Os mesmos, também informam que caberá a equipe multiprofissional investigar as causas pelas quais a obesidade é ocasionada e avaliar, sobretudo, os fatores clínicos, psicossomáticos e comportamentais que lhes são inerentes.

Na atualidade os índices de procedimentos cirúrgicos bariátricos vêm crescendo de forma gradativa, uma vez que de acordo com Fandiño, et al., 2004 a cirurgia Bariátrica é sugerida para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m2, ou maior que 35 Kg/m2 associados a comorbidades como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes do tipo 2, entre outras. Além disto, a seleção de participantes requer um tempo mínimo de cinco anos de evolução da obesidade e histórico de falência de tratamentos convencionais realizado por profissionais competentes e qualificados.

“A cirurgia consiste em uma técnica radical para sujeitos que não conseguem emagrecer com métodos não cirúrgicos, que estão com índice de massa corpórea muito elevado”. (S.9 – 5ª fase)

“Importante para quem está no estado de obesidade mórbida”. (S.2 – 5ª fase) “A cirurgia deve ser feita em última instância”. (S.28 – 10ª fase)

“.... é uma alternativa para pessoas obesas que não conseguiram emagrecer com reeducação alimentar”. (S.20- 10ª fase)

Constata-se de acordo com a fala dos participantes que os mesmos, estão cientes quantos aos critérios para a indicação da cirurgia Bariátrica, especialmente no que tange a existência de índices de IMC elevados, a obesidade mórbida, a pessoas que já se submeterem a reeducação alimentar, porém não conseguiram emagrecer e um dos fatores mais relevantes refere-se ao fato de que os mesmos, possuem ciência de que cirurgia Bariátrica apenas deve ser realizada em ultima estância, ou seja, quando todas as demais possibilidades estão esgotadas.

Faz-se necessário enfatizar que além dos critérios para a realização da cirurgia citados pelos alunos, é necessário que o candidato à cirurgia apresente preparo emocional e psicológico. Além disto, o trabalho dos profissionais envolvidos na equipe multidisciplinar deve ser pautado nos preceitos da Bioética como Beneficência, Não-maleficência, Equidade e Autonomia.

Conforme Filho (2006) o processo cirúrgico deve proporcionar ao paciente benefícios respeitando o principio da beneficência, não causando dano ao paciente e respeitando o princípio da não-maleficência. Para os pacientes que apresentam os pré-requisitos necessários para realizar o procedimento cirúrgico, este deve lhe ser oportunizado, independentemente de qualquer pré-conceito, o que contribuiria para o principio da equidade.

Por fim, destacamos que a equipe de saúde, também deverá respeitar o princípio da autonomia do paciente, permitindo que o mesmo decida se irá aceitar ou não o tratamento proposto, após a desmistificação e esclarecimento quanto aos objetivos, riscos e possíveis complicações do tratamento, sem nenhuma tentativa de induzir a aceitação do procedimento proposto.