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Conscientização e preparo do paciente sobre as consequências da cirurgia

4.2 COMPREENSÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE PSICOLOGIA ACERCA DO

4.2.1 O trabalho do Psicólogo relacionado ao processo da Cirurgia Bariátrica

4.2.1.2 Conscientização e preparo do paciente sobre as consequências da cirurgia

4.2.1.4 Verificar se o paciente é

clinicamente indicado para a cirurgia. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

A categoria “O trabalho do psicólogo relacionado ao processo da cirurgia Bariátrica” conforme apresentado, foi dividido em subcategorias: Atuação do psicólogo nos estágios pré e pós-cirurgicos; Conscientização e preparo do paciente sobre as consequências da cirurgia e

por fim, verificar se o paciente é clinicamente indicado para a cirurgia. As subcategorias em menção serão explanadas a seguir:

4.2.1 O trabalho do Psicólogo relacionado ao processo da Cirurgia Bariátrica

A Psicologia ao longo dos anos vem cada vez mais ganhando espaço com mercado de trabalho e isto se deve ao empenho e ao trabalho de profissionais qualificados e engajados com o seu trabalho, pois independente da área em que o profissional da psicologia for atuar, o mesmo necessita estar engajado e proposto a realizar um trabalho pautado na ética e no respeito ao ser humano. A presença do Psicólogo nas equipes de cirurgia Bariátrica, passou a ser obrigatório desde a publicação da resolução do Conselho Federal de Medicina, número 1.76605 de 11 de julho de 2005. Com isto, o campo de atuação deste profissional também está cada vez mais sendo ampliado e a atuação deste profissional passa a ser cada vez mais preponderante tanto nos níveis pré, trans e pós – cirúrgicos. Vejamos nas subcategorias oriundas desta categoria, o posicionamento dos alunos entrevistados sobre a importância e sobre o trabalho desenvolvido por estes profissionais.

4.2.1.1 Atuação do psicólogo nos estágios pré e pós-operatórios

O número de pessoas obesas mundialmente é assolador e em nosso país esta realidade também não diferente. Com os índices de obesidade cada vez mais elevados temos uma proliferação de demandas de Cirurgias Bariátricas e o consequente aumento do número de procedimentos cirúrgicos. E o campo de cirurgia Bariátrica conforme mencionado se expande para profissionais da área da psicologia. Neste sentido, o trabalho desenvolvido por estes profissional é prioritário. Com base nesta perspectiva as falas dos alunos participantes desta pesquisa são fundamentais para que possamos compreender o posicionamento dos mesmos sobre o papel do psicólogo tanto nos estágios pré, quanto pós- operatório. Observemos as falas dos entrevistados quanto a atuação do Psicólogo no estágio pré cirúrgico.

“Verificar se o paciente está consciente quanto ao processos cirúrgicos, tanto no pré, trans e pós; se apresenta estabilidade emocional.”. (S.24 – 10ª fase)

Nesta fala, percebe-se nitidamente que o acadêmico tem clareza da importância do Psicólogo constatar se de fato o paciente candidato a cirurgia está ciente de todas as etapas do processo cirúrgico, incluindo os estágios pré, trans e pós-cirurgicos, pois o conhecimento destes aspectos são imprescindíveis para a manutenção da integridade física e psicológica do mesmo.

Quanto à avaliação psicológica os alunos participantes da pesquisa corroboram suas falas ao posicionarem-se sobre o papel do psicólogo neste processo:

“Avaliar se o paciente é apto psicologicamente e dar suporte psicológico do mesmo”. (S.3 – 5ª fase)

“Avaliar se o sujeito está psicologicamente apto para a cirurgia, caso não esteja apto, o mesmo deverá trabalhar com o paciente, suas questões e informar a equipe médica”. (S.13- 9ª fase)

“O papel do psicológico é realizar uma avaliação psicológica e a partir disso dar um Feed Back aos pacientes sobre a possibilidade de ocorrência ou não, de tal procedimento”. (S.26 – 10ª fase)

As contribuições dos alunos enfatizam a necessidade de se realizar a avaliação psicológica e corroboram com Belfort (2006), pois para o mesmo, o processo de avaliação psicológica consiste em um recurso indispensável no que diz respeito à cirurgia Bariátrica. Este autor, também enfatiza que durante o processo da avaliação psicológica, o paciente necessita demonstrar capacidade para elaborar conflitos, uma vez que isto aumentará as probabilidades do mesmo desenvolver um comportamento adaptativo mais eficaz diante dos enfrentamentos pertinentes ao processo cirúrgico. Belfort (2006) ainda contribui ao informar que a avaliação propiciará ao psicólogo investigar se o candidato ao processo cirúrgico possui recursos psicológicos e não apresenta psicopatologias graves. Além dos aspectos que versam sobre a atuação do psicólogo no estágio pré-operatório, é necessário destacar a importância do trabalho desenvolvido por este profissional no processo pós-operatório.

As falas dos entrevistados ressaltam a compressão dos mesmos sobre a atuação do psicólogo neste estágio do processo cirúrgico:

“ O psicólogo auxiliará o paciente quanto a sua imagem corporal, para que ele acompanhe a sua perda de peso como realmente está acontecendo”. (S.7 – 5ª fase)

Na fala citada anteriormente denota-se que o acadêmico destaca a importância do psicólogo orientar o paciente e contribuir para que o mesmo desenvolva estratégias de enfrentamento para lidar com as dificuldades as expectativas diante dos enfrentamentos da cirurgia e da habitual ansiedade frente à perda de peso.

Compartilha-se também, outra fala que enfatiza a importância do acompanhamento psicológico quanto à necessidade das mudanças de hábitos:

“ Após a cirurgia ocorre uma diminuição do tamanho do estomago do paciente. Sua ingestão de líquidos e alimentos deve ser diminuída, o problema é que a “mente” do paciente ainda é a mesma, sua vontade de comer é a mesma e isso precisa ser trabalhado. O psicólogo auxilia no processo de mudança do comportamento do paciente”. (S.21 – 10ª fase)

Percebe-se claramente que o entrevistado expressa conhecimento e preocupação com o processo de mudanças fisiológicas que ocorrerão com o paciente após o processo cirúrgico. O fato de o psicólogo ter clareza de que a pessoa que realizará o processo cirúrgico passará por transformações que não dizem respeito apenas a aspectos fisiológicos, mas inclusive aos psicológicos.

As falas de outros entrevistados também contribuem com esta discussão:

S.4.: “ Continuar o trabalho com o paciente, a respeito das mudanças que o mesmo sofrerá em sua vida”. (S.4 – 5ª fase)

“Ajudar o paciente a mudar seu comportamento alimentar e oferecer suporte no processo de recuperação e mudança (perda de peso, auto-imagem)”. (S.11 – 9ª fase)

“Dar apoio durante o processo de emagrecimento e mudanças após a cirurgia, assim como, trabalhar de forma terapêutica com a insegurança e ansiedade que surgirem”.(S.25 – 10ª fase)

“... tal procedimento deve ser acompanhado de avaliação psicológica antes da operação e acompanhamento psicológico depois da cirurgia”. (S.28 – 10ª fase)

Pode-se constatar que as falas anteriores corroboram com Fandiño, et al.(2006), no que tange a necessidade do paciente estar bem informado quanto as etapas e procedimento que dizem respeito a cirurgia Bariátrica e que o mesmo, necessita apresentar os critérios necessários e além disto, se encontrar motivado para realizar o procedimento cirúrgico e

necessariamente estar consciente e disposto a participar do tratamento a longo prazo, pois conforme salientado os resultados satisfatórios apenas serão alcançados se o paciente apresentar uma compreensão sistêmica sobre este processo.

Faz-se necessário enfatizar que mesmo que a maior parte dos alunos que participaram da pesquisa se expressasse sobre as suas compreensões perante as etapas do processo cirúrgico, ainda restam dúvidas e desconhecimento acerca da temática e isto pode ser evidenciado na fala abaixo:

“Pós-operatório: não tenho conhecimento do papel do psicólogo neste estágio”. (S.15 – 9ª fase)

Esta fala suscita a necessidade da promoção de discussões que abordem temáticas atuais e para que se promova a efetivação de uma pratica educacional interdisciplinar, que promova a troca de experiências e de conhecimentos.

4.2.1.2 Conscientização e preparo do paciente sobre as consequências da cirurgia

Conforme Ximenes (2009) a obesidade consiste em uma doença crônica que ocasiona uma série de complicações orgânicas e psíquicas para o indivíduo e que apresenta como formas de tratamento a orientação física, o tratamento nutricional, o acompanhamento psicológico e medicamentoso e nos casos, em que estes são insuficientes, a intervenção cirúrgica pode ser vista como uma possibilidade. Porém, autores como Santos (2005) enfatizam que a cirurgia Bariátrica é composta por um conjunto de técnicas radicais, que visam o combate à obesidade mórbida.

A cirurgia Bariátrica por se tratar de um método altamente invasivo e radical, conforme citado anteriormente, deve ser realmente buscado quando as demais possibilidades de tratamento se esgotam. Faz-se necessário que os candidatos a esta intervenção cirúrgica, estejam conscientes sobre todas as etapas decorrentes deste processo, sejam elas pré, trans ou pós-operatórias.

Neste sentido, Fandiño, et al.(2006), enfatizam que é primordial que o candidato a cirurgia Bariátrica esteja bem informado sobre as etapas e procedimentos que compõem a cirurgia, assim como, estar motivado e disposto a participar do tratamento a longo prazo, uma

vez que os resultados satisfatórios apenas serão alcançados se o paciente apresentar esta compreensão.

Sabe-se que o trabalho do psicólogo inserido nas equipes ligadas a cirurgia Bariátrica também permeia o trabalho de conscientização e o encorajamento aos pacientes para que os mesmos possam buscar esclarecimento sobre suas dúvidas acerca dos procedimentos pré, trans e pós-cirurgicos.

Neste sentido, serão utilizadas contribuições dos alunos entrevistados para ilustrar o modo como os mesmos percebem a importância da conscientização e do preparo frente às possíveis dúvidas dos candidatos no que diz respeito ao processo cirúrgico.

“Auxiliar o paciente intervindo nas questões dos procedimentos cirúrgicos investigando sobre a compreensão do assunto, sobre fantasias, expectativas, enfim qualquer demanda ligada ao processo cirúrgico”. (S.5 – 5ª fase)

“Diminuir a ansiedade frente à cirurgia; esclarecer os procedimentos; avaliar a pessoa sobre suas expectativas referentes à cirurgia, assim como, fantasias e medos”. (S.18 – 9ª fase)

“Como a obesidade também ocorre devido a fatores psicológicos é preciso preparar o paciente para a mudança de hábitos “resolver” primeiramente questões psicológicas”. (S.28 – 10ª fase)

Percebe-se que os relatos dos mesmos, denotam a importância do psicólogo desenvolver um trabalho de conscientização e de preparo dos pacientes, para que os mesmos desenvolvam estratégias e se sintam encorajadas a buscar informações e a sanar possíveis dúvidas e angustias no que diz respeito ao processo cirúrgico e as consequências dos mesmos. Uma vez, que de acordo com Sebastiani e Maia (2005) cabe ao Psicólogo contribuir para que os candidatos à cirurgia Bariátrica possam expressar seus sentimentos, visando oportunizar aos mesmos minimizar suas angústias e ansiedades auxiliando para que estes estabeleçam uma relação de confiança entre os integrantes da equipe de saúde com quem terão contato.

4.2.1.3 Verificar se o paciente é clinicamente indicado para a cirurgia

O trabalho desenvolvido pelos profissionais que compõem a equipe de saúde que atuará no processo cirúrgico necessitará ser desenvolvido de modo interdisciplinar, pois está equipe multiprofissional deverá ser composta por endocrinologista, nutricionista, psicólogo, psiquiatra, fisioterapeuta, cardiologista, anestesiologista, pneumologista, enfermeiro, educador físico, fonoaudiólogo, clínico, cirurgião plástico, entre outros. Cada um deles, desempenhará o seu trabalho tendo em sua a sua formação específica e a sua área de conhecimento. Isto não os impede consequentemente de exercitar a interdisciplinaridade e de compartilhar saberes. Pois independentemente de suas especialidades, quando desempenham seu trabalho com dedicação e profissionalismo, cada um destes profissionais, poderá contribuir para que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida, fornecendo aos mesmos, uma visão ampla referente à obesidade, suas comorbidades e poderão utilizar-se de sua bagagem teoria e experiência prática, para compreender o paciente como um ser biopsicossocial.

Esta subcategoria surgiu a partir do relato de um dos participantes da pesquisa ao referir-se ao papel atribuído ao Psicólogo no estágio pré-operatório:

“O Psicólogo deve verificar se realmente o paciente que deverá realizar a cirurgia. (Quantidade de IMC, problemas orgânicos)”. (S.6 – 5ª fase)

Evidencia-se que o acadêmico apresenta uma visão distorcida acerca do papel desenvolvido pelo psicólogo, pois apesar deste profissional atuar em uma equipe multiprofissional, compete ao mesmo, conforme explanado por Franques (2006) avaliar se a pessoa está apta emocionalmente para realizar a cirurgia e, além disto, auxilia-la quanto a melhor compreensão do processo cirúrgico, verificando o seu nível de conhecimento de conhecimento sobre a cirurgia, riscos, complicações, benefícios esperados entre outros.

Benedetti (2003) também contribui ao informar que ao Psicólogo cabe realizar a avaliação pré-operatória, assim como, o acompanhamento do quadro pós- operatório, visando avaliar as condições emocionais do paciente, de modo a desenvolver um trabalho de orientação no que se refere a qualidade de vida do paciente antes e após a realização da cirurgia.

4.3 SIGNIFICADO ATRIBUIDO PELOS ALUNOS DE PSICOLOGIA ACERCA DA