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Como esse projeto de pesquisa está diretamente relacionado aos alunos de psicologia faz-se necessário tratar-se mesmo que de forma sintetizada da trajetória deste curso no Brasil e da atual formação acadêmica oferecida pelas universidades brasileiras, aos alunos, no que diz respeito a temas atuais como a obesidade, sobrepeso e Cirurgia Bariátrica. Para tratar deste último aspecto, analisou-se as ementas das disciplinas que compõem o currículo dos cursos de graduação em Psicologia, de universidades federais brasileiras das cidades da Bahia (UFBA), Goiás (UFG), Paraná (UFPR) , do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do

Estado de Santa Catarina (UFSC) e universidades como a Universidade de São Paulo (USP), as Universidades Católicas de Minas Gerais (PUCMG) e do Rio Grande do Sul (PUCRS), assim como, a universidade do Distrito Federal (UNB) e uma Universidade privada do Estado de Santa Catarina, com o intuito de verificar se constam nas mesmas, as temáticas mencionadas anteriormente.

Quanto à regulamentação da Psicologia e dos cursos de formação na área no Brasil, autores como Lisboa e Barbosa (2009) divulgam que a mesma ocorreu a partir da Lei 4.119 de 1962, contudo é necessário destacar que, antes disso, já existiam cursos de graduação e estudos na área. Ainda segundo estes autores, no ano de 1890, a Psicologia passou a ser inserida como disciplina obrigatória na grade curricular das escolas normais. No que tange à sua inserção no ensino superior, a Psicologia, enquanto disciplina específica passou a compor a grade curricular de outros cursos, como os de Pedagogia e Ciências Sociais, a partir de 1930 (LISBOA; BARBOSA, 2009). Os autores em menção destacam que o primeiro curso superior de Psicologia ocorreu em 1953 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), neste momento, ainda não existia a regulamentação da prática desta profissão. Entretanto, os referidos autores, também apontam para o início de um curso de Psicologia na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 1958.

Os cursos que antecederam a regulamentação da profissão, segundo Martins (2004), não apresentavam o caráter profissionalizante apesar de se caracterizarem como formações especializadas e que as práticas em Psicologia também podiam ser exercidas por qualquer pessoa independentemente de ter cursado a graduação na área. Entretanto, a partir da regulamentação da profissão em 1962, o exercício da profissão foi atrelado à obtenção de um título formal, ou seja, para ser considerado Psicólogo passou a ser necessário cursar integralmente o ensino superior em Psicologia. Segundo Pessotti (1988) a profissionalização contribuiu para que não se formassem apenas conhecedores de teorias e técnicas, mas, sobretudo profissionais capazes de se apropriar do conhecimento e aplicá-lo aos mais variados campos de atuação profissional.

Nos dias atuais, a Psicologia vem expandindo suas possibilidades de aplicação, uma vez, que em um primeiro momento, a atuação profissional se restringia a diagnósticos de distúrbios e intervenções clínicas, baseadas no modelo médico. Neste sentido, autores como Carvalho e Sampaio (1997) informam que, a partir da regulamentação da profissão no ano de 1962, as áreas de atuação em psicologia estão gradativamente se ampliando e se consolidando.

Neste sentido, as atribuições profissionais do Psicólogo, conforme o Conselho Federal de Psicologia englobam a atuação do mesmo, no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e comunicação visando à promoção do bem estar e do respeito à dignidade humana. Ainda segundo o referido Conselho, o psicólogo poderá desempenhar suas atividades profissionais de modo individual ou em equipes multidisciplinares, como as equipes envolvidas com a cirurgia Bariátrica, atuando em hospitais, ambulatórios, postos de saúde, instituições privadas ou públicas, escolas, na área jurídica, esportiva, organização, clínica e nas demais áreas em que a atuação deste profissional se fizer necessária.

A ampliação dos campos de atuação do psicólogo contribui para que as discussões sobre a sua formação sejam ampliadas. Deste modo, Lisboa e Barbosa (2009) informam que as discussões envolvendo esta temática e a adequação dos currículos à realidade e as demandas atuais vem recebendo destaque.

Neste sentido, a partir da pesquisa realizada nas ementas das disciplinas que compõem o curso de Psicologia das universidades brasileiras, citadas anteriormente, foi possível constatar que as informações acerca dos conteúdos curriculares pertencentes às disciplinas se apresentam de forma genérica e que devido ao fato de se obter acesso apenas aos planos de aula das disciplinas que compõem a grade curricular do curso de Psicologia da universidade privada em que este estudo foi realizado verificou-se que na disciplina denominada de Teoria Cognitiva Comportamental, são trabalhados temas associados à obesidade.

Evidenciou-se, portanto, a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada sobre os conteúdos trabalhados pelos professores em relação às disciplinas ministradas nas demais universidades e a adequação e inserção nos currículos das mesmas, de temáticas da contemporaneidade, como as da obesidade e das possíveis formas de intervenção profissional frente a esta doença.

3 MÉTODO

Neste item, apresenta-se o devido detalhamento metodológico empregado nesta pesquisa, abordando a caracterização do tipo de pesquisa, dos participantes da pesquisa, os materiais utilizados, a situação e o ambiente para realizar a coleta de dados, o instrumento de coleta de dados, bem como, os procedimentos adotados. Para obter-se sucesso na realização de uma pesquisa cientifica, torna-se necessário definir o método a ser seguido para a obtenção das respostas que a pesquisa propõe. (MARCONI; LAKATOS, 2004).

3.1 TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa visou analisar a compreensão dos alunos da graduação do curso de psicologia acerca da cirurgia Bariátrica. Desta forma a mesma, se caracterizou como sendo de natureza qualitativa e quantitativa.

Silva e Menezes (2001, p.20) apontam que a pesquisa qualitativa “considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”. Este tipo de pesquisa, para Giovinazzo (2001, p.2), ocorre por apresentar “uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensão dos fenômenos”.

Silva e Menezes (2001, p.21) também enfatizam, que a pesquisa quantitativa “considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las”. Neste sentido, Oliveira (1998), contribui ao informar que a pesquisa quantitativa também se caracteriza pela possibilidade de se quantificar dados representativos do universo investigado e, em muitos casos, geram índices que podem ser reavaliados em certos períodos, permitindo comparações ao longo do tempo. Para se quantificar os resultados desta pesquisa, além das interpretações e conclusões serão utilizadas técnicas estáticas, entre elas, tabelas com o intuito de ilustrar os dados apresentados. Para tanto, a utilização da pesquisa quanti-qualitativa auxiliou neste processo, pois a mesma compreende a utilização de ambas as naturezas, quantitativa e qualitativa, visando complementar a análise do fenômeno observado.

Este estudo apresentou caráter exploratório, pois procurou explicar um problema a partir das referências teóricas publicadas, buscando desenvolver e esclarecer conceitos sobre

a cirurgia Bariátrica e a compreensão de alunos do curso de psicologia acerca desta temática. De acordo com Gil (2002), a pesquisa exploratória objetiva aprofundar em ideias ou encontrar intuições, visando compreender o fenômeno estudado em maior profundidade.

Quanto ao desenvolvimento da pesquisa com base nos procedimentos técnicos de coleta e análise de dados, esta pesquisa foi delineada como estudo de campo. Como afirma Gil (2002), o estudo de campo se parece com o levantamento, porém o mesmo apresenta como característica o maior aprofundamento da investigação de um grupo em particular e a interação entre os participantes deste.

3.2 PARTICIPANTES

Os participantes desta pesquisa foram 29 (vinte e nove) alunos do curso de Psicologia de uma universidade privada do estado de Santa Catarina, sendo 9 (nove) deles matriculados na quinta fase e 10 (dez) matriculados nas nona e décima fases do curso.

Quadro 3: Caracterização dos sujeitos pesquisados.

Sujeito Idade Sexo Naturalidade

S.1 - 5°f. 38 Feminino Cel. Vivida/PR

S.2 - 5°f. 21 Feminino Florianópolis/SC

S.3 - 5°f. 22 Feminino Palhoça/SC

S.4 - 5°f. 21 Feminino Florianópolis/SC

S.5 - 5°f. 20 Feminino Palhoça/SC

S.6 - 5°f. 21 Feminino Florianópolis/SC

S.7 - 5°f. 36 Feminino Sto. Amaro da Imperatriz/SC

S.8 - 5°f. 24 Feminino Porto Alegre/SC

S.9 - 5°f. 20 Feminino Erechim/RS

S.10 - 9°f. 57 Feminino Não informado

S.11 - 9°f. 24 Masculino Florianópolis/SC S.12 - 9°f. 22 Feminino Florianópolis/SC S.13 - 9°f. 25 Feminino Florianópolis/SC S.14 - 9°f. 31 Feminino Curitiba/PR S.15 - 9°f. 23 Feminino Orleans/SC S.16 - 9°f. 22 Feminino Florianópolis/SC

S.17 - 9°f. 22 Feminino São José/SC

S.18 - 9°f. 31 Feminino Joinville/SC

S.19 - 9°f. 26 Feminino Panambi/RS

S.20 - 10°f. Masculino Santos/SP

S.21 - 10°f. 23 Feminino Joaçaba/SC

S.22 - 10°f. 24 Masculino Florianópolis/SC

S.23 - 10°f. 28 Feminino Rio Grande/RS

S.24 - 10°f. 27 Feminino Florianópolis/SC

S.25 - 10°f. 29 Feminino Xanxerê/SC

S.26 - 10°f. 22 Feminino Não informado

S.27 - 10°f. 26 Feminino Florianópolis/SC

S.28 - 10°f. 34 Feminino Blumenau/SC

S.29 - 10°f. 29 Feminino Não informado

Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Foram entrevistadas vinte e sete pessoas do sexo feminino e duas do sexo masculino. As idades dos entrevistados variam entre vinte a cinquenta anos de idade. Três dos entrevistados são naturais do Rio Grande do Sul, dois do Paraná, um da cidade de São Paulo, dois de Palhoça, um de Santo Amaro da Imperatriz, um de Porto Alegre, um de Orleans, um de São José, um de Joinville, um de Joaçaba, um de Xanxerê, um de Blumenau, três não informaram sua naturalidade e os demais, são de Florianópolis.

3.3 MATERIAIS

Para a realização desta pesquisa foram utilizados os seguintes recursos materiais: caneta e o questionário utilizado como instrumento de coleta de dados, sendo estes recursos todos de responsabilidade da própria pesquisadora.

3.4 SITUAÇÃO E AMBIENTE

Os questionários foram aplicados nas próprias salas de aula dos alunos das quinta, nona e décimas fases do curso de Psicologia.