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CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA NOS ESTÁGIOS PRÉ E TRANS-

O acompanhamento psicológico do paciente nos estágios pré-operatórios, trans e pós- operatórios é necessário, uma vez que o estado emocional do paciente está diretamente ligado a estas três etapas do processo cirúrgico.

Franques (2006) informa que geralmente os médicos cirurgiões encaminham o paciente obeso que se encontra em processo de preparação para a realização da cirurgia Bariátrica, para o psicólogo, para que este profissional possa avaliar o candidato ao procedimento cirúrgico e prepará-lo emocionalmente para a realização da cirurgia e de modo especial, para lidar com as mudanças biológicas, físicas e psicológicas advindas do procedimento cirúrgico. Segundo a referida autora, muitos dos pacientes que buscam o cirurgião para a realização da cirurgia Bariátrica apresentam resistência quanto ao fato de buscarem o atendimento psicológico, isto se justifica pelo fato de não conhecerem a importância do trabalho desenvolvido pelo psicólogo neste processo. Neste sentido, o próprio cirurgião poderá contribuir para o esclarecimento destes pacientes, acerca do papel desenvolvido pelo psicólogo diminuindo deste modo, as resistências iniciais do paciente (FRANQUES, 2006).

Segundo Sebastiani e Maia (2005), o psicólogo deve contribuir para que os pacientes que se submeterão a cirurgia Bariátrica se expressem sobre os seus sentimentos e para que os mesmos possam compreender a situação que estão vivenciando. Deste modo, o psicólogo desenvolverá o seu trabalho de modo a minimizar a angustia e a ansiedade do paciente e

também poderá contribuir para que seja desenvolvida uma relação de confiança entre o paciente e a equipe de saúde.

Quando ao processo de avaliação psicológica Benedetto (2009, p.70) informa que:

É de fundamental importância que, na avaliação, verifiquem-se no repertório emocional do cliente as condições para lidar com a cirurgia em si e com as mudanças pós-cirúrgicas. Tal avaliação é realizada baseando-se no conhecimento do perfil do cliente obeso mórbido, de seus aspectos comportamentais atuais e os exigidos para o enfrentamento das novas contingências a que estará exposto.

Neste sentido observa-se a importância da avaliação psicológica, uma vez que conforme Belfort (2006) a mesma, tem por finalidade verificar as condições psicológicas do paciente candidato ao procedimento cirúrgico, assim como, buscar esclarecer possíveis dúvidas e compartilhar informações sobre o procedimento cirúrgico e promoverá uma reflexão sobre as conseqüências deste procedimento cirúrgico ao longo dos anos.

Belfort (2006) informa que para o paciente se tornar apto para realizar a cirurgia Bariátrica é necessário possuir recursos psíquicos e não apresentar psicopatologias graves.

Neste sentido, Ximenes (2009) informa que as contra-indicações formais do ponto de vista psicológico para a realização da cirurgia Bariátrica compreendem: transtornos psiquiátricos descompensados, alcoolismo e uso de drogas ilícitas. As razões são obvias. Não é possível tratar a obesidade sem tratar o seu componente emocional, porque surtos e/ou crises podem complicar ainda mais o andamento de um pós-operatório de alta complexidade.

Diante do exposto, constata-se a importância da avaliação psicológica, pois segundo Belfort (2006) a mesma, consiste em um recurso imprescindível no que tange a cirurgia Bariátrica, pois o referido procedimento cirúrgico promoverá uma reorganização na vida do paciente, uma vez que gera uma nova rotina no que se refere aos hábitos alimentares e as dificuldades de adaptação que podem ser enfrentadas com maior ou menor dificuldade, pois os efeitos deste procedimento cirúrgico irão interferir na imagem corporal que a pessoa possui de si próprio. O referido autor, também esclarece que durante a avaliação psicológica, o paciente deve apresentar capacidade para elaborar conflitos, pois isto contribuirá para que o mesmo desenvolva um comportamento adaptativo mais eficiente e possua condições de realizar uma separação entre a cirurgia e a problemática emocional, assim como, apresente uma percepção de sua imagem corporal menos distorcida.

Ximenes (2009) salienta que o paciente candidato a realização da cirurgia Bariátrica, retorna ao cirurgião, no final da etapa pré-operatória, caso esteja de fato apto para realizar o procedimento cirúrgico. Deste modo, Fandiño, et al.(2006), informam que o paciente

necessita estar bem informado quanto as etapas e procedimentos que constituem a cirurgia Bariátrica e que este necessita estar motivado para realizar o procedimento cirúrgico e necessariamente estar disposto a participar do tratamento a longo prazo, pois os resultados satisfatórios apenas serão alcançados se o paciente apresentar esta compreensão.

Além da importância do trabalho desenvolvido pelo psicólogo no estágio pré- operatório, faz-se necessário enfatizar que este profissional também desempenha um papel relevante no estágio trans-operatório. Neste sentido, Sebastiani e Maia (2005) contribuem ao informar que durante este estágio do processo cirúrgico, acreditava-se que em função do paciente se encontrar em coma anestésico (em casos em que foi utilizada anestesia geral) se estabelecia uma condição de bloqueio em relação as interferências psicológicas relacionadas ao estado do paciente. Estes autores relatam que pesquisas realizadas pelo psicólogo norte- americano H. Benett, da Universidade da Califórnia, apresentadas em 1989 no Congresso Internacional de Anestesiologia nos EUA, denotavam que a maior parte dos pacientes que se encontravam em coma anestésico, não se apresentava totalmente inconscientes e sem possibilidade de receber e interpretar estímulos recebidos, mas que se encontravam em um estado de consciência alterada demonstrando-se sugestionável aos estímulos que recebiam reagindo aos mesmos. Deste modo, ainda segundo Sebastiani e Maia (2005), isto revela que as equipe de saúde envolvida na cirurgia Bariátrica necessita considerar frases, palavras, conversas e discussões ocorridas no centro cirúrgico, uma vez que as mesmas poderão influenciar o comportamento do paciente no estágio pós-operatório tanto positiva quanto negativamente.

Diante do exposto, constata-se a importância do trabalho a ser desenvolvido pelo psicólogo tanto nos estágios pré e trans-operatório, quanto no pós-operatório, conforme veremos a seguir, pois estes estágios do processo cirúrgico se complementam e a forma com a qual o psicólogo desenvolverá seu trabalho nos estágios pré e pós-operatório irá contribuir para que o paciente desenvolva recursos de enfretamento para lidar com as mudanças emocionais e de hábitos decorrentes da realização da cirurgia Bariátrica.