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5 LEVANTAMENTO COM PROJETISTAS

PARTICIPAÇAO DO COORDENADOR DE PROJETOS Locação das

5.4 ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DOS PROJETOS

Com relação à execução dos projetos na obra, algumas questões forma levantadas pelos projetistas: o tempo de respostas às dúvidas sobre o projeto; o estabelecimento de visitas ao canteiro de obras; a participação durante o processo de projeto do engenheiro de obra ou outro profissional da execução; a resolução de problemas de projeto na execução.

Para os projetistas de uma forma geral, o tempo de respostas às dúvidas de projeto que surgem na obra depende da importância daquela informação para o prosseguimento da execução e do estágio em que a obra se encontra. Há algumas informações que são essenciais para dar continuidade à obra, que devem ser comunicadas prontamente. Outras não, geralmente são informações necessárias para etapas subseqüentes, mas que são cobradas anteriormente à execução. Os projetistas geralmente respondem às dúvidas via telefone ou e-mail, mas sendo algo de maior gravidade, se dirigem ao canteiro de obras, conforme destaca o projetista estrutural A: “A obra tem prioridade na resolução de dúvidas.”. Mas visitas de acompanhamento da execução dos projetos no canteiro de obras não são apoiadas pelos projetistas, embora os mesmos considerem que seria interessante fazer esse acompanhamento, mas consideram que há

um tempo necessário e um custo que muitas vezes as empresas construtoras não querem arcar. O projetista estrutural C comenta que as visitas só são realizadas quando solicitadas e ressalta também não fazer qualquer tipo de controle dos problemas de execução devido ao seu projeto:

Normalmente quando solicitado. A gente não faz por falta de tempo, a gente está sempre atropelado, mas é uma coisa que a gente não faz, mas é interessante. A gente acaba fazendo mais quando surge um problema. É mais pela experiência ou até mesmo consulta à bibliografia, mas escrito por nós, aconteceu assim na obra tal, não tem. Outros projetistas comentam que já sabem quais os pontos críticos que costumam criar problemas e interferências entre os projetos, não necessitando de visitas à obra ou um banco de dados para estas informações. Muitos projetistas já passaram pela experiência de projetar simultaneamente ao andamento da obra, devido, por exemplo, a contratação tardia da sua especialidade de projeto. Nestes casos, a troca de informações com a equipe da execução é intensa e o número de visitas à obra para verificação da execução do projeto acaba sendo maior. Para o projetista de instalações elétricas A, as visitas ao canteiro de obras eram rotineiras, mas devido ao grande número de solicitações de comparecimento da equipe de produção (engenheiro da obra) e da falta de compensação por parte das empresas construtoras pelas visitas extras que sequer são formalizadas em contrato, essa prática tem sido abolida:

Havia uma época que a gente costumava visitar a obra rotineiramente, uma vez por mês. Hoje não estamos fazendo isso, só comparecemos quando solicitado. Nada incluso em contrato, às vezes o cliente solicita para a gente ir ver algum problema em obra. [...] A coisa do preço é bem espremido. Então, as visitas na obra já estão embutidas aí, o nosso custo, quando começa a ficar demais, a gente pára e fala para construtora, a gente está indo à obra e estamos fazendo muitas alterações e isto vai ter um custo e se combina o custo, mas normalmente não têm ônus algum as visitas à obra. Para o projetista estrutural B, as visitas ao canteiro também são realizadas somente quando solicitadas, embora o mesmo projetista garanta aos clientes (empresas construtoras) que esse acompanhamento da execução dos projetos será realizado:

Nós fazemos visitas quando solicitadas, isso faz parte do nosso trabalho, o nosso cliente sabe que ele vai ter uma acessoria durante a execução dos problemas que ocorrem, mas também para que sempre nosso corpo técnico aqui do escritório, até por que é importante que o pessoal aqui que trabalha em projeto tenha essa noção daquilo que está sendo projetado, está sendo construído, até tomamos a iniciativa de marcar visitas com todo o pessoal do escritório para vários clientes, porque cada cliente tem sua cultura, tem a forma de executar, tem seu sistema construtivo ou, pelo menos, tende mais para um sistema que para outro.

Assim, para esse mesmo projetista, a visualização da execução do projeto fornece subsídios para sua atividade, daí a necessidade de discutir com os envolvidos e responsáveis da execução critérios de construtibilidade dos projetos:

Então, nós temos assim que ter aquela noção técnica do projeto, da parte do projeto, da compatibilização, da adequação, da definição da estrutura e realmente verificar a construtibilidade, se aquilo que nós estamos detalhando, se lá no canteiro pode ser feito sem problema ou algum detalhe para nós eventualmente foi muito bem bolado, mas que vai dá problema lá, então a gente fala com o engenheiro da obra, fala com o coordenador de obras, se fala, às vezes, com os mestres, tem várias empresas que eu já conheço os mestres, são conhecidos meus e eles dão subsídios interessantes que eles estão vivendo dia-a-dia, então um detalhe que tu podes melhorar que vai facilitar a obra, então a construtibilidade é importante, porque há uma tendência hoje com os meios eletrônicos, então o projeto acaba nos programa que geram fôrmas, que já geram as armaduras, mas isso tu deves atuar muito nisso, verificar in loco o que está sendo feito, se o que tu estás projetando está sendo bem feito ou se aquilo que tu projetaste está existindo realmente uma dificuldade em ser executada, então é um feedback importante que a gente quer.

Essa prática citada anteriormente de consulta ao engenheiro de obra ou a outro profissional da execução é compartilhada por grande parte dos projetistas, que consideram que quanto mais cedo no processo de projeto esses subsídios forem conhecidos melhor será a construtibilidade dos projetos. Para alguns projetistas já no anteprojeto há o contato inicial com o engenheiro de obra, pois já nessa fase são definidos alguns parâmetros construtivos que precisam ser conhecidos. Para outros, essa consulta prévia ao responsável pela execução deveria haver antes da aprovação legal do projeto arquitetônico, mesmo que informal, visto que muita coisa definida no anteprojeto, na obra existe inúmeras fôrmas de ser executada, dificultando-a ou necessitando de equipamentos ou de uma equipe de trabalho maior e mais qualificada.

Para outros projetistas, principalmente do estrutural, a equipe da execução não é consultada previamente, fundamentalmente no que tange aos detalhes e a compatibilização dos projetos. Nas reuniões de projeto raramente há a participação dos engenheiros de obra, o que prejudica a construtibilidade do projeto. Há casos citados onde durante vários meses os projetos foram desenvolvidos e só pouco antes do início da obra foi contratado o engenheiro de obra: se participasse do processo poderia contribuir para a melhoria do processo construtivo. Para o projetista estrutural B essa participação principalmente do engenheiro de obras deveria ser de interesse da própria empresa construtora:

Não há procura pela execução na elaboração do projeto. O interesse é da construtora que o engenheiro de obra esteja presente nas reuniões. Não adianta a gente tomar decisão de como fazer as coisas se a pessoa que vai executar não concorda com aquilo. O cara da execução tem a experiência de dizer se aquilo funciona.

Já os problemas que surgem na obra nem sempre são comunicados, conforme comentam os projetistas. Problemas pequenos são solucionados no próprio canteiro devido à dinâmica da obra e só são conhecidos pelos projetistas se estes fizerem um acompanhamento freqüente na obra, o que é muito raro. Problemas maiores são comunicados aos projetistas, mesmo porque devem ser

feita as alterações nos projetos. O projetista estrutural C comenta sobre isso, destacando a documentação das revisões realizadas nos projetos:

Normalmente sim, eles avisam. O que a gente faz é normalmente, que quando acontece um problema a gente vai lá ver o que é, normalmente, o problema ainda vai acontecer e os problemas são mais de infra-estrutura, como um tubo que não dá para passar aqui, tem uma viga aqui. Acrescentei tantos ar-condicionados, aí a gente vai lá olhar, verifica com o pessoal, aí volta e se faz de novo o projeto. Foi uma revisão tocando para frente. A gente procura documentar todas as revisões que são feitas, agora problemas depois de prontos, dificilmente acontecem.

Alguns projetistas, principalmente de instalações, adotam o procedimento de tirar fotografias da execução de seus projetos para caracterizar como o projeto foi executado. Algumas empresas construtoras até utilizam esse procedimento e utilizam as fotos no manual do proprietário.