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6 LEVANTAMENTO COM OS COORDENADORES DE PROJETO

ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR

6.4.4 Análise da qualidade dos projetos

Quanto à análise de qualidade dos projetos, normalmente não há uma avaliação estabelecida nas empresas, embora alguns coordenadores avaliem seus fornecedores periodicamente. Os três parâmetros mais comentados pelos entrevistados para análise da qualidade dos projetos são: custo dos projetos, cumprimento dos prazos e qualidade da solução de projeto. Para a

coordenadora da empresa A, a avaliação não ocorre durante o processo de projeto, avalia-se o resultado final e a agilidade com que aquele projeto foi desenvolvido, tudo de maneira informal. Em outra empresa de pequeno porte, como a empresa E, o coordenador comenta que essa análise também é informal e geralmente realizada pelos diretores da empresa: “[...] a idéia deles é ter todos os projetos e que não me atrapalhem no andamento da obra [...]”. Na realidade, o mais comum é que essa análise de qualidade é feita através do feedback da obra, em reuniões técnicas onde participam diretores, engenheiro de obra, arquiteto, entre outros setores da empresa. Nessa avaliação, verificam-se os problemas que aconteceram e os possíveis fatores de melhoria, mas tudo informal, produto das discussões entre os participantes. Um caso a parte ocorre com o coordenador de projetos da empresa B que utiliza uma planilha para registro do que chama anomalias de projeto. Essa planilha contém todos os problemas e erros que comprometem os projetos referentes a cada empreendimento. As informações da planilha são colhidas a partir de relatos dos engenheiros de obra sobre problemas na produção devido aos projetos e pelos próprios coordenadores que detectam erros e problemas durante o acompanhamento de seu desenvolvimento. Além de a planilha detalhar a obra, especifica também o projeto, o problema e o responsável por sua solução. Mesmo assim, os problemas ainda acontecem, conforme exemplifica o próprio coordenador da empresa B:

[...] numa obra se esqueceu de colocar o ponto de filtro de água da cozinha e o memorial descritivo dizia que tinha filtro, tudo dizia que tinha filtro e na obra quase pronta, se detectou isso, passou por mim, passou pelo engenheiro, e ninguém se deu conta que o ponto do filtro não estava, então nós quebramos uma obra inteira.

Na empresa C, está em desenvolvimento um índice chamado PPR (Percentual de Participação nos Resultados) que será utilizado para analisar diferentes parâmetros dos projetos. Análise de custos, prazos e qualidade formam esse índice geral. Porém, a coordenadora ressalta que enquanto não tiver indicadores estabelecidos a avaliação principal quanto aos projetos ainda são os prazos a cumprir. Quanto à qualidade em si, a mesma coordenadora comenta que analisa o número de falhas e por quantas revisões o mesmo projeto já foi alvo a partir da primeira entrega. O procedimento de entrega de projetos, segundo a coordenadora da empresa C, ocorre do seguinte modo: há primeiramente uma pré-entrega, faz-se uma reunião com todos os projetistas e revisa-se o projeto. Até este momento os problemas e erros são ainda admissíveis. O projeto então volta ao projetista para solucionar o que foi encontrado na reunião e depois há a entrega final. A partir desta entrega final é que os coordenadores controlam a qualidade do projeto: “[...] aí faz a entrega oficial, a partir dali eu já começo a controlar a qualidade do projeto.”. Nesse ponto, chega-se a uma questão que tem sido alvo de várias reclamações pelos coordenadores: o número de erros encontrados nas revisões dos projetos. Sempre é feita uma revisão final dos

projetos entregues pelos projetistas, porém, esses mesmos projetistas, conhecedores da prática dos coordenadores em revisar o projeto final, deixam de lado a realização de sua própria revisão do projeto. Sendo assim, os coordenadores detectam vários erros e omissões, alguns até mínimos, que porventura os projetistas não se deram conta. Essa é uma das cobranças que os coordenadores fazem freqüentemente aos projetistas, principalmente se trabalham em parceria: o projeto já na primeira entrega deve está livre de erros. Em algumas incorporadoras/construtoras que são certificadas ISO 9000/2000, há um procedimento obrigatório de análise crítica dos projetos. Essa avaliação é feita periodicamente, mas há empresas que concentram essas avaliações mais próximas ao final da obra, agrupando todos os fatos ocorridos. Essas empresas certificadas utilizam formulários específicos que fazem parte do sistema de qualidade implementado na empresa. O preenchimento desse formulário é uma atribuição do coordenador de projetos que, entre outras questões, analisa os projetistas, a solução do projeto, sua apresentação, sempre a partir de uma nota estabelecida para cada critério.

Para as coordenadoras da empresa F um projeto de qualidade requer que os projetistas se responsabilizem por sua parte, não simplesmente lançar no papel suas idéias. As coordenadoras comentam que muitas correções que são solicitadas aos projetistas não são efetuadas e o projeto volta da mesma forma, com os mesmos erros e problemas. Para o coordenador de projetos da empresa H, a análise de qualidade é feita por meio de parâmetros de custos de projeto, conforme comentado pelo projetista de estrutura A no levantamento anterior. Os parâmetros citados pelo coordenador são os mesmos e dizem respeito somente ao projeto de estrutura, não podendo ser utilizado para análise da qualidade de outros projetos:

Tu tens parâmetros, tu tens parâmetros de custos de projetos, custo por m², tu tens parâmetro de consumo de aço, consumo de concreto, espessura média de laje que chama, tudo isso são números que tu tens que tu avalias cada empreendimento e vai comparando um com o outro.

Segundo o entendimento do coordenador da empresa H, outro fator de melhoria da qualidade do projeto é através da compra de índices na Prefeitura que permitem aumentar a área construída:

Porque para tu melhorares um projeto que tu sente que não ficou muito bom, existe a possibilidade do que chama compra de índice na Prefeitura, que às vezes tu compras “área no céu”, tu compras mais área para tu melhorares teu projeto, então tu vaia jogando com isso. Ah, essa parte ficou pequena, uma suíte tem que ter 16, 17 m². Um dormitório com 8m² é pouco, tem que ter 9,5m², então tu adequa, [...]

Na empresa I, a análise da qualidade dos projetos segue os procedimentos estabelecidos pela norma ISO 9000/2000. Há uma reunião de validação do projeto, mas somente no início, na concepção do partido arquitetônico. Para o coordenador da empresa I, a qualidade é algo

incomensurável, principalmente do projeto. Para o coordenador o que pode avaliar é a eficácia do projeto em termos de manutenção, de consumo dos sistemas projetados, de atendimento aos requisitos iniciais de projeto:

Mas a qualidade não é algo que você possa medir, é difícil medir, tu medes depois a eficácia de teu projeto se não teve manutenção, se as pessoas estão trabalhando pouco, se os consumos atenderam ao custo esperado, estes são itens que tu podes dizer que teu projeto tem qualidade. Eu previ que ia custar 10 milhões e custou os 10 milhões. Teve qualidade, atendeu ao requisito. A gente avalia qualidade, mas qualidade é uma coisa subjetiva.

Na empresa I, ainda existem alguns indicadores gerais de qualidade, que para o coordenador de projetos medem a qualidade total do produto, mas quanto ao projeto em si não há nada formalizado neste sentido:

Existem indicadores de qualidade que vão medir a qualidade total do produto, na qual o projeto está inserido neste item. Os indicadores de qualidade medem a qualidade total da empresa. É geral. São formalizados, acompanhados no sistema de qualidade da empresa. Mas não é avaliado diretamente, formalmente.