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6 LEVANTAMENTO COM OS COORDENADORES DE PROJETO

ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR

6.4.6 Contratação dos projetistas

Quanto à contratação específica do arquiteto, alguns coordenadores insinuam que sua contratação está vinculada a outras questões, como por exemplo: o arquiteto é contratado quando da aquisição de um terreno, ou indicado pelo proprietário, ou o arquiteto oferece um terreno à empresa que o acaba comprando, ou o próprio corretor de imóveis oferece o terreno e indica o arquiteto. Outra questão citada pelo coordenador da empresa G é contratar um arquiteto vinculando sua contratação a uma questão de marketing para a edificação.

Para o coordenador de projetos da empresa E, a contratação até mesmo de dois arquitetos para o mesmo empreendimento é realizada: “Na verdade assim, geralmente tem o arquiteto que faz a arquitetura e que já faz o executivo, mas nem sempre, às vezes contrata um projetista para fazer a arquitetura e outro faz o executivo.”. Já a coordenadora da empresa A afirma que a contratação do arquiteto pode ocorrer antes ou depois da aquisição do terreno pela empresa:

Quando a gente recebe um terreno, a gente já pensa num arquiteto que vai fazer os projetos. Então, ele faz primeiro a proposta, às vezes, também não está nem comprado, na maioria das vezes não está nem comprado, então ele faz uma proposta e aí sim desenvolvendo o projeto a gente sai com o mesmo arquiteto.

Quanto ao demais projetistas, normalmente, o procedimento dos coordenadores de projeto consiste em solicitar uma proposta, que é avaliada junto ao diretor técnico, ou ao gerente de projetos, dependendo da empresa. Em seguida, avaliam-se as condições de pagamento, que é algo que varia entre os projetistas: o pagamento pode ser por permuta, no caso de valores altos, principalmente para os arquitetos, às vezes, o pagamento é vinculado ao CUB (Custo Unitário Básico), ou é vinculada à aprovação do projeto no órgão competente ou na concessionária. Para a coordenadora de projetos da empresa A, os projetistas inicialmente só fazem estudos, eles somente são contratados para fazer o projeto quando se aproxima a data de início da obra. Neste caso, durante a viabilização do projeto, os projetistas são contatados para opinar sobre o empreendimento, definindo um anteprojeto. Porém, a coordenadora não garante a contratação do projetista após ser contatado inicialmente: “[...] a gente chama os projetistas para darem seus palpites sobre o projeto, às vezes o projetista que deu o palpite não vai ser contratado depois [...]”.

Para a coordenadora alfa da empresa F, faz-se uma cotação, já com referências do projetista de obras anteriores e com o levantamento do custo do projeto em relação ao empreendimento. Porém, a mesma coordenadora adverte que o valor do projeto não é fator decisivo na contratação de um projetista: “Porém, nem sempre o preço é fator decisivo, dependendo do

empreendimento, contrata-se um projetista que tenha um melhor relacionamento com o usuário final para obras que tenham interferências constantes com os clientes.”. Ainda para a coordenadora alfa, há uma reunião inicial onde ficam determinados os projetos que deverão ser contratados. E a contratação, em alguns casos, não é formalizada em contrato: “Na verdade é assim, quando a gente faz a reunião de projetos fica determinado qual os projetos a gente vai contratar. Se não é contratado no papel é contratado de boca e ficam determinados os projetistas que vão trabalhar.”. Já para a coordenadora beta, a responsabilidade da contratação de todos os projetistas é do gerente de projeto, embora a coordenação de projetos participe enviando e recebendo as propostas. “Não, quem contrata é o gerente de projetos. Os outros projetistas também. Basicamente eu faço essa parte de informar, mando para os projetistas, vejo os valores, mas quem contrata é quem tem o poder de contratação. Eu vejo as propostas, mas quem dá o veredicto final é o gerente.”.

Já o coordenador da empresa B questiona a forma de pagamento que os projetistas sempre reinvidicam: uma porcentagem de entrada e vários pagamentos mensais. Como chama o coordenador: praticamente um salário mensal. O coordenador é contrário a essa forma de pagamento e opta por pagar de acordo com a produção, o que faz com que os projetistas se dediquem mais ao projeto. Os coordenadores de projeto também comentam sobre pagamentos extras para visitas dos projetistas à obra. Para os coordenadores, é constante esse tipo de pagamento aos arquitetos, devido às constantes solicitações de comparecimento à obra. No caso dos projetistas complementares, os comparecimentos à obra também acontecem, mas é algo muito variável por empreendimento, por isso, segundo os coordenadores, os próprios projetistas não cobram pagamento extra por isso. Para o coordenador da empresa A, esse tipo de pagamento extra é inadequado, já que a contratação do projetista não deve incluir somente o projeto em si, mas sua execução:

[...] tu tens um erro no projeto, ou ficou uma dúvida do engenheiro da obra, o projetista tem que ir lá resolver, porque o projeto não é uma coisa só no papel, o projeto é o executado, eu vejo dessa forma, se o projetista fez uma coisa que não se pode executar, ou vai ficar ruim, eu quero uma solução melhor, o projetista tem que ir lá e resolver. Nas empresas que desenvolvem parcerias de trabalho, a contratação depende da experiência do projetista em projetar determinado empreendimento que se pretende executar, já que os valores dos projetos são basicamente os mesmos. Então, nesse sistema, os coordenadores preferem trabalhar com um número fechado de projetistas, que mesmo pagando valores altos para o projeto, comparados aos valores de mercado, trazem melhores resultados técnico-financeiros. Então, nesse processo, há uma rotação, uma variação entre os projetistas que depende também

do volume de trabalho nos escritórios de projeto. Normalmente, a preferência é daquele com menor volume de trabalho. Outra questão é o conhecimento do projetista quanto à forma de desenvolvimento dos projetos da empresa. Para os coordenadores a contratação de um novo projetista faz com que se inicie todo o processo de aprendizado, de conhecimento da empresa e de sua forma de controlar e cobrar os projetos. Para o coordenador da empresa D, novos projetistas geram maior desgaste, possibilitando uma maior chance de esquecimento de passar alguma informação que já deveria ser conhecida por um projetista há mais tempo trabalhando para a empresa:

[...] tu tens grande chance de esquecer de passar alguma informação, então se o projetista, eu já cansei de falar para ele: não esquece daquele rebaixo da impermeabilização, então ele já sabe o que é que eu estou falando, se é um projetista novo eu tenho que desenhar, explicar para ele [...]

Em geral, os coordenadores não avaliam os projetistas contratados, embora os coordenadores que trabalham no sistema de parceria ressaltam que ao trabalhar com grupos de dois ou três projetistas por especialidade consideram que uma avaliação implícita já foi feita para manter sempre os mesmos, porém, mesmo assim, admitem a necessidade de alguns indicadores para realizar uma avaliação formalizada. Na verdade, como comenta a coordenadora de projetos da empresa C, tudo é muito empírico, se um projeto apresenta muitos problemas, logo o projetista não mais é chamado para novos projetos: “[...] a gente tinha um projetista e hoje a gente não trabalha mais com ele, eu não disse para ele obviamente, mas simplesmente a gente não trabalha mais.”.

Contrariamente em outras empresas, os coordenadores citam que devido à qualidade dos projetos há uma mudança, uma troca entre os projetistas no decorrer do processo sem qualquer tipo de comprometimento. Mesmo assim, os coordenadores afirmam trabalhar em sistema de parceria, deixando claro não entender o funcionamento deste tipo de procedimento. As trocas constantes de projetistas, seja devido a problemas de resistência dos projetistas às alterações de projeto, seja pela dificuldade de relacionamento são corriqueiras. Isso caracteriza um falso sistema de parceria, que fundamentalmente é importante para aprimorar ao longo do empreendimento os método de trabalho, facilitando a cooperação e a troca de informações, reduzindo o tempo de projeto e aumentando a qualidade do produto final. O coordenador da empresa G garante que a contratação não é pelo preço, já que se fosse assim, estaria pagando um valor pelos projetos muito menor. Ressalta também que a concorrência sequer é realizada:

Eu não contrato projeto por preço, porque se eu contratasse por preço eu poderia pagar até metade do que estou pagando, mas a gente opta por não fazer isso. Porque se eu

fizesse um orçamento para cada projeto, mando para cada projetista, dependendo do projetista estar com pouco serviço ele vai me dar um preço atrativo e aí vou ter que fazer? Não é seguro para trabalhar. Basicamente isso é um dos nossos alicerces de nosso processo. Se o projetista um dia aprontar comigo ele vai ser trocado.

Com este método de contratação, baseado na parceria de trabalho com alguns projetistas, o coordenador também ressalta que tem formalizado um sistema de avaliação por notas dos projetistas. Este sistema envolve os prazos de entrega dos projetos e o número de alterações de projeto no processo de projeto. Na empresa I, o coordenador de projetos que é o responsável pela contratação dos projetistas comenta que não amplia o grupo de projetistas parceiros. Considera ainda que tem a possibilidade de formar várias equipes de projeto e para cada empreendimento faz uma análise dos projetistas para formar uma equipe que se interaja melhor. Na empresa I também há um sistema de avaliação dos projetistas que é semestralmente utilizado. O questionário utilizado para isso na empresa I é aberto a todos os setores da empresa e não há obrigatoriedade para respondê-lo. Neste questionário são avaliados custos, qualidade, prazo de entrega, e decisões acerca dos projetos. Porém, não ficou claro como os resultados obtidos com esta avaliação são utilizados posteriormente, evidenciando somente o cumprimento obrigatório de procedimentos da norma ISO 2000/9000 em avaliar seus fornecedores.