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Administradora de Fondos de Cesantia – autorizada em 9/09/2002 Administra fundos para pagamentos de seguros por desemprego e é

Capítulo 4 Sistema chileno

7. Administradora de Fondos de Cesantia – autorizada em 9/09/2002 Administra fundos para pagamentos de seguros por desemprego e é

financiada de forma tripartite – empregados, empregadores e fisco;

4.9 Órgão controlador do sistema

Trata-se de órgão autônomo e especializado. Tem como funções os controles das aéreas financeira, atuarial, administrativa e jurídica das administradoras. As principais áreas desse órgão estão descritas no organograma no Anexo 10 e demonstra a forte intervenção estatal no controle das administradoras dos fundos de pensão.

Partindo da experiência chilena, no tocante aos limites e forma de fiscalização dos fundos de pensão, pode-se observar que as regras para os fundos de pensão brasileiros, mesmo que facultativos para os trabalhadores empregados, está aquém do esperado e do ideal, fato evidenciado nos escândalos envolvendo 14 fundos de pensão brasileiros.

4.10 Resultados práticos do sistema chileno

O lapso na cobertura dos filiados é grande por que o número de filiados é duas vezes menor que o de contribuintes. O grande número de filiados (6,1 milhões) em 1999, deve-se ao fato da grande obrigatoriedade de participação,

enquanto que as contribuições dependem da capacidade financeira do filiados, que é determinado pelo baixo índice de contribuintes.

Analisando-se os dados fornecidos pela Superintendência dos Fundos de Pensão do Chile, constatou-se que a média das pensões pagas aos filiados é de 136 mil pesos em 200448, o que representa pouco mais que o salário mínimo local.49

Estudos realizado pela Cenda – Centro de Estúdios Nacionales de Desarrollo Alternativo50 - demonstram que 20,3% dos filiados pagam menos que 10% das vezes que deveriam pagar e somente 11,4% pagam 100% das vezes. Assim, a média geral total dos contribuintes é de 41,4%. Considerando-se somente os homens, esse percentual eleva-se para 43,8%; se forem somente mulheres, baixa para 38,2%. Deste modo, em doze meses, a média de contribuições resulta em 4,96 meses/ano (5,25 meses/ano se só homens e 4,54, se só mulheres). Por isso, seriam necessárias contribuições em, pelo menos 5,45 meses por ano, para chegar-se a 240 contribuições em 44 anos e receberem eles a contribuição mínima. Um dado ainda mais assustador: segundo o mesmo estudo, 2,43% dos filiados têm saldo zero, o que representam 163.013 pessoas; outras 279 pessoas têm um saldo de mais de 100 milhões de pesos, e 1.207 pessoas tem saldo de 80 a 100 milhões de pesos.

Mesmo os estudos oficiais apontam contribuições na ordem de 52,4%. Desses, 25% contribuem em 23,6% das vezes; e, outros 25% contribuem 88,8% das vezes.

Em outro trabalho, Arena e Gana (2001) ressaltaram que o cálculo utilizado pelo novo sistema é injusto, posto que as mulheres precisam contribuir o mesmo

48 Aproximadamente 260 dólares americanos.

49 Comparativamente, o sistema privado de previdência peruano cobre somente 27% da população de 13 milhões da PEA nacional. Numa reportagem intitulada “una reforma rinde frutos en Perú, quienes se arriesgaron al sistema privado de pensiones ya perciben benefícios” por Daniel Drosdoff , revela em entrevista a três representantes de diferentes segmentos profissionais, da população beneficiada pelo sistema privado estão satisfeitos com seus benefícios que compreendem valores entre 200 e 350 dólares americanos, enquanto o sistema público do mesmo país paga a seus conveniados cerca de um terço a menos. No Brasil, em valores dolarizados, o aposentado por tempo de serviço percebe U$ 405, enquanto o aposentado por idade percebe U$147, ambos no sistema público de previdência. No sistema privado, repita-se, facultativo aos trabalhadores e sem garantia estatal, o aposentado por tempo de serviço percebe, em 2005, U$1.719,56 e o aposentado por idade, U$785. A proporção entre conveniados aos dois sistemas é de 19,73 no sistema público para 1 no sistema privado, significando que para cada um real gasto no fundo de pensão são necessários dezenove reais no sistema público. O sistema previdenciário brasileiro já apresenta como problema emblemático a má-administraçao e o desvio das verbas públicas, tratando isso de um problema com previsões legais de punibilidade que, na prática, nunca foram levadas para análise do judiciário. Deste modo, o problema inicial não é, exatamente, a falta de dinheiro, mas incompetência e corrupção. Nos dias modernos, o problema principal que afeta o sistema é a antiga fórmula que era utilizada para os cálculos onde uma pequena porcentagem de contribuintes costumava elevar as suas contribuições nos últimos cinco anos para aferir sua aposentadoria baseadas em tais contribuições, oneroso o sistema.

número de anos que os homens, desconsiderando-se os períodos em que ficam realizando trabalhos domésticos. No antigo sistema não havia desigualdades de gênero para efeito de cálculo dos benefícios, recebendo, as mulheres, pensões maiores que as atuais, já que com contribuições iguais recebiam benefícios maiores. O tempo de contribuição médio era de 10 anos para as mulheres, permitindo que os efeitos das intermitências no exercício do trabalho fossem diminuídas ao longo do tempo.

4.11 Breves Considerações

Depois da exposição do regime previdenciário chileno é possível observar que o Estado não se absteve de regulamentar, fiscalizar e até garantir o pagamento seja das pensões mínimas para àqueles que no conseguiram atingir o mínimo de contribuições necessárias à obtenção da aposentadoria - seja pagando as pensões/benefícios das AFP’s que faliram, ou que não creditaram a rentabilidade mínima aos seus filiados. O ente estatal continua ativo e atuante nas garantias previdenciárias de seus cidadãos. Por outro lado, ele permitiu que as contribuições previdenciárias fossem aplicadas na Bolsa, através da reforma que introduziu o sistema última etapa da acumulação financeira.

SEGUNDA PARTE - PREVIDÊNCIA PRIVADA NO CONTEXTO DA