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As alternativas e propostas da teoria social e da ciência política

TERCEIRA PARTE A VULNERABILIDADE DOS SISTEMAS DE PREVIDÊNCIA PÚBLICA E PROVADA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Capítulo 9 – Perspectiva da seguridade social para além das propostas em evidência

9.2 As alternativas e propostas da teoria social e da ciência política

De tudo que foi abordado até agora, pode extrair-se uma conclusão: existe um consenso dos estudiosos, das entidades e cooperações internacionais no sentido de identificar uma crise sistêmica e de caráter global. Isso porque não só a economia, mas também a sociedade tende a mover-se cada vez mais em dimensão mundial.

De acordo com Boaventura de Souza santos, sociólogo português, há quatro axiomas que estruturam a modernidade:

o primeiro, deriva da hegemonia que a racionalidade científica veio a assumir e consiste na transformação dos problemas éticos e políticos em problemas técnicos. Sempre que tal transformação não é possível, uma solução intermédia é buscada: a transformação dos problemas éticos e políticos em problemas jurídicos. O segundo axioma é o da legitimidade do uso da propriedade privada independentemente da legitimidade do uso da propriedade. Este axioma gera ou promove uma postura psicológica e ética – o individualismo possessivo – que, articulada com a cultura consumista, induz o desvio das energias sociais da interacção com pessoas humanas para intracção com objectos porque mais facilmente apropriáveis que as pessoas humanas. O terceiro axioma é o axioma da soberania dos Estados e da obrigação política vertical dos cidadãos perante o Estado. Por via deste axioma, tanto a segurança internacional, como a segurança nacional, adquirirem `natural`precedência sobre a democracia entre Estados e a democracia interna, respectivamente. O quarto e último axioma é a crença no progresso entendido como um desenvolvimento infinito alimentado pelo crescimento econômico, pela ampliação das relações e pelo desenvolvimento. (SANTOS: 1996: 321)

Assim, a sociedade e subjetividade foram moldadas por estes axiomas, criaram uma ordem de regulação social e, paralelamente, uma vontade de desordem e de emancipação. A solução, portanto é:

reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser. Com isso assume-se que estamos a entrar numa fase de crise paradigmática, e portanto, de transição entre paradigmas epistemológicos, sociais, políticos e culturais. Assume-se também que não basta continuar a criticar os paradigma ainda dominante, o que, aliás está feito já à saciedade. É necessário, além disso, definir o paradigma emergente. Esta última tarefa, que é de longe a mais importante, é também de longe a mais difícil.(SANTOS, 1996: 322)

A preocupação de Soros (1998), um notório especulador – mesmo que as alternativas e propostas sejam distintas - coincide com aquelas apresentadas por várias linhas do pensamento social crítico e converge para a criação de instância supra-estatais para formação de consensos moralmente vários e de resolução de conflitos, a partir do reconhecimento de uma cidadania verdadeiramente global.

O estudo do Grupo de Expertos denominado Economía Mundial y Ética Social –de las obras eclesiásticas Adveniat, Caritas Internacional, Misereor, missio Aechen, missio Müchen y Renovabis - aponta para:

Las muchas caras de la globalización e para uma perspectiva de un orden mundial de justicia humana”. O aludido documento afirma que “a sociedade civil internacional ha ganado en los pasados años en peso, lo que se muestra en el hecho de haber ella acompañado de manera activa las grandes conferencias mundiales y los subseguientes dabetes para la transposición de convenciones. Puede afectuar una contribución importante para la configuración del proceso de globalización por razon de sus conexiones internacionales, siguiendo de manera crítica y aportando con propuestas innovadoras. Muchos gobiernos y organizaciones cooperan entretanto en múltiples áreas con organizaciones no gubernamentales y aprovechan sus fuerzas específicas. A menudo están bién organizadas, trabajan professionalmente y poseen mucha competencia. Mediante una cooperación internacional estrecha cuentan con buenos conocimientos de las cicunstancias en el lugar, así como con un contacto directo con la población, lo que es de gran importância especialmente para una cooperación al desarrollo orientada hacia los pobres. Esto posibilita una ayuda efectiva a la autoayuda que está orientada a las necessidades correspondientes.

A Unesco através do relatório apresentado pela comissão mundial de cultura e desenvolvimento, sob o titulo nossa diversidade criadora, aponta para uma ética universal na governabilidade do mundo. Segundo o informe

...muitos elementos da ética universal estão hoje ausentes dos sistema de governabilidade em escala global. Várias instituições importante para a governabilidade mundial – particulamente As instituições de Bretton Woods – não podem invocar sua plena legitimidade democrática por estarem baseadas na fórmula `U$1, 1 voto` e não no consenso popular. Tampouco as nações ricas estão disposta a aceitar os mesmos princípios morais que recomendam de forma tão eloqüente às nações pobres. Por exemplo, a lavagem do dinheiro proveniente do narcotráfico por meio do sistema bancário é justamente condenada, mas certos bancos em todo mundo, aceitam grande somas de dinheiro de origem corrupta depositadas por autoridade de nações pobres. Estes bancos auferem grandes lucros, ao passo que os políticos dos paises ricos criticam as nações pores por suas prática s corruptas. Ate mesmo o

fardo dos ajustes estruturais é transferido quase que exclusivamente aos paises pobres, ao passo os ricos resistem firmemente à redução de seus altos padrões de consumo, O princípios de mercado são invocados em tidas as áreas, exceto no uso do patrocínio comum do plante, tal como o meio ambiente, onde cerca de até 80% dos recursos são explorados pela nações ricas, sem que nada seja pago em troca. Sugestões concretas para remediar essa situação são feitas na Agenda Internacional pp 62-63

Os princípios e as idéias fundamentais de uma ética universal, na proposta da UNESCO, pressupõe um padrão mínimo a ser observado por toda comunidade política. Interessante notar ainda que para a UNESCO “os estados devem ser os principais arquitetos da construção e da manutenção de uma ordem constitucional global fundada em princípios morais e não na política de poder.” (UNESCO: 64-65).

Fica evidenciado que existe um movimento de caráter mundial no sentido de inverter os papéis da economia e da política. Segundo a filósofa Adela Cortina, os valores do tipo equidade, eficiência, qualidade, competitividade estão conectados com o sentimento de solidariedade. Segundo ela, a atividade econômica é indissociável da moralidade porque, em primeiro lugar, constitui dimensão de uma teoria da sociedade. Neste sentido alcança a categoria de uma verdadeira teoria da sociedade e, em segundo lugar por ser necessária uma “teoria compartida de justiça distributiva” uma vez que o fim social da economia é satisfação de necessidades humanas.