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Em relação à adolescência, encontramos a seguinte descrição num texto da Idade Média, “Le grand propriétaire de toutes les choses”, mencionado no livro História Social da Criança e da Família; depois segue-se a terceira idade, que é chamada de adolescência, que termina, segundo Constantino no seu viático, no vigésimo primeiro ano, mas segundo Isidoro, dura até aos 28 anos (...) e pode estender-se até aos 30 ou 35 anos. Essa idade é chamada de adolescência porque a pessoa é bastante grande para procriar, disse Isidoro. Nessa idade os membros são moles e aptos a crescer e a receber força e vigor do calor natural. E por isso a pessoa cresce nessa idade toda a grandeza que lhe é devida pela natureza (Ariès Phillipe, 1992). O pressuposto teórico de que no século XVI a sociedade tinha uma consciência clara da diferença cultural entre infância e juventude foi levantado por Schindler Norbert em a História dos jovens, chamando à atenção, porém, para o facto de que essa distinção, correu o risco de ser primeiro sobreposta e depois inteiramente cancelada pela dicotomia neo-patriarcal-autoritária entre emancipados e não-emancipados, entre responsáveis e privados de responsabilidade, levada adiante de modo generalizado na esteira das argumentações da reforma (Schindler

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Norbert, 1998). Em todos os tempos localizamos, rituais de entrada e de saída nas experiências dos jovens, na sua passagem para a vida adulta. E esses rituais traduziam algumas vezes a aquisição da maturidade que se esperava dos jovens em matéria de casamento, formação de família e iniciação ao mundo do trabalho adulto. Se forem resenhados os factos sócio-económicos conhecidos, seria possível concluir que nos primórdios da Era Moderna existia sem dúvida uma consciência clara da fase juvenil entendida como período distinto da vida, captado não tanto enquanto prolongamento social mas sim como fase de transição funcional no sentido dos rituais de passagem, ou seja, no sentido de uma progressiva familiarização com as condições da vida adulta e que, portanto, faltava uma clara subdivisão nos grupos etários organizados com base numérica, como naquela que estamos habituados a adoptar, condicionados pelo moderno sistema estatal (Schindler Norbert, 1998). A questão da existência da juventude e da adolescência no inicio da Era Moderna, assume contornos diversos e mais preciosos, só no momento em que se põe o problema de qual a consciência de que de si teriam os jovens e de quais as formas autónomas de organização de si dariam, tornando-se seriamente a dimensão cultural da sua auto-definição (Schindler Norbert, 1998). Podemos extrair do texto supra referido que no domínio do que se define como adolescência e juventude não estão presentes somente forças que visualizam essas categorias de um único paradigma, numa tentativa de delimitá-las. Estão presentes também aquelas advindas das manifestações de pessoas que entendem esses períodos da vida através das suas próprias experiências. Desta forma consideramos importante ressaltar não só os aspectos culturais nas mudanças acerca dos acontecimentos que marcam a adolescência, mas ainda os factores estruturais e que são internos aos sujeitos, guardando uma relação com a subjetividade que cada vez mais vemos ser alvo de investigações no nosso meio científico. No século XVII, temos o conhecimento de que se conservava naquela época o hábito escolar medieval de ensinar conjuntamente crianças e jovens, e de que já se procurava fazer uma distinção entre crianças e jovens. A partir daí, chegou-se à idéia de uma primeira infância que durava até aos 10 anos, quando as crianças eram mantidas fora da escola. Após completarem 10 anos, as crianças entrariam no período da infância escolar. Em relação às idades superiores a 10 anos, continuou a haver uma indiscriminação na frequência às salas de aula, e esse procedimento foi mantido até ao século XVIII e ao início do século XIX, não havendo uma distinção nas salas entre a 2ª infância 12 a 13 anos, e a adolescência 15 a 18 anos e a juventude 18 a 25 anos (Ariès Phillipe, 1992).

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Na Europa Pré-industrial não se distinguia infância de adolescência; também no século XVIII não se aceitava esta faixa etária. Só no fim de século XIX é que a adolescência, que até então se chamava juventude, se transforma num tema dominante e numa preocupação de moralistas e políticos; é nesta altura que as pessoas se começam a questionar seriamente sobre o que a juventude pensa, e a publicar artigos sobre esta problemática. Foi nesta época que a adolescência emergiu como algo que trazia novos valores capazes de levar uma sociedade envelhecida à mudança.

Segundo Ariès Phillipe (1992) o primeiro adolescente moderno típico foi Siegfried de Wagner (Alemão), cuja música exprimiu a mistura de pureza, de força física, de naturismo, de espontaneidade, levando nesse movimento o adolescente a ser o herói do século XX, sendo este visto e considerado como o século da adolescência. Tem-se a impressão, portanto, de que, a cada época correspondeu uma idade privilegiada e uma periodização particular da vida humana; a juventude é a idade privilegiada do século XVII, a infância do século XIX, e a adolescência do século XX (Ariès Phillipe, 1992). Podemos afirmar que terá sido o autor supra referido quem terá feito desabrochar a adolescência, fazendo surgir a consciência de ser jovem, o sentimento de pertencer a um grupo com preocupações e aspirações comuns; contudo só se tornou um fenómeno geral na Europa no fim da primeira guerra mundial. A partir de então, dá-se o desenvolvimento da adolescência tendo como barreiras a infância e a maturidade adulta. Passou-se assim de uma época em que não existia adolescência (ou esta não tinha importância) para o século XX, onde passa a ter importância máxima levando a que seja considerada uma idade favorita. A adolescência, palavra de origem latina que significa crescer, mudar, nem sempre teve a representação simbólica que dela temos hoje. É possível identificarmos diferenças na sua compreensão como um conceito, mas também não podemos falar de uma adolescência apenas. Este facto caracteriza-se em qualquer época, uma vez que no critério da realidade, havendo diferenças de classes políticas, económicas e culturais, impõe vivências distintas às pessoas, de acordo com o lugar em que se encontram na sociedade. Com base nestas diferenças, os adolescentes têm uma representação de si e da sociedade baseada numa visão particularizada das suas experiências e de acordo com a sua história de vida. A vivência da adolescência para uma pessoa da classe média-alta é diferente daquela de uma pessoa pobre, se considerarmos os factores externos, que facilitam, à primeira vista, acesso à educação, à cultura dominante, aos processos de saúde, etc. É a lógica da exclusão das camadas inferiores da nossa ordem social, económica, política e cultural a todos dos níveis (Andrade Isabel, 1996; Marques António et al., 2000; Sampaio Daniel, 2006; Barreto António,

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2007). Surge a necessidade de agrupar os alunos com base em alguns critérios, como, por exemplo, o da idade, foram-se configurando, a partir dos ideais da burguesia, turmas discriminadas em relação à infância, adolescência e juventude. Segundo Ariès Phillipe (1992), a difusão entre a burguesia de um Ensino Superior, da Universidade ou de grandes Escolas contribuiu para separar nas escolas os adolescentes dos jovens. A abrangência de aspectos cognitivos e afectivos, nas idades que marcam a infância e a adolescência, deve-se em grande parte a iniciativas da burguesia no âmbito escolar. A ideologia, apesar de na prática pelo que conseguimos vislumbrar nos factos históricos, promover algumas segregações, principalmente de ordem económica, reforçava o lema da escola para todos. No entanto, nem todos os adolescentes da época, à semelhança dos nossos dias estavam nas escolas, pois encontravam- se inseridos nas forças de produção. Actualmente, além de um discurso jurídico, cultural e biológico em relação ao adolescente, é também, abordado este tema, pelo prisma da Psicologia e da Psicanálise, Antropologia e Sociologia. Estas disciplinas podem aproximar-se da realidade dos adolescentes, a partir da sua eficácia prática; leis específicas, garantias de direitos e indicação de programas de saúde e de educação, promovendo, desta forma, oportunidades de eles se desenvolverem pessoal, profissional e culturalmente na sociedade em que vivem. A partir de discussões, expectativas, características e dificuldades que fazem parte da dinâmica de vida dos adolescentes, podem, estas disciplinas, coordenar, as suas interacções, num quadro com medidas e providências importantes ao crescimento subjectivo, físico e social de cada jovem. Os adolescentes de hoje, como o maior contingente proporcional entre 10 a 19 anos de idade na história, chegam à idade adulta num mundo bem diferente daquele em que cresceram os seus pais e avós. Embora o ritmo das mudanças varie de uma região do mundo para outra e até mesmo na mesma região, a sociedade transforma-se ampla e rapidamente, criando uma série vertiginosa de novas possibilidades e de novos desafios para juventude (Capellá Alfredo, 2003). Levisky David, (1995), refere-se às mudanças que ocorrem nas sociedades e que marcam definitivamente a vida actual, da seguinte forma; as restrições impostas pela sociedade à libertação sexual estavam relacionadas, num passado recente, a questões de ordem moral, aos riscos de uma gravidez indesejada e de doenças de cariz sexual. Hoje, a moral sexual é mais livre e compreensiva. Em contrapartida, a grande restrição actual é consequente, ao ponto de ser uma ameaça real ante a proliferação do VIH/SIDA. A idade média de iniciação sexual dos adolescentes, de ambos os sexos, sugerida por várias investigações está em torno de 15-16 anos, tanto no Brasil como nos EUA e Europa. Porém, mesmo assim, é um sinal de que é preciso olhar a pessoa do adolescente de forma a

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proporcionar-lhes familiar e socialmente mais condições de respeito e dignidade. Na adolescência há um encontro com a sexualidade, que, por sua vez, organiza para o jovem a sua posição nas relações consigo e com os seus pares. Há uma divergência quanto à sexualidade no homem e na mulher que se destaca na adolescência e tem que ver com a organização psíquica tal como se mostra num e noutro, pois a adolescência não é a simples realização psíquica da puberdade fisiológica. Para a rapariga, a puberdade assinala o que pode ser visto pelo outro. A experimentação pelo adolescente de vários modelos de identidade leva-o a tornar-se adulto. A respeito do envolvimento do adolescente com os seus pares, na identificação com um determinado grupo e, ou líderes, acredita-se representar o confronto com as suas fantasias destrutivas, num processo de ter, posteriormente a esta, o seu domínio. A sexualidade do adolescente, é vista como exploratória, não integrando os prazeres da mutualidade e as responsabilidades concomitantes, típicas da genitalidade. Uma questão levantada por Levisky David (1995, a esse respeito é a de que quando prevalece o prazer sensorial, sexual ou agressivo a vida afectiva e simbólica, o investimento noutras áreas da vida afectiva e do conhecimento torna-se empobrecido. Segundo Aberastury Arminda et al., (1990); Sampaio Daniel (2006); Allen Gomes; Sá Eduardo (2007), nas últimas décadas os jovens impuseram à consciência do adulto e da sociedade a necessidade de os compreender, a qualidade do processo de maturação dos primeiros anos, a estabilidade nos afectos, a quantidade de gratificações e frustrações e a gradual adaptação às exigências ambientais vão marcar a intensidade e a gravidade dos conflitos na adolescência. O combinado que configurou, cada uma a seu tempo, as categorias hoje consideradas de adolescência, juventude e infância contou com a ajuda da história no seio das culturas e das sociedades. As discriminações que ao longo do tempo permitiram que cada uma dessas categorias se tornasse distinta umas das outras, dando-lhes significações próprias, não desfizeram, contudo, as interligações entre elas, quando pensadas como passagens importantes na trajectória de vida das pessoas. Adolescência é tempo de contestar, experimentar, correr risco, de mudar, de crescer e de viver. Ser adolescente é estar em transformação, vivendo em constante metamorfose. A adolescência é, uma etapa da vida que abrange múltiplas áreas; psicológica, biológica e sociológica, ela não só influencia, como sofre influência desses espectros da vida e da própria sociedade onde se insere e com a qual co-habita. Isso quer dizer que as mudanças e transformações culturais e sociais que vão acontecendo ao longo do tempo interferem nesta etapa evolutiva, dando-lhe um colorido especial e sempre muito actual.

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Para a antropóloga Barbara Glowczewsky (1995) citada por Poly Marie & Pagès Jean (1999:17), a adolescência é um espaço intermédio entre a infância e a idade adulta que é preciso, “explorar através das práticas e dos discursos dos jovens daqui e de outros lugares: entre puberdade e maturidade, entre ritos e mitos, entre desejo e agir, entre sentimentos e julgamentos (...) mas pode-se continuar a lista, entre feminino e masculino, entre alegrias e penas, entre dependência e autonomia, entre solidão e solidariedade, entre medo e audácia, entre pudor e provocação, entre passado e futuro, entre amor e amizades, entre vida e morte, etc.”

A maturidade social é sempre precedida de um estatuto intermédio, nem criança nem adulto (Sampaio Daniel, 2006). Abandona-se esta idade graças a rituais mais ou menos longos que lhe permitem aderir ao estatuto de adulto, aos seus encargos e às suas considerações.

A adolescência é o momento em que o indivíduo é confrontado com os critérios atribuídos ao seu sexo e aos desempenhos sexuais que lhe devem estar associados. Todas as sociedades e culturas humanas têm ideias muito precisas do sexo masculino e feminino, bem como das normais relações entre ambos. No entanto, estes conceitos variam de cultura para cultura e foi, exactamente, esta diversificada constatação que conduziu ao estudo dos mecanismos de identificação pelos quais os indivíduos se integram mais ou menos facilmente nos modelos sexuais que a sua cultura lhes tenta impor (Andrade Isabel, 1996; Rodrigues Custódio; Poly Marie & Pagès Jean, 1999; Diamond Jared, 2001; Barreto António, 2007).

Terá sido neste contexto que investigadores como Elisabeth Douvan (1986); Robert Stoller, (1989) referidos por Poly Marie & Pagès Jean (1999), se propuseram separar a identidade sexual que se refere ao biológico, constituição genética e anatómica, e a identidade sexual, que remete para a dimensão adquirida, psicológica, cultural e social da percepção do feminino e masculino, opondo-se, assim, a natureza e a cultura; o sexo biológico e os intermináveis marcadores que sugerem a diferença.

Na cultura contemporânea, os rapazes terão sobretudo, dificuldade em afirmar a sua virilidade que teima em lhes ser sonegada se não corresponderem a um determinado número de critérios. Embora o reconhecimento da identidade feminina seja usualmente mais fácil, são no entanto os desempenhos sexuais que lhe levantam as maiores dificuldades devido à ambivalência dos modelos propostos, que opõem uma tradição de passividade feminina a exigências modernas de dinamismo sexual (Poly Marie & Pagès Jean, 1999; Macpherson Ann; Diamond Jared, 2001; Capellá Alfredo, 2003).

O desenvolvimento progressivamente mais longo, faz com que o jovem adolescente chegue cada vez mais tardiamente ao mercado de trabalho. Vista desta perspectiva, M. Fize (1994) citado por Poly Marie & Pagès Jean (1999:26), refere que “fora do tempo social e das suas realidades, a maturação social é assim contrariada e, consequentemente, talvez a maturação mental.”

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Terá sido no seio da burguesia que, durante o século XIX nasce a família moderna, que sucedendo ao tradicional modelo patriarcal se concentra à volta do modelo nuclear, ao aparecer este tipo de família, os laços de amor tornaram-se mais importantes que os laços de sangue, o que veio alterar as normas e as proibições que governavam a união dos parceiros sexuais, concebiam paixões e a sexualidade.

Foi nos Estados Unidos no decorrer dos anos 50 século XX, que com o contributo da etnologia, se principiou a entender melhor a dimensão cultural e sociológica da adolescência. Em França, Morin Edgar (1963), sublinhado por Poly Marie & Pagès Jean (1999), definia, as características de uma nova classe de idade. Foi, contudo, preciso esperar pelo Maio de 1968, para ver que a alma das manifestações eram essencialmente estudantis, que através deles a sociedade exprimia de novo e violentamente uma enorme vontade de mudança. Se Maio de 1968 modificou radicalmente a relação com o poder e a autoridade, se o slogan é proibido proibir constituía talvez a maior exigência da altura, foi, sobretudo, na família e nas escolas que as consequências disso se tornaram mais amplamente difundidas e visíveis, foi especialmente aqui que a banalidade e o quotidiano foram contrariados.

Se o proibido é sufocante ou destruidor quando excessivo, ele é, igualmente, necessário e estruturante para que as novas gerações possam apreender o mundo adulto e integrar-se nele, fazendo-lhes reconhecer que a sociedade, por definição, é também um sistema de obrigações. O que implica obrigatoriamente que os jovens reconheçam, identifiquem e aceitem globalmente as leis. É o que assinala, ao nível da família, o sociólogo Fize Michel citado por Poly Marie & Pagès Jean (1999:28), “Os pais e as mães (...) à falta de referências, não podendo apoiar-se num stock de valores e de princípios claros, fazem uma espécie de bricolage educativa, misturando regras tiradas da sua própria educação, conselhos de intuição, e em concertação (por vezes oposição) com os seus filhos, tendo-se tornado a argumentação uma das formas superiores do funcionamento da família moderna.”

Os adolescentes continuam a criar e a viver uma cultura que lhes é natural, cujos valores de convivência, particularmente dados pelos seus pares, são frequentemente resistentes ou desalinhados em relação aos valores tradicionais da família. A nova subcultura adolescente é procurada, cortejada, invadida, perseguida. Geralmente o mundo dos adultos volta-se cada vez mais para um sistema de referências que está ligado ao universo adolescente, porque estas referências, sinónimo de gracejo, de emancipação, de independência e mesmo de volúpia, têm uma forte componente positiva. Este confiscar de valores que são, regra geral, apanágio da adolescência manifesta a recusa dos adultos em envelhecer (Poly Marie & Pagès Jean, 1999; Diamond Jared, 2001; Sampaio Daniel, 2006; Sá Eduardo, 2007).

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O desemprego, como toda a instabilidade geográfica, profissional e sociológica das estruturas familiares, gera tensões que amplificam outras dificuldades. A incerteza das perspectivas do futuro profissional constitui uma fonte de grande angústia quer para os adolescentes quer para os seus pais, criando uma conjuntura que leva os jovens a vivenciarem uma enorme tensão escolar onde o sucesso e a corrida ao diploma é tanto mais importante quanto mais incertas são as saídas profissionais.

A organização social e familiar alterou-se profundamente. Enquanto na grande maioria das sociedades, os projectos conjugais não se subjugam aos sentimentos dos futuros esposos, a nossa sociedade insiste em fazer sistematicamente coincidir amor e vida conjugal. Desta forma, os casais que resultam da vitória deste projecto romântico tornam-se infelizmente muito menos estáveis e mais frágeis do que aqueles que são fruto de um contrato mais realista de homogeneidade cultural, social, alianças familiares e interesses económicos partilhados. Na panorâmica actual do que deve ser uma família, várias referências culturais coexistem, contradizendo-se (Ploy Marie & Pagès Jean, 1999; Marques António et al., 2000; Barreto António, 2007).

Podemos dizer que as crianças são sensuais e adoram viver, pelo que desfrutam de um prazer ilimitado com tudo. Esta ansiedade de viver em liberdade vai-lhes sendo afunilada com o decorrer do tempo e o passar dos anos. A sociedade impõe-lhes regras, tentando adaptá-las ao mundo dos adultos, pelo que irão verificar que aquela esfera sensual, ocupa uma insignificante parte.

O poder normativo instituído torna os jovens menos espontâneos e também menos ingénuos, no entanto, sentimentos e ideias caladas neste período não significam que os adolescentes tenham ficado esquecidos.

O valor das emoções e imagens corporais é conservado na memória, e claro está a actividade sexual também não desaparece. Não podemos portanto, esquecer que todas estas informações continuam a interferir nas actividades e condutas de vida diária.

No contacto outras crianças, vão-se deparar com outras e diferentes formas de expressão corporal, concentrando-se em jogos relacionados com os estereótipos, por eles associados a um ou outro sexo.

O estilo de vida e os valores de cada pessoa são afectados pelos acontecimentos históricos e muito mais que em outros períodos de vida, a adolescência apresenta resistência em relação à mudança social. No entanto as várias instituições relacionadas com a adolescência sofrem

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várias evoluções, levando a uma modificação considerável da experiência para com o

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