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Adubação de lavouras de soja e milho safrinha em sucessão 1 Análise de solo

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ADUBAÇÃO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SOJA E MILHO SAFRINHA

5. Adubação de lavouras de soja e milho safrinha em sucessão 1 Análise de solo

A análise de solo é a principal ferramenta para avaliar a fertilidade do solo e embasar as recomendações de nutrientes para as culturas. As amostragens podem ser feitas na entrelinha durante o desenvolvimento das culturas ou em período entre a colheita e a semeadura da próxima cultura. Na sucessão soja milho safrinha, a colheita da soja e a semeadura do milho são feitas simultaneamente, sem espaço de tempo. O único período sem plantas no campo é após a colheita do milho safrinha, quando é possível aplicar calcário e gesso a lanço. A baixa umidade do solo nesse período dificulta a penetração de trados, sendo aconselhável antecipar a amostragem do solo para facilitar o planejamento do seu manejo, bem como a aquisição de insumos.

0 10 20 30 40 0 25 50 75 100

Teores de S-SO

4 2-

, mg/dm

3

P

ro

fu

n

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Figura 7. Médias e desvios padrão dos teores de enxofre nas camadas 0-10, 10- 20, 20-30 e 30-40 cm em lavouras de milho “safrinha” na região do Médio Vale do Paranapanema.

Fonte: Cantarella & Duarte (2006).

É importante levar em consideração a análise de solo e dirigir o programa de adubação a fim de manter o solo nas classes de teores médio ou alto. Um solo muito pobre geralmente apresenta limitações nos patamares de produção, mesmo quando as doses aplicadas são elevadas, em virtude do pequeno volume de solo com altos teores (faixas adubadas). Por outro lado, quando o solo atinge classes de teores altos ou muito altos, a aplicação de grandes quantidades do nutriente não trás retornos econômicos, além de representar um desperdício de recursos e, muitas vezes, contribuir para o aumento da poluição do meio.

Sugere-se amostrar o solo até 40 cm de profundidade, pois as análises realizadas com amostras de solo da camada de 0 a 20 cm tendem a subestimar a disponibilidade de S no solo. É sabido que o S geralmente não se acumula nas camadas superficiais de solos que recebem calcário e adubo fosfatado (Figura 7), por causa da predominância de cargas negativas devido aos maiores valores de pH e do deslocamento do sulfato dos sítios de adsorção, provocado pelo P (ao contrário do S, o P diminui em profundidade). Deve-se priorizar a

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suplementação do enxofre no solo quando o teor de S-SO for inferior a 4 -3

5.2. Aplicação de calcário e gesso

Como apenas as melhores áreas de soja são cultivadas com milho safrinha, o enfoque da calagem nessas áreas é manutenção da fertilidade do solo. Além disso, quase totalidade dessas áreas está sob sistema de plantio direto, sendo os corretivos aplicados na superfície do solo, sem incorporação.

Os resultados positivos da correção da acidez do solo do milho cultivado no verão podem ser extrapolados para o milho safrinha, pela escassez de informações específicas. Além dos efeitos diretos da calagem, tais como a neutralização da acidez e do alumínio, e o fornecimento de Ca e Mg, existem os efeitos indiretos, que se manifestam de várias maneiras. Por exemplo, o aumento da disponibilidade do fósforo no solo, que normalmente está ligado ao Fe e ao Al. A calagem pode melhorar o ambiente químico do solo e neutralizar o alumínio, favorece o desenvolvimento das raízes e a exploração de um maior volume de solo pelo sistema radicular, facilitando a absorção de água e de nutrientes, em especial daqueles que, como o P, têm pouca mobilidade no solo.

No caso da soja, a fixação simbiótica de nitrogênio pelas populações de Bradyrhizobium é estimulada por valores de pH do solo em

torno de 6. A calagem pode influenciar a fixação biológica do N também pelo do maior fornecimento de molibdênio para as plantas. Esse nutriente é fundamental ao transporte de elétrons no complexo da enzima nitrogenase, responsável pela transformação do N , em forma gasosa na 2

atmosfera, em formas assimiláveis pelas plantas.

A recomendação de calagem para a cultura da soja no Estado de São Paulo visa elevar a saturação por bases a 60% da CTC (Mascarenhas & Tanaka, 1997), o que equivale a atingir aproximadamente um pH de 5,2 (em CaCl ) e 5,8 (em água), além de garantir um teor mínimo de Mg de 0,5 2

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mmol /dm . O método do SMP visa atingir um pH (água) de 6,0, exceto em c

Planossolo Pelotas, para o qual se recomenda um pH = 5,5 para a cultura da soja (Comissão de Fertilidade do Solo, 1994). Na região dos Cerrados, a recomendação de calagem para a soja é para atingir uma saturação por bases na faixa de 35 a 50%, suficiente para elevar o pH em água para 5,5 a 6,0 (Sousa et al., 1989; Sousa et al. 1993; Souza & Lobato, 2002).

Em algumas situações o gesso tem sido recomendado para ajudar na melhoraria das condições químicas dos horizontes subsuperficiais. No estado de São Paulo, a aplicação de gesso é recomendada quando o solo

2+ 3

tem teores limitantes de Ca em subsuperfície (< 4 mmol /dm ) e/ou c

saturação de alumínio acima de 40%, condições que podem dificultar o crescimento do sistema radicular em profundidade. A dosagem de gesso é estimada com base na textura do solo, pela fórmula: NG = 6 X argila, onde, NG é a necessidade de gesso, em t/ha e argila representa o teor de argila

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no solo, em g/dm (Raij et al., 2007).

O gesso tem sido utilizado também como fonte do nutriente enxofre (cerca de 13% de S), especialmente no sistema plantio direto. É aplicado

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em área total em doses de 500 a 1000 kg ha , dependendo da textura do solo (doses menores em solos arenosos).

5.3. Complementaridade das adubações

Houve grande evolução dos sistemas de produção de milho

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safrinha e a maioria das lavouras estão produzindo acima de 3 t ha . Conseqüentemente, diversificou-se a maneira de aplicar a adubação nitrogenada, aumentando o emprego de fórmulas NPK menos concentradas em N em relação ao P O e K O (ex: 8-28-16 e 4-20-20) e a 2 5 2

freqüência da cobertura em lavouras de alto potencial produtivo. Porém, como persistem lavouras de baixa e média produtividade, em função da semeadura muito tardia, predomina o emprego exclusivo do N na semeadura (Duarte, 2004).

Adubação Exportação Saldo

Cultura Produti- vidade P2O5 K2O P2O5 K2O P2O5 K2O kg ha-1... ... Milho safrinha 3.000 32 35 27 18 +5 +17 Soja 2.500 40 40 25 50 +15 -10 Total - 72 75 52 68 +20 +7

Fonte: Duarte et al. (2001 ).

Quadro 1. Valores médios de fósforo e potássio aplicados nas adubações e exportados pelos grãos das culturas de soja e milho safrinha em sucessão no Médio Vale do Paranapanema.

Para cada tonelada soja exportada, permanecem cerca de 30 kg de nitrogênio na palha da soja sob a superfície do solo, que corresponde a 90 kg/ha em uma lavoura de 3.000 kg/ha. Esse nitrogênio orgânico precisa ser mineralizado para ficar disponível para o milho safrinha. Considerando uma extração de 27,5 kg por tonelada de grãos de milho, são demandados 55 e 110 kg/ha para produzir 2 e 4 toneladas/ha de milho. Acrescenta-se que este nutriente é absorvido em um período muito curto (60 a 70% antes do florescimento) e que, diante da escassez de chuvas e, em algumas regiões, das baixas temperaturas, a quantidade de nitrogênio mineral do solo não é suficiente para atender essa grande demanda das plantas.

Em estudo da sucessão soja/milho safrinha na região paulista do Médio Paranapanema, verificou-se o emprego quase unânime de fórmulas NPK contendo quantidades iguais de P O e K O em cada uma 2 5 2

das culturas e que a reposição do potássio pelas adubações do milho e da soja está muito próxima da exportação deste nutriente. De maneira geral,

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para produtividades próximas a 3.000 kg ha , as maiores doses de

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potássio estão entre 50 e 60 kg ha . Além disso, cerca de metade das lavouras de milho safrinha têm sido implantadas muito tardiamente e fora do período apropriado para a semeadura, não compensando muitos

investimentos, reduzindo ainda mais a reposição do potássio pela adubação.

Para evitar reposições abaixo das quantidades de potássio removidas, que podem comprometer a fertilidade a médio prazo e reduzir o potencial de produtividade da área, é necessário aumentar as adubações com potássio nas áreas de soja e milho safrinha. Devido às limitações técnicas para o emprego de maiores doses de potássio no milho safrinha, conforme já mencionado, sugere-se priorizar seu fornecimento na cultura da soja. Considerando que não é aconselhável aplicar doses superiores a 50 kg/ha no sulco de semeadura, é necessário aplicar parte deste nutriente a lanço, antes ou depois da semeadura da soja.

De maneira geral, as doses de fósforo recomendadas para milho safrinha são menores que as da soja, considerando produtividade equivalentes. A exportação de fósforo é similar (cerca de 10 kg por tonelada de grãos), mas a extração de fósforo da soja é superior a do milho. A despeito da baixa dose recomendada para o milho safrinha, a sua omissão pode comprometer a produtividade e empobrecer o solo.

Pode-se aplicar o enxofre junto com o nitrogênio em cobertura, na forma de sulfato de amônio, tomando o cuidado de realizar esta operação o mais cedo possível. Outra opção é o uso do gesso em área total como

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fonte de S (cerca de 13% de S) em doses de 500 a 1000 kg ha , dependendo da textura do solo (doses menores em solos arenosos). Como o milho safrinha é semeado imediatamente após a colheita da cultura de verão, o tempo não é suficiente para a aplicação do gesso até sua implantação, requerendo que o gesso seja distribuído antes da semeadura da cultura de verão. Sugere-se atenção especial ao enxofre na áreas com histórico de gramíneas, devido às elevadas relações C/N e C/S da palha e a conseqüente imobilização do nitrogênio e enxofre pelos microrganismos durante sua decomposição.

O cultivo contínuo da sucessão soja e milho safrinha tem agravado a compactação do solo e os problemas de pragas e doenças nas duas culturas. A maioria desses casos de deficiência de Mn ocorre em solos pobres neste nutriente, com remoções continuadas do nutriente pelas colheitas sucessivas e presença de camada compactada, levando à insuficiência de drenagem, que causa liberação excessiva de ferro, o que pode induzir a deficiência de Mn (Cantarella e Quaggio, 2000).

Na maioria das lavouras de milho safrinha o índice de cobertura do solo é baixo, em conseqüência do cultivo contínuo de soja e milho safrinha. A rotação de culturas, além de aumentar a diversidade biológica, pode aumentar a cobertura do solo e amenizar os efeitos da compactação do solo.

No documento Anais... (páginas 56-60)