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Inserção do milho safrinha nos sistemas de produção Caracterização geográfica, edáfica e climática da região

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SISTEMAS PREDOMINANTES DE CULTIVO DE MILHO SAFRINHA NO PARANÁ

2. Inserção do milho safrinha nos sistemas de produção Caracterização geográfica, edáfica e climática da região

O milho safrinha no Paraná está distribuído principalmente nas regiões Norte, Oeste e Centro-Oeste do Estado, entre os paralelos 22 e 26ºS e com altitudes variando de 200 a pouco mais de 700 m. Entretanto também é cultivado em pelo menos outros dois sistemas mais restritos, em regiões de altitude próxima a 700 metros (no Sul, Centro-Sul e Oeste do Estado) após o feijão de 1.ª safra e no Oeste em sistemas de integração com suinocultura e bovinocultura, onde o milho é semeado após o milho verão, para silagem de grão úmido ou biomassa (Medeiros et al., 2005). Entretanto daremos foco ao cultivo predominante, em sucessão a soja.

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Londrina (PR). E-mail: irineu.baptista@integrada.coop.br

Nessa região o clima é caracterizado na Classificação de Köppen como Cfa - Subtropical com temperatura média no mês mais frio inferior a 18º C e temperatura média no mês mais quente acima de 22º C, com verões quentes, geadas pouco freqüentes e tendência de concentração de chuvas nos meses de verão, contudo sem estação seca definida. Os solos são predominantemente Latossolos Vermelhos distroférricos e eutroférricos, além de Nitossolos. As regiões Norte e Oeste paranaenses apresentam-se distintas em relação a quantidade de chuvas ocorridas durante o período de safrinha nos últimos anos, com maiores precipitações no Oeste, proporcionando um ambiente mais propício a maiores investimentos, seja em híbridos de maior potencial, seja em tratos culturais. Boas produtividades médias têm sido obtidas no Oeste do Paraná mesmo com a ocorrência de períodos de estiagem e geadas ocasionais.

Principais fatores de risco regional para a perda das lavouras Os principais fatores de risco regional para a perda das lavouras são o déficit hídrico e baixas temperaturas, com eventuais geadas, algumas vezes precoces. Ao longo do ciclo a temperatura média e as precipitações tendem a diminuir, assim como a produtividade esperada, conforme se retarda a semeadura a partir de janeiro.

Principais fontes de renda de verão e inverno

Quando observamos a distribuição de cultivos no Paraná, verificamos que no verão, a cultura da soja é de longe a principal fonte de receitas agrícolas, com uma área de quase 4 milhões de hectares, seguida do milho com 1,32 milhão e do feijão da 1.ª safra com 330 mil. Nos últimos anos a cana-de-açúcar avançou sobre áreas de cereais, soja e algodão, principalmente no Norte do Estado, alcançando uma área de cerca de 550 mil ha. No outono-inverno o milho safrinha participou com uma área de 1,38 milhão de hectares, maior do que todos os cereais de inverno juntos, sendo que o trigo foi semeado em menos de 900 mil ha.

Culturas em sucessão

No Oeste do Estado a maioria das lavouras de milho safrinha são implantadas após a colheita de materiais precoces de soja, que são semeados de forma concentrada, tão logo as chuvas se regularizem, em meados de outubro. A concentração de plantio e o reduzido número de cultivares de soja utilizados fragilizam o sistema, aumento o risco de perdas regionais significativas. O mesmo raciocínio vale para o milho safrinha, apesar dessa cultura dispor de uma lista maior de materiais utilizados. No Norte do Estado há um retardo da semeadura em relação ao Oeste, sendo que são utilizados mais cultivares de soja de ciclo médio. Os outros cultivos que precedem o milho safrinha são o feijão e o próprio milho.

Experiência dos agricultores na cultura

O Paraná sempre foi destaque nacional na produção de milho e a maioria dos produtores de milho na segunda safra já o faz por vários anos.

Justificativa para implantação da cultura

Apesar de vários estudos comprovarem a viabilidade econômica de sistemas de rotação, os produtores dificilmente aceitam prescindir da receita advinda no binômio soja-milho safrinha. Outros fatores citados para justificar a implantação da cultura, seriam a disponibilidade de infra- estrutura, aumento da liquidez do milho, excelentes produtividades obtidas em alguns anos, maior risco da cultura do trigo, além do mercado restrito para os demais cereais de inverno.

Principais sistemas de rotação

Apesar de ter perdido espaço nas últimas safras, o trigo apresenta- se como uma das principais alternativas em substituição ao milho no inverno. Entretanto, apresenta um histórico recente, excetuando-se a atual safra, de baixos preços e falta de liquidez. Além da questão comercial, aspectos climáticos têm contribuído para a redução do cultivo, sejam as chuvas na colheita, geadas e estiagem no período mais adequado à semeadura. Na presente safra as condições são extremamente propícias à comercialização. Outros cereais de inverno apresentam-se como alternativas econômicas de rotação, porém com um quadro de demanda limitado, sejam eles a aveia-branca, o triticale, o centeio e a cevada.

Canola, girassol e feijão, além da soja safrinha são outros cultivos encontrados como alternativas, nem sempre recomendáveis, utilizadas no Estado. O Girassol cultivado no outono-inverno, sofreu nas últimas safras intensamente com o ataque de pombas da espécie Zenaida auriculata,

praticamente inviabilizando sua produção.

O pousio foi a alternativa para um grande número de produtores na safra 2006 em virtude das restrições de crédito, essa opção (ou falta de) ocorreu em menor grau em 2007.

As culturas de cobertura e pastoreio e os seus consórcios, envolvendo nabo forrageiro, aveia-preta, ervilhaca peluda, ervilha forrageira e outras, são mais utilizadas em sistemas que envolvem produção animal integrada, sendo também usados em esquemas de produção de grãos em rotação, mas como exceção em nichos de alta tecnologia. A proposição de alguns sistemas sustentáveis, nos quais o milho safrinha faça parte, preconizada pelo IAPAR (Figura 1) e apresentada no VIII Seminário Nacional do Milho Safrinha (Medeiros et al., 2005), traz respostas a inúmeros problemas de sustentabilidade enfrentados na grande área de produção onde prevalece o binômio soja-milho safrinha. Entretanto a utilização desses sistemas passa por uma necessária evolução estrutural e técnica dos agentes envolvidos no processo, conforme sugerido no referido trabalho.

3. Tecnologia de produção

No documento Anais... (páginas 63-66)