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Tecnologia de produção 1 Semeadura

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SISTEMAS DE PRODUÇÃO DO MILHO SAFRINHA NO MÉDIO VALE PARANAPANEMA

2. Tecnologia de produção 1 Semeadura

Atualmente predomina o sistema de plantio direto - SPD (cerca de 80% da área), mas parte retorna ao sistema convencional com gradagens no verão (cerca de 20%). A rotação de culturas é pouco praticada; milho no verão e os cereais (trigo) e plantas de cobertura (aveia preta, nabo forrageiro e coquetel) no outono-inverno são cultivados em pequena proporção da área. Em muitas lavouras emprega-se a sucessão soja milho safrinha, sem interrupção, por mais de quinze anos.

Metade das lavouras são semeadas até 15 de março, que é a data limite recomendada regionalmente.Tem sido disponibilizados cultivares precoces e semi-precoces de soja para semeadura a partir de 10 de outubro (V-Max, V-Max transgênica, CD 216, CD 225 transgênica, entre outras) e 20 outubro (BRS 133, CD 219, BRS 245 transgênica, entre outas). Porém, em alguns anos, não tem sido possível implantar a soja cedo pela falta de chuvas no mês de outubro. Não é feita a dessecação da soja visando a antecipação da colheita.

O mercado de sementes está segmentado da seguinte maneira: 45% de híbridos simples, semeados no inicio da época recomendada para o plantio, 35% de híbridos triplos, 10% de híbridos duplos e 10% de variedades, sendo que os dois últimos semeados no final da época recomendada. O uso de sementes de paiol (F2) é insignificante. Predomina materiais precoces; os superprecoce são pouco utilizados devido ao menor potencial produtivo em função das condições climáticas regionais. Geralmente ocorre período de estiagem após a semeadura do milho safrinha e/ou início do florescimento que prejudica mais o materiais superprecoces.

Os agricultores obtêm estas informações na rede de assistência técnica, incluindo as cooperativas e os representantes dos fornecedores de sementes. Como já mencionado, a região conta com o Programa de Pesquisa de Milho do Instituto Agronômico (IAC/Apta), incluindo a avaliação regional de cultivares IAC/CATI/Empresas, que disponibiliza tecnologias apropriadas para essa modalidade de cultivo há 16 anos.

A população de plantas inicial é 50.000 plantas/ha e o espaçamento 90 cm. A mesma semeadora é utilizada para implantar a lavoura de soja no espaçamento 45cm. Quase toda semente (90%) é tratada com inseticidas para controle de pragas de solo e pragas iniciais da parte aérea. Predomina a mistura de carbamatos (Tiodicarbe – Semevin e Futur, 2 L de p.c. por 100 kg de sementes) e nicotinóides (Thiamethoxam - Cruiser: 600 mL de pc por 100 kg de sementes; Imidacloprid – Gaucho : 350 mL de pc por 100 kg de sementes), sendo que no passado era utilizado apenas os carbamatos, na dosagem citada acima.

A qualidade da semeadura, que foi preocupante no passado (Cimonetti, 2005), já não é o ponto mais crítico da maioria das lavouras. Devido ao predomínio de semeadoras com discos para distribuição das sementes, tem sido feito um grande esforço para disponibilizar discos

adequados para cada tipo de semente. A existência de plantas dominadas nas lavouras foi amenizada pela maior exigência por sementes de elevado vigor.

2.2. Caracterização dos solos e adubação

Os solos são de boa fertilidade natural, predominando Latossolo Vermelho distroférrico e eutroférrico. São quase todos muitos argilosos (mais de 60% de argila) com alta suscetibilidade à compactação e uma estreita faixa de umidade adequada para seu manejo.

Na adubação de semeadura são utilizados fertilizantes NPK concentrados em nitrogênio, tais como 12-16-16 e 13-13-13, totalizando

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cerca de 30 kg ha de N no sulco de semeadura e sem aplicação de cobertura. Há poucos agricultores que optam pelo 8-20-20 (média de

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145 kg ha ) e cobertura (N = 25 kg ha ), com o risco de não ter condições favoráveis de umidade no período ideal de aplicação do fertilizante. 2.3. Controle de plantas daninhas

Predomina o capim-carrapicho como a espécie de ocorrência mais freqüente nas lavouras. Dentre as folhas largas, a espécie mais difícil de controle é o picão preto (Bidens pilosa) seguido da trapoeraba

(Commelina benghalensis), considerando que o principal produto

utilizado para o controle da plantas daninhas é atrazine em pós- emergência. A soja tigüera, o leiteiro e a nabiça são as outras espécies de folhas largas que ocorrem com freqüência nas lavouras. Com a obrigatoriedade por lei do vazio sanitário no estado de São Paulo, de julho a setembro, aumentaram os cuidados no controle da soja tigüera.

É feito o controle das plantas daninhas em quase totalidade das lavouras, utilizando o método químico. Emprega-se atrazine em pós- emergência (2,5 a 3 L/ha)e, em áreas muito infestadas de capim- carrapicho, sua mistura com nicossulfuron (500 mL/ha). Ressalte-se que nem todos híbridos são resistentes ao nicossulfuron. Em parte das áreas é feita a dessecação com glifosato (2,0 L/há) após a colheita da soja. Com a introdução da soja transgênica, que corresponde a metade das lavouras, reduziu a infestação do mato após a colheita da soja e a pratica da dessecação. Atualmente, estima-se que a dessecação é praticada em 2/3 da área total de milho safrinha.

2.4. Controle de pragas

As pragas de solo mais comuns são coro e percevejo castanho. Tentas-e minimizar o problema com o tratamento de sementes com os inseticidas já mencionados. O aparecimento e gravidade dos danos das pragas de solo é muito variável de ano para ano. O percevejo-barriga- verde tem sido problema em quase totalidade das áreas. O seu controle tem sido feito com tratamento de sementes e, se a infestação foi muito alta, complementado com uma pulverização de organofosforado (metamidofós: 0,6 L/ha de pc) imediatamente após a emergência. Tem

sido feito também a mistura de inseticida com o glifosato aplicado na dessecação.

A lagarta-do-cartucho é a principal praga da parte aérea do milho. São feitas cerca de três pulverizações com diferentes grupos químicos de ingredientes ativos. Os principais produtos comerciais são Karatê, Zeon (piretroide), Larvin, Lanate (carbamatos), Match, Rimon, Nomolt (fisiológicos). Em anos mais seco e com maior dificuldade no controle eficiente dessa praga, parte dos agricultores fazem aplicações de madrugada.

2.5. Controle de doenças

As principais doenças são as foliares, destacando-se mancha de cercospora (Cercospora zeae-maydis) e pinta branca (Phaeosphaeria maydis). Em alguns anos ocorre também ferrugem comum (Puccinia sorghi) e queima de turcicum (Exserohilum turcicum). Os agricultores

dispõe de informações sobre a severidade de doenças nos ensaios conduzidos pelo Programa de Milho IAC/Apta que asseguram o uso de cultivares resistentes às doenças de maior importância regional. O uso de fungicidas é incipiente, visto que a maioria dos híbridos são resistentes às doenças foliares. Existem fungicidas recomendado para o controle das doenças que infeccionam a cultura do milho, as aplicações são feita no florescimento, o que exige o uso de pulverizadores diferenciados ou aplicações aéreas, como os agricultores ainda não estão preparado para isso as aplicações são poucas.

2.6. Colheita

A maioria das áreas é colhida com automotrizes arrendadas. São colhidos, em média, 15 hectares por dia. As áreas geralmente são irregulares, reduzindo o rendimento operacional da colhedora. Cobram- se 5 sacos por hectare mais R$0,30 a R$0,40 por saco para o transporte.

A colheita é feita com umidade relativamente elevada (em torno de 22%), começando com valores próximos de 28%. Os problemas de qualidade dos grãos são pouco freqüentes porque o final do desenvolvimento da cultura ocorre em período seco. Os problemas de grãos ardidos ocorrem em anos com geada intensa, destacando-se 1994 e 2000.

Considerando-se o histórico de 16 anos, ocorreram produtividades médias regionais abaixo de 2.000 kg/há em três anos (1/5 do total) (Figura 2). Nos demais anos, a produtividade media tem sido próximas a 3.000 kg/ha, destacando-se a semeaduras realizadas até 15 de março com médias acima de 4.000 kg/ha.

2242 5639 3535 4415 669 4826 5030 3240 2213 4915 1663 3618 1498 4585 4317 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 Anos P ro d u ti v id a d e , k g h a -1

Figura 2. Produtividade média do milho safrinha nos ensaios de avaliação de cultivares IAC/CATI/Empresas na região paulista do Médio Paranapanema no período 1992 a 2006 (Fonte: Programa Milho IAC/Apta).

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