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Produção de Grãos x Capacidade de Armazenagem (Figura 5) No período compreendido entre os anos de 001 a 006 a

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ARMAZENAMENTO E ESCOAMENTO DE GRÃOS NO BRASIL (1)

2. Produção de Grãos x Capacidade de Armazenagem (Figura 5) No período compreendido entre os anos de 001 a 006 a

capacidade de armazenagem no País teve aumento de 34,4%. Nesse mesmo espaço de tempo a produção de grãos teve um crescimento menor, de 23,1%. Esse fato permitiu que em 2006 houvesse o equilibro entre a oferta de grãos e a demanda por armazenagem, ambas respectivamente com 121,3 e 121,7 milhões de toneladas. Contudo, esse equilíbrio verificado no ano de 2006 foi em decorrência da frustração da safra em virtude de problemas climáticos.

Fisica 11%

Jurídica 89%

0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 1975 19771979 1981 1983 1985 19871989 19911993 19951997 19992001 2003 2005 2007

Produção (1.000 t) Capacidade Estática (1.000 t)

Figura 5. Comparativo entre capacidade estática versus produção agrícola, milhões de tonelada, Brasil - posição set/2007.

Fonte: Conab.

De acordo com o décimo segundo levantamento de safra realizado pela Conab, no mês de setembro, estima-se que a safra 2006/2007 alcançará o patamar de 131,4 mil toneladas, 6,7 % superior à capacidade de armazenamento do país.

A despeito desse cenário deficitário, os problemas de armazenamento no País só não são mais graves em função das seguintes características do agronegócio brasileiro:

1. A soja, que representa o maior volume produzido de grãos, tem um fluxo de comercialização muito rápido, permanecendo, portanto, pouco tempo armazenado.

2. A alternância entre as safras de verão (1ª safra) e de inverno (2ª safra) possibilita uma redistribuição na utilização da capacidade estática.

3. Em muitas regiões, a safra de milho é consumida no próprio local de produção, não demandando, dessa maneira, longo tempo de armazenamento.

A elevação da capacidade de armazenagem demonstra que o setor tem reagido positivamente ao aumento produção de grãos, apesar de não acompanhar na mesma proporção o ritmo da produção brasileira.

Nota-se que houve uma elevação de novas estruturas de armazenagem localizadas em fazendas, o que aumentou a capacidade estática desse segmento. Em 2.006 a capacidade de armazenagem em

nível de fazenda cresceu para 15%, sendo que em 2.005 essa capacidade era de 11% (Tabela 3). No mesmo período houve redução na participação da zona urbana na capacidade nacional, caindo de 53% para 47%, o que demonstra que houve uma priorização dos investimentos em armazenagem nas propriedades rurais, reduzindo o percentual de participação das áreas urbanas e mantendo-se inalterável na zona portuária.

Localização Fazenda Rural Urbana Portuária

2005 11% 31% 53% 5%

2006 15% 32% 47% 6%

2007 15% 32% 47% 6%

Fonte: Conab.

Tabela 3. Evolução da capacidade estática de armazenagem, por localização, Brasil - posição set/2007.

Cabe registrar que o percentual de armazéns instalados nas propriedades rurais de outros países é superior ao verificado no Brasil, constatando-se percentuais na ordem de 40% na Argentina, 35% na Austrália, 85% no Canadá, 65% nos Estados Unidos e 50% na Europa.

A migração dos investimentos em estruturas de armazenagem da zona urbana para as fazendas pode ser justificada pelos fatores relacionados à redução das perdas, diminuição dos custos com transporte e possibilidade de estender o prazo de comercialização. Por outro lado, o movimento ainda contribui para a geração de empregos no campo e redução do êxodo rural.

Nesse contexto é sempre importante ressaltar que a armazenagem em fazendas propicia melhores condições de comercialização, menor custo, com conseqüentes reflexos na rentabilidade dos produtores rurais.

Da mesma forma com que a capacidade estática é insuficiente em algumas regiões do Brasil, a deficiência de fluxo na capacidade de processamento (pré-limpeza, secagem e limpeza) e movimentação interna de produtos nas unidades armazenadoras, principalmente, naquelas mais antigas são fatores que, também, prejudicam o rápido escoamento da safra. Este fator deve ser levando em consideração nos programas de investimentos do Governo para o setor armazenador. 3. Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras

Pela sua importância no contexto do agronegócio, a gestão do sistema de armazenagem tem que buscar a uniformização de procedimentos, que devem ser avaliados constantemente no intuito de se obter a sua modernização técnica e operacional. Além disso, as suas atividades devem ser transparentes e regulamentadas, de forma que todo

esse esforço se traduza no fortalecimento de sua credibilidade e no atendimento dos interesses coletivos.

Com esse espírito, foi instituída a Lei nº 9.973, de 10 de maio de 2000, regulamentada pelo Decreto nº 3.855, de 03 de julho de 2001. Dentre as várias e importantes inovações introduzidas na legislação, destaca-se a criação do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras.

O Sistema de Certificação está sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com a participação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Seu desenvolvimento será de acordo com as normas do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) e tem por objetivo estabelecer um conjunto de regras e procedimentos de gestão para qualificação e habilitação de armazéns, visando a guarda e conservação de produtos agropecuários.

Pela legislação, a certificação é obrigatória para as pessoas jurídicas que prestam serviços remunerados de armazenagem de produtos a terceiros, inclusive de estoques públicos, podendo o MAPA ampliar a exigência para outras unidades armazenadoras. As unidades armazenadoras não certificadas não poderão ser utilizadas para o armazenamento remunerado de produtos agropecuários. Importante frisar, que não há restrição para que os armazéns não enquadrados como obrigatórios na legislação participem voluntariamente do sistema e do processo de certificação.

Este Sistema está baseado em três pilares: (i) os requisitos técnicos operacionais; (ii) a capacitação da mão-de-obra que trabalha nos armazéns e, (iii) a documentação que comprova o manejo adotado pelo armazenador. Para a implantação do sistema foi necessário definir os requisitos técnicos e o regulamento de avaliação da conformidade das unidades armazenadoras. A implementação da certificação será um processo de médio e longo prazo e exigirá esforço e determinação dos grupos de interesse para o crescimento e a modernização do sistema de armazenamento.

A certificação traz vantagens importantes para o sistema de armazenamento, pois promove melhorias na imagem das unidades armazenadoras, nas suas relações comerciais, na qualificação dos seus serviços, na sua avaliação comercial, na viabilização dos mercados, na avaliação dos procedimentos pelos usuários e na sustentabilidade do negócio. Destaca-se, também, que a implementação desse Sistema possibilitará um aumento na credibilidade brasileira quando das exportações dos produtos agrícolas, melhorando, assim, a competitividade do produto nacional frente aos mercados externos.

O Sistema de Certificação de Unidades Armazenadoras terá como um dos seus objetivos o fortalecimento da relação do setor armazenador com o setor produtivo e a sociedade, aumentando o profissionalismo do setor e, sobretudo, reduzindo as perdas que ocorrem durante o processo de armazenamento.

Os requisitos técnicos obrigatórios e recomendados e o regulamento de avaliação da conformidade das unidades armazenadoras do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras foram aprovados por meio da Instrução Normativa n.º 33, de 12/07/2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento.

No documento Anais... (páginas 37-41)