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Tecnologia de produção Sistema de preparo do solo

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SISTEMAS PREDOMINANTES DE CULTIVO DE MILHO SAFRINHA NO PARANÁ

3. Tecnologia de produção Sistema de preparo do solo

A implantação da cultura se dá quase exclusivamente em sistema de plantio direto.

Época de semeadura

O período mais adequado ao cultivo do milho 2.ª safra no Paraná, segundo o zoneamento agroclimático, vai de 1.º de janeiro a 10 de março e 85% das lavouras foram implantadas dentro desse período. Os 15% restantes foram semeados nos decêndios finais de março, além de algumas poucas áreas no Norte, que foram plantadas em abril. Isso foi devido á irregularidade das precipitações e ao estímulo dos bons preços previstos para o milho.

As épocas de semeadura variam regionalmente no Estado sendo que o milho após milho e milho após feijão, cerca de 10%, é semeado antes do final de janeiro. O Oeste do Paraná apresenta ligeira antecipação em relação ao Norte, mas de maneira geral observou-se a seguinte disposição de plantio: 5% no primeiro decêndio de fevereiro, 15% no segundo, 40% no terceiro e 15% no primeiro decêndio de março.

Antecipação da colheita

Parte dos produtores realiza a dessecação da soja visando antecipação do ciclo e em alguns casos também o controle de ervas. Sem

Milho Safrinha Milho Nabo Milho Soja Trigo Soja Aveia Preta Soja

Aveia + Nabo + Ervilha Forrageira Nabo Soja Aveia Trigo Milho Safrinha Soja Feijão Soja Milho Safrinha Nabo Milho Milho Safrinha Milho Safrinha Soja Milho Milh o Sobre-semeadura de aveia

Sobre -semeadura de aveia

Sobre-semeadura de aveia Sobre-semeadura de aveia

Sobre-semeadura de aveia

Silagem de grão úmido

Silagem de grão úmido

Silagem da biomassa Milho Aveia

um levantamento mais preciso, mas tomando por base o percentual de utilização na cooperativa Integrada, que atua nas regiões Norte e Oeste do Paraná, estima-se que a área com dessecação seja de pouco menos de 30%. Os produtos utilizados foram basicamente glifosate (roundup transorb - 0,75 a 1,5 L/ha), paraquat (gramoxone - 1,5 a 2,0 L/ha) e diquat (reglone - 1,5 a 2,0 L/ha).

Sementes utilizadas

Quanto ao tipo de germoplasma os materiais utilizados na safrinha são em sua maioria híbridos simples com perto de 35% da área, seguidos de perto pelos híbridos duplos com 30% e triplos com cerca de 20%. O restante é composto principalmente por F2, mas também por variedades.

Critérios de escolha das cultivares

Uma variável de grande importância na escolha de cultivares para os produtores é a possibilidade de semeadura na melhor época, visto que o investimento é maior (com materiais de mais alto potencial), quanto mais cedo for o plantio. O ciclo é considerado importante como fator de escape ao risco de geadas. Outro fator determinante na escolha do híbrido são os resultados regionais da safra anterior, sejam eles de vizinhos ou de campos demonstrativos.

Os resultados oficiais de avaliação assim como de ensaios privados são utilizados principalmente pela assistência técnica no embasamento da recomendação de novos materiais.

População de plantas programada e espaçamento

As populações programadas ficam entre 45 e 55.000 plantas de acordo com o material, sendo o espaçamento mais utilizado de 80 cm entre linhas. Alguns produtores praticam espaçamentos diferenciados variando entre 70 e 90 cm.

Tratamento de sementes

São utilizados no tratamento de sementes basicamente 4 princípios ativos: carbofuram, imidaclopride, tiametoxam e tiodicarbe. São comuns as misturas de neonicotinóides e carbamatos. O contrabando de neonicotinóides do Paraguai é um problema sempre presente.

Qualidade geral da semeadura/implantação da cultura

De maneira geral a distribuição de plantas e o estande final das lavouras de safrinha deixa muito a desejar, visto que muitas vezes o processo de semeadura é feito as pressas, com umidade inadequada, sobre uma palhada mal distribuída e íntegra, com alta incidência de pragas iniciais.

Textura e fertilidade dos solos

Os solos utilizados no cultivo do milho safrinha são em sua maioria argilosos e com boa fertilidade, natural ou construída. Entretanto a

correção adequada da acidez parece ser um problema que persiste em algumas regiões.

Adubação

A adubação utilizada sempre é dependente da capacidade de investimento do agricultor e da perspectiva de produção. Quando a semeadura é realizada na época mais propícia e com boas perspectivas climáticas, o produtor investe em adubação de base. As fórmulas mais comuns utilizadas na última safra foram 08-20-20, 08-16-16, 10-20-20 e 12-15-15 e 15-10-10 entre muitas outras. A dose mais comum fica em torno de 200 kg/ha, chegando até 300 kg/ha.

Quanto à adubação de cobertura, é feita em cerca de 20% das áreas, sendo usados uréia, sulfato de amônio e 20-00-20 em doses de 80 a 100 kg/ha, na fase de 2 a 4 folhas, quando ocorrem boas precipitações.

Controle de plantas daninhas

As plantas daninhas mais comuns são o leiteiro (Euphorbya heterofila), o picão-preto (Bidens pilosa), a trapoeraba (Commelina sp.), a

corda-de-viola (Ipomoea sp.) e atualmente capim carrapicho (Cencrhus echinatus). Sendo o capim carrapicho citado como uma das plantas mais

problemáticas. Um problema que tem aumentado de importância, principalmente no Oeste do Estado é a alta incidência de buva ou voadeira

(Erigeron bonariensis), após a colheita do milho que, devido a tolerância

ao glifosato tem merecido especial atenção na dessecação para o plantio da soja.

O controle químico de plantas daninhas na safrinha é realizado basicamente com atrazina na dose de 2,0 a 3,0 L/ha, mas também utiliza- se 2,4-D, nicosulfuron, . Faz-se dessecação para semeadura do milho em cerca de 15 a 20% da área.

Controle de pragas

As pragas que causam maiores perdas, seja por dano direto, seja por elevação do custo de produção, são a lagarta-do-cartucho

(Spodoptera frugiperda) e o percevejo barriga-verde (Dichelops sp.). Além

do tratamento de sementes são utilizados diversos inseticidas (piretróides, carbamatos, fosforados e fisiológicos) no controle desses insetos, aplicados de 2 a 3 vezes durante o ciclo e muitas vezes em misturas. Isso tem gerado desequilíbrios e aumento na dificuldade de controle. Outro agravante nesse quadro é o intenso ataque de pragas, principalmente lagartas, durante os períodos de estiagem. Essa condição de altas temperaturas com baixa umidade além de favorecer as pragas reduz a eficiência na aplicação dos inseticidas utilizados.

Manejo de doenças

As doenças de colmo e espiga sempre representam uma preocupação pelos prejuízos proporcionados a qualidade dos grãos e perdas na colheita por quebramento e acamamento, mas as doenças

foliares como a cercosporiose, mancha de phaeosphaeria e ferrugem comum têm crescido de importância nas últimas safras. Em um panorama onde não é realizada rotação de culturas e o milho está presente no campo a maior parte do ano, o emprego de fungicidas para controle das doenças foliares começa a ser testado por produtores na safrinha, apesar da elevação do custo.

Colheita

A colheita é realizada com maquinário próprio em cerca de 30 a 40% das lavouras, com um rendimento médio de 15 a 25 ha/dia. O teor médio de umidade na colheita fica entre 20 e 25º.

Nos casos de colheita terceirizada o produtor paga de R$70,00 a R$80,00/ha.

Qualidade dos grãos

A variação de qualidade entre diferentes regiões, devido a ocorrência de geadas e chuvas foi grande nessa safra, entretanto de maneira geral o milho apresenta baixa incidência de grãos ardidos. Um dos problemas relatados pela industrial de alimentos é o tamanho reduzido do grão, dificultando o processamento e reduzindo o rendimento, apesar do bom desempenho do produto em trincas e ardidos.

Produtividades

Quando observamos as médias estaduais (Tabela 1), verificamos que as mesmas apresentam uma grande oscilação de ano para ano, reflexo das condições climáticas adversas em uma ou mais regiões do Estado. Devemos considerar ainda que em muitos casos, extensas regiões têm produtividades muito abaixo dessas médias, seja por ocorrência de geadas ou períodos prolongados de estiagem.

2003 2004 2005 2006 2007 Centro-Oeste 4.301 2.800 1.675 4.235 2.993 Noroeste 3.765 3.045 2.467 3.380 3.692 Norte 4.153 3.687 2.588 2.995 3.416 Oeste 5.113 2.760 3.229 4.619 4.074 Sudoeste 3.787 1.656 1.578 3.589 3.869 Sul 3.145 2.562 2.458 2.639 3.444 Produtividade Média - Paraná 4.431 2.991 2.807 3.884 3.635 Fonte: SEAB/DERAL.

Tabela 1. Produtividade média (kg/ha) do milho 2.ª safra nas regiões do Estado do Paraná.

4. Comercialização

Segundo dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná, devido aos bons preços, mesmo durante a colheita, o ritmo de comercialização do milho safrinha está bastante acelerado, chegando a mais de 70% no início de outubro. A boa procura pelas indústrias de alimentação e empresas ligadas a produção de carnes, aliada a exportação recorde trouxeram grande liquidez para o grão e evitaram problemas com espaço para armazenagem.

Preços médios

Na Tabela 2 são apresentados os preços médios em R$/sc do milho colhido no verão e na safrinha dos último 3 anos, nos meses de abril e setembro. 2005 2006 2007 s Preços Preços Médio Médio (R$/sc) -Março 16,20 10,00 16,50 (R$/sc) -Agosto 15,00 12,00 17,00

Fonte: Departamento Comercial – Integrada.

Tabela 2. Preços médios (R$/sc) de comercialização do milho de verão e 2.ª safra no Paraná nos meses de abril e setembro.

Custo e lucro

Considerando-se o preço médio de R$17,00/sc e uma produtividade de 56,93 sc/ha no Norte do Estado, 67,9 no Oeste e média paranaense de 60,58 sc/ha, temos uma receita bruta respectivamente de R$967,81, R$1.154,30 e R$1.029,86/ha. Tomando por base um custo aproximado de R$14,00/sc temos uma receita líquida de R$170,79, R$203,70 e R$181,74/ha.

5. Conclusões

Considerando um quadro de oferta ajustado para os próximos meses, com perspectiva de liquidez e preços compensadores, espera-se uma boa área de milho safrinha no Paraná em 2008. Entretanto devemos trabalhar no sentido de reduzir a fragilidade do sistema produtivo baseado no binômio soja - milho safrinha, incentivando boas práticas agrícolas como a rotação e diversificação de cultivos.

A oferta de seguro agrícola e instrumentos de escoamento da produção, além de incentivos aos setores de consumo do grão são aspectos fundamentais para dar mais segurança ao setor produtivo.

6. Referências

MEDEIROS, G. B.; BARROS, A. S. R.; SHIOGA, P. S.; GERAGE, A. C. Principais Sistemas de Produção no Paraná. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA, 8., 2005, Assis. Anais. Campinas: IAC,. 2005. p. 57-64.

S E A B / D E R A L . S e c r e t a r i a E s t a d u a l d a A g r i c u l t u r a e d o Abastecimento/Departamento de Economia Rural. Disponível em http://www.seab.pr.gov.br. Acesso em setembro de 2007.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DO MILHO SAFRINHA NO MÉDIO VALE

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