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Regiões Centro e Centro-Norte 1 Identificação

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Produtividade do Milho 1ª safra Produtividade do Milho Safrinha

2.3. Regiões Centro e Centro-Norte 1 Identificação

Essa região caracteriza-se pelo clima equatorial tropical quente e semi-úmido com estações climáticas bem definidas. O período da águas estende-se de outubro a abril e o período da seca de maio a setembro, sendo que a precipitação pluviométrica está entre 1600 mm e 2100 mm anuais. A temperatura mínima é de 5°C e a máxima 36°C, enquanto a umidade relativa do ar mínima fica em 15%.

A altitude na região varia de 320 m a 500 m. Os solos predominantes, pela antiga classificação, são os Latossolos Vermelhos e Latossolos Vermelho Amarelo com 80% e as Areias Quartzosas com 20%. Os solos apresentam textura média (areno-argilosos) com deficiência nutricional em fósforo, potássio e pouca matéria orgânica. Surgem solos manchados devido às queimadas freqüentes e solos compactados devido ao uso contínuo de implementos agrícolas nas áreas.

As principais fontes de renda na época de verão são a soja com 92%, o algodão 5%, o milho 1,5% e o arroz 1,3% e na safrinha o milho com 76,6%, o algodão 10,2%, sorgo 10,2%, girassol 2% e o milho pipoca 0,9%. A cultura que precede o milho na sua totalidade é a soja.

Em média, o milho é plantado na região desde 1991, com expansão gradativa da cultura. As justificativas para implantar o milho safrinha na região vão desde a rotação de culturas para o controle de doenças e plantas invasoras como para suprir a alimentação de animais na fabricação de ração, buscar novas fontes de receitas para a propriedade e otimização das máquinas e empregados, além de produzir palhada para a melhor conservação do solo.

Os principais sistemas de rotação são soja e milheto, soja e girassol e soja e crotalária e existem outras culturas alternativas como o girassol, amendoim, sorgo, arroz, aveia preta, batatinha e feijão. Na época normal, a cultura da soja pode ser substituída pelo milho safra normal e plantio de feijão, aveia preta e amendoim na safrinha.

2.3.2. Tecnologia da produção Semeadura

O plantio convencional predominou até 1990, daí em diante iniciou- se um trabalho gradativo com cultivo mínimo e com o crescimento dessa prática, em seguida iniciou-se o plantio direto, em meados de 1993. Em 2000, a área com plantio direto atingia cerca de 80% do total. Atualmente, acredita-se que 85% da área seja utilizada em plantio direto e 15% em

cultivo mínimo, nas quais são feitas práticas de recuperação do solo e descompactação nas áreas que apresentam problemas.

A época de semeadura do milho safrinha está concentrada no período de 15 de janeiro a 27 de fevereiro totalizando 80% da área plantada na região. Alguns procedimentos têm sido adotados para antecipar a colheita da cultura anterior como o escalonamento do plantio, plantio de variedades precoces e em último caso faz-se a dessecação

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com Reglone® e Gramoxone® na dosagem de 1,0 a 2,5 l ha .

Os tipos de sementes de milho utilizadas depende da região, sendo que mais para o norte são usadas até 20% de variedades enquanto no centro as variedades ocupam apenas 6% do total. Da mesma forma, o híbrido simples predomina no centro com até 76% de utilização, enquanto os duplos e os triplos somados chegam a 20%. No norte, o híbrido triplo alcança até 50% de utilização enquanto o duplo se mantém em 30%. Quanto a utilização dentro da propriedade estima-se que sejam usados de cinco a oito híbridos diferentes.

A população de plantas por hectare varia conforme a data de

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plantio e a região, sendo de 36.000 plantas ha até 10 de fevereiro e de

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31.500 plantas ha até 27 de fevereiro, com o espaçamento se mantendo com 90 cm entrelinhas na região mais ao norte e de 45.000 a 65.000 plantas por hectare e espaçamentos variando de 45 cm a 90 cm entrelinhas na região centro norte.

Apesar de as sementes já virem tratadas, alguns produtores com o objetivo de prevenir a lavoura contra pragas de solo e cigarrinhas utilizam produtos diversos como Furadan® e Furazin®.

Em geral a qualidade da semeadura na implantação da cultura é boa, principalmente nas áreas mais tecnificadas onde são seguidas normas de padrão de qualidade, usadas plantadeiras de precisão observando-se a velocidade e profundidade de plantio, a umidade do solo e a previsão do tempo.

Caracterização dos solos e adubação

A região caracteriza-se por solos com textura média (areno- argilosos), com deficiência nutricional genralizada e pouca matéria orgânica. A maioria dos solos são manchados devido as queimadas frequentes e tornam-se compactados devido ao uso contínuo de implementos agrícolas como arado e grade nas áreas.

Os plantios de milho safrinha são realizados sobre restevas de soja procedentes de plantios sucessivos de soja, ou seja, em áreas bem corrigidas.

As fórmulas de NPK mais utilizadas são 4-30-10 + Zn, 5-20-15 +

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Zn, 4-20-20 e 2-18-18 na dosagem de 200 kg ha a 300 kg ha .

A adubação de cobertura é feita em 30% da área e são utilizados uréia, sulfato de amônio ou o formulado 20-00-20 na dosagem de

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Controle de plantas invasoras

As plantas invasoras mais comuns na região são o leiteiro, capim- carrapicho, timbete, pé-de-galinha, erva-quente, picão preto, erva-de- touro, trapoeraba, capim custódio e botão azul. Dentre essas, as mais difíceis de controlar são o leiteiro, a erva-de-touro e a trapoeraba.

O controle químico é feito em 80% das áreas. A dessecação é praticada em 100% das áreas plantadas com milho safrinha.

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Os herbicidas utilizados são do grupo das atrazinas (1,5 l ha a

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2,5 l ha ), Sanson® (0,5 l ha a 1,0 l ha ) e Primestra®. Controle de pragas

As pragas mais comuns na região são a lagarta-do-cartucho, percevejos, brocas, pulgão, cigarrinha, paquinha, lagarta-rosca, lagarta- das-espigas. Dentre essas, as mais difíceis de serem controladas são a lagarta-do-cartucho, a lagarta-rosca, a cigarrinha e os percevejos.

Os métodos de controle utilizados são o tratamento de sementes e a aplicação de inseticidas piretróides e fisiológicos na dosagem de 150 ml

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ha . Para as pragas do solo são utilizados inseticidas do grupo dos carbamatos como Furadan® e Furazin®.

Controle de doenças

As doenças mais preocupantes são as manchas das folhas e a helmintosporiose. Apesar de os produtores disporem de informações sobre o uso de cultivares resistentes por parte das empresas de sementes, o fato de não terem observado sintomas de ataque severo de doenças na cultura do milho safrinha, faz com esses dispensem o uso de fungicidas.

Colheita

A percentagem da área regional colhida com colhedora automotriz própria varia de 95% a 100%. O rendimento médio das colhedoras é de 500 sacos de 60 kg por dia ou 20 ha de milho por dia. O serviço de aluguel das colhedoras na região, geralmente é cobrado em cerca de 6% do volume colhido.

O teor médio de umidade dos grãos na colheita varia de 11% a 20%. A qualidade dos grãos de milho na safrinha tem sido boa e a percentagem de grãos ardidos é de menos de 2%. A produtividade média obtida nos

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últimos cinco anos variou de 3300 kg ha a 4200 kg ha . 2.3.3. Comercialização e lucratividade

A comercialização varia conforme a região, sendo que mais ao norte a venda imediata após a colheita fica em torno dos 30% e 70% é armazenado. No centro norte, 60% do milho é vendido de imediato, enquanto 40% é armazenado.

Na região de Sinop-MT, 50% do milho é destinado para AGF (Aquisição do Governo Federal), 30% vai para a fábrica de ração da Sadia e 20% tem como destino a exportação (cerealistas). No centro norte o

milho é vendido para cerealistas, cooperativas, fabricantes de ração, pecuaristas, granjeiros, indústrias alimentícias e exportação.

Para armazenagem, o grande problema é a falta de silos disponíveis na região.

Calculando-se uma receita bruta de 70 sacos por hectare menos o

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custo operacional de 50 sacos ha obtem-se 20 sacos por hectare de renda líquida. Em reais, tem-se uma receita bruta de R$ 735,00 por hectare menos o custo operacional de R$ 525,00 e a receita líquida de R$ 210,00.

Conclusões

As expectativas são de manutenção da área plantada, conseguir vender melhor a produção, obter uma variedade de soja mais precoce para aumentar a área de milho safrinha, conseguir melhor produtividade com a melhoria genética dos híbridos e com solos bem corrigidos.

Acredita-se que o milho vive um novo momento, devido a excelente liquidez do produto na atual conjuntura. Isso se deve a instalação de empresas renomadas e de grande porte que utilizam ração à base de milho, bem como pelo interesse mundial do milho como biocombustível (etanol). Por outro lado, salienta-se que o milho sempre foi considerado como uma safra a mais, minimizando os custos e maximizando os lucros com a otimização do solo e dos implementos agrícolas nas propriedades.

É de se esperar que o produtor invista em tecnologia e repense a sua estrutura de secagem e armazenamento, de preferência de forma coletiva, para atender a qualidade exigida do produto e as exigências do mercado regional e mundial.

Existem expectativas de aumento de área para os próximos anos, bem como o aumento de preços, uma vez que o processo de transformação de proteína vegetal em proteína animal vem crescendo de forma acentuada, o que promete maior estabilidade para o produtor induzindo-o ao aumento da área plantada, pois o risco de frustração de safra não compromete o setor. Outra perspectiva está relacionada com a maior procura por pessoas habilitadas para trabalhar com novas tecnologias agrícolas.

A falta de armazéns gerais é um fator preocupante para o produtor, pelo fato de que ao entregar nos armazéns particulares, o produtor fica comprometido com essas empresas, impossibilitando-o de participar do mercado de forma direta. Outro desafio dependeria de uma nova política agrícola voltada para melhores condições na safrinha, o que teria implicação direta nos financiamentos de custeio e investimento.

Agradecimentos

Agradecimentos especiais a Osmar Isoton de Nova Mutum, a Fernando Piveta de Sinop, a Wanderley da Conceição Araújo de Sinop, a Joel Aleixo de Castro de Diamantino, a Edenise Jortez de Nova Mutum, a Eliel Ferreira Porto de Tangará da Serra, a Clélia Amanda Tiozo Silva de Primavera do Leste, a Evaldo de Castro de São José do Rio Claro e aos

demais colegas extensionistas da EMPAER-MT e produtores das regiões pesquisadas que colaboraram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.

Referências

CONAB. Milho total (1ª e 2ª safra) - Brasil: série histórica de área plantada, produção e produtividade - safras 1976/77 a 2006/07. Brasília,

2 0 0 7 . D i s p o n í v e l e m :

http://www.conab.gov.br/download/safra/MilhoTotalSerieHist.xls. Acesso em: outubro 2007.

IBGE. SIDRA. Tabela 1612 - quantidade produzida, valor de produção, área plantada e área colhida da lavoura temporária. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em: outubro 2007.

LSPA. GCEA-MT. Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento da safra agrícola de Mato Grosso no ano civil. Cuiabá: IBGE. Consultado o ano de 2007.

MUNIZ, J.A. Sistemas de produção de milho no estado de Mato Grosso. In: Congresso Nacional de Milho e Sorgo, Cuiabá, 2004.

SALLES, A.L.O. Informações sobre o inicio do plantio do milho safrinha, na Agropecuária Salles. Comunicado pessoal. Rondonópolis, 1993.

TECNOLOGIAS PARA DESENVOLVIMENTO DE MILHO EM

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