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AINDA AS PRODUÇÕES: CARACTERÍSTICAS DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS

Nas outras seções, houve discussão sobre as práticas de letramento que os indivíduos trouxeram para a Universidade, e para o andamento das discussões analisamos as produções textuais quanto a alguns aspectos. Nesta seção, analisaremos novamente as produções textuais, a fim de complementar a reflexão sobre o processo de letramento dos estudantes no que tange à escrita.

Durante uma das aulas da disciplina LETA09, foi proposto que os alunos elaborassem uma resenha do texto de Lucia Santaella, A leitura fora do livro (vide Anexo B). Após a aula sobre as características do gênero resenha, para auxiliar na construção da crítica, os alunos deveriam estabelecer um diálogo entre o texto de Santaella e o texto de Paulo Freire, A importância do ato de ler (vide Anexo A). É importante ressaltar que o texto de Paulo Freire já havia sido trabalhado em sala e durante a discussão do texto para facilitar o entendimento das principais ideias do texto solicitamos que os alunos elaborassem um resumo da obra. Dessa forma, além de avaliarmos se o aluno compreendeu e interpretou o texto, iríamos observar como o aluno lida com gênero resumo. Assim, após os alunos terem estudado o gênero resumo e terem compreendido as suas características foi proposta a nova atividade. Trabalhamos primeiramente com o gênero resumo, pelo fato de a resenha possuir em sua composição o resumo do texto resenhado. Segue abaixo a resenha de A08:

[49] Paulo Freire o autor, ressalta em uma palestra que está contida no livro A importância do ato de ler, neste respectivo capitulo, vários aspectos íntimos inclusive como foi a sua alfabetização, a vida na infância em Recife e como foi definido a “palavramundo”.

Ele nos ensina que a leitura do mundo depende das palavras, como faz jus o texto de Lúcia Santaella, nos indica a perceber como as palavras, signos, códigos, nos influenciam a participar do mundo global em que vivemos, ao longo do tempo, foi aperfeiçoando a leitura dos homens em ordem cronológica se é percebido.

Mas como no livro, é aberto um “leque” de informações para definir o tipo de leitor e manifestar a leitura na vida dos seus assíduos leitores, há uma comparação diante de cada pessoa, do tempo em que ela viveu o tipo de leitor que irá ser: contemplativo (aquele medita), o leitor fragmentado (o que é movente) e o leitor virtual (quem está sendo hoje).

Freire nos mostra as suas experiências com o mundo, e cita com as pessoas que não obtiveram o acesso a alfabetização fica perdido primeiramente com tantas palavras e ao esforço aprendendo na sua realidade, pois essas pessoas estão mais sujeitas a aprender do que memorizar. A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão

escrita da expressão oral as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e “re-escrita” do lido.

Em termos estruturais, observamos que o texto apresenta problemas de construção sintática, falta de pontuação, coesão, dentre outros. A falta de articulação entre as informações, devido a problemas coesivos, pode ser visualizada através do seguinte trecho:

[50] Ele nos ensina que a leitura do mundo depende das palavras, como faz jus o texto de Lúcia Santaella, nos indica a perceber como as palavras, signos, códigos, nos influenciam a participar do mundo global em que vivemos, ao longo do tempo, foi aperfeiçoando a leitura dos homens em ordem cronológica se é percebido. [grifos meus]

Nas seções anteriores já chamamos atenção para os problemas estruturais apresentados nas produções dos estudantes. Em termos de conteúdo, observamos a supremacia de sequências descritivas, narrativas e expositivas, o que demonstra as interferências das práticas de escrita do Ensino Médio, haja vista as sequências não serem mobilizadas para que ocorra a defesa de um ponto de vista, denotando, assim, posicionamento do aluno em relação ao tema. Essas questões podem ser visualizadas a partir do seguinte trecho:

[51] Freire nos mostra as suas experiências com o mundo, e cita com as pessoas que não obtiveram o acesso a alfabetização fica perdido primeiramente com tantas palavras e ao esforço aprendendo na sua realidade, pois essas pessoas estão mais sujeitas a aprender do que memorizar. A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral as palavras do povo, vinham através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na percepção crítica, interpretação e “re-escrita” do lido. [grifos meus]

No primeiro grifo, visualizamos uma sequência narrativa, a partir da qual o participante faz alusão ao conteúdo do texto de Freire. Entretanto, o recurso da

narrativa como forma de retomar as ideias do autor não ocorre de forma consistente, uma vez que não há articulação com o texto base para a resenha. Em relação ao segundo destaque, observamos uma sequência expositiva. O aluno expõe algumas informações relacionadas ao tema, recorrendo ao texto fonte. Contudo, não percebemos elementos coesivos indicando tratar de uma crítica. Ainda merece destaque o fato de que as informações que compõem o parágrafo não estão articuladas entre si, pois as ideias estão amontoadas, sem que ocorra arremate crítico. É possível afirmar que há tentativa de expor a crítica sobre as diferentes formas de leitor, no momento em que há diálogo com o texto de Freire, ainda que essa relação não seja exposta tão claramente.

Selecionamos outra resenha para destacarmos as suas principais características.

[52] [A10] A leitura fora do livro é um texto da professora da PUC - SP Lúcia Santaella, a autora primeiramente descreve alguns tipos de leitores que encontramos nos tempos atuais leitores de livros, de revistas, de imagens, etc, mas a mesma percebe que é muito ampla a variedade de leitores e os agrupam em três categorias ou três tipos de leitores: o primeiro deles o leitor contemplativo, mediativo da era pré industrial, o que sente e que vê a obra, possui o mundo do papel e da tela, não se preocupa muito com o tempo, o segundo tipo é o leitor fragmentado, movente, o filho da revolução industrial, o leitor do mundo em movimento, das imagens, dos sons, dos movimentos e de ritmos, leitor de jornais e televisões e o terceiro tipo de leitor citado pela a autora no texto é o leitor virtual, o leitor da atualidade aquele que é diferente dos tipos anteriores, o mesmo não segue sequencias de textos ou passa páginas de livros, faz tudo em simples click de mouse, as mídias digitais são as principais aliadas deste tipo de leitor, cada um desses leitores nasceram ou foram criados em épocas distintas uns dos outros isso quer dizer que cada um vai ter a sua visão de mundo, nenhum tipo de leitor anula o outro, eles convivem entre si, apesar de cada tipo ser irredutível ao outro. Se compararmos o texto de Lúcia com o de Paulo Freire veremos algumas semelhanças no discurso, para Freire a Leitura de mundo procede a Leitura da palavra isso quer dizer que o contexto no qual o leitor convive interfere na sua percepção e entendimento da leitura, podemos perceber isso claramente no texto de Lúcia quando a mesma descreve os tipos de leitores, cada um nascido e/ou criado em uma época distinta dos outros, cada um com sua visão e percepção de mundo, o que faz com que cada um deles tenha sua propria forma de leitura e compreensão, colocando em pratica o discurso de freire.

Observamos na resenha feita pela aluna que há predominância das sequências descritivas e expositivas. A sequência descritiva pode ser visualizada no

trecho em que há informação dos tipos de leitores, como é possível evidenciar através deste trecho:

[53] [...] o primeiro deles o leitor contemplativo, mediativo da era pré industrial, o que sente e que vê a obra, possui o mundo do papel e da tela, não se preocupa muito com o tempo, o segundo tipo é o leitor fragmentado, movente, o filho da revolução industrial, o leitor do mundo em movimento, das imagens, dos sons, dos movimentos e de ritmos, leitor de jornais e televisões

É importante ressaltar que não estamos criticando o fato de ocorrer a sequência descritiva em um texto prototípico da sequência argumentativa, uma vez que as sequências que compõem o texto não são uniformes, pelo contrário, o gênero possui natureza híbrida e, por isso, a natureza relativamente estável deles. O que ocorre é a predominância de uma sequência sobre outra, indicando a natureza do gênero. No caso da resenha selecionada, acreditamos que o problema está justamente na não utilização da sequência descritiva em prol da construção do texto voltado para a defesa do ponto de vista.

A supremacia da sequência descritiva e expositiva esteve presente na maioria das resenhas produzidas pelos alunos. Entretanto, diferentemente das outras resenhas apresentadas, na resenha de A09, há alguns momentos em que evidenciamos o posicionamento do aluno em relação aos tipos de leitores, estabelecendo um diálogo com o texto de Freire. Esta questão pode ser visualizada através do seguinte trecho:

[54] Se compararmos o texto de Lúcia com o de Paulo Freire veremos algumas semelhanças no discurso, para Freire a Leitura de mundo procede a Leitura da palavra isso quer dizer que o contexto no qual o leitor convive interfere na sua percepção e entendimento da leitura, podemos perceber isso claramente no texto de Lúcia quando a mesma descreve os tipos de leitores, cada um nascido e/ou criado em uma época distinta dos outros, cada um com sua visão e percepção de mundo, o que faz com que cada um deles tenha sua propria forma de leitura e compreensão, colocando em pratica o discurso de freire. [grifo meu]

A forma como o participante inicia o parágrafo, trecho em destaque, já sugere relação entre as ideias do texto de Freire e o texto base da resenha. A partir do uso de recursos coesivos, tais como o “se”, o “para”, o “ o que faz”, o aluno articula as informações de Freire com as de Santaella, por meio da comparação. Este recurso

nos leva a crer que o estudante compreendeu um dos propósitos da resenha que é justamente o de oferecer ao leitor o seu ponto de vista a respeito do texto fonte. Entretanto, o texto elaborado pelo aluno seria mais consistente, caso tivesse dado maior ênfase à parte argumentativa. Observando a estrutura composicional do texto, é visível que as sequências descritivas e expositivas tiveram maior destaque, quando comparado à parte argumentativa.

Para complementar a discussão a respeito das características das resenhas apresentadas pelos estudantes, selecionamos mais uma resenha do estudante A09:

[55] O texto de Lúcia Santaella “A leitura fora do livro”, aborda sobre a multiplicidade de modalidade de leitores classificando-os em três modelos que possuem características relacionadas a época de quando surgiram.

Inicialmente a autora diz que a leitura não é feita só nos livros existem variados tipos de leitores nos quais ela classifica em três modelos, com há uma aproximação nas ideias de Paulo Freire em “A importância do ato de ler”, onde ele fala sobre a leitura de mundo e a aproximação de linguagem e realidade. Cada modelo de leitor que foi classificado surgiu com características relacionadas a época.

O primeiro tipo é o leitor contemplativo que surgiu numa época em que as pessoas ainda não sofriam pelas urgências do tempo e por isso elas se dedicavam mais a leitura feita em livros e imagens expositivas. O modo de ler iniciado nesse período é o correto, pois quando o leitor deixa de se preocupar com o tempo e se dedica ao objeto de leitura haverá melhor compreensão daquilo, sendo positivo para adquirir maior conhecimento. Paulo Freire em seu artigo também fala sobre a insistência da quantidade de leitura sem o devido adentramento, resultando na falta de conhecimento do objeto. O segundo tipo de leitor do mundo em movimento na época da Revolução Industrial e do surgimento dos grandes centros urbanos. Esse modelo de leitor nasce no momento da explosão dos jornais que cria leitores mais ágeis, de memória curta. Nesse período há uma sofisticação nos meios de reprodução de imagens e escrita. A urgência toma conta do leitor criando novas formas de interação com o mundo.

E por fim o leitor virtual fruto da era digital e dos avanços tecnológicos tendo a capacidade de tratar de toda e qualquer informação, som, imagem, texto etc. com uma linguagem universal e de forma simples, rápida e prática. Tudo isso facilitou o acesso à leitura e suas variedades. É importante lembrar que quando surge um modelo de leitor o anterior não deixa de existir, pelo contrário eles se acumulam.

Logo no primeiro parágrafo, observamos que há um resumo, de forma breve, indicando o conteúdo do texto. Vemos a presença do resumo como indicação de que a estudante compreendeu umas das partes que compõem o gênero em questão. A presença do resumo pode ser visualizada através do trecho abaixo:

[56] O texto de Lúcia Santaella “A leitura fora do livro”, aborda sobre a multiplicidade de modalidade de leitores classificando-os em três modelos que possuem características relacionadas a época de quando surgiram.

Em seguida, notamos articulação das informações contidas no texto base com as ideias de Freire, a exemplo do trecho a seguir:

[57] Inicialmente a autora diz que a leitura não é feita só nos livros existem variados tipos de leitores nos quais ela classifica em três modelos, com há uma aproximação nas ideias de Paulo Freire em “A importância do ato de ler”, onde ele fala sobre a leitura de mundo e a aproximação de linguagem e realidade. [grifos meus]

Ainda que a relação com o texto de Freire não seja feita de forma consistente, tendo como uma das razões a inadequação dos recursos coesivos, em destaque para melhor visualização, consideramos a articulação feita como sendo produtiva, uma vez que denota a compreensão da sequência argumentativa como pertencente ao gênero resenha.

No trecho abaixo, observamos posicionamento do aluno, entretanto, tal posicionamento ocorre com uma leve contradição. O texto de Freire foi utilizado para reforçar o que Santaella pontua a respeito do primeiro leitor. Entretanto, no texto de Santaella, há informações a respeito do leitor contemplativo, o qual tinha mais tempo de se dedicar a leitura e o que a aluna traz a respeito do texto de Freire refere-se à quantidade de leitura, sem o devido entendimento do conteúdo do texto. Essas questões podem ser visualizadas no trecho em destaque:

[58] O primeiro tipo é o leitor contemplativo que surgiu numa época em que as pessoas ainda não sofriam pelas urgências do tempo e por isso elas se dedicavam mais a leitura feita em livros e imagens expositivas. O modo de ler iniciado nesse período é o correto, pois quando o leitor deixa de se preocupar com o tempo e se dedica ao objeto de leitura haverá melhor compreensão daquilo, sendo positivo para adquirir maior conhecimento. Paulo Freire em seu artigo também fala sobre a insistência da quantidade de leitura sem o devido adentramento, resultando na falta de conhecimento do objeto.

Abaixo reproduzimos outra resenha em que é possível observar a predominância das sequências expositivas e descritivas.

Resenha do texto A leitura fora do livro (Lúcia Santaella)

[59] [A07] A autora do texto apresenta diversos tipos de leitores, a partir de suas respectivas relações com a leitura e a época, sendo estes o leitor fragmentado, contemplativo e virtual. Santaella defende que ainda que existam variadas classificações de leitores os mesmos não se eliminem, mas que ambos podem conviver e trazer um ganho cultural significativo – ainda que cada um demande habilidades especificas.

Apresenta o leitor contemplativo ou mediativo, que nasceu no Renascimento e perdura até meados do século XIX, como contemplador e meditador, procurador de objetos imóveis, uma vez que possibilitam retornos, re-significações e idas e vindas. O leitor fragmentado ou movente, filho da revolução industrial e dos centros urbanos, que se interessa na linguagem efêmera e híbrida, é um leitor fugaz, de memória curta, mas ágil. E o leitor virtual, que como o nome já sugere, refere-se ao leitor que utiliza a tecnologia como meio de receber, estocar, tratar e difundir qualquer tipo de signo, que utiliza o abrangente campo da internet e acaba formando seu próprio texto, em função dos links que escolhe ler. [grifo meu]

Logo no início, observamos que há resumo da obra resenhada, em destaque para melhor visualização. A prática de recorrer ao resumo para situar o leitor é vista de forma coerente, pois indica entendimento global do conteúdo do texto. Outra questão que merece destaque é o fato de no final do texto visualizarmos um trecho em que a sequência argumentativa aparece para demonstrar o que o aluno compreendeu a respeito do texto. A título de exemplificação, segue o trecho:

[60] Pode-se estabelecer uma relação do texto “A leitura fora do livro” com o texto “A importância do ato de ler” de Paulo Freire, visto que ambos tratam da leitura e o principal influenciado a partir da mesma, o leitor. Esta relação se estabelece porque o leitor necessita construir uma leitura crítica do texto que lê e relacionar essa leitura com a vivência que possui – sua leitura do mundo – e, para isso, precisa ir além da decodificação, ou seja, deve ser mais compromissado com sua leitura. A atualidade nos apresenta o leitor caracterizado como digital, o que torna possível a afirmação que não é uma constante a inteira leitura dos textos que são apresentados aos leitores.

Para concluir a parte dedicada à análise das resenhas, selecionamos a resenha de A03:

[61] O texto apresenta as diferentes formas de leitores que foram surgindo com o passar da historia, seguindo uma linearidade nos mostra aqueles leitores que surgiram, foram novidade, viraram cotidiano e foram substituídos por novos mais sem perderem seu espaço dentro dessa grande diversidade de escolhas.

O tempo pode passar e inovações, evoluções, tendências aparecem cada uma com a sua peculiaridade que diferencia um leitor de outro, mais elas também não são obrigatórias não é necessário segui-las, o que veio antes não se torna necessariamente passado, não sai de moda e talvez fique dentro do armário como uma roupa aguardando novamente a sua vez de voltar ao centro das atenções, ele continua em uso, em atividade, caminhando pela multidão e se misturando, mesclando-se perfeitamente com ela até que o novo se torne também o cotidiano e vire mais um na multidão, uma multidão sortida, um grande grupo com subgrupos onde cada um vive naquele que melhor se encontra [...].

Como já dito, uma das características comuns à resenha seria a presença de sequências argumentativas, pois deve haver a defesa do ponto de vista do autor. Entretanto, o que observamos é a predominância de sequências expositivas. Conforme já ressaltamos, o problema não está em fazer uso de sequências expositivas, mas o fato de não mobilizá-las para construir a tessitura do texto. O conteúdo do texto também fica prejudicado devido às inadequações de recursos coesivos, além de não haver articulação entre as informações, pois o que evidenciamos é um amontoado de informações.

Exemplificaremos agora com alguns trechos de resumos, outra produção feita pelos alunos, de maneira a complementar algo que seria comum à resenha.

[62] RESUMO DO TEXTO A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER, DE PAULO FREIRE

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. No esforço de re-tomar a infância distante, a que já me referi, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, re-crio, re-vivo, no texto que