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Dom frei Manoel da Cruz experimentaria o triunfo: a Festa do Áureo Trono Episcopal foi ápice festivo de homenagens e manifestações de submissão. Dos letrados religiosos e seculares, ouvira encômios e assistira ensaiada recepção. Passados doze anos, estaria a defender-se deles. A autoridade episcopal enfrentaria essas concorrências múltiplas: vícios das gentes, de agentes régios e de sacerdotes. Estes últimos, de atuação indecisa entre a missão eclesial - como agentes da Reforma -, ou individual, ancorados em arranjos os mais inusitados que lhes possibilitassem ascensão social.

Nas cartas particulares do bispo evidenciaram-se preocupações com esse clero e sua participação na implantação da Reforma Católica na nova diocese. Essa perspectiva religiosa do bispo coadunava-se com o ao estímulo de práticas pias realçadas na seleção de santos para ornar as abóbadas da Sé. Conforme praxe do discurso religioso, os mártires forneciam modelos para imitação. O destaque do Bispo de Cuenca no centro da abóbada principal perpetuava a ideia do bispo como pai espiritual. Confirmava que não bastava ao Pastor o conhecimento dos cânones e decretos conciliares se não dispusesse de recursos persuasivos para induzir à mudança de comportamento. Dom frei Manoel da Cruz privilegiou, portanto, esses veículos persuasivos de comunicação, dos quais buscamos destacar três: a palavra episcopal, dada oficialmente a conhecer em sermões e cartas pastorais, com circulação regular pelas freguesias e publicação às portas das igrejas; o cerimonial público, com a Entrada Triunfal e a presença episcopal realçando a solenidade

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dos ofícios religiosos; a decoração da Catedral, igreja-símbolo do Bispado, por fim. Todos seriam recursos de explicação dos tropos contra-reformistas, sem prescindir de regulamentação oficial: obedeciam à tradição, às concordatas do Reino, ao cerimonial dos bispos, aos decretos do Concílio de Trento, às Instruções de Carlos Borromeo, às constituições sinodais. Isso os submetia aos escopos dos poderes regulamentadores da Igreja e do Estado.

Estava o bispo, afinal, instalado em localidade central da região mineradora. Cartas particulares dão indícios de que o religioso conhecia a necessidade de alguma negociação, com a construção de arranjos satisfatórios com autoridades locais e da Corte, paralelamente à sistemática afirmação de sua autoridade episcopal, ainda que as circunstâncias do dualismo jurisdicional impactassem a evangelização e mesmo condenando as armadilhas do poder e dos “vícios” da sociedade conformada na região das Minas. Tais contradições, embates e discursos, contrapostos à imagem de submissão ao poder episcopal forjada no cortejo do Áureo Trono, sugerem a visão de dom frei Manoel da Cruz da sociedade na qual buscava intervir: cultora dos triunfos e marcada por incorrigíveis vícios.

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NOTAS

1 Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Agradecemos à Paróquia de Nossa

Senhora da Assunção de Mariana, nas pessoas do Pároco Padre Paulo Barbosa e Sandra Carla Gomes, Secretária Paroquial, pela autorização das fotografias das abóbadas da Sé Catedral de Mariana, fundamentais na composição deste estudo. Ao prof. dr. Carlos de A. P. Bacellar, agradecemos a leitura e sugestões, e à Capes pelo apoio a esta pesquisa.

2 Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (AHU/MG). Caixa 47, doc. 41. [Carta de José Antônio de

Oliveira Machado, ouvidor de Vila Rica, para dom João V, dando conta da incapacidade da Câmara em evitar os danos que poderiam causar a enchente do ribeirão do Carmo na cidade de Mariana],Vila Rica, 06/09/1746.

3 FONSECA, Cláudia Damasceno. Des terres aux villes de l’Or : Pouvoir e territoirs urbains à Minas

Gerais aux XVIIIe siècle. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenk ian, 2003. p. 334-336.

4 VASCONCELOS, Diogo de. História do Bispado de Mariana. Belo Horizonte: Edições Apollo, 1935.

(Biblioteca Mineira de Cultura), p. 24ss. FONSECA, Cláudia Damasceno. Des terres aux villes de l’Or : Pouvoir e territoirs urbains à Minas Gerais aux XVIIIe siècle. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian, 2003. p. 213 ; 335-340; 502-505; 508-510.

5 NAZ, R. (Dir.) Dictionnaire de Droit Canonique: contenant tous les termes Du droit canonique

avec um Sommaire de L’Histoire et des institutions et l’etat actuel de la discipline. Paris VI: Librairie Letouzey et Ané, 1950. (Boulevard Raspail, 87). Fascículo XXV, p. 227, verbetes Églises e Églises Cathédrales.

6 AHU [MG]. Caixa 48, doc. 12. [Consulta do Conselho Ultramarino sobre requerimento de dom frei

Manoel da Cruz 10/02/1747]; AHU[MG]. Caixa 47, doc. 88. [Petição de dom frei Manoel da Cruz 25/ 12/1746]. [Copiador de algumas cartas Particulares do Excelentíssimo e Reverendíssimo Sr. Dom Frei Manoel da Cruz]. Transcrição, revisão e notas de Aldo Luiz Leoni. Ouro Preto: UFOP, 2003, fl. 205. RODRIGUES (Mons), Flávio Carneiro (Org.). Os relatórios decenais dos bispos de Mariana enviados à Santa Sé ( Visitas Ad Limina). Cadernos históricos do arquivo eclesiástico da arquidiocese de Mariana. Mariana: Editora Dom Viçoso, 2005, v.3, parágrafo 1º, p. 80.

7 KANTOR, Iris. Pacto festivo em Minas Colonial: a Entrada triunfal de dom frei Manoel da Cruz.

São Paulo: USP, 1999. 165 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

8 SANTOS, Waldemar de Moura. Lendas marianenses. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1963. p.

59-66.

9 VON SPIX, J. B; VON MARTIUS, C. F. Viagem pelo Brasil (1817-1862). Tradução de L. F. Lahmeyer;

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10 AHU[MG/Lisboa]. Caixa 62. Doc. 91. [Cópia de carta encaminhada a dom frei Manoel da Cruz,

bispo de Mariana, fazendo menção às medidas espirituais que podem ser tomadas contra os descaminhos do ouro. 25/05/1753].

11 A jacobeia procurava, em sentido lato, estender a outros claustros e à vida religiosa em geral, as

preocupações da reforma iniciada pelos agostinhos: afervoramento da piedade e disciplina - com exame de consciência e oração mental diária, bem como freqüência regular aos sacramentos. Estes seriam temas comuns às pastorais dos prelados alinhados à jacobéia. PAIVA, José Pedro. Os bispos de Portugal e do Império. Coimbra: Imprensa Universitária, 2006. p.169-172; 507.

12 RAMOS, Donald. “A ‘voz popular’ e a cultura popular no Brasil do século XVIII”. In: SILVA, Maria

Beatriz Nizza da. Cultura portuguesa na Terra de Santa Cruz. Lisboa: Estampa, 1995. p. 144-146.

13 Conforme Affonso Ávila, a “metaforização de um discurso de poder”. ÁVILA, Affonso. O lúdico e

as projeções do mundo barroco. 3. Ed. São Paulo: Perspectiva, 1994. v. 1, p. 140-141. (Debates, 35). SOUZA, Laura de Mello. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 1982. p. 23.

14 Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século

do Ouro e as projeções do Mundo Barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 380-381.

15 KANTOR, Iris. Pacto festivo em Minas Colonial: a Entrada Triunfal de Dom Frei Manoel da Cruz.

São Paulo: USP, 1999. 165 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. p. 69-70; 76.

16 BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar, 1994. p. 21-22.

17 Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século

do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 469-470.

18 Será como luz o seu esplendor. Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas

em Minas: textos do século do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p.454; 628.

19 Aulae Splendor (esplendor da corte); Conttulit ei splendor (Conferiu-lhe esplendor); Collatus

honore (Colado com honra) e Dabo tibi stellam (Dar-te-ei uma estrela). Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 454; 620 ss.

20 RIPA, Cesare. Iconologia. Edizione pratica a cura di Piero Buscaroli da edizione di 1618. Prefazione

di Mario Praz. Milano: Tea, 1992. p. 53, verbete Chiarezza; p. 109, Dottrina; p. 165, Gloria; p.122, Eternità; p. 463,Verità. Ver também: JORDÃO, Paulo Vicente da Veiga. Corpo Santo: Alegorias do corpo místico no Barroco Mineiro. Ouro Preto: UFOP, 1996. 97 f. Monografia (Especialização Lato Sensu em Cultura e Arte Barroca) – Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 1996. BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. passim.

TERMO DE MARIANA | História e Documentação 80 Minas: textos do século do Ouro e as projeções do Mundo Barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 537-549.

22 Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos Seiscentistas em Minas: textos do século

do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 478.

23 “Corpo doloroso” e “Corpo glorioso”. JORDÃO, Paulo Vicente da Veiga. Corpo santo: Alegorias do

corpo místico no barroco mineiro. Ouro Preto: UFOP, 1996. 97 f. Monografia (Especialização Lato Sensu em Cultura e Arte Barroca) – Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 1996. p. 18; 22-34.

24 O Cortejo ressaltava, ainda: Tenuiste manum dexteram mean et in voluntate tua deduxisti me

(Seguraste minha destra e me conduziste a tua vontade); Reficiam vos (Eu vos reconfortarei); Firmabitur, et non flectetur (firmar-se-á e não dobrará). Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 453; 620 ss. Ver: RIPA, Cesare. Iconologia. Edizione pratica a cura di Piero Buscaroli da edizione di 1618. Prefazione di Mario Praz. Milano: Tea, 1992. p. 42-43, verbetes: Benignità e Bontà.

25 “Julgas que sempre há de ter consolações espirituais à medida de tua vontade? Nem sempre as

tiveram os meus santos, passando ao contrário por muitas penas [...] Mas eles suportaram tudo com paciência, mais confiados em Deus que em si, porque sabiam ‘que não tem proporção os sofrimentos desta vida com a futura glória (Rom 8, 18)’. Quereis obter logo o que tantos apenas conseguiram só depois de copiosas lágrimas e grandes trabalhos?”. KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Tradução de Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2003. p. 106, obra do século XV; LOYOLA, S. Ignácio de. Exercícios Espirituais. Tradução de Joaquim F. Pereira. São Paulo: Ed. Loyola, 1990. Dom frei Manoel saía para pregar acompanhado de jesuítas, e os Exercícios espirituais de Santo Inácio eram utilizados na preparação de candidatos ao ofício de sacerdotes em Mariana. RODRIGUES (Mons), Flávio Carneiro (Org.). Os relatórios decenais dos bispos de Mariana enviados à Santa Sé (Visitas Ad Limina). Cadernos históricos do arquivo eclesiástico da arquidiocese de Mariana. Mariana: Editora Dom Viçoso, 2005, v.3, parágrafo 3º, p. 83.

26 Mitra: insígnia pontifical utilizada pelos prelados ou mesmo o papa. É a cobertura de cabeça

prelatícia de cerimônia, simbolizando um capacete de defesa que deve tornar o prelado terrível aos adversários da verdade. Lembra a descida do Espírito Santo descido às cabeças dos apóstolos, de quem os bispos são legítimos sucessores. Pálio: espécie de colarinho de lã branca bordada com 6 cruzes. Possui cerca de 5 cm de largura e apêndices à frente e às costas e expressa unidade com o sucessor de Pedro. Originalmente exclusivo dos papas, seria estendido aos metropolitas e primazes como símbolo de jurisdição delegada a eles pelo pontífice. Destinado, portanto, aos bispos que assumem suas dioceses, o pálio simboliza o poder na província, a comunhão com a Igreja Católica Romana, o ministério pastoral dos bispos e sua união com o bispo de Roma. Bago ou Báculo: bordão usado pelos dignatários da Igreja Católica, simbolizando o seu papel de pastores do rebanho divino. Juntamente com a mitra, compõe uma das principais insígnias dos bispos. Para este estudo, consultamos diversos dicionários; dentre os mais completos, ver: CHEVALIER, J; GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos. 13. Ed. Trad. V. da Costa e Silva et alii. Coordenação de C. Sussekind. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

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27 Era correntemente aceito que representar era, ao “tomar o lugar de alguém”, torná-lo presente.

Representação é termo que remete à cenarização presente em rituais e cortejos barrocos. BURKE BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 21-21.

28 Tradicionalmente, a Saudação dos bispos aos fiéis, em suas cartas pastorais, citariam este

qualificativo: “Dom Frei Manoel da Cruz, da Ordem do Melífluo Doutor São Bernardo, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, primeiro Bispo deste novo Bispado de Mariana e do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, que Deus guarde, vos saúda.” AEAM, Prateleira W, Códice 41, fls. 7v-9, c. 1750. Para um estudo da representação do corpo místico do Estado e da Igreja na iconografia barroca, ver: JORDÃO, Paulo Vicente da Veiga. Corpo santo: Alegorias do corpo místico no barroco mineiro. Ouro Preto: UFOP, 1996. 97 f. Monografia (Especialização Lato Sensu em Cultura e Arte Barroca) – Instituto de Filosofia, Artes e Cultura, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 1996. 95 p. Para uma análise das relações entre dignitários da Coroa portuguesa e de Roma nas diferentes cerimônias públicas, ver: KANTOR, Iris. Pacto festivo em Minas Colonial: a entrada triunfal de dom frei Manoel da Cruz. São Paulo: USP, 1999. 165 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

29 A festa cria um espaço de neutralização dos conflitos e diferenças, podendo funcionar como

mecanismo de reforço, inversão ou de neutralização. DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e outros heróis. Rio de Janeiro: 1979. Apud. SOUZA, L. M. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 1982. p. 23

30 Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século

do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 383ss.

31Ibidem, p. 383ss.

32 CAMPOS, Adalgisa A. A mentalidade religiosa do setecentos: o Curral Del Rey e as visitas religiosas.

Vária história. Belo Horizonte, n.1, p.11-17, 1985.

33 PERELMAN, C. O império retórico: retórica e argumentação. Porto: Edições ASA, 1993 op. cit, p.

37-38; MOSCA, L. do L. S. Poesia e argumentação: procedimentos persuasivos em Gil Vicente. Revista do Centro de Estudos Portugueses, São Paulo, n. 3, p.107, 2000. TIN, Emerson. (Org.) A arte de escrever cartas: Anônimo de Bolonha, Erasmo de Rotterdam, Justo Lípsio. Campinas: Editora da Unicamp, 2005. p. 122-128.

34 A carta pastoral intitulada “Pastoral pela qual se patenteia Graças e Indulgências que Sua

Santidade foi servido conceder “ constitui belo exemplo dessa temática. Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (AEAM). Prateleira W, Códice 41, fls. 7v-9, [c. 1750].

35 TORRES-LONDOÑO, Fernando. (Org.) Paróquia e comunidade no Brasil: Perspectiva histórica.

São Paulo: Paulus, 1997.

36 A Igreja até toleraria, em certa medida, as infrações - desde que não fossem escandalosas. TORRES-

LONDOÑO, Fernando. A outra família: concubinato, Igreja e escândalo na colônia. São Paulo: História Social/USP/ Loyola, 1999. p.116; mas empreenderia, sob dom frei Manoel da Cruz, forte campanha contra os batuques, com pesadas multas aos envolvidos. RAMOS, Donald. “A ‘voz popular’

TERMO DE MARIANA | História e Documentação 82 e a cultura popular no Brasil do século XVIII”. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Cultura portuguesa na Terra de Santa Cruz. Lisboa: Estampa, 1995. p. 144-146.

p. 138-155.

37 Faetonte revoltara-se quando se duvidara que fosse filho de Apolo: exigira do pai autorização

para conduzir o chamejante carro do Sol, que abastecia de luz a toda a terra. A morte catastrófica e desastres naturais foram resultados dessa ousadia. GÉNEST, Émile; FÉRON, José. DERMURGER, Marguerite. As mais belas histórias da mitologia. Trad. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

38 “Fábrica da Sé de Mariana – 1758”. AEAM. Seção de Governos Episcopais - D. frei Manoel da Cruz.

Armário 1, Gaveta 1ª, Pasta 28. Patrimônio – Mariana. Aos 17 de dezembro de 1748, o bispo dom frei Manoel daria provimento a vários cargos eclesiásticos nomeando o arcipreste da catedral, Dr. José de Andrade Moraes, provisor e juiz das Justificações; o arcediago, Dr. Geraldo José de Abranches, vigário-geral, juiz dos Casamentos e Resíduos; o reverendo cônego doutoral, João Martins Cabrita, procurador da Mitra e examinador sinodal; o cônego penitenciário Simão Caetano de Moraes Barreto, examinador sinodal; cônego mestre em Artes Vicente Gonçalves Jorge de Almeida, escrivão da Câmara. O bispo proveria ainda, os cargos de escrivão para o Auditório do Geral e Resíduos e um meirinho-geral. Áureo Trono Episcopal. In: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas: textos do século do ouro e as projeções do mundo barroco. Belo Horizonte: Centro de Estudos Mineiros, 1967. v. 2, p. 428-429.

39 AHU. Caixa 55, doc. 33. [Carta de Caetano da Costa Matoso, Ouvidor de Vila Rica, para D. João V,

dando conta das visitas efetuadas por um visitador que conferia os livros das Irmandades, mesmo as seculares, o que era contrário à ordem estabelecida e causava transtornos 23/03/1750].

40 Copiador de algumas cartas particulares do excelentíssimo e reverendíssimo Sr. dom frei Manoel

da Cruz. (1739-1762). Transcrição, revisão e notas de Aldo Luiz Leoni. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2003, fl.131.

41 SANTOS, Patrícia Ferreira dos. Párocos: colados e contestadores. In: Poder e palavra: discursos,

contendas e direito de padroado em Mariana. São Paulo: USP, 2007. 305 f. Dissertação (Mestrado em História Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

42 Dom frei Manoel prevenira, na Corte, a dom frei Gaspar da Encarnação a respeito das intenções

do Arcipreste: “Também vai o arcipreste desta Catedral, como procurador do Cabido a requerer acres[centam]ento das suas côngruas com o exemplo do Cabido do Rio de Janeiro; e me [parece] justo o seu requerimento, respeitando a grande carest[ia] [des]ta terra; consta-me, porém, que vai com outras idéias, que julgo impraticá[veis] e em manifesto prejuízo das igrejas deste bispado”. Copiador de algumas cartas particulares do excelentíssimo e reverendíssimo Sr. dom frei Manoel da Cruz. (1739-1762). Transcrição, revisão e notas de Aldo Luiz Leoni. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2003 fl 119-119v; TRINDADE, R. (Côn.) Arquidiocese de Mariana: subsídios para sua História. Belo Horizonte: Escolas profissionais do Lyceu do Sagrado Coração de Jesus, 1. ed, 1928; 2.ed. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1953.

43 AHU[MG]. Caixa 67, doc. 75. [Representação da Câmara de Mariana a Dom José I, expondo os

vexames praticados pelo bispo dom Manoel da Cruz. 07/05/1755].

TERMO DE MARIANA | História e Documentação 83 da Cruz. (1739-1762). Transcrição, revisão e notas de Aldo Luiz Leoni. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2003. Fl.182-192v. Grifo nosso.

45 RODRIGUES (Mons), Flávio Carneiro (Org.). Os relatórios decenais dos bispos de Mariana enviados

à Santa Sé (Visitas Ad Limina). Cadernos históricos do arquivo eclesiástico da arquidiocese de Mariana. Mariana: Editora Dom Viçoso, 2005. v.3, parágrafo 6º, p. 85.

46 Em 1760, Manoel Rebelo de Souza arrematou a pintura do teto da Catedral de Mariana. Recebeu,

nesse mesmo ano, 1:950$000 da pintura e mais 260$000 para a tarjeta da nave e os barretes com os cônegos, conforme Arquivo Público Mineiro (APM), livro número 57, fls. 121v, ‘Termos de arrematações’, Seção Colonial, D. F.; Códice 75, fls. 121v e 122v. VASCONCELOS, Salomão de. Mariana e seus templos: dos Institutos Históricos de Minas Gerais, Ouro Preto e Bahia. Belo Horizonte: Gráfica Queiroz Breyner, 1938. p. 49.

47 Capítulo XVII: “De las sacras imágenes o pinturas”. In: BORROMEO, Carlos. Instrucciones de la

fabrica y del ajuar eclesiásticos. 1. ed. Introducción, traducción y notas de Bulmaro Reyes Coria. México: Imprenta Universitaria da Universidad Nacional Autónoma de México, 1985. p. XXII. Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Feitas e ordenadas pelo Ilustríssimo e Reverendíssimo D. S. Monteiro da Vide. São Paulo: Tipografia 2 de dezembro, 1853. Livro I, Tít. VIII: Do Culto devido às santas relíquias e sagradas imagens, Parágrafo 27. Livro IV, Título XX-XXI.

48 JAFFÉ, Aniela. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C. O homem e seus símbolos. 2. Ed.

Tradução de M. L. Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1964. p. 230ss. SILVA, Áurea P. Notas sobre a influência da gravura flamenga na pintura colonial do Rio de Janeiro. Revista Barroco, Belo Horizonte, n. 10, p.53, 1979.

49 BORROMEO, Carlos. Instrucciones de la fabrica y del ajuar eclesiásticos. 1.ed. Introducción,

traducción y notas de Bulmaro Reyes Coria. México: Imprenta Universitaria da Universidad Nacional Autónoma de México, 1985. p. XVII. Ver também: BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem de Luíz XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994, p. 21-22; GIRAUDY, D. Bouilhet, H. O museu e a vida. Belo Horizonte: SEGRAC, SPHAN/PRÓ-MEMORIA, p. 23ss.

50 Para uma análise técnica do trabalho do pintor Manoel Rebelo de Souza e da pintura Barrete

com os Cônegos, ver estudos de: ANDRADE, Rodrigo Mello Franco de. A pintura colonial em Minas Gerais. Revista do patrimônio histórico e artístico nacional, Rio de Janeiro, n. 18, p. 11-74, 1978; RIBEIRO, M. A pintura de perspectiva em Minas colonial. Barroco, Belo Horizonte, n. 10, 1978-1979.

51 RIPA, Cesare. Iconologia. Edizione pratica a cura di Piero Buscaroli da edizione di 1618. Prefazione

di Mario Praz. Milano: Tea, 1992. p. 53, Verbetes: p. 36, Autorità o potestà; p. 522, Prelatura.

52 Donde se derivam não poucas dificuldades na pesquisa de seus dados biográficos. Poucos destes

santos constam de hagiográficos mais comuns, os quais descrevem dados dos santos mais