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A partir de 1740, com a fundação em Paris da primeira Escola de Artes e Ofício, o ensino técnico vai se fazendo mais notável e ofícios e profissões passam a ser mais valorizadas, apesar de sempre receberem menor atenção que a educação mais geral, as então chamadas artes liberais. Durante o século XVII foram proliferando escolas de artes e ofícios, e também as escolas politécnicas e escolas técnicas.

No que se refere à America Latina, conforme pesquisa de Perez (1992), no século XVIII já existem alguns esforços de institucionalização deste tipo de ensino: em 1797, começou a funcionar em Santiago do Chile a Real Academia San Luis, que ministrava artes industriais, como um tipo de ensino muito prático e levava em conta a vocação e habilidade dos alunos. Essa academia teve uma biblioteca especializada, instrumentos científicos, laboratório mineralógico e cátedra de desenho. Em 1799, se fundou em Buenos Aires a Escola de Náutica e no mesmo período existiu o Observatório Astronômico de Bogotá, o Gabinete Natural do Rio de Janeiro, o Jardim Botânico da Guatemala, a Escola de Mineração no México. Durante o século XIX em Cuba, também houve esforços notáveis nesse sentido; em 1811 é criada a Escola Náutica de Regla; em 1845, a Escola de Máquinas, em 1854 são fundadas as Escolas Gerais Preparatórias, e em 1982, a Escola Superior de Artes e Ofícios.

Na Europa Central, faculdades como a Karlschule de Stuttgard foram fundadas para ensinar a arte de governar a futuros funcionários. Novas instituições, segundo Burke (2003), equivalentes às futuras escolas de tecnologia foram criadas para o ensino de engenharia, mineração, metalurgia e silvicultura a exemplo de: Collegium Carolinum, em Kassel (1709), as academias de Engenharia de Viena (1717) e de Praga (1718), a escola de silvicultura, fundada nas montanhas Harz (1763), a as academias de minas de Selmecbánya na Hungria e de Freiberg na Saxônia (1765).

A reformulação da educação profissional no mundo desenvolveu-se desde 1824 na cidade industrial de Manchester, na Inglaterra, com a criação, segundo Takahashi e Amorin (2008), da primeira universidade tecnológica, Universidade de Manchester - Instituto de Ciência e Tecnologia (UMIST); em seguida com a Escola de Engenharia Industrial de Barcelona, em 1851; nos Estados Unidos da América, com o Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), em 1865; e as Universidades de Tecnologias da França e as Fachhochschules, na Alemanha, ambas em 1872. No contexto da América Latina, destacam-

se a Universidade Tecnológica Nacional da Argentina, em 1959; no Brasil o Centro de Educação Tecnológica da Bahia (CENTEC), em 1976, os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET), em 1978 (TAKAHASHI; AMORIN, 2008, p. 213) e mais recentemente, em 2008, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

Como forma de integrar a educação acadêmica e profissional, pode-se considerar que os sistemas de reforma da educação profissional existentes sofrem variações de um país para outro. Em dado modelo, o sistema é assimilado ao ensinamento universitário, em outro ele funciona fora da universidade (STERN, 1996).

De maneira geral, os modelos podem ser definidos: a) o modelo com várias finalidades;

b) o modelo especializado; c) o modelo binário.

O primeiro, modelo com várias finalidades, tem como padrão o Junior Colleges ou o Community College (americano ou canadense), estruturados de maneira a responder às necessidades locais ou regionais. Nesse modelo é combinado o currículo acadêmico com o profissional e são interligados os dois últimos anos do secundary com os dois primeiros anos do pos-secundary educacion. Assim sendo, alguns desses cursos constituem o primeiro ciclo de estudos universitários. Tais instituições possuem um grau elevado de autonomia e estão estritamente ligadas ao ensino universitário.

Essas instituições assumem funções múltiplas e seus programas são de tal modo diversificados que vão de um ensino puramente teórico, como preparação para estudos posteriores na universidade, até diferentes tipos de formação profissional, de caráter finalista. Na Europa, os estabelecimentos que se aproximam mais desse modelo são os colégios regionais da Noruega e a Visa Skola na Iugoslávia, que oferecem cursos preparando o aluno tanto para os estudos universitários longos como para carreiras finalistas, visando ao aprendizado baseado no trabalho como componente indispensável à concepção dos currículos.

O segundo modelo, chamado especializado, corresponde principalmente à preocupação em oferecer um ensino pós-médio aos alunos que pretendem seguir a formação técnica. Os estabelecimentos classificados neste modelo caracterizam-se por tênues ligações com as universidades, pois têm caráter terminal, especializado e profissional. Tal tipo de instituição existe praticamente em todos os países da Europa. Em 1999, vinte e

nove países da Europa reuniram-se e assinaram a Declaração de Bolonha; de acordo com este documento, cada país comprometeu-se a realizar um sistema de estudos de dois ciclos: pré-graduado ou curto, numa preparação para o mundo do trabalho, e formação graduada ou longa (ZONTA, 2005).

O terceiro modelo, o binário, encontra-se principalmente no Reino Unido e em alguns países da Europa. O ensino após o nível médio é dividido em dois setores distintos, que se desenvolvem independentemente um do outro: o setor universitário, de um lado, e o ensino profissionalizante, de outro. De acordo com Takahashi e Amorin (2008), o Reino Unido realizou uma série de reformulações na educação profissional.

Uma delas foi a criação de rotas alternativas para a educação de nível superior, baseada em habilidades e competências voltadas para a prática profissional no mercado de trabalho. Estes cursos, que provêem uma qualificação de nível superior, podem ser de um ano (Higher National Certificate – HNC) ou de dois anos (Higher National Diploma – HND) e possibilitam que o estudante ingresse no 2º. ou 3º. ano de um curso de bacharelado. Outra mudança foi a criação dos foundation degrees, que também são qualificações de ensino de nível superior voltadas para competências e habilidades do mercado de trabalho em diversas áreas [...]. Os cursos profissionalizantes são ofertados pelos colleges, chamados de Colleges of Further and Higher Education (TAKAHASHI; AMORIN, 2008, p. 214).

Da análise dessas formas de integração da educação acadêmica com a profissional pode-se concluir que estes últimos modelos: especificado e binário são os mais próximos dos CST. Os sistemas de educação profissional que mais influenciaram na tomada de decisão para o modelo da educação profissional brasileira foram os desenvolvidos nos Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha.