• Nenhum resultado encontrado

3.3 Caracterização do campo empírico

3.3.1 Região Metropolitana de Salvador (RMS)

Em 1808, quando foram proibidas atividades industriais no Brasil Colônia, a Bahia já tinha autorização para construir uma fábrica de recipientes de vidro, e desde aquela época o Estado vem se desenvolvendo no setor industrial, marcadamente na RMS, com o surgimento de muitas indústrias e, com elas, estradas de ferro, companhias de navegação que favoreceram o escoamento da produção industrial. Com a modernização e expansão das estradas e do transporte marítimo, mais municípios foram interligados e foi possível, naquela época, perceber a enorme diversidade na cadeia de negócios.

A partir de 1950, a economia industrial baiana ganhou novo fôlego com a implantação da Refinaria Nacional do Petróleo, em São Francisco do Conde - Mataripe. Somente em 1957, ela passa a ser chamada Refinaria Landulfo Alves (RLAM) e é incorporada ao patrimônio da Petrobrás. Em 1953, inicia-se a exploração dos campos da Petrobrás no Recôncavo Baiano e com ela novos empreendimentos são atraídos em função dos incentivos fiscais que ajudaram ao fortalecimento tanto do Estado como de todo o nordeste brasileiro.

O mundo passou por um período de grande prosperidade, convergência econômica e importantes mudanças sociais durante a chamada “Era de Ouro de Capitalismo”, que se situa entre o final da Segunda Guerra e meados dos anos 70. Essas transformações tiveram grandes impactos sobre a condução das políticas públicas, tanto nos países desenvolvidos como nos países subdesenvolvidos e a política de ciência e tecnologia não foi exceção.

A industrialização brasileira passou a ganhar força a partir da década de 1970 e na Bahia, o parque industrial cresceu e demandou infraestrutura, criando alto valor agregado para as transformações industriais. Em 1964, foi criado o Centro Industrial de Aratu (CIA) e, nos idos dos anos de 1960, os distritos industriais de Subaé, Ilhéus e Jequié como estratégia de interiorização do setor.

A industrialização deu outro salto a partir de 1978 com a implantação do Polo Industrial de Camaçari que proporcionou a chegada de diversas indústrias multinacionais com modelos de gestão avançados, inovações tecnológicas, novas tecnologias, além de elevado padrão de desempenho técnico e empresarial, trazendo, assim, profundas transformações econômicas, sociais e culturais. A indústria passou a ser o setor mais importante da economia do Estado por contribuir de maneira mais contundente para o PIB baiano.

Como estratégia do Governo Federal para integrar o desenvolvimento econômico do país, em 1970, foram criadas as Regiões Metropolitanas (RM)45 em nove estados brasileiros

considerados áreas de controle político e de desenvolvimento econômico, cujo financiamento, planejamento e gestão ficavam a cargo dos Governos Federal e Estadual. Na década de 1980, com o reconhecimento, pela Constituição de 1988, dos municípios como entidades federativas, passou para os Estados a competência de institucionalizar, planejar e executar as políticas de interesse comum das RM. Na Bahia, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) era a responsável por desempenhar tais funções.

A Região Metropolitana de Salvador (RMS) foi instituída pela Lei Complementar Federal nº 14, de 8 de julho de 1973, e contava inicialmente com oito municípios, pois tanto Madre de Deus quanto Dias D’Ávila, na época, eram ainda distritos de Salvador. A partir de 1990, com a emancipação de ambos, a RMS passou a conter dez municípios. No ano de 2008, foi sancionada a Lei Complementar Estadual nº 30 que incluiu Mata de São João e São Sebastião do Passé, e no ano seguinte, em 22 de janeiro, o município de Pojuca passou também a fazer parte da RMS. A Figura 14 mostra o mapa da RMS e as respectivas leis que

45 As Regiões Metropolitanas por se constituírem em aglomerações urbanas com funções e graus de integração complexos presenciam a ampliação dos problemas comuns, a exemplo do crescimento urbano desordenado, do déficit habitacional, do agravamento das condições de mobilidade e de saneamento básico o que requer cada vez mais uma pactuação entre os entes federativos na busca de soluções comuns (SEDUR, 2010).

regulamentam a inclusão dos seus treze atuais municípios: Camaçari, Candeias, Dias d’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz.

Figura 14 - Mapa da Região Metropolitana de Salvador - 2011

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (SEDUR, 2010).

Em razão da característica histórica da economia baiana, e de acordo com dados da Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos (SEI) (2008), o setor industrial tem o segundo maior peso na estrutura do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e grande presença na RMS. Tanto assim que dos cinco município que contribuem com o maior valor agregado na indústria, quatro estão situados na RMS, a saber: Camaçari, com participação de 20,4%, onde estão instalados os Polo Industrial e a Indústria Automotiva; São Francisco do Conde, com 15,2%, local em que se encontra a Refinaria Landulfo Alves; Salvador contribui com 12,6%, com destaque para construção civil e algumas indústrias de transformação; e Candeias com 3,3% devido a exploração de petróleo e gás natural.

As Tabela 1 e 2 mostram alguns dados sobre as características geográficas, econômicas e sociais de RMS, os quis revelam a grandeza e as diferenças entre seus 13 municípios. Na primeira tabela são mostrados dados comparativos: o número de empresas (micro, pequeno, médio, grande porte), a área territorial, a população, o PIB a preços

Lei Complementar Federal nº 14/1973 Lei Complementar Estadual nº 30/2008 Lei Complementar Estadual nº 32/2009

correntes e per capta dos municípios que formam a RMS. Portanto, com 3.573.973 habitantes em 2010, é a terceira região metropolitana mais populosa do nordeste brasileiro, a 7ª do Brasil e a 106ª do mundo (WORD GAZETTEER, 2011).

Tabela 1 - Quantitativo de empresas, área, população e Produto Interno Bruto a preços correntes e per capta, Região Metropolitana de Salvador - 2010

Município Nº Empresas Área

(km2) População (R$ milhões) PIB PIB per capita (R$ 1,00)

Total 2.168 4.353,894 3.573.973 75.258,16 x Camaçari 256 784,655 242.970 13.379,55 55.063,52 Candeias 33 258,357 83.158 4.204,82 50.613,49 Dias D'Ávila 71 184,229 66.440 2.072,58 32.732,93 Itaparica 1 118,040 20.725 115,04 5.541,28 Lauro de Freitas 314 57,686 163.449 3.156,01 19.313,50 Madre de Deus 1 32,203 17.376 282,74 16.264,62

Mata de São João 13 633,189 40.183 351,97 8.753,35

Pojuca 18 290,113 33.066 1.009,94 30.545,16

Salvador 1.204 693,292 2.675.656 36.744,67 13.728,08

São Francisco do Conde 5 262,855 33.183 9.848,26 296.884,69

São Sebastião do Passé 18 538,320 42.153 402,52 9.548,96

Simões Filho 223 201,222 118.047 3.690,06 31.266,42

Vera Cruz 11 299,733 37.567 247,51 6.585,11

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do IBGE e da FIEB (2010).

Nota: Sinal convencional utilizado:

X Dado numérico númérico omitido afim de evitar a individualização da informação

Em relação ao PIB per capta, apesar de Salvador ter um expressivo PIB a preços correntes, ela não apresenta o maior PIB per capita; ocupa o nono lugar em relação aos outros municípios da RMS. Os principais PIB per capta encontram-se nos municípios de São Francisco do Conde, Camaçari e Candeias.

A Tabela 2, apresenta os indicadores: Índice de Desenvolvimento Social (IDS) e Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE) os quais, juntamente com as informações da Tabela 4, mostram que os municípios da RMS são bastante heterogeneos nos aspectos econômicos, sociais, financeiros e territorial além de terem diferentes níveis de integração e oferta de bens e serviços. Entretanto, concorrem com mais de 80% da indústria de transformação e mais da metade da produção e da riqueza do Estado. Portanto, é dentro deste contexto que a escolha da delimitação do locus da pesquisa recaiu na RMS

Cabe ressaltar ainda, que os critérios adotados para escolha dos tecnólogos pertencentes aos eixos tecnológicos de CPI e de PI foram em decorrência da predominância das atividades do setor industrial na RMS, bem como devido aos primeiros CST implantados na Bahia pertencerem aos citados eixos e, assim, tais cursos possuírem egressos com mais tempo de exercício da profissão e as empresas já disporem desses profissionais desempenhando suas atividades desde a conclusão das primeiras turmas a partir de 1977.

Tabela 2 - Indicadores econômicos e sociais dos municípios da Região Metropolitana de Salvador e ranking estadual - 2006

Município IDS* Estadual Ranking IDE** Estadual Ranking

Camaçari 5.134,40 11 5.401,84 2 Candeias 5.067,42 47 5.188,25 8 Dias D'Ávila 5.084,72 31 5.132,29 11 Itaparica 5.059,52 54 5.021,26 66 Lauro de Freitas 5.303,97 1 5245,34 4 Madre de Deus 5.150,43 8 5.072,16 22

Mata de São João 5.065,11 50 5.116,63 12

Pojuca 5.100,44 21 5.198,43 6

Salvador 5.276,69 2 5.678,10 1

São Francisco do Conde 5.085,12 30 5.299,35 3

São Sebastião do Passé 5.039,56 79 5.019,98 71

Simões Filho 5.038,81 81 5.191,52 7

Vera Cruz 5.128,53 13 5.064,89 28

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado da SEI. Índice de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios Baianos.

Nota geral: *IDS – Índice de Desenvolvimeto Social **IDE – Índice de Desnvolvimento Econômico

Nota específica: IDS – Índice de Desenvolvimento Social é composto dos seguintes índices: INS – Índice do Nível de Saúde

INE – Índice do Nível de Educação ISB – Índice da Oferta de Serviços Básicos

IRMCH – Índice da Renda Média dos Chefes de Família

IDE – Índice de Desenvolvimento Econômico é constituído dos seguintes índices: INF – Índice de Infra-estrutura

IQM – Índice de Qualificação da Mão de obra IPM – Índice do Produto Municipal

Tanto o desenvolvimento social como o econômico mostam um quadro onde os 13 municípios apresentaram-se com valores de IDS e IDE acima da média estadual.46 O IDS

encontra-se na faixa de índice entre 5.303,97 e 5.038,53 e o IDE entre 5.678,10 e 5.019,98 indicando que o desenvolvimento social e econômico nos municípios da RMS, a despeito de estarem acima da média, mostram uma grande heterogenidade quando comparados entre si, pois apesar de três municípios estarem entre os dez maiores IDS no ranking estadual outros estão abaixo do 30° lugar. Os municípios que apresentaram os menores IDS foram Simões Filho e São Sebastião do Passé. O mesmo ocorre com o IDE, porém com maior disparidade entre os municípios.

Quando se compara o IDE e IDS principalmente, os dos municípios de Simões Filho, Candeias, São Francisco do Conde e Dias D´Ávila percebe-se que as condições econômicas existentes não estão sendo suficientes ou as ações das administrações públicas não estão sendo adequadas para promover, a partir das vantagens econômicas, melhorias das condições de vida para a população. Desta forma, conceitualmente o desenvolvimento econômico está desprovido de sua essência principal: promover melhoria nas condições de vida da população e alterações fundamentais e sustentáveis na estrutura econômica local. No Anexo G poderão ser consultados outros indices que também medem o desenvolvimento de todos os municípios da RMS.

3.3.2 Tecnólogos dos eixos tecnológicos de controle e processos industriais e de produção