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música: Toninho Horta/ letra: Fernando Brant

ESTRUTURA FORMAL

Esta canção é dividida em quatro seções diferentes: Introdução, A, B e C. A

Introdução é estruturalmente igual ao A e aparece novamente ao longo da música como

uma ponte instrumental entre as partes B e C. O A é tocado apenas uma vez no início da música, após a Introdução. A parte B, quando precedida pelo C, é apresentada até a sua metade. A forma é organizada da seguinte maneira na partitura67:

• Introdução: compassos 1 a 4 • A: compassos 5 a 12 • B: compassos 13 a 20 • C: compassos 21 a 27 • ½ B: compassos 28 a 31 • Introdução: compassos 32 a 35 • Introdução: compassos 36 a 39 • C: compassos 40 a 46 • ½B:compassos 47 a 50 • B:compassos 51 a 58 • Introdução: compassos 36 a 39 • C: compassos 40 a 46 • B: compassos 47 a 54 • Introdução: compassos 59 a 62 • Introdução: compassos 59 a 62 Forma:

Intro | A | B | C | ½ B | Intro | Intro | C | ½ B | B | Intro | C | B | Intro | Intro |

67 Ver Apêndice p. 204.

4 | 8| 8 |7 | 4 | 4 | 4 |7 | 4 |8 | 4 |7 |8 | 4 | 4 |

número de compassos

É importante ressaltar que o compositor transforma a parte B em refrão, ao cantar a letra em “falso inglês”. A melodia e a divisão de compassos são mantidas, alterando-se apenas a letra. No entanto, por repetir-se diversas vezes ao longo da canção desta maneira podemos considerá-la, ao invés de B, Refrão. Sendo assim, a forma poderia também ser dividida do seguinte modo:

Intro | A | B | C | ½ B | Intro | Intro | C | ½ B | Refrão | Intro | C | Refrão | Intro | Intro |

A Introdução, a parte A e o B possuem a estrutura formal regular, com frases de quatro compassos de duração. Apenas a parte C desta canção é irregular, apresentando uma frase de três compassos seguida de outra de quatro compassos.

Assim como na música DIANA, as seções que constituem FALSO INGLÊS intercalam-

se e se repetem diversas vezes, fazendo com que seja acessível e de fácil memorização para o ouvinte.

PROGRESSÃO HARMÔNICA

Atonalidade desta canção é Ré Maior e não há modulações. Na Introdução e na parte A há somente dois acordes não-diatônicos que reincidem diversas vezes. São eles:

C7sus4 e C7(#11), VIIb7sus4 e VIIb7, procedentes do empréstimo modal do Campo

Harmônico de Ré menor, ambos com função subdominante. Estes acordes inserem-se do segundo ao quarto compassos das partes A e Introdução, na mesma progressão harmônica, da qual ressaltamos o movimento ascendente/descendente do baixo - si - dó - ré - dó - si - dó:

| G/B C7sus4 C7(#11) | D C7sus4 | Bm7 C7sus4 | | IV VIIb7sus4 VIIb7 | I VIIb7sus4 | VIm7 VIIb7sus4 |

Na parte B há este mesmo movimento harmônico, porém, desta vez, sem a presença do acorde C7(#11). Na parte A, este acorde recai sobre a nota fá#, décima primeira aumentada em relação ao acorde; já na parte B, esta nota não ocorre na melodia e há somente o acorde não-diatônico C7sus4:

| G/B C7sus4 | D C7sus4 | Bm7 C7sus4 | | IV VIIb7sus4 | I VIIb7sus4 | VIm7 VIIb7sus4 |

Deve-se observar que a harmonia das partes Introdução, A e B é praticamente a mesma, não havendo diferenças significativas entre estas. O que as difere são dois acordes presentes no A e na Introdução - D/A e C7(#11) - que não se encontram no B. A principal diferença entre estas seções é a melodia.

No primeiro compasso da parte C há o uso de um acorde diminuto como dominante do acorde seguinte. Segundo Sérgio Freitas, o diminuto pode ser visto como um quinto grau sem a fundamental, com sétima e nona menor (FREITAS, 1995, p. 54):

Fig.I.38. Dominante secundário do sexto grau.

Fig.I.39. Acorde diminuto como dominante secundário do sexto grau.

A progressão harmônica da parte C é marcada pela presença de acordes não- diatônicos a partir de seu segundo compasso:

1. | G#m7(b5) A#º | | VIm7(b5)/VI VII°/VI |: Estes acordes traçam relação com Si menor, relativo menor e sexto grau da tonalidade de Ré Maior. A partir da construção dos acordes sobre o Campo Harmônico das escalas de Si menor

melódica e Si menor harmônica, encontramos estes dois acordes respectivamente como sexto grau e sétimo grau.

2. | C7M(#11) B7sus4(b9) B7(b9) | | VIIb7M V7sus4/II V7/II |: Do terceiro ao quinto compassos da parte C acontece esta seqüência de acordes tocada no ritmo abaixo:

Fig.I.40. Ritmo harmônio na parte C.

No compasso seguinte ocorre praticamente a mesma seqüência, desta vez, sem o acorde B7(b9) e com outro ritmo harmônico:

Fig.I.41. Ritmo harmônico na parte C.

O acorde C7M(#11) pode ser considerado um VIIb7M que provém do empréstimo modal da tonalidade homônima menor. Os acordes B7sus4(b9) e B7(b9) podem ser classificados como subdominante e dominante secundárias do segundo grau, V7sus4/II e V7/II, ao mesmo tempo em que desempenham um efeito sonoro de cromatismo, tanto no baixo que alterna-se entre as notas dó e si, quanto no violão tocado na gravação que destaca as notas mi e ré#.

3. O movimento cromático dos compassos anteriores (C7M(#11) e B7sus4(b9)) é concluído no último compasso da parte C, na resolução também cromática no acorde Bb7M(#11), VIb7M, oriundo do empréstimo modal da tonalidade menor que, por sua vez, direciona-se novamente no intervalo de meio tom abaixo, ao acorde A7sus4(b9), quinto grau sus do Campo Harmônico de Ré Maior. Temos, portanto, o movimento cromático descendente dó - si - sib - lá:

| C7M(#11) B7sus4(b9) | Bb7M(#11) A7sus4(b9) |

ESTRUTURA MELÓDICA

Como citamos anteriormente, amelodia de FALSO INGLÊS apresenta frases regulares,

de quatro compassos de duração, exceto na parte C, onde há uma frase de três compassos. Nesta canção, há saltos curtos entre as notas e muitas vezes a melodia caminha em graus conjuntos; o maior salto intervalar é de sexta maior. É predominante o uso de tensões que ressaltam as extensões dos acordes na melodia.

Cada uma de suas partes é caracterizada por um movimento melódico peculiar: • A Introdução e a parte A possuem a mesma melodia, caracterizada por uma

descida em graus conjuntos, seguida de três intervalos de segunda menor, o primeiro ascendente, o segundo descendente e o terceiro ascendente:

Fig.I.42. Melodia da Introdução e da parte A.

• Os três motivos melódicos da parte B apresentam o mesmo movimento descendente/ascendente; o motivo final termina em movimento descendente:

Fig.I.43. Melodia da parte B.

• Na parte Chá uma padrão melódico, composto por um intervalo de segunda (maior, ou menor) ascendente, seguido de uma terça (maior, ou menor) descendente, que ocorre no primeiro e no segundo compassos e, posteriormente, no sexto compasso:

Fig.I.44. Padrão melódico da parte C (primeiro e segundo compassos).

Fig.I.45. Padrão melódico da parte C (sexto compasso).

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Esta é uma canção pop, com fórmula de compasso quaternária. A letra de Fernando Brant é um relato cômico em primeira pessoa, sobre o gosto pela música estrangeira, citando nomes como Paul Anka, Ray Charles, Bob Dylan e Beatles. O personagem, que não entende o idioma inglês, inventa sua própria maneira de cantar imitando a sonoridade desta língua. Deste modo, no final da música, Toninho Horta canta de maneira espirituosa neste idioma inventado.

No arranjo, a dinâmica é linear, havendo maior contraste na parte C, devido a ausência da bateria, que deixa de conduzir e apenas marca a pulsação. A Introdução desempenha o papel de ponte instrumental e é tocada diversas vezes durante a música. Vale destacar o acompanhamento do violão marcado pela atividade rítmica intensa e constante. A guitarra improvisa por traz da melodia, fazendo contracantos e no final da música há um improviso de guitarra dobrado com a voz. Esta canção foi regravada por Toninho Horta nos discos DURANGO KID II (1995) e SOLO AO VIVO (2007).

Ficha Técnica:

violão, guitarras e voz: Toninho Horta vocal: Lena Horta e Glória Bertalot órgão: Wagner Tiso

baixo elétrico: Novelli bateria: Airto Moreira

3.10-T

ERRA DOS

P

ÁSSAROS