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CAPÍTULO 2: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.2 Os alunos

Inicialmente, para a realização da investigação, intencionava-se trabalhar com uma turma inteira de alunos do sexto ano escolar (na escola onde se realizou a pesquisa, por exemplo, uma turma do sexto ano correspondia à quantidade de 35 a 40 alunos). A ideia de se trabalhar com este nível escolar se deu não só pelos anos em que fui docente no mesmo, mas também por entender o quanto é dificultoso para o aluno sair dos anos iniciais do ensino fundamental para os anos finais, devido ao novo contexto que a eles se apresenta: mais de um professor, novas metodologias, várias formas de organização das matérias escolares, diversificados modos de avaliação, sistema de notas diferenciados etc. O outro motivo está relacionado à dificuldade comumente observada nos alunos desse ano de ensino, como: ler e, consequentemente, resolver problemas verbais de matemática, já que, para isso, necessita compreendê-lo e interpretá-lo.

Contudo, ao pensarmos sobre a quantidade de dados que poderiam ser gerados para análise, diante do tempo que é dado (3 anos) para que se finalize o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, optamos por trabalhar com uma pequena amostra de alunos.

Anterior à decisão de diminuir a quantidade dos sujeitos da pesquisa, já havíamos entregue a todos os alunos de uma turma o Termo de consentimento livre e

esclarecido (TCLE) para que seus pais assinassem, autorizando a participação deles na

pesquisa. Para a nossa surpresa, após uma semana de espera, apenas sete alunos nos trouxeram o Termo assinado, delimitando assim a amostra de estudantes que participaram da pesquisa.

Assim, nos horários atribuídos às aulas da disciplina de Língua Inglesa, os sete alunos dirigiam-se ao laboratório de matemática e os demais eram encaminhados à área de lazer e esportiva da escola. É bom lembrar que estamos lidando com crianças com idades de 11 a 12 anos. Sendo assim, houve, para nós, uma preocupação de que, em algum momento, estes alunos não mais desejassem participar dos encontros enquanto seus outros colegas realizavam atividades, que, para eles, eram mais atrativas, como praticar algum esporte. Contudo, isso não ocorreu. Percebemos, a partir de suas posturas/atitudes e de suas falas, que os nossos encontros também se tornaram atrativos para eles. Para efeito de pesquisa, demos aos sete alunos participantes nomes fictícios, como combinado no termo assinado pelos pais, a saber: Alex, Aline, Jânio, Jorge, Jonathan, Marcos e Monalisa.

Alguns desses alunos residiam nas mediações da escola e outros em bairros vizinhos, necessitando do ônibus escolar para deixá-los na escola e, posteriormente, em casa. No geral, as comunidades de que esses alunos faziam parte eram de classe média baixa, localizadas em bairros não considerados perigosos e com áreas de lazer, como praças e espaços para a prática de esportes, além de estabelecimentos que possibilitavam as necessidades básicas serem providas, como: padarias, conveniências, supermercados, posto de saúde, farmácias etc.

Em conversa com a professora de matemática da turma, fomos informados que três dos sete alunos envolvidos na pesquisa tinham dificuldade em matemática. De fato, as notas desses alunos, correspondentes às avaliações dos primeiro e segundo bimestres, não haviam atingido a média escolar (as escolas do estado do Rio Grande do Norte possuem média 6,0) enquanto que os demais alunos haviam conseguido superar esta média.

Outro ponto levantado pela professora foi o comportamento em sala de aula. Os alunos que superaram a média eram considerados com bom comportamento, ou seja, de acordo com essa professora, esses alunos eram aqueles que respeitavam, se postando em silêncio, nos momentos de explicações, dadas por ela, sobre o conteúdo abordado em sala de aula. Os mesmos contribuíam para que a aula caminhasse de forma harmoniosa, auxiliando-a, em alguns momentos, com comentários pertinentes, sem causar, assim, interrupções sem sentido ao bom andamento da aula.

Ainda segundo a docente, dentre os outros três alunos abaixo da média escolar, dois eram considerados pela mesma como aqueles que não queriam nada com a vida, ou seja, eram alunos inquietos em sala de aula, que passavam a maior parte do tempo conversando, interrompendo a aula e atrapalhando, assim, os colegas que queriam prestar atenção à aula. Para a professora, esse tipo de comportamento não estava de acordo com o que a mesma objetivou e planejou para a realização de suas aulas, assim, ela os definiu como alunos mal comportados. O Quadro a seguir sintetiza o envolvimento desses alunos nas aulas normais de matemática:

Quadro 5: Envolvimento dos alunos nas aulas normais de matemática

Alunos Notas acima da média? Bom comportamento?

Alex Sim Sim

Aline Sim Sim

Jânio Sim Sim

Jorge Sim Sim

Jonathan Não Sim

Marcos Não Não

Monalisa Não Não

Fonte: Dados indicados pela professora dos alunos

Este breve perfil escolar contribuiu para que tivéssemos uma noção sobre quem eram os alunos com relação ao comportamento e o aprendizado da matemática, antes da aplicação das atividades geradas em nossa pesquisa. Contudo, durante essa aplicação, a postura desses alunos foi totalmente diferente daquela informada pela professora da turma, surpreendendo-nos. De fato, todos participaram ativamente das discussões. Dependendo do problema, alguns se manifestavam mais do que outros, mas, no geral, todos se motivaram e tentaram contribuir de alguma forma com o que estava sendo discutido.

Em alguns momentos, durante as discussões, os alunos demonstravam, por meio de suas falas, estar satisfeitos com os movimentos discursivos produzidos na sala de aula. Por exemplo, em um dado momento, durante a realização da atividade 9 (Apêndice A, página 291), o professor/pesquisador, ao solicitar que os alunos escrevessem em sua folha de respostas os cálculos realizados, interrompeu assim, por alguns instantes, a continuidade das discussões, alguns deles emitiram certa lamentação, como foi o caso do aluno Alex que disse: “ow professor... Tava tão legal”.

Enfim, tendo o local onde a pesquisa foi realizada e os sujeitos participantes apresentados, descrevemos a seguir o conjunto de atividades produzido para que os alunos o utilizassem durante as discussões e os instrumentos utilizados para a coleta de dados.