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Capítulo II — Metodologia — Estudo 1

3.2 Síntese dos resultados principais

3.2.4 Ambiente de literacia familiar

Relativamente à caracterização do ambiente de literacia familiar foram analisadas as questões relacionadas com a idade e tempo de leitura e escrita e as questões relativas com os materiais e sua acessibilidade.

Quando inquiridos sobre a questão da idade e tempo de leitura e escrita, cerca de metade dos pais (50.7%) começaram a ler para seus filhos antes de um ano de idade e durante o 1o ano de idade, num total de 27.3%. Quanto a escrita das crianças, os pais iniciaram aos 2 anos de idade e aos 3 anos para 37.2% (Tabela 7).

Podemos observar que a maioria dos pais começaram a ler para seus filhos antes do segundo ano de vida.

Nos resultados que indicam quando os pais começam a escrever com e para os filhos, apresentam-se resultados bem diferentes. A maioria dos pais participantes deste estudo afirmam iniciar a partir dos 3 anos de idade (37.2%) e, em seguida, referem a idade de 2 anos (30.3%). Assim, a maioria das crianças entram em contato com a escrita no ambiente de literacia familiar entre os 2 e 3 anos, e com a menor frequência antes do 1o ano de vida (3.3%) e aos 5 anos (4.7%).

O questionário trazia outro aspeto a ser investigado, relativo ao tempo que eles dispensam semanalmente com os filhos para a leitura e escrita. A Tabela 8 traz dados da seguinte questão: “Quanto tempo utiliza por semana em leitura com o vosso filho(a)?”, 40.2% dos pais destinam mais de 1 hora por semana para a leitura com os filhos. Seguem-

se de 21.6% dos pais, que referem dispensar entre 15 a 30 minutos por semana. Os pais que passam entre 30 a 45 minutos e os que destinam entre 45 minuto e 1 hora, apresentaram percentuais iguais, 17.2%. Por último, os pais que indicaram que dedicam menos de 15 minutos por semanais para leitura, 3.8%. Assim como podemos observar na Tabela 8, o tempo de leitura mais assinalado foi mais de 60 minutos (n=117, 40.2%).

No âmbito da escrita, constatamos uma diminuição das percentagens relativas ao tempo semanal que os destinam para criança em comparação com a leitura. Como podemos ver na Tabela 8, 28.4% gastam de 15 a 30 minutos com a escrita. Com muita proximidade de porcentagem vem o segundo grupo de pais que destinam menos de 15 minutos semanais (27.4%). Em terceira posição, vem os pais que dedicam entre 30 a 45 minutos e a quarta e quinta posição vem os pais que destinam mais de uma hora (13.3%), e os que destinam de 45 minutos a uma hora (12.6%).

Ainda no âmbito do tempo de escrita e leitura, os pais foram questionados sobre a frequência com que leem histórias aos seus filhos. Podemos verificar na Tabela 9 que mais da metade dos pais leem todos os dias (50.5%), seguidos pelos pais que leem algumas vezes por semana (41.6%). As percentagens relativas a uma vez por semana foi somente de 6.5%, e os que citaram 1 vez por mês e raramente a percentagem não alcançou 1%. Não houveram pais que afirmassem nunca ler.

Em continuação da questão sobre o tempo de leitura de histórias, foi perguntado aos pais sobre a preferência de livro dos seus filhos. Obtivemos como resposta através da análise de conteúdo que 69.7% dos filhos tinham livros preferidos. Fora também solicitado aos inquiridos que indicassem os livros preferidos dos filhos. As respostas foram sujeitas a análise de conteúdo e, em observação na Tabela 27, há preferência aos livros infantis (e.g., O rato Renato, A Pequena Sereia), seguidamente os livros de Histórias tradicionais (e.g., A Cigarra e a Formiga, Irmãos Grimn) e Enciclopédias/Temático/Religioso (e.g., História de Portugal, Datas Comemorativas, Bíblia). Os que surgem com menor percentagem foram os livros de Atividades Didáticas e Rimas/Lengalengas/Poesias.

Tabela 27. Livros preferidos pelos filhos

Livros Preferidos Frequência Percentagem

Livros Infantis 225 69%

Livros- histórias tradicionais 56 17.2%

Enciclopédias/Temático/Religioso 34 10.4%

Rimas/Lengalengas/Poesias 7 2.1%

Atividades didáticas 4 1.23%

Ainda foram tratadas das questões relativas aos materiais que compõe o ambiente de literacia familiar e a acessibilidade aos mesmos. Neste âmbito os pais foram questionados sobre a existência de canetas, lápis, papel e livros em casa, a quantidade de livros infantis e adultos, a frequência da compra de livros, bem como a utilização do computador para leitura e escrita.

Todos os inquiridos afirmaram que existem canetas, lápis e papeis em casa, sendo que 92.7% dos pais afirmam que seus filhos podem ir buscá-los sozinhos e 7.3% afirmam que seus filhos têm que lhes pedir (pai ou mãe) para utilizar os referidos materiais. Todos os pais afirmam que existem livros para criança em casa. Quanto a acessibilidade dos livros, 96.2% dos casos a criança pode ir buscá-lo sozinha e apenas 3.8% tem de pedir ao pai ou a mãe.

Quanto à quantidade de livros infantis e de adulto, observamos pela Tabela 10 que grande parte da amostra relata a existência de muitos livros infantis em casa, desses 34.3% referem entre 26 a 50 livros —, seguido por 32.2% de pais que referiram que tinham entre 51 a 100 livros, 16.3% afirmaram ter entre 11 e 25; 11.4% referiram ter mais de 100 livros infantis em casa.

A menor percentagem foi dos pais que afirmaram ter de 1 a 10 livros. Não houve pais a citarem não ter livros infantis em casa. Ao estabelecermos um comparativo com a referência aos livros dos adultos, a maior percentagem é a de mais de 100 livros para adultos, porém os pais aparecem com grande proximidade que são os que afirmam ter 26 a 50 livros (19.9%), os que têm entre 51 e 100 (19.5%) e os pais com 11 a 25 livros para adultos em casa.

Percebemos que ao relacionarmos as quantidades de livros infantis, entre 26 a 50 e 51 a 100 era quase o dobro da percentagem de livros adultos, porém quando a quantidade é mais de 100 livros dos adultos chega próximo ao triplo das de livros infantis.

Um outro aspeto que mostramos na Tabela 11, ainda em análise sobre os materiais, foi a utilização do computador por parte dos filhos para as atividades de escrita. Inicialmente verificamos que 90.4% dos pais afirmam ter computador em casa.

Desses pais que afirmaram ter computador em casa, 54.7% das crianças nunca usam o computador para escrever, 30.6% afirmam que seus filhos usam algumas vezes e apenas 2.1% das crianças usam o computador para atividades de escrita.

Como podemos observar na Tabela 28, há presença de dados da amostra onde as crianças utilizam o computador para outras coisas, quando solicitamos aos pais que especificassem as outras formas. Ainda na Tabela 28 podemos observar que os pais referem com mais frequência que os filhos utilizam o computador para jogar, seguido do uso da internet e por último o desenhar/pintar.

Tabela 28. Frequência e percentagem da utilização do computador para ouras coisas

Uso do Computador Frequência Percentagem

Jogar 144 46.3%

Internet (e.g., vídeos, canções)

139 44.7%

Desenhar/Pintar 28 9%

Portanto, na caracterização das práticas e do ambiente de literacia familiar, podemos afirmar que as práticas mais desenvolvidas pelos pais são as práticas de treino, sendo desenvolvidas atividades mais direcionadas para o ensino e treino da leitura e da escrita. Com uma pequena diferença, temos as práticas de entretenimento. Constatamos ainda que os pais inquiridos demonstram pouca valorização das práticas do dia-a-dia.

Além disso, observa-se a predominância por parte dos pais em desenvolverem mais práticas de leitura do que práticas de escrita, sendo que o início desta prática de leitura acontece antes da prática de escrita.

Nos cabe ainda ressaltar que a maior parte dos pais, independentemente dos tipos de práticas, não utilizam o computador como recurso para o desenvolvimento de capacidades vinculadas a escrita.

3.2.5 Relação entre as crenças dos pais sobre a aprendizagem da leitura e a escrita e as