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MEIO AMBIENTE NO SETOR PORTUÁRIO:

MARCOS REGULATÓRIOS E POLÍTICAS SETORIAIS

1981 - Lei nº 6.938 - Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) 1986 - Resolução CONAMA nº 001 - Avaliação de Impacto Ambiental

1997 - Norma Regulamentadora 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

2000 - Lei 9.966 - Controle e Fiscalização de Poluição causada por Lançamento de Óleo 2003 - Decreto nº 4.871 - Planos de Área (PA)

2008 - Resolução CONAMA nº 398 - Plano de Emergência Individual (PEI)

2009 - Portaria SEP/PR nº 104 - Setor de Gestão Ambiental e Saúde do Trabalho nos Portos e Terminais Marítimos

2011 - Portaria MMA nº 424 - Regularização Ambiental de Portos e Terminais Portuários 2011 - Portaria Interministerial nº 425 - Programa Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental Portuária (PRGAP)

2012 - Resolução ANTAQ nº 2.650 - Índice de Desempenho Ambiental (IDA)

2013 - Decreto nº 8.127 - Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo 2013 - Lei 12.815 - Lei dos Portos

2014 - Portaria SEP/PR nº 003 - PNLP, Planos Mestres, PDZ e PGO 2016 - Diretrizes Socioambientais do MTPA

2018 - Política Nacional de Transportes (PNT)

Figura 63 – Linha do tempo dos principais marcos regulatórios de meio ambiente relacionados à atividade portuária

Elaboração: LabTrans/UFSC (2019)

Com a virada de milênio e o aumento da preocupação com o meio ambiente, novas políticas relacionadas à temática socioambiental foram criadas. Uma das primeiras medidas implementadas diz respeito à resposta à poluição marítima, através do Decreto nº 4.871/2003, que estipula o combate à poluição por óleo em águas de jurisdição nacional através da instituição dos Planos de Áreas (BRASIL, 2003b). Dez anos depois, visando reforçar a prevenção e a remediação de incidentes ambientais por óleo, editou-se o Decreto nº 8.127/2013, instituindo o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo (BRASIL, 2013d).

Entre 2009 e 2011, a inserção das questões socioambientais no ambiente portuário ganhou maior obrigatoriedade por via de portarias emitidas pela então SEP/PR e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). As portarias dissertam sobre a estruturação de Setor de Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde no Trabalho (BRASIL, 2009a), a elaboração do PDZ (BRASIL, 2009b), a instituição do Programa Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental Portuária (PRGAP) (BRASIL, 2011c) e dos

procedimentos específicos para a regularização de portos e terminais portuários por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) (BRASIL, 2011a).

Já em 2013, a exploração de Portos Organizados e de instalações portuárias direta e indiretamente pela União foi alterada pela Lei nº 12.815/2013 (BRASIL, 2013e), informalmente conhecida como Lei dos Portos, posteriormente regulamentada pelo Decreto nº 8.033/2013 (BRASIL, 2013c). Entretanto, a política de exploração portuária foi novamente atualizada em 2017, transferindo o Poder Concedente da então SEP/PR ao então MTPA, por meio do Decreto nº 9.048/2017. Como resultado, à época, a SEP/ PR transformou-se em SNP (BRASIL, 2017c).

Além de definir novas regras de exploração, a Lei dos Portos regula, dentre outras providências, os aspectos ambientais influenciados pelo Programa Nacional de Dragagem (PND), no âmbito dos portos e hidroviária (BRASIL, 2015c). O então Ministério dos Transportes (MT) e a então SEP/PR foram os órgãos federais responsáveis pela execução do programa, que objetivou tanto a realização de monitoramentos ambientais e o gerenciamento da execução das obras e serviços de engenharia de dragagem quanto as obras de ampliação, manutenção e sinalização de hidrovias e acessos portuários (BRASIL, 2013e).

Outro marco importante para o avanço na introdução de medidas de cunho socioambiental nas atividades portuárias, também ocorrido em 2013, foi a elaboração do Guia de Boas Práticas Portuárias pela então SEP/PR, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG). No documento são indicadas as diretrizes relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos nos portos brasileiros, bem como do monitoramento da fauna sinantrópica nociva (ratos, pombos, insetos e outros animais) nos complexos portuários (BRASIL, 2014d). Como os portos brasileiros possuem características operacionais, logísticas e ambientais distintas, a partir do guia foram criados 22 manuais de boas práticas portuárias, condizentes com as especificidades de cada porto (BRASIL, 2014e).

Além disso, a integração entre a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico portuário passou a ter maior notoriedade no início de 2014, com a publicação da Portaria SEP/PR nº 3/2014, que estabelece diretrizes para a elaboração e a revisão dos instrumentos de planejamento do setor portuário, a saber: PNLP, Planos Mestres, PDZ e PGO (BRASIL, 2014e).

No ano seguinte foi publicada a Portaria Interministerial nº 60, de 24 de março de 2015, que revogou a Portaria Interministerial nº 419/2011 (BRASIL, 2011b), tendo como objetivo a otimização da atuação de órgãos públicos federais em processos de licenciamento ambiental competente ao Ibama (BRASIL, 2015b). No mesmo cenário, os critérios mínimos para elaboração de EVTEAs foram estabelecidos como obrigatoriedade para a aprovação de licitação de obras portuárias de grande vulto pela Secretaria de Infraestrutura Portuária (SIP) da então SEP/PR, visando ao desenvolvimento dos processos administrativos ambientais (BRASIL, 2015h).

Além dos marcos regulatórios e políticas setoriais já apresentados, a melhoria da gestão nos aspectos ambientais e de segurança aquaviária do ambiente portuário vem sendo realizada desde 1999 pela ANTAQ, por meio da Agenda Ambiental e de Segurança Aquaviária. A agenda, publicada anualmente, estabelece um processo contínuo e diligente de avaliação e assistência à melhoria da gestão, com base no diálogo entre a equipe de meio ambiente da ANTAQ e as Autoridades Portuárias e outros atores envolvidos (ANTAQ, 2016a). A promoção da gestão socioambiental do setor portuário passa pelos principais produtos a serem obtidos pela última agenda publicada, apresentados a seguir:

»

» aperfeiçoar o desenvolvimento e o uso sustentável da área portuária e retroportuária; »

» atuar para que o setor cumpra os regramentos ambientais previstos em lei, inclusive com boas práticas nesse campo;

»

» avaliar, por meio de monitoramentos contínuos, a gestão ambiental nas instalações portuárias e dos prestadores de serviço de transporte aquaviário;

»

» divulgar os resultados (sites, revistas, panorama aquaviário); »

» propor e incentivar melhorias na gestão por meio de partilha de boas práticas (ANTAQ, 2016a).

Ainda em 2016, o então MTPA elaborou uma série de Diretrizes Socioambientais, com o objetivo de evoluir na inserção dessa variável no setor de transportes, incluindo o transporte hidroviário e marítimo, além da infraestrutura portuária (BRASIL, 2016g). O documento fixa dez diretrizes principais relacionadas a eixos temáticos distintos que, combinados, norteiam planos, políticas e programas setoriais alinhados aos princípios da responsabilidade socioambiental e conformidade ambiental (BRASIL, 2016g). A Figura 64 apresenta as áreas temáticas e as Diretrizes Socioambientais correspondentes.

ÁREA TEMÁTICA

DIRETRIZ

Fortalecer o acompanhamento, avaliação e participação na elaboração das políticas públicas, planos e programas intersetoriais na interface socioambiental dos transportes.

Garantir a inserção da variável socioambiental no planejamento de transporte.

Estabelecer, implantar e manter ações de gerenciamento socioambiental no MTPA e vinculadas.

Garantir a inserção das questões relacionadas à mudança do clima na infraestrutura de transportes.

Promover articulação interinstitucional para o desenvolvimento de políticas e ações relacionadas a acidentes e desastres.

Promover a melhoria da qualidade dos projetos e estudos socioambientais. Estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à sustentabilidade socioambiental dos sistemas de transportes, divulgando os resultados e promovendo o aproveitamento desses.

Políticas Públicas e Planejamento Intersetorial

Avaliação Ambiental no Planejamento de Transportes

Gestão Socioambiental Mudança do Clima Gestão de Riscos

Projetos e Estudos Socioambientais Pesquisa em Tecnologia e Inovação Comunicação Socioambiental

Licenciamento Ambiental e Autorizações Específicas

Gestão de Desapropriação e Reassentamento

Aperfeiçoar a divulgação e discussão da questão socioambiental na política, planos, programas e projetos do MTPA e vinculadas junto ao público e a grupos de interesse.

Manter o contínuo aperfeiçoamento dos processos no licenciamento ambiental em empreendimentos de transportes.

Fortalecer a gestão dos processos de desapropriação, reassentamento e áreas com restrição de uso, de forma a dar maior celeridade e segurança jurídica aos empreendimentos de transporte, assegurando os aspectos socioambientais.

Figura 64 – Eixos temáticos e Diretrizes Socioambientais do então MTPA

Fonte: Brasil (2016g). Elaboração: LabTrans/UFSC (2019)

Já em 2018, dando sequência às iniciativas de implementação de planos e políticas setoriais no setor de transportes, o então MTPA emitiu a Portaria nº 235/2018 (BRASIL, 2018s) que regulamentou a Política Nacional de Transportes (PNT) enquanto documento base de planejamento (BRASIL, 2018r). A PNT fixa diretrizes, princípios e estratégias governamentais a serem aplicadas nos diferentes modais que compõem a matriz de transportes brasileira, objetivando o fomento à maior articulação institucional entre os órgãos intervenientes do setor. O documento, além de enfatizar a necessidade de consonância do planejamento com as Diretrizes Socioambientais acima citadas, propõe, dentre outras, as seguintes ações estratégicas governamentais para o setor portuário:

»

» promover a sustentabilidade ambiental dos portos; »

» fomentar o zoneamento das áreas portuárias, considerando a interação das atividades com o meio ambiente; »

» propiciar a estruturação/consolidação dos setores de gestão ambiental, segurança e saúde no trabalho; »

» adequar os portos à legislação ambiental; »

» capacitar colaboradores dos portos em gestão ambiental e segurança e saúde no trabalho; »

» viabilizar a certificação ambiental nos portos (BRASIL, 2018q).

Em 2019, a partir da publicação da Agenda Ambiental 2018/2019 da ANTAQ inserem-se como indicativos para o setor portuário o incentivo à adoção de boas práticas e a implementação e manutenção de processos contínuos de monitoramento da gestão ambiental em terminais e prestadores de serviços (ANTAQ, 2019a). Além disso, o documento insere a pauta da adaptação às mudanças climáticas como uma ação estratégica da entidade.

Diante desse cenário de evolução dos marcos regulatórios e formulação de políticas governamentais integradas, pode-se afirmar que as questões socioambientais vêm sendo inseridas de forma consistente e gradativa em resposta aos novos desafios impostos pelo desenvolvimento do setor de transportes.