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O PIB é um dos principais indicadores da economia de uma unidade político-administrativa, em esfera nacional, estadual ou municipal. A relação entre a atividade portuária e o PIB é relevante, uma vez que essa atividade econômica tem impacto sobre a geração de riqueza do setor de Transporte, armazenagem e correios, interno a um dos quatros grandes setores componentes do PIB, o setor de Serviços.

A análise foi realizada por meio da utilização dos números do PIB per capita, uma vez que a dinamicidade da economia municipal é influenciada pela magnitude dos municípios, o que acarreta variação da disponibilidade de mão de obra, do mercado consumidor e da sua colocação nos mercados nacional e internacional. Como exemplo dessa relação, os municípios com população acima de 100 mil habitantes tendem a ter o setor de serviços como principal componente do PIB, em geral, com arrecadações acima de R$ 1 bilhão. Dentre as cinco cidades com maior participação do setor de serviços no PIB nacional, destaca-se a cidade portuária de Mangaratiba, com 84% do PIB relacionado ao setor (ALMEIDA, 2018).

O Gráfico 33 relaciona a média do PIB per capita dos municípios portuários em relação aos municípios não portuários brasileiros.

Sem instalação portuária Com instalação portuária

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Sem instalação portuária Com instalação portuária

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000

Por meio da relação estabelecida, nota-se que a média do PIB dos municípios portuários é mais alta que a dos demais municípios no período analisado. Essa diferença é mais notável, principalmente, a partir de 2008, chegando a 186% a mais para a média atribuída aos municípios portuários em 2014.

Dessa forma, foi estabelecida uma relação entre a média do PIB per capita municipal dos municípios portuários e a média da movimentação de cargas portuárias nesses mesmos municípios. O Gráfico 34 indica essa relação.

Verifica-se que tanto a movimentação média dos municípios analisados quanto a média do PIB per capita apresentaram variações semelhantes no período de 2002 a 2016. Nos períodos de maior crescimento, como 2010 e 2011, o comportamento de ambos os dados ocorre de forma semelhante, assim como a partir de 2014, quando é verificado um decréscimo em ambas as variáveis. Por sua vez, o indicador de correlação entre as variáveis foi de 0,92, representando convergência nos dados ao longo do tempo.

Empregos

A geração de empregos por um setor econômico é uma das contribuições socioeconômicas de suas atividades para a população de um município. Sendo a atividade portuária uma prática representativa para a formação econômica do País, como indicado nas seções 8.2.3.1 e 8.2.3.2, os resultados de postos de trabalho relativos a essa atividade são de pertinente análise.

Para tanto foi realizada uma consulta aos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do ano de 2017, relativos à seção H da Comissão Nacional de Classificação (CONCLA) (IBGE, c2019a) que compreende o setor de Transporte, armazenagem e correio. Internas a esse setor, encontram- se na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) a divisão 504, grupo referente aos trabalhadores do transporte aquaviário, bem como a divisão 525, que diz respeito aos trabalhadores que desempenham funções de armazenamento e atividades auxiliares dos transportes.

No Gráfico 26 indica-se a evolução do índice de trabalhadores aquaviários e portuários no Brasil em relação a outros setores econômicos.

Movimentação média Média do pib per capita

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 - 500.000.000 1.000.000.000 1.500.000.000 2.000.000.000 2.500.000.000

Gráfico 34 – Comparação da média do PIB per capita com a média da movimentação dos municípios portuários

Fonte: IBGE (c2017b, 2019b) e Comex Stat (2019) Elaboração: LabTrans/UFSC (2019)

4 Dentro da Divisão 50 da seção H da CNAE, que se refere ao transporte aquaviário, foram analisados os grupos; 501 – Transporte

marítimo de cabotagem e longo curso; 502 – Transporte por navegação interior; 503 – Navegação de apoio; e 509 – Outros transportes aquaviários (IBGE, c2019b).

5 Dentro da Divisão 52 da seção H da CNAE, de armazenamento e atividades auxiliares dos transportes, foi analisado o grupo 523 –

Atividades auxiliares dos transportes aquaviários, especificamente as classes 5231-1 – Gestão de portos e terminais, 5232-0 – Atividades de agenciamento marítimo e 5239-7 – Atividades auxiliares dos transportes aquaviários não especificados anteriormente (IBGE, c2019c).

Destaca-se o crescimento superior dos trabalhadores do setor portuário a partir de 2008 em relação aos demais setores, com maior representatividade a partir de 2013. As cidades portuárias caracterizam-se como pontos de atração de fluxos migratórios, como indicado na seção 8.2.3.1, dessa forma, pode-se inferir que tal fenômeno ocorre também em virtude do seu potencial de geração de empregos.

Com relação ao perfil do trabalhador portuário brasileiro, novamente foram realizadas consultas aos dados da RAIS de 2017 relativos à seção H, divisões 50 e 52. Destaca-se que foram analisados os municípios portuários que abrigam os Portos Organizados no País. A Figura 81 indica o perfil analisado.

No que tange à faixa etária que compreende a maior parte dos trabalhadores, de forma geral, a média brasileira indica que a maioria deles têm idade entre 25 e 49 anos. A representatividade masculina nos empregos do setor também é relevante, sendo 85% do total de trabalhadores homens. Com relação à remuneração, a média nacional indica que pouco mais da metade dos trabalhadores recebem a faixa salarial acima de três salários mínimos. Já a escolaridade dos trabalhadores do setor é, em média, alta, uma vez que 78% dos trabalhadores possuem ensino médio completo ou grau superior.

Gráfico 35 – Evolução do mercado de trabalho por número índice

Fonte: Brasil (2019a). Elaboração: LabTrans/UFSC (2019)

Outros setores Setor portuário - 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

*A média nacional refere-se apenas aos municípios brasileiros que abrigam Portos Organizados

PERFIL DOS TRABALHADORES AQUAVIÁRIOS

25 a 49 anos

69%

IDADE

Acima de 3 salários mínimos

51%

RENDA

Homens

85%

SEXO

Ensino médio completo ou grau superior

78%

ESCOLARIDADE

Municípios Portuários*

Figura 81 – Perfil dos trabalhadores portuários brasileiros