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1.2. A cozinha como ambiente de socialização

1.2.4. Ambientes Reduzidos: Problemática e Cenário

Os apartamentos em tamanho reduzidos começaram a ser elaborados nos Estados Unidos, a partir da adaptação dos hotéis a funções residenciais, num momento em que a cidade de Chicago e Nova York se encontravam em constante e intenso processo de metropolização verticalizada. Tinham como característica a oferta de serviços complementares a habitação como restaurantes, áreas de convívio e lazer, lavanderias, entre outros; e a miniaturização dos espaços internos, como a cozinha por exemplo, que foi reduzida a ponto de se limitar a um equipamento, que concentrava fogão, geladeira, pia e armário. (COHEN, 1995, p. 56).

Jean Louis Cohen (1995) afirma que esses tipos de apartamentos inspiraram um dos primeiros projetos de Le Courbusier (1887 – 1965), que foi concebido em resposta a um Grupo de Habitação Franco-Americano que buscava construir edifícios cooperativa que oferecessem a seus habitantes todas as vantagens de um hotel de primeira classe com as características de um apartamento privado no qual pudessem se sentir perfeitamente em casa.

De acordo com o mesmo autor, tal oferta de serviços coletivos nos edifícios ocasionou a miniaturização dos espaços internos, como lavanderia e cozinha, por exemplo, até mesmo na eliminação de alguns espaços como recepção, sala de visitas, sala de jogos, sala de tv e afins. Diminuindo assim a área total dos apartamentos, e consecutivamente tornando possível a construção de um numero maior de unidades habitacionais.

Em razão da preocupação excessiva com os lucros imobiliários, arquitetos e engenheiros são induzidos e influenciados a buscar soluções projetuais na construção destes apartamentos, ocasionando uma diminuição gradativa do tamanho das plantas destes imóveis. Nesses casos, os apartamentos têm áreas projetadas com dimensões absurdamente pequenas, além de as relações entre largura e comprimento dos ambientes serem inadequadas ao funcionamento dos espaços e a uma boa distribuição do mobiliário. (ELIAS, 1995).

A falta de espaço em especial nos locais de produção, acentuam os desajustes entre usuário-ambiente, podendo levar a constrangimentos físicos e mentais. (SUMARWAN apud MAFRA, 1996).

No quis diz respeito ao cenário de ambientes reduzido, Costa at. al. (2003) afirmam que:

A funcionalidade de um ambiente está vinculada ao seu arranjo físico. Definido a partir das atividades que se processam nos locais onde será implantado pode viabilizar a melhor adaptação do mobiliário e dos objetos do cotidiano da casa aos espaços, favorecendo assim, o desenvolvimento das atividades pelos usuários. Sendo a forma como o espaço está organizado para atender as necessidades dos usuários, o arranjo físico colabora com a qualidade habitacional. Nos espaços reduzidos torna-se muito importante e possibilita, ou não, o uso de forma mais diversificada destes locais onde, geralmente, precisa-se adotar a verticalização das áreas de trabalho. (COSTA; MACIEL; MONTE; MARTINS; SOARES. 2003, Pag. 03).

Ainda sobre os problemas acerca dos ambientes reduzidos, é correto afirmar que a compra dos imóveis pelos usuários, muitas vezes, não se adequa a suas realidades e necessidades. Pois a maioria dos imóveis são lançados no mercado sob o ponto de vista do construtor, e com as absurdas normas para o dimensionamento mínimo das Leis Municipais. Porém o grande atrativo para a escolha destes tipos de moradias é devido ao status que o mesmo pode proporcionar, sem deixar de considerar sua localização e o seu entorno. (COSTA; MACIEL; MONTE; MARTINS; SOARES. 2003).

1.2.4.1. Normas e dimensionamentos mínimos de compartimentos, áreas e vãos de acordo com a Lei de Edificação

A especulação financeira do solo junto com a evolução das habitações, são alguns dos motivos para a promoção da fiscalização e controle das construções residenciais e comerciais nas áreas urbanas das cidades. As primeiras normas em relação ao uso do solo surgiram com o objetivo de uniformizar dentro das regras estéticas da época, as construções importantes no contexto urbano. (MONTE, 2006 apud TOLEDO 2002).

Decorrente do péssimo estado que se encontrava quadro habitacional do Brasil, por volta de 1980, era notória a carência de moradias e as condições precárias de habitação nas pequenas moradias proletárias. É neste período que pela primeira vez os programas habitacionais passam a ser uma das preocupações das questões legais sobre dimensões mínimas dos cômodos. (LEMOS, 1989).

Monte (2006 apud Toledo 2002) afirma que o Código de Obras e Edificações tem por objetivo por objetivo estabelecer normas técnicas para a execução dos variados tipos de construção. Porém ao elaborar seu código, o município deverá levar em consideração as características e os problemas locais adaptando-os a sua realidade.

Segundo o Art. 59, cap. VII do item “Modelo de Projeto de Lei”, os compartimentos de uma residência são classificados da seguinte maneira: cômodos destinados ao preparo ou consumo de comidas (cozinha) e ambientes de repouso, são classificados como espaços de permanência prolongada. Os demais ambientes: lavabos, banheiros, depósitos e circulações, são denominados como compartimento de utilização transitória.

O Modelos e Códigos de Obras, em seu Art. 25 e Art. 26, cap. VI, no item: “Modelo de Regulamento Proposto, dimensões e áreas mínimas propostas a partir do seu uso”, recomenda que nos espaços de permanência prolongada, salvo a cozinha, que deverão ter uma área mínima de 9,00 m², de forma que permita a inscrição de um círculo de diâmetro de 2,00m em qualquer região do piso.

Neste mesmo artigo do MCO, determina que os ambientes de permanência transitória deverão ter área útil de 1,50 m², além de destacar a área mínima para cozinhas de 6,00 m².

1.2.4.2.1. Dimensões Mínimas permitidas pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Caruaru

Afim de tentar compreender e solucionar o problema de falta de espaço que as atuais edificações estão apresentando, os presentes parágrafos tem por finalidade

deixar fixar e deixar claro as dimensões mínimas que devem ser seguidas para a elaboração de projetos.

Diversos são os requisitos, artigos e códigos que devem ser levados em consideração para qualquer projeto de interiores residenciais ou comerciais, visto que neste apenas os de áreas residenciais serão levados em conta, estes com as dimensões mínimas permitidas pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Caruaru (o mesmo que segue anexado ao final deste estudo) são as seguintes:

 No que diz respeito a circulação de corredores em edificações, de acordo com a Subsecção I da circulação horizontal, os corredores deverão ter uma largura mínima de 0,80m para casas populares e 0,90m para casas residenciais, e deverão ter um pé-direito mínimo de 2,30m;

 Ao se referir a salas e dormitórios, na subsecção III, art. 249, os mesmos devem possuir uma área mínima de 8,00 m², de tal forma que permita traçar em seu piso um circulo com um raio mínimo de 1,30m, e possuir um pé direito de no mínimo 2,60m, salvo nos casos especiais

 Na subsecção IV, art. 254 apresenta as normas para os sanitários, estes que devem seguir requisitos nos quais sejam dotados de piso impermeável e liso e disporem de ralo para escoamento da água, possuir paredes com azulejo ou material similar adequado até uma altura mínima de 1,50m, ter o pé-direito de 2,60m, possuir uma área mínima de 3,00m² (na qual permita inserir um circulo com raio de 1,30m no mínimo), os box do chuveiro devem possuir dimensão mínima de 0,80m x 0,80m

.

1.2.4.2.2. Cozinhas

Para a elaboração do projeto que será desenvolvido após este estudo, afim de solucionar a questão do ambiente reduzido e seu uso por pessoas idosas, é necessário estar ciente das dimensões mínimas permitidas pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Caruaru para a utilização de uma cozinha, que estão citadas a seguir:

“SUBSECÇÃO IV

Dos compartimentos de Serviços

Art. 250 As cozinhas deverão satisfazer as seguintes condições:

I- Ter área mínima de 4,00m² (quatro metros quadrados);

II- Ter forma tal que permita traçar em seu piso um circulo de raio mínimo de 0,80m (oitenta centímetros); III- Ter o pé-direito mínimo de 2,60m

(dois metros e sessenta centímetros). Art. 251 Nos apartamentos que tiverem apenas uma sala, um dormitório e um banheiro, será permitido um compartimento destinado a cozinha com área mínima de 3,00m² (três metros quadrados).

Art. 252 As cozinhas deverão também atender as seguintes condições:

I- Não se comunicarem diretamente com compartimentos que sirvam de dormitórios, WC e banheiro;

II- Ter piso impermeável incombustível, liso e dotado de ralo, de modo a permitir fácil lavagem;

III- Ter forro de material incombustível; IV- Utilizar esquadrias que, mesmo

fechadas, garantam ventilação permanente.

Art. 253 As copas deverão satisfazer as seguintes condições:

I- Ter área mínima de 4,00m² (quatro metros quadrados);

II- Ter forma tal que permita traçar em seu piso um circulo de raio mínimo de 0,80m (oitenta centímetros); III- Ter o pé-direito mínimo de 2,60m

(dois metros e sessenta centímetros). § 1º Nas copas e cozinhas conjugadas deverão prevalecer as condições peculiares destas.

§ 2º Em qualquer circunstancia, os pisos da copa deverão ser lisos, laváveis e impermeáveis.” (Código de Obras e Edificações da cidade de Caruaru, p. 55).