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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN. Mariana Bezerra Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

Mariana Bezerra Silva

IDOSOS E AMBIENTES REDUZIDOS: o design de interiores em uma cozinha de dimensões mínimas permitidas pelo código de obras e edificações da cidade

de Caruaru - PE

Caruaru 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

Mariana Bezerra Silva

IDOSOS E AMBIENTES REDUZIDOS: o design de interiores em uma cozinha de dimensões mínimas permitidas pelo código de obras e edificações da cidade

de Caruaru - PE

Projeto de Monografia apresentado ao curso de Design da Universidade Federal de

Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, como requisito para a avaliação da disciplina de Projeto de Graduação em Design.

Orientador: Bruno Barros

Caruaru 2014

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-124

S586i Silva, Mariana Bezerra.

Idosos e ambientes reduzidos: o design de interiores em uma cozinha de dimensões mínimas permitidas pelo código de obras e edificações da cidade de Caruaru - PE. / Mariana Bezerra Silva. - Caruaru: O Autor, 2014.

127f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2014.

Inclui referências bibliográficas

1. Cozinhas. 2. Idosos. 3. Decoração de interiores. 4. Projetos. 5. I. Barros, Bruno Xavier da Silva. (Orientador). II. Título

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2014-195)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE

GRADUAÇÃO EM DESIGN

MARIANA BEZERRA SILVA

IDOSOS E AMBIENTES REDUZIDOS: o design de interiores em uma cozinha de dimensões mínimas permitidas pelo código de obras e edificações da cidade

de Caruaru - PE

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera a aluna MARIANA BEZERRA SILVA

APROVADA

Caruaru, 18 de agosto de 2014.

Profº. Bruno Xavier da Silva Barros

Profª. Elzani Rafaela Ferreira de Almeida Sobral

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Aos meus pais José Edimar Silva e Maria Emília Bezerra, cujo amor e dedicação me fizeram chegar até aqui e me tornar esta pessoa que sou.

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Agradecimentos

Ao meu Deus, a Ele toda a glória e louvor, a Ele que me deu o dom da vida e o dom da sabedoria, acima de tudo á Ele esta vitória.

A minha mãe Maria Emília Bezerra, minha rainha, por seu imensurável amor e dedicação, por sua garra e determinação para realizar mais uma etapa da minha vida.

Ao meu pai José Edimar Silva, meu herói, por todo carinho, amor e companheirismo dedicados a mim enquanto estive ausente e presente para concluir esta etapa. A minhas irmãs Adriana Bezerra Silva e Edimailza Bezerra Silva, por todos os momentos compartilhados e por todo amor que sentem por mim.

Aos meus amigos e pessoas queridas, pelas alegrias e angustias divididas, que me ajudaram de alguma forma, que torceram para minha chegada até aqui, que compreenderam minha ausência para a realização deste trabalho e pelos momentos divididos.

Ao meu orientador, professor Bruno Barros, por ter acreditado em meu potencial, pelo incentivo, pela sua atenção e dedicação, por cada dúvida esclarecida e por cada ensinamento a mim passado para a realização deste projeto.

Aos meus professores mestres e doutores desta caminhada, por todo o conhecimento a mim passado durante o percorrer deste caminho.

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RESUMO

A presente pesquisa tem como principal objetivo o desenvolvimento de um projeto de mobiliário e ambientação de cozinha com dimensões mínimas permitidas pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Caruaru – PE, para a utilização do público idoso. A escolha deste ambiente se deu pelo fato de ser utilizada por pessoas de todas as faixas etárias, pela diversidade de atividades e usuários, manipulação de equipamentos, circulação entre outros. Tudo isto se torna um desafio ergonômico ainda maior, no que diz respeito a um espaço com dimensões mínimas. E para isto se faz necessária a elaboração de um projeto específico para a utilização das pessoas idosas, pois o idoso apresenta dificuldades potencializadas e necessita de um ambiente no qual sinta uma maior autonomia e consequentemente trará uma melhoria na qualidade de vida A pesquisa se dá inicialmente explanando as primeiras habitações coletivas existentes, passando pela problemática dos ambientes de tamanho reduzido. Aborda também um breve histórico da cozinha, os layouts existentes, e as considerações para o planejamento e realização de um projeto de interior. Em um segundo momento, o estudo trás a temática da fisiologia do idoso, com as dificuldades e problemas físicos que surgem com o envelhecimento, para haver um melhor entendimento de como funciona o organismo do idoso diante destas alterações. Por fim, é mostrado as metodologias adotadas para a elaboração do projeto de uma cozinha com dimensões mínimas segura pra este tipo de público e os demais, partindo dos princípios do Design Universal, apresentando um projeto com layout funcional, ergonômico e acessível para todos.

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ABSTRACT

This research aims to develop a project of kitchen furniture with minimum dimensions allowed by city code Caruaru Works and Buildings - EP, for the use of elderly public. The choice of this environment was due to the fact that it is used by people of all age groups, the diversity of activities and users, equipment manipulation, movement among others. All this becomes even more ergonomic challenge with respect to a space with minimum dimensions. And for this it is necessary to draw up a specific project for the use of the elderly because the elderly presents potentiated difficulties and requires an environment in which there is a greater autonomy and consequently bring an improved quality of life Research initially gives explaining the first existing tenements, through the issue of small size environments. Also discusses a brief history of the kitchen, the existing layouts, and considerations for planning and execution of an interior design. In a second step, the study of the physiology behind the theme of the elderly, with the difficulties and physical problems that come with aging, to be a better understanding of how the body works the elderly before these changes. Finally, it is shown the methodologies adopted to prepare the design of a kitchen with safe minimum dimensions for this type of audience and the other, based on the principles of Universal Design, featuring a design with functional, ergonomic

and affordable for all layout.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 11

JUSTIFICATIVA ... 12

ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 13

OBJETO DE ESTUDO ... 15

ENTENDENDO A HABITAÇÃO HUMANA ... 16

1.1. A Habitação e sua Evolução no cenário Brasileiro ... 16

1.1.1. As primeiras habitações coletivas... 18

1.1.2. A Habitação Verticalizada ... 20

1.2. A cozinha como ambiente de socialização ... 22

1.2.1. A Evolução Histórica da Cozinha ... 23

1.2.2. Estilos e Características de cozinhas... 29

1.2.3. Recomendações da Antropometria para o Desenvolvimento de uma Cozinha .... 34

1.2.4. Ambientes Reduzidos: Problemática e Cenário ... 44

SEÇÃO 2 | ... 49

O IDOSO COMO USUÁRIO ... 49

2.1. Idosos e Estilo de Vida: hobby, trabalho, turismo e lazer ... 49

2.2. Fisiologia do Idoso ... 51

2.2.1. O Idoso e seus 5 sentidos sensoriais... 51

2.2.2. Sistema Vestibular ... 53

2.2.3. Sistema Muscular ... 55

2.2.4. Sistema Ósseo ... 56

2.3. O Idoso no ambiente Ambiente Residencial ... 57

2.3.1. O USO DA COZINHA PELO IDOSO ... 58

SEÇÃO 3 | ... 64

O DESIGN DE INTERIORES, DESIGN UNIVERSAL E ACESSIBILIDADE ... 64

3.1. Componentes a serem considerados para elaboração de projetos de interiores ... 64

3.1.2. Considerações Elétricas e Hidráulicas ... 65

3.1.3. Caracterização dos componentes arquitetônicos ... 67

3.1.4. O processo de seleção e especificação de materiais ... 74

3.1.5. Adequação acústica ... 76

3.1.6. Seleção e Aplicação de cores ... 78

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3.2.1. Design Universal x usabilidade x adaptações ... 85

SEÇÃO 4 | ... 91

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS ... 91

4.1. Metodologia Projetual Adotada: Design de Interiores... 91

4.1.1. Metodologia de Design de Interiores segundo Gurgel (2013) ... 91

4.1.2. Metodologia de Design de Interiores segundo Ching e Binggeli ... 96

4.1.3. Metodologia de Design de Interiores segundo a Associação Brasileira de Design de Interiores e Arquitetura ... 99

4.2. Considerações a respeito de Gurgel, Ching e Bingelli e da ABDIA para projeto de uma cozinha ... 101

SEÇÃO 5 | ... 104

APREENTAÇÃO E DISCUÇÃO DE RESULTADOS ... 104

5.1. Apresentação da alternativa ... 104

5.1.1. Planta baixa e Layout ... 105

5.1.2. Detalhamento técnico ... 109

5.2.1. Cortes, elevações e detalhes ... 109

Seção 6 | ... 115

Conclusões e Considerações Finais ... 115

6.3. Conclusão a respeito do Código de Obras e Edificações identificado e Projeto elaborado ... 117

6.4. Sugestão para estudos posteriores ... 120

REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS ... 121

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INTRODUÇÃO

Sabe-se que a procura pelo espaço urbano e o número de habitantes aumentou gradativamente nos últimos tempos e, como alternativa para solucionar este problema de espaço nas grandes cidades, aplicou-se uma maior quantidade de construções de edifícios residenciais, e diminuição dos espaços internos destes apartamentos. (RODRIGUES, 1998).

Este atual contexto, que está inserido a construção civil, dificulta a qualidade de vida dos possíveis moradores, neste caso de estudo um idoso; comprometendo sua saúde e desempenho para realizar tarefas simples e cotidianas.

Neste caso, para que o design de interiores e mobiliário esteja apto a esta nova realidade de moradia para um idoso, é importante identificar quais são as características físicas e limitações dessas pessoas com idade mais avançada, além de levar em conta aspectos espaciais, ergonômicos, práticos, estéticos e funcionais.

Admite-se, inicialmente, que para um melhor aproveitamento do espaço nos ambientes deste tipo de imóvel, se faz necessário a elaboração de um estudo e um projeto de interior adequado para uma pessoa idosa, com um layout de móveis atrativo e funcional, respeitando todas as normas e limitações necessárias, e que se faça ser uma ambiente pequeno, acessível, além de aconchegante.

Os designers de interiores estão lidando cada vez mais com ambientes reduzidos ao ponto de encontrar dificuldade em propostas ergonomicamente adequadas para a utilização de pessoas idosas, esse desafio se mostra na construção de apartamentos que chegam a ter um total de 37 m² ou até menos.

Para tanto é necessário pesquisar formas e projetos que se alinhem a essa nova tendência visando a separação harmônica e funcional de todos os ambientes internos, afim de buscar uma melhor solução para esse problema de espaço para a utilização de toda e qualquer pessoa independente de sua faixa etária.

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JUSTIFICATIVA

As limitações físicas dos idosos, combinadas a um ambiente não adaptado, aumentam o risco de acidentes domésticos e produzem um efeito negativo na qualidade de vida do idoso.

O idoso vive inúmeras situações de risco e inseguranças em suas moradias, relacionadas a projetos inadequados, que desconsideram as mudanças por que passam os indivíduos ao longo de sua vida. Entre os locais da casa com o maior índice de acidentes está a cozinha. (SÂMIA, 2008).

As dificuldades e os obstáculos encontrados neste tipo de ambiente, são corriqueiros a todo e qualquer tipo de usuário; mas estas dificuldades são de certa forma potencializadas no que se refere da utilização de uma cozinha por uma pessoa idosa.

A capacidade motora e sensorial do idoso costuma sofrer redução gradual, pessoa idosa pode apresentar capacidade de reação mais lenta, e visão e audição deficientes em relação a outros usuários. São portanto mais suscetíveis a sentir os efeitos negativos de uma concepção inadequada de ambientes. (SÂMIA, 2008: 48)

Sendo assim, é essencial levar em consideração um idoso na elaboração de qualquer tipo de projeto, justamente por conta destes tipos de riscos, dificuldades e limitações que o mesmo está inserido. Deste modo um ambiente mal projetado, sem levar em consideração as necessidades que surgem com a velhice, podem causar danos irreparáveis para a saúde e risco de vida para os idosos.

No caso deste objeto de estudo, a cozinha reduzida, se esta não for elaborada visando o bem estar e o melhor uso por esse público, pode acarretar diversos tipos de problemas em sua utilização. Atividades simples podem virar verdadeiros desafios a serem superados, causando constrangimento ao idoso ou até mesmo acidentes.

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Afim de solucionar estes e outros diversos problemas que se é encontrado diante da carência na elaboração de um projeto de cozinha reduzida, levando em consideração uma pessoa idosa; o presente estudo traz ao longo de seu conteúdo todas as necessidades que devem ser ressaltadas e postas em prática para uma melhoria de vida para os idosos.

Na área acadêmica, este trabalho será de suma importância, pois todo e qualquer conteúdo e estudo gera um conhecimento, além de se tornar uma fonte de pesquisa para aprofundar diversas e outros tipos de curiosos, profissionais, estudiosos, entre outros, que despertem e queiram estudar fundo o assunto abordado neste trabalho.

Para as pessoas idosas este estudo trará grandes vantagens, já que serão encontradas soluções para problemas e dificuldades que um idoso está sujeito a passar no seu dia-a-dia, promovendo através do deste seu bem estar e qualidade de vida.

Também seria ideal prolongar a autonomia do idoso resguardando e defendendo o seu espaço pessoal, com a capacidade de agir sozinho, sem depender de outras pessoas para realizar tarefas cotidianas, a cozinha de um idoso deve ser um ambiente encorajador e apropriado, que busque compensar as limitações que surgem com a terceira idade.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

“A metodologia é uma disciplina que se relaciona com a epistemologia e consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não no âmbito das implicações de suas aplicações.” (COSTA, 2001, p.4).

Para o seguinte estudo será utilizado o método de abordagem Dedutivo, no qual se

parte de uma generalização para uma questão particularizada. “A questão

fundamental da dedução está na relação lógica que deve ser estabelecida entre as proposições apresentadas, a fim de não comprometer a validade da conclusão.” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p.65).

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No decorrer do estudo, os métodos de procedimentos adotados serão o histórico, pois será necessário fazer uma retrospectiva que vai abranger desde a concepção das primeiras habitações humanas, passando pelas habitações coletivas, até ir de encontro com a problemática dos ambientes reduzidos da atualidade, possibilitando assim uma maior compreensão do problema em questão do estudo (uma cozinha com dimensões mínimas).

Será utilizado também o método comparativo, que realizará comparações entre os dados do presente com os dados do passado. O método estatístico também estará presente já que pretende oferecer uma base concreta e segura das informações a serem analisadas.

Um modelo híbrido composto pelas metodologias em Design de Interiores de Miriam Girgel, Ching e Binggeli e da Associação Brasileira de Design de Interiores e Arquitetura também se faz presente neste estudo. Visto que para elaborar um projeto de interiores promissor, se fez necessário a união destas três metodologias, na qual uma completará a outra.

OBJETIVO GERAL:

Projeto de uma cozinha acessível aos idosos levando em consideração as dimensões mínimas permitidas pelo COE da cidade de Caruaru - PE.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Compreender as dimensões mínimas de cozinhas permitidas pelo COE da cidade de Caruaru – PE;

• Identificar na literatura as limitações físicas e necessidades ergonômicas inerentes ao usuário idoso;

• Oferecer um projeto de cozinha residencial que se enquadre tanto nas dimensões mínimas permitidas por lei, quanto nas necessidades do usuário idoso.

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OBJETO DE ESTUDO

Cozinha residencial de dimensões mínimas permitidas pelo código de obras e edificações da cidade de Caruaru – PE

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SEÇÃO 1 |

ENTENDENDO A HABITAÇÃO HUMANA

Nesta seção será tratada os aspectos históricos desde as primeiras habitações, passando pelas habitações coletivas, as habitações verticalizadas até chegar ao atual contexto da problemática dos ambientes reduzidos. Passando disto, nesta mesma seção será abordada os primeiros estudos e projetos de cozinha levando em consideração a zona de trabalho, passando para os layouts de cozinhas existentes até hoje no design de interiores.

1.1. A Habitação e sua Evolução no cenário Brasileiro

O comportamento instintivo dos primeiros seres humanos de se proteger dos predadores, encontrar refúgio para descanso e renovar as forças foi o que provavelmente originou a criação do que hoje denominamos por habitações ou moradias. As primeiras habitações no Brasil tem sua originalidade estabelecida nos

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fins do século XIX. O país com um perfil agrário tinha a maior parte da população rural constituída por famílias e escravos, e parte das moradias daquele período estavam concentradas nas áreas rurais. Porém, com o declínio da escravidão, percebe-se as primeiras e graves alterações na condição de moradia, pois tal fato fez com que milhares de negros fossem expulsos do campo e migrassem para a cidade, gerando um aumento nos povoados e vilas, estes compostos por toscas moradias individuais, construídas de taipa e de palha, eram extremamente precárias em condições de higiene. (ARAGÃO, 1999; MARICATO, 1998).

Segundo Kartzman (1986, p. 180) o processo de urbanização no Brasil ocorreu primeiramente nas regiões mais desenvolvidas, expandindo-se rapidamente por todo o território nacional. O processo de industrialização no Brasil acelerou a urbanização, agravando a carência de infraestrutura urbana, ocasionando problemas de saúde, educação, poluição, entre outros.

As primeiras indústrias têxteis foram impostas no Brasil em 1844, na cidade de Salvador. Porém o seu desenvolvimento se concentrou no centro sul do país, região cafeeira, como ressalta (MARICATO 1998, p.24).

A mão de obra para estas indústrias, era suprida pela chegada de grandes levas de trabalhadores estrangeiros, que foram inicialmente para o trabalho nas lavouras de café, nas regiões noroeste e sul do estado de São Paulo. Os colonos italianos que chegavam no Brasil naquela época, eram originários do norte da Itália, região que se caracterizava por prevalecer o trabalho industrial, e por isso os mesmos se adaptavam ao trabalho nas industrias e outras atividades urbanas do que nas fazendas cafeeiras. (SCHURMANN, 1978 p. 14; DIAS, 1989, P.28).

Alguns anos mais tarde, parte destes trabalhadores do campo migrou pra as cidades, principalmente por conta da crise do café (1874/75). A partir daí, ocorreu um grande fluxo de imigrantes e escravos libertos para as principais capitais e cidades. (RODRIGUES, 1998, p.75).

De acordo com o mesmo autor, a mecanização dos meios de transporte urbano permitiu a expansão das cidades para a periferia. As antigas chácaras da periferia

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foram substituídas por bairros novos. A partir daí, começam a surgir os bairros de casas jardins, destinados a classes abastadas.

Aparecem também os bairros populares, onde se instalam as classes menos abastadas. Compostos por simples barracos sobre lotes de pequenas dimensões, na maioria dos casos através de ocupações coletivas. (BONDUKI, 2002).

De acordo com o mesmo autor, se inicia também a construção das vilas operárias, destinadas a população de baixa renda. Pequenas casas colocadas ao longo de uma rua de acesso. Este termo também é utilizado para os conjuntos de moradias populares dos trabalhadores de fabricas que eram construídas pelos mesmos donos.

Ainda segundo Bonduki, as vilas operárias se categorizavam em dois grupos de empreendimentos. Onde uma destas era promovidas por empresas para seus funcionários habitarem; e a outra que era produzida por investidores privados e destinadas para a locação.

1.1.1. As primeiras habitações coletivas

Uma das primeiras medidas que o governo brasileiro tomou, foi oferecer às empresas privadas crédito para que estas construíssem habitações individuais, que passaram a edificar prédios para habitações coletivas, estas foram a principal saída para que essa população pudesse permanecer na cidade, especificamente no centro, pois estariam próximos das industrias e de outras possibilidades de trabalho. (PECHMAN & RIBEIRO, 1983).

Segundo Fessler (1994) se tem como definição de cortiço objetos arquitetônicos que tem os mesmo elementos de uso coletivo, como afirma seguir:

Lotes e casas eram encortiçados e transformados em estalagens e casas-de-cômodos. Apesar de serem objetos arquitetônicos de formas diferentes, são iguais em sua essência, não apenas por serem indistintamente chamados de cortiços3, nem por terem os mesmos elementos de uso

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coletivo — w.c, banheiro, tanque, pátio ou corredor—, mas também por serem todos produtos resultantes de um mesmo sistema de produção de moradias. Neste sistema, proprietários cediam seus imóveis (casas, quintais, terrenos) a terceiros que investiam pequenas economias na construção de casinhas ou na subdivisão das edificações existentes. Os aluguéis eram considerados exorbitantes e os rendimentos fabulosos. Construir pequenos cortiços tornou-se uma prática comum entre proprietários e arrendatários de imóveis; na virada do século estavam presentes por toda a cidade, abrigando considerável parcela da população. (FESSLER, 1994. p. 583).

O termo cortiço se generalizou e foi definido pelo seu conteúdo negativo. O Cabeça-de-Porco, um dos maiores cortiços do Rio antigo, arrasado em circunstâncias espetaculares pelo poder público foi consagrado como símbolo das habitações coletivas insalubres do século XIX (FESSLER, 1986).

Embora o governo financiasse a construção de habitações coletivas, o mesmo considerava os cortiços e favelas imorais e degradantes. Sendo assim, no inicio do século XX, o novo poder republicano realiza uma reforma urbana no Rio de Janeiro, visando trazer melhorias na circulação de mercadorias, serviços e pessoas na cidade. “Foram então, demolidos aproximadamente 590 prédios velhos para a construção de novos edifícios, o que significou a expulsão de diversas famílias podres de suas moradias, gerando a ocupação dos subúrbios e a formação das primeiras favelas.” (MARICATO, 1997).

Ainda de acordo com o mesmo autor, no início do século XX ate a década de 30, com o poder publico atuando de maneira ineficiente, diversas cidades do Brasil tiveram sua situação agravada. Apenas no final da década de 30, com a revolução de 30, quando a industrialização e a urbanização tomaram um novo impulso é que se começa a esboçar uma nova politica para a habitação.

Também nessa mesma época, diversas cidades seguiram o modelo de planejamento urbano de Paris, que buscava combinar segregação territorial, saneamento e embelezamento. Foi o que aconteceu com Belo Horizonte, que segundo Le Vem (1977), adotou um projeto no qual buscava determinar quais espaços poderiam ser ocupados por quais grupos sociais.

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Sendo assim, do começo do século XX até a década de 30, diversas cidades do Brasil sofreram um grave problema de habitação, com o poder publico atuando de maneira pontual e ineficiente. Somente com o novo impulso na industrialização e urbanização, que o país ganha com a Revolução de 30, é que se começa a esboçar uma politica para habitação. (GUIMARÃES, 1992)

É nesse mesmo momento que a ciência e a técnica ganham maior relevância que os conceitos de embelezamento e os problemas urbanos são colocados na chave do social.

1.1.2. A Habitação Verticalizada

No início da década de 30 o setor imobiliário se expandiu com a construção residências nos bairros e subúrbios e a construção de prédios comerciais. Em pouco tempo, alterou-se o sentido da vila operária, as fábricas cessaram a construção de moradias e a produção de casas em série continuou a ser realizada por particulares. (GUIMARÃES, 1992).

Segundo Fessler (1994), a busca pelo melhor aproveitamento do terreno fez aumentar a altura das construções, surgiram sobrados de três ou quatro pavimentos e formas intermediárias entre vilas e edifícios de apartamento. De acordo com a mesma autora, a maneira de organizar os espaços e estruturar os elementos construtivos, juntamente com a sua técnica de construção não poderiam transformar aqueles padrões nos grandes edifícios do século XX. Fessler (1994) afirma que as técnicas e o saber construir, a organização dos espaços, as formas de produção, comercialização e o consumo teriam de se pautar por novos parâmetros, novos modelos. Finalmente, o espaço urbano, o cenário onde poderiam irromper estas novas formas, também seria outro.

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Os primeiros edifícios tiveram peculiaridades opostas as antigas habitações coletivas: foram postos em zonas valorizadas e construídos com materiais nobres (em especial nas áreas comuns, de serviço e sanitárias), com o intuito de atender a uma clientela disposta a arcar com isto, juntamente com a promessa de um modo de vida moderno.

Com uma nova forma, maneira de morar e conteúdo social, a aversão e o desprezo pela habitação coletiva se transformaram rápida e radicalmente em aceitação e admiração, conforme afirma Fessler (1994):

Na segunda metade do século XX o Código de Obras incorporou este modelo e o impôs como padrão, proibiu a construção de vilas e rebatizou a habitação coletiva de habitação multifamiliar. Tornava-se um dado técnico o que durante décadas acumulou carga ideológica. Com a nova forma, novo conteúdo social, nova localização, e nova maneira de morar, a aversão e o desprezo pela habitação coletiva se transformaram rápida e radicalmente em aceitação e admiração. O edifico de apartamentos, que representou uma transformação radical em muitas esferas do morar, significou também uma exclusão radical, pois o novo tipo de habitação coletiva marcou o aburguesamento desta categoria. A exclusão passa a se expressar claramente no espaço; a modernidade de meados do século XX no Rio de Janeiro se revela através de dois claros elementos: a verticalização e a favelização. (FESSLER, 1994. p. 594).

No início da década de 20, uma nova maneira de moradia surge no Brasil, que a priori causa uma certa rejeição, os edifícios de apartamentos. Estas edificações eram compostas de vários pavimentos, com algumas unidades por andar, porém, esta habitação verticalizada não foi bem aceita, pois estes eram considerados cortiços verticais. (REIS FILHO, 1995).

Na década de 30, as habitações verticais são encontradas em demanda, as plantas são aparentemente iguais as utilizadas em casas térreas, sendo residências empilhadas com a ajuda de um elevador para realizar o trajeto de um andar ao outro. Em meados dos anos 40 o edifício de apartamentos ganha mais força popular, abrigando a classe média e classes mais baixas da população, em decorrência disto, nos anos 50 observou-se grande produção deste tipo de conjunto habitacional. Nos anos 80 e 90 o conforto, a segurança e o lazer são fatores

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relevantes neste tipo de imóvel, se tem a expansão dos Flats. Já nos anos 90, surge o sistema condominial de construir, no qual os próprios condôminos passam a administrar a construção do empreendimento juntamente com a construtora, podendo assim fazer alterações no projeto, deixando-o de acordo às suas necessidades, evitando constrangimentos no que diz respeito a desperdícios de materiais, entre outros. (COSTA; MACIEL; MONTE MARTINS; SOARES, 2003).

1.2. A cozinha como ambiente de socialização

Lemos (1989), evolução projetual em cozinhas residenciais, destaca que: “a função deste espaço hoje na casa, considerando que a cozinha residencial é o ambiente que mais evolui e reflete as mudanças de hábito da, sociedade extrapolando suas funções originais para muitas vezes exercer funções de um espaço social.”

Ainda de acordo com o mesmo autor, o século XIX, alguns fatores sociais influenciaram na grande mudança que estaria por vir deste ambiente doméstico, sendo eles a presença da mão de obra branca, o fim da escravidão, a crescente importação de produtos manufaturados e importados, o fogão a lenha substituída pelo abastecimento a gás.

Com o incremento de novos utensílios e a substituição de outros, a cozinha não mais precisava ser isolada da casa, já que era possível impedir a fumaça e o calor das casas. Ela ficara do lado de dentro da moradia, com fácil acesso a sala de jantar das casas mais ricas. (VERISSÍMO E BITTAR 1999).

Ainda de acordo com os autores, com o surgimento dos edifícios residenciais na década de 20, as cozinhas vão atingir dimensões mínimas. Neste mesmo período observa-se a forte influência do estilo de vida americano “american way of life”, através do cinema, jornal, rádio e televisão.

Nas seguintes décadas, cada vez mais acentua-se o surgimento de novos materiais para as cozinhas, mobiliário adequado, iluminação apropriada, enfim. Um gama de

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inovações que atinge seu apogeu nos anos 70. No auge da economia brasileira “o executivo bem sucedido procura ter sua cozinha americana junto a sala de estar, com produtos congelados, mesas quentes, fornos micro-ondas numa imitação do modo de viver americano.“ (Veríssimo e Bittar, 1999, p. 114).

Nos dias de hoje, é notório a mudança de comportamento da sociedade em relação a cozinha. O que se vem observando é a preocupação com a estética do arranjo físico como um todo, ora na mobília, ora nos revestimentos ou eletrodomésticos modernos. Isto ocorre devido a cozinha “invadir” a sala ou ainda ser parte integrante da mesma, sendo assim o espaço que antes era de serviço passa a ser social, e portanto o mesmo precisa estar adequado para a função de receber amigos e familiares. Conforme afirma Veríssimo e Bittar:

A sala de viver é abolida da classe média, transformada em salas de jantar, enquanto nos palacetes se associa a cozinha como copa ou a sala de almoço, aposento destinado as refeições mais intimas e informais. Atualmente nos projetos mais recentes, principalmente nos edifícios multifamiliares, a copa é uma mera referência anotada nas plantas. (VERÍSSIMO E BITTAR, 1999, p. 115).

Para Siqueira (2010) “As cozinhas estão passando por grandes transformações. Hoje elas são o ambiente em que mais há desenvolvimento de projetos e aplicação de tecnologia”.

1.2.1. A Evolução Histórica da Cozinha

Nesta sub seção serão relatadas a evolução e as características históricas da cozinha ao longo dos séculos. Se faz necessário neste estudo este tipo de abordagem para uma melhor compreensão acerca do surgimento do ambiente cozinha, partindo das primeiras cozinhas da idade média, até chegar a cozinha da atualidade, ambiente este que lhe foi agregado até mesmo funções de um espaço social. É importante percorrer a história da cozinha, para entender melhor as características que este espaço de preparo de refeições adquiriu ao longo dos tempos, buscar conhecimento em estudos já feitos de protótipos ideais de cozinhas e, o que se é necessário para um projeto de cozinha bem elabora e sucedido.

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O conceito de cozinha, arquitetura e equipamentos evoluiu com o passar do tempo. Esta evolução acompanhou toda a história, intrínseca à forma de cozinhar e mais diretamente à evolução do fogão (SÂMIA, 2008).

Segundo Ubach e Asensio (2003), o homem Australopitecos tinha o hábito de recolher os alimentos que encontrava na natureza para suprir a necessidade da fome. O seu sucessor, o Homem de Pekín, vegetariano, foi mais além, adicionou na sua alimentação o consumo de carne, mudando as sua alimentação e os hábitos do Homem. Com o domínio do fogo e o aperfeiçoamento da caça surgiram as primeiras técnicas rudimentares para assar os alimentos. Com o passar do tempo, o Homem de Neanderthal ampliou a variedade das receitas com a utilização de pedras quentes, técnica que antecedeu a invenção de fritar alimentos.

Ainda de acordo com o mesmo autor, a passagem do nomadismo para o sedentarismo significou um grande avanço para o Homem, pois este deixou de locomover-se sempre em busca de alimento, para surgir a necessidade de criar um espaço no qual se pudesse recolher, conviver com a família e comunidades ao redor.

Woortmann (1991), afirma que o espaço doméstico com o decorrer das gerações deixou de ser um abrigo familiar, no qual tinha a finalidade de refúgio para os dias frios, de proteção e aconchego. Para tornar-se “o espaço de socialização e de sociabilidade; de religiosidade; de cuidado com a saúde; de reprodução alimentar”.

No início do século XX a cozinha era um espaço destinado a cozinheiros e criados, era um ambiente da casa posto em segundo plano, que não era mostrado em sociedade. O que se sobressaia era as refeições que eram servidas na zona nobre da casa, a sala. (UBACH; ANSEIO, 2003).

Porém, em cidades como Paris, a cozinha não tinha acesso aos principais cômodos da casa, esta ficava localizada em um cômodo que dava para o pátio e que não permitia acesso direto aos demais cômodos principais da casa. Já nas casas térreas da Inglaterra, a cozinha adjacente aos alojamentos dos criados, continuou situada

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no porão até o século XIX. Nestas e em outras cozinhas daquele período não se

passava de um caldeirão pendurado em uma lareira. (RYBCZYNSKI, 2002).

De acordo com Forty (2007), a feminização da casa no século XVII foi um dos eventos mais importantes na evolução do interior doméstico. As famílias, em especial as holandesas, utilizavam pouca mão de obra dos criados. Segundo Forty (2007), isso ocasionou uma situação incomum: as mulheres casadas realizavam a maioria das tarefas domésticas – independente de sua condição social, isto incluía ser encarregada da cozinha. E na casa Holandesa a cozinha era o cômodo mais importante, neste espaço se guardava valiosas toalhas de mesa de linho, a porcelana e a prataria nos armários.

Em 1490, na França, se tem o primeiro registro histórico da construção de um fogão, este era alimentado a lenha e feito de tijolos e telhas. Já em 1735 o arquiteto Francês François Cuvilliés inventou o fogão Castrol, que já conseguia reter a fumaça e era coberto com placas de ferro com buracos. O primeiro fogão de ferro fundido foi criado em 1834 por Stewart Oberlin. Este gênero de fogões foi evoluindo até chegarem aos fogões a gás, que foi criado em 1826 pelo inventor James Sharp. Já em 1882 foi inventado o fogão elétrico por Thomas Aheran. (BELLIS, 2011).

Corrodi (2006) ressalta que o ano de 1869 a racionalização domestica tem origem nos Estados Unidos, marcando as primeiras preocupações com o sistema no processo de trabalho doméstico. Catherine Beecher observou nas cozinhas dos barcos a vapor do Mississípi as condições perfeitas de trabalho, devido ao seu minimalismo e funcionalidade.

Após estas observações e estudos, Catherine Beecher publicou um livro com a irmã Harriet Beecher, onde apresentam sugestões para mudar a organização das cozinhas, baseadas nas cozinhas dos barcos, por ter sua forma compacta e funcional destas. (HESKETT, 1987).

Começa a observar o trabalho na cozinha para em seguida aperfeiçoa-lo, em seu “Tratado da Economia Doméstica”. “Seu modelo de cozinha propõe, pela primeira vez, um projeto sistemático de design baseado na ergonomia. O projeto incluía

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prateleiras regulares sobre as paredes, amplo espaço de trabalho, e áreas de armazenamento dedicado para vários itens de alimentos.” (BEECHER, 1869).

Corrodi (2006) afirma que a planta desenhada por Beecher consiste na divisão da cozinha em três espaços específicos. Um espaço no meio designado para a produção dos alimentos, onde o fogão é encontrado em posição isolada, devido à alta temperatura que atinge. Neste mesmo espaço, nas laterais, esta reservado uma área para arrumação dos utensílios essenciais na cozinha. De acordo com o mesmo autor, o espaço com a designação de “kitchen”, separado do “stove room” por portas deslizantes, destina-se exclusivamente à manipulação e higienização dos alimentos, desde a preparação dos alimentos antes de serem produzidos à limpeza posterior a esta produção.

Ainda de acordo com o mesmo autor, Beecher padronizou três zonas de suma importância da cozinha, conforme mostra a Figura 1, o que até então não tinham sido estudadas e expostas de forma precisa e clara. Pois não existia uma ordem pré-definida na disposição dos elementos necessários.

Figura 1 – Desenho de distribuição: pia, armário e fogão feto por Catherine Beecer e Harriet Beecer Stwone – The American Homan´s Home.

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Segundo Heskett (2006), no ano de 1925, Ernts May, iniciou um programa centrado no conceito de habitação de existência mínima para o planejamento da cidade de Frankfurt, como resultado da cessão da atividade da construção civil na Primeira Guerra Mundial e da depressão econômica pós guerra, a cidade enfrentou graves problemas sociais, como fome, doença e grandes áreas de cortiço. Este mesmo autor afirma que nesse contexto, as limitações de custo levaram a necessidade de tais tipos de habitações. Para tal feito, May buscou soluções eficazes para o trabalho doméstico e solicitou que Margarete Schütte-Lihotzky desenhasse uma cozinha mais racional possível.

Foi realizado um estudo das dimensões do trabalho doméstico e um conjunto de “padrões Frankfurt” foi idealizado para corresponder a este novo conceito. A cozinha de Frankfurt foi desenhada de acordo com conclusões obtidas a partir de estudos sobre o tempo e movimento, esta era equipada como um laboratório científico. O projeto da cozinha atendia apenas a um objetivo, preparação de comida, e os armários embutidos, unidades de armazenamento e bancos de trabalho, não desperdiçava um único espaço. A cozinha de Frankfurt teve um papel significativo na transformação da arte de cozinhar, em ciência da economia doméstica (CHARLOTTE AND FIELL, 2001).

Segundo Corrodi (2006), a cozinha de Frankfurt foi desenvolvida, medindo aproximadamente 1,9 m por 3,4 m. Esta usava de uma combinação perfeita do fogão, com o lava-louça e armários, com o espaço contado a centímetros, conforme representa a Figura 2. De acordo com o mesmo autor, Schütte-Lihotzky teve inspiração a partir das cozinhas dos vagões de jantar dos trens, da companhia ferroviária Mitropa. E foi construída por dois motivos: para otimizar o trabalho da cozinha e reduzir o tempo de preparo, para que as mulheres tivessem mais tempo de trabalhar nas fábricas.

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Fonte: (Aicher, 2004). Acesso em: 23/04/2014

Nota-se que para a época, Blum (2009) ressalta que esta cozinha foi alvo de muitas criticas, por um lado o aspecto funcional, prático e econômico foi ressaltado, por outro, o fato da cozinha ter se tornado, de ter sido projetada por um único proposito – cozinhar – sem espaço suficiente para mais de uma pessoa.

De acordo com o mesmo autor, a cozinha de Frankfurt passou a ser um slogan de vendas, que elevou assim o programa habitacional existente naquele período. Ao ser exposta em Estocolmo, em 1930, influenciou em grande escala o design escandinavo das cozinhas, conforme ilustrada abaixo (Figura 3) em imagem do design da cozinha de Frankfurt.

Figura 3 – A cozinha de Frankfurt, influenciada pelas idéias de Christine Frederick, sobre a racionalização do trabalho doméstico com características Tayloristas.

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Fonte: (http://www.pastilhascoloridas.com/2012/04/um-lugar-para-arquiteturas-artes-e.html). Acesso em: 20/02/2014

1.2.2. Estilos e Características de cozinhas

Com o constante avanço da tecnologia, a cozinha se converte em um espaço luminoso e prático, voltando-se para todo o resto da casa. Consecutivamente, a sala começou a desaparecer como o centro da casa. E atualmente a cozinha desempenha o papel do salão do século XVIII e XIX (UBACH and ASENSIO, 2003).

Segundo Blum (2009), no século XX, na América, a cozinha transparecia a função da vida moderna, esta era aberta, espaçosa, equipada com os aparelhos modernos. Em meados dos anos 50, na Europa, as cozinhas também sofreram alterações estéticas, tornando-se mais coloridas, a madeira lacada deu lugar a novos materiais como plástico, cristal, alumínio anodizado, entre outros.

De acordo com Ubach e Asensio (2003), a cozinha possuía um espaço aberto e sem paredes, tornou-se um ambiente versátil, para se ajustar as diferentes funções e necessidades, destinado a preparação de alimentos, além de um espaço de trabalho para crianças e adultos. De acordo com os mesmo autores, atualmente a cozinha

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tornou-se um espaço com múltiplas funções, com zonas destinadas à reuniões em família e com amigos, além de ser um espaço destinado para a preparação de refeições. Estes mesmos autores ainda afirmam que os projetos de cozinha valorizam espaços mais cômodos e luminosos, no qual sentar-se a mesa tornou-se algo prazeroso. Em geral sua decoração tornou-se algo eclético, no qual nada é proibido, onde o importante seja promover um espaço cômodo e pratico, usando de móveis flexíveis baseado nas necessidades do usuário.

O “Small Homes Council” e o “Building Research Council”, da Faculdade de Arquitetura de Illinois em Urbana-Champaing nos EUA, teve como objetivo buscar melhorias nos ambientes residenciais, desenvolvendo o conceito do triângulo da cozinha, segundo afirma Lupton e Miller (1996), a proposta foi realizada a partir das três principais funções em uma cozinha (armazenagem, preparação e cozimento), e estes lugares devem ser dispostos na cozinha de maneira que o trabalho em um local não interfira no outro. Um arranjo natural é um triângulo, com geladeira, pia e fogão em um dos vértices.

Estes estudos iniciados na década de 90 tornaram possível a caracterização de diversos estilos e layouts propostos para a cozinha, dependendo do espaço disponível para a mesma, dos possíveis arranjos físicos e das atividades que serão realizadas no local. Formulados a partir da disposição de fogão, pia, geladeira e armários de cozinha, dispostos nos tópicos 1.2.2.1.; 1.2.2.2.; 1.2.2.3.; 1.2.2.4.; 1.2.2.5. registrados por Sâmia (2008).

1.2.2.1. Layout em Linha

Segundo SÂMIA (2008), o layout linha é de todos o mais básico e não faz uso do conceito triângulo. Nele como o próprio nome remete, os movimentos são lineares, tem todas as funções juntos a uma única parede. Conforme demonstra a Figura 4.

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Fonte: (www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ ). Acesso em: 22/02/2014

De acordo com Sâmia (2008), este layout não é o ideal, pois é restrito ao movimento de mais de uma pessoa circulando no espaço ao mesmo tempo, porém muitas vezes é a única solução encontrada quando o espaço é restrito. A mesma autora ainda afirma que, para facilitar o uso neste tipo de layout, se faz necessário o uso de um disnível separando a área de coação e limpeza. Além de manter um espaço mínimo de 450 mm entre a pia e o fogão, com espaço suficiente para apoiar panelas e utensílios. É recomendável deixar a geladeira próxima da área de preparo para facilitar o rápido acesso a mesma.

1.2.2.2. Layout Paralelo

Segundo SÂMIA (2008), este é o esquema de cozinha clássico, também conhecido por “cozinha corredor”, composta de duas linhas de armários em paredes opostas, este layout é adequado para espaços pequenos. Como mostra a Figura 5, nele é possível separar a área de coação da área de limpeza. Todos os equipamentos devem ser dispostos no espaço de forma estratégica, facilitando a circulação de uma estação de trabalho para a outra.

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Fonte: (www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ ). Acesso em: 22/02/2014

Ainda de acordo com a mesma autora, este esquema é ideal para pouca circulação, como por exemplo a cozinha de um casal ou solteiro. Porém não aconselhável para uma cozinha de casa de família, por conta da situação de constante fluxo. Neste tipo de layout observa-se que não é possível fazer o uso de uma mesa para refeições fixa, a opção é a utilização de uma mesa e cadeiras dobráveis.

1.2.2.3. Layout em L

É possível adaptar este layout em diversos espaços, seja pequeno ou grande, nele os armários ocupam duas paredes adjacentes, novamente o triângulo do trabalho é preservado (Figura 6). “É possível o máximo uso de bancada, mas também é necessário soluções especiais para estocagem, porque as gavetas posicionadas em faces opostas só podem ser abertas uma de cada vez.” (SÂMIA, 2008, p. 28).

Figura 6 – Layout em L

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Além de a mesma autora afirmar, que neste tipo de layout é permitido fazer o uso de uma mesa de refeições fixa, contanto que não cruze o triângulo de trabalho interrompa o fluxo de trabalho entre as principais estações de trabalho.

1.2.2.4. Layout em U

Neste tipo de layout a disposição dos armários se dá ao longo das três paredes, geralmente com a pia na base do U, conforme mostra a Figura 7, não é muito usual a aplicação deste modelo de layout, é aplicável para espaços pequenos e grandes.

Figura 7 – Layout em U

Fonte: (www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ ). Acesso em: 22/02/2014

“O acesso se dá apenas por um lado e as estações ficam todas próximas entre si, ligadas pelo triângulo funcional (área de coação, pia e geladeira)”. (SÂMIA, 2008, p. 28). Além de existir a possibilidade de complementar o conjunto com uma mesa de refeição na quarta parede.

1.2.2.5. Layout em Ilha

As propostas mais recentes das citadas anteriormente, geralmente são encontradas em cozinhas abertas. No layout em Ilha o fogão e a pia são postos da mesma forma do layout L ou U, ou no gabinete central do espaço, gerando uma “ilha” autônoma, separadas dos outros gabinetes, conforme ilustra a Figura 8.

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Figura 8 – Layout em Ilha

Fonte: (www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ ). Acesso em: 22/02/2014

Sâmia (2008) afirma que este tipo de layout permite que mais de uma pessoa utilize a estação de trabalho enquanto amigos e familiares sentam ao redor da mesa sem prejudicar e obstruir o fluxo.

A autora ainda ressalta que, em um espaço fechado, este tipo de cozinha não faz muito sentido em um ambiente fechado. O ideal seria em um ambiente amplo, no qual o fogão fique acessível por todos os lados, permitindo o contato dos usuários com o resto da família, gerando uma sensação de conforto.

1.2.3. Recomendações da Antropometria para o Desenvolvimento de uma Cozinha

Para um melhor entendimento e desenvolvimento do trabalho em questão, se faz necessário um estudo detalhado acerca do termo Antropometria e da importância de seus dados para a realização de um projeto bem sucedido de ambientação e design de interiores.

Segundo Panero e Zelnik (2004), se tem por antropometria a ciência que trata especificamente das medidas do corpo humano para determinar diferenças em indivíduos e grupos.

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Sabe-se que o corpo humano é usado como referência e unidade de medida, ter um conhecimento das suas dimensões e da mecânica de suas articulações é imprescindível ao projeto de interiores. O estudo que relaciona as dimensões físicas do homem, com sua habilidade de ocupar um espaço no qual realize diversos tipos de atividades, utilizando de uma mobília adequada para a realização das mesmas, tem a denominação de Antropometria. O termo deriva de duas palavras gregas: antro = homem e metro = medida. Sendo assim, a antropometria é considerada como um fator essencial no processo projetual de arranjos de ambientes e espaços (BREBNER, 1982).

Outra definição importante relacionada com a antropometria, que se faz necessária a retratação neste estudo, é aquela que aborda o campo da biomecânica, conforme afirma abaixo:

“É a ciência interdisciplinar (compreende principalmente antropometria mecânica, fisiologia e engenharia) da estrutura mecânica e comportamento dos materiais biológicos. Refere-se, principalmente, as dimensões, composição e propriedade de massa dos segmentos do corpo: às articulações que interligam os segmentos do corpo, à mobilidade das articulações, as reações mecânicas no campo de força , vibração e impactos; às ações voluntarias do corpo em relação ao controle dos movimentos, na aplicação de forças, torções energia e potência, em relação a objetos externos, controles, ferramentas e outros equipamentos.” (ROEBUCK, 1975. op. cit., p.7.)

Em suma, a Antropometria nada mais é que o conjunto de medidas do corpo humano necessária ao processo projetual de espaços , mobiliários e equipamentos, incluindo as variáveis de faixa etária, raça, sexo, entre outros. Estas variáveis são importantíssimas no processo projetual, pois se observamos existe uma estatura decrescente no ser humano em função da idade ou a diferença entre pessoas do mesmo sexo e da mesma faixa etária em diversas regiões geográficas do Brasil, por exemplo: a diferença da estatura entre homens na região Sul e Nordeste foi de 4,8 cm, conforme levantamento realizado pelo IBGE em 1975 (BOUERI, 2008).

Segundo Panero e Zelnik (2002), existem diversos fatores relevantes e significativos no que diz respeito a Antropometria, há muitas dificuldades e complicadores envolvidos, um desses é que a dimensão corporal varia de acordo com a idade, raça e sexo. Um exemplo mais acentuado e significativo no estabelecimento das

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dimensões corporais é a idade, em geral, o ápice do crescimento ocorre ao redor dos vinte anos para homens e alguns anos antes para as mulheres, e após a maturidade, a dimensão corporal para ambos os sexos diminuem gradativamente, e esta diferença pode ser atribuída ao próprio processo de envelhecimento em questão.

As dimensões corporais com importância no projeto de espaços internos são de dois tipos básicos: dados estruturais e dados funcionais. Segundo Panero e Zelnik (2002), as dimensões estruturais incluem medidas da cabeça, tronco e membros em posições padronizadas. Já as dimensões funcionais incluem medidas tomadas em posições de trabalho ou durante um movimento associado a determinada tarefa.

Damon e alguns colaboradores afirmam abaixo que, dez são as dimensões mais essenciais para o arquiteto e designer de interiores para a elaboração de projeto:

“Dez são as dimensões mais importantes se alguém quiser descrever um grupo para objetos de engenharia humana, nessa ordem: altura, peso, altura quando sentado, comprimento nádegas-joelho e nádegas-sulco poplíteo, largura entre os cotovelos e entre os quadris em posição sentada; altura do sulco poplíteo, dos joelhos e espaço livre para as coxas.” (DAMON; ALBERT; STOUDT; HOWARD; MCFALARD, ROSS, 1966, p. 54). No que diz respeito a Antropometria, devido as variações significativas nas dimensões corporais individuais, as “médias” são pouco usáveis pelos designers, sendo necessário trabalhar então com esta gama de variações denominada percentis, uma vez que não se projeta para toda a população, se faz necessário a seleção de um segmento da porção central. Grande parte dos dados antropométricos é frequentemente expressa em percentis, onde a população é dividida em 100 categorias percentuais da maior para a menor em relação a algum tipo de medida corporal. Percentis indicam a percentagem de pessoas dentro de uma população que tem uma dimensão corporal de um certo tamanho. (PANERO; ZELNIK, 2002).

Partindo para as recomendações da Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha, é importante considerar as características físicas do homem, como altura e largura, altura do alcance visual e dos seus braços, entre outros. A cozinha por ser

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um ambiente de uso de todos os membros familiares da casa, é necessário ficar atento se nesta mesma família as pessoas são de estatura ou tamanhos diferentes, o recomendável é que se observem as medidas máximas e mínimas como base para este ambiente conforme a necessidade (GURGEL, 2013).

De acordo com Panero e Zelnik (2002), em decorrência das diversas variáveis existentes, é importantíssimo que os dados antropométricos coletados sejam adequados ao usuário do mobiliário ou espaço a ser projetado. Estes mesmos autores afirmam que existe um erro muito sério na aplicação destes dados, que é pressupor que uma dimensão de percentil 50 represente as medidas de “um homem médio” e elaborar um projeto para acomodar os dados deste percentil. Ainda de acordo com Panero e Zelnik (2002), dependendo da natureza do problema de projeto, ele poderia ser elaborado para acomodar o percentil 5 ou 95, de maneira que a maior parte da população seja atendida.

Ainda no que diz respeito a dados antropométricos e percentil, os mesmos autores afirmam que a seleção destes dados baseia-se no problema específico de cada projeto. Por exemplo, se o projeto requer que o usuário alcance algo de uma posição inicial sentada ou de pé, o dado percentil 5 deve ser utilizado. Este dado citado anteriormente, indica que numa situação desse tipo, se o projeto tende a atender ao usuário com o menor grau de alcance, com certeza ele também será adequado ao usuário com capacidade de maiores alcances.

De acordo com Gurgel (2013), a cozinha é um ambiente no qual as medidas antropométricas dever ser cautelosamente observadas, pois as atividades ali realizadas devem ocorrer de forma segura e sem constrangimentos, pois neste espaço as pessoas passam várias horas do dia lindando com fogo, gás e elementos pontiagudos. Evitar soluções projetuais na qual existam espaços de difícil acesso, inclinações demasiadas, entre outros. Os eletrodomésticos como forno micro-ondas e forno convencional, por exemplo, devem ser posicionados de modo a facilitar sua utilização. As medidas sugeridas a seguir obedecem os princípios da ergonomia:

“A) A escolha onde as pessoas devem sentar-se para fazer as refeições rápidas siga as alturas sugeridas para bancadas: 75 cm para cadeiras normais, 90 cm para bancos de aproximadamente 60 cm de altura e

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entre 100 cm e 110 cm de altura se forem utilizados bancos altos, de aproximadamente 70 cm. Em resumo a diferença entre a cadeira e a bancada deve ser de aproximadamente 30 cm. B) a altura de prateleiras e armários deve observar as limitações de alcance do corpo humano. C) Posicione o forno e o micro-ondas de modo a facilitar o acesso a eles. D) A bancada da pia deve situar-se 5 cm abaixo dos braços dobrados a 90º. E) O melhor posicionamento para louças utensílios de uso diário é entre a altura dos olhos e a dos joelhos. A mesma altura é recomendada para prateleiras da despensa que armazenam os alimentos e ingredientes que mais utilizamos ao cozinhar. F) A altura ideal das bancadas de trabalho e preparação de alimentos é de 5 cm a 10 cm abaixo dos braços dobrados a 90º. Os eletrodomésticos de pequeno e médio porte ficam mais visíveis e mais bem posicionados em alturas de 18 cm a 25 cm do cotovelo dobrado.” (GURGEL, 2013, p. 99)

Um levantamento Nacional de Saúde (National Health Survey) do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos foi provavelmente o primeiro estudo em grande escala preparado baseado em uma amostragem de americanos entre 18 e 79 anos. Observou-se que as informações relativas as pessoas idosas são limitadas e mais raras ainda. (PANERO; ZELNIK, 2002).

Ainda de acordo com os mesmos autores, ao verificar-se que aproximadamente 20 milhões de americanos possuem mais de 65 anos, percebe-se que cada vez mais é necessário a necessidade para a busca de maior números de dados antropométricos. Além de que, estes dados são essenciais para uma sensível resposta aos problemas enfrentados pelos idosos, em seus ambientes construídos. A partir destes dados encontrados, se chegou a uma série de conclusões, das quais as mais significativas foram:

 “Pessoas mais velhas, de ambos os sexos, tendem a ser mais baixas que os jovens. No entanto e até certo ponto, a diferença pode ser computada ao fato de estes idosos serem de uma geração anterior, já que estudos recentes indicam que as dimensões corporais têm aumentado. Também sugeriu-se que a diminuição na altura pode ocorrer em função da sobrevivência seletiva de pessoas mais baixas e mais leves, uma especulação bastante interessante.

 Medidas de alcance dos idosos são menores que o alcance de pessoas jovens. Há ainda uma considerável variação no grau de alcance dos idosos, devido a incidência de artrite e outras limitações dos movimentos articulares. Isso ocorre particularmente em relação ao alcance vertical.” (PANERO; ZELNIK, 2002, p. 47)

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As figuras 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16, a seguir, mostram de acordo com Boueri (2008) situações nas quais os dados antropométricos foram considerados para a elaboração de um projeto de cozinha adaptável aos usuários em geral.

De acordo com Boueri (2008) o fogão na Figura 9 não possui forno inferior, o espaço de atividade de 60x60 é o suficiente, mas a profundidade exclui qualquer espaço que deva ser necessário para serviços realizados na horizontal.

Fig. 9 – Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha

Fonte: (BOUERI, 2008), acesso em: 25/04/14

Na anterior (Figura 9), Boueri (2008) deixa bem claro as seguintes observações antropométricas:

a. Uma sobre largura de 1.00 a 1.20 é necessário para usar o forno e ajustar a posição do usuário.

b. Espaço adequado para abertura da tampa do forno. c. Distância mínima de obstrução vertical.

Para Panero e Zelnik (2002), a altura de uma bancada de trabalho de uma cozinha, o acesso a armários altos, os espaços livres adequados para circulação entre armários ou eletrodomésticos, e a viabilidade adequada estão entre as principais

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reflexões de um projeto de cozinha. Tudo deverá atender as às dimensões humanas e uma boa interação entre o usuário e o ambiente construído.

Na Figura 10 a seguir, de acordo com Boueri (2008) as seguintes dimensões devem ser consideradas para bancada, prateleiras superiores e áreas de trabalho nas cozinhas.

Figura 10 – Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha

Fonte: (BOUERI, 2008), acesso em: 25/04/14

Conforme observado na imagem anterior, a bancada da pia a altura da borda é de aproximadamente 0,85 do chão. O afastamento considerável da borda da pia pra limpar sua parte posterior é de 0,40. No que diz respeito a altura de prateleiras, conforme ilustrada na figura anterior (Figura 10), a altura de 1,35 do chão permite que 95% da população alcance com as duas mãos os itens do fundo. Já a altura de 1,45 do chão permite que 95% da população alcancem itens na frente da prateleira. (BOUERI, 2008).

Panero e Zelnik (2002) observam que as bancadas de cozinha padronizadas geralmente estão a certa de 91,4 cm do chão. Porém tal altura não acomodam as

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dimensões de todos os usuários para todas as tarefas. Certas atividades de cozinha podem ter um melhor desenvolvimento com o usuário em pé, mas sobre um balcão com uma altura inferior a 91,4 cm.

Na Figura 11, Boueri (2008) faz algumas observações acerca das dimensões aconselháveis para o projeto de uma cozinha envolvendo a bancada inferior, adaptada para o uso de uma pessoa idosa.

. Figura 11 - Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha

Fonte: (BOUERI, 2008), acesso em: 25/04/14

Observa-se que a altura da prateleira inferior a ser alcançada por uma pessoa idosa deverá ser de 0,50, contudo só se utilizará uma única mão. Já para prateleira móvel sugere-se a profundidade de 0,70. Para um idoso é aconselhável que a prateleira não esteja a menos de 0,30 do piso, para permitir o uso das duas mãos. Para prateleiras fundas a altura mínima recomendada é de 0,50. (BOUERI, 2008).

Na Figura 12, Boueri (2008) ilustrou de acordo com seus estudos, as alturas e profundidades adequadas para a utilização de uma cadeira, da bancada e prateleiras e bancada central. Permitindo assim um projeto no qual o usuário interagisse de maneira confortável e eficiente no ambiente construído.

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Figura 12 - Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha

Fonte: (BOUERI, 2008), acesso em: 25/04/14

Pode-se observar que a altura de 1,35 do piso permite 95% da população alcançar com as duas mãos itens no fundo da prateleira. Enquanto que a altura de 1,45 permite que 95% da população alcance apenas os itens que estão na frente da prateleira. Nesta mesma imagem (Figura 12) mostra as profundidade e altura ideais para o uso de uma cadeira.

Para a utilização de uma coifa, algumas dimensões e medidas necessitam ser consideradas para uma boa utilização da mesma. Segundo Boueri (2008) mostra na imagem a seguir (Figura 13).

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Figura 13 - Antropometria para o desenvolvimento de uma cozinha

Fonte: (BOUERI, 2008), acesso em: 25/04/14

Nota-se que a distância apropriada da bancada para o inicio da coifa é de no mínimo 0.60, e a altura da coifa para o pisto de 1.55. A altura mínima de um armário superior do chão é de 1.35 e a ideal é de 1.45. A distância mínima entre bancada e armário superior é de 0.45. Se necessário é aconselhável incluir uma área de iluminação no espaço do armário suspenso. (BOUERI, 2008).

Segundo Panero e Zelnik (2002), nos armários altos, acima da cabeça são em grande parte inacessíveis para pessoas de baixa estatura, enquanto que as prateleiras mais baixas tornam-se geralmente inacessível para a maior parte das pessoas, a não ser quando meçam esforços como se curvar ou se ajoelhar. Ainda de acordo com os mesmo autores, a resposta lógica para este tipo de problema é o desenvolvimento de sistemas de armários com possibilidade de regulagem para atender as dimensões humanas do usuário individual. Tal sistema que seria desenvolvido não atenderia apenas as pessoas de todas as dimensões, mas também pessoas com necessidades especiais como idosos e deficientes.

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1.2.4. Ambientes Reduzidos: Problemática e Cenário

Os apartamentos em tamanho reduzidos começaram a ser elaborados nos Estados Unidos, a partir da adaptação dos hotéis a funções residenciais, num momento em que a cidade de Chicago e Nova York se encontravam em constante e intenso processo de metropolização verticalizada. Tinham como característica a oferta de serviços complementares a habitação como restaurantes, áreas de convívio e lazer, lavanderias, entre outros; e a miniaturização dos espaços internos, como a cozinha por exemplo, que foi reduzida a ponto de se limitar a um equipamento, que concentrava fogão, geladeira, pia e armário. (COHEN, 1995, p. 56).

Jean Louis Cohen (1995) afirma que esses tipos de apartamentos inspiraram um dos primeiros projetos de Le Courbusier (1887 – 1965), que foi concebido em resposta a um Grupo de Habitação Franco-Americano que buscava construir edifícios cooperativa que oferecessem a seus habitantes todas as vantagens de um hotel de primeira classe com as características de um apartamento privado no qual pudessem se sentir perfeitamente em casa.

De acordo com o mesmo autor, tal oferta de serviços coletivos nos edifícios ocasionou a miniaturização dos espaços internos, como lavanderia e cozinha, por exemplo, até mesmo na eliminação de alguns espaços como recepção, sala de visitas, sala de jogos, sala de tv e afins. Diminuindo assim a área total dos apartamentos, e consecutivamente tornando possível a construção de um numero maior de unidades habitacionais.

Em razão da preocupação excessiva com os lucros imobiliários, arquitetos e engenheiros são induzidos e influenciados a buscar soluções projetuais na construção destes apartamentos, ocasionando uma diminuição gradativa do tamanho das plantas destes imóveis. Nesses casos, os apartamentos têm áreas projetadas com dimensões absurdamente pequenas, além de as relações entre largura e comprimento dos ambientes serem inadequadas ao funcionamento dos espaços e a uma boa distribuição do mobiliário. (ELIAS, 1995).

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