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3.1. Componentes a serem considerados para elaboração de projetos de interiores

3.1.3. Caracterização dos componentes arquitetônicos

Os princípios do design organizam a composição tridimensional do ambiente como um todo e regem as relações estre os elementos utilizados, conforme afirma Gibbs (2005) a seguir:

A maioria dos projetos é baseada nos princípios básicos do design de interiores. Um designer de interiores pode desenvolver um projeto inovador, quando entender e respeitar esses princípios, intencionalmente pode

estender os limites da experimentação com diferentes conceitos e harmonias. Isso pode incluir a mistura do design linear com o clássico, abrindo espaços, criando incomum layout assimétrico, especificando diferentes materiais, com acabamentos comum ou cores de uma forma inovadora. (GIBBS, 2005, p. 38)

Ao afirmar isto, este autor reforça a ideia de que um projeto de design de interiores bem sucedido se apoia nos princípios que regem as decisões para se atender as questões estéticas, funcionais e simbólicas do ambiente, conferindo harmonia entre os elementos arquitetônicos.

De acordo com o mesmo autor, é natural do instinto humano se sentir atraído por um ponto fixo dentro de um espaço, que naturalmente, busca um ponto no ambiente. O centro de interesse é um recurso compositivo que estabelece poder de dominar os diversos elementos dentro do ambiente. Pode existir mais de um centro de interesse dentro de um mesmo espaço formando diversos ambientes. Estes podem ser: elementos arquitetônicos (janela, porta, escada, lareira etc) ou a vista de uma janela (um jardim ou uma paisagem), um móvel, um quadro, uma escultura, entre outros.

Os elementos arquitetônicos no design de interiores são os recursos utilizados para compor o ambiente. Presentes por meio das formas (linhas, ponto, volume e planos), padronagens e texturas, cor e luz. A seleção de cada elemento pelo designer, ao realizar o projeto, passa por diversos critérios que irão determinar os aspectos estéticos e funcionais do ambiente. Esses elementos expressam a qualidade inerente do ambiente, em que esta combinação dará a sua identidade atmosférica. Para Ching e Binggeli (2006), no Design de interiores.

Os elementos selecionados são dispostos em padrões tridimensionais, conforme diretrizes funcionais, estéticas e comportamentais. As relações entre elementos estabelecidos por tais padrões determinam, em ultima análise, as qualidades visuais e a adequação funcional de um espaço interno e influenciam o modo como o percebemos e utilizamos. O desenvolvimento das formas arquitetônicas e dos sistemas complementares de qualquer edificação tem implicações para o projetista de interiores. (CHING E BINGGELI, 2006, p. 45 e 46).

Estes mesmos autores, ainda afirmam que os espaços de interiores individuais podem ser projetados e formados para propósito especifico ou para abrigar certos tipos de atividades, eles são unidos dentro do fechamento de uma edificação por

estarem relacionados entre si, por partilharem um objeto comum ou por serem usados por um grupo de pessoas. Os ambientes internos das edificações são definidos pelos componentes arquitetônicos da estrutura e do fechamento, tais como pilares, telhados piso, teto, parede, portas e janelas. Estes mesmos elementos servem para definir e isolar uma porção do espaço, estabelecer um padrão para os espaços internos, dão forma a uma edificação e demarcam uma porção de espaço infinito.

Destes elementos citados anteriormente, a parede, por estar perpendicular à linha normal de visão, tem um grande efeito de limite espacial. Esta limita nosso campo de visão e serve como barreira ao nosso movimento. As aberturas criadas nestas paredes (janelas e vãos de porta) reestabelecem o contato com os espaços que as circundam. Os vãos de portas servem como acesso físico de um espaço ao outro, e quando fechadas isolam um espaço dos recintos adjacentes. (CHING E BINGGELI, 2006).

De acordo com Gurgel (2013), existem diversos tipos de componentes arquitetônicos, que ao se correlacionarem entre si, são responsáveis para a formação do espaço interno. Elementos estruturais, como a parede é um deles, que além de ajudar no isolamento térmico e acústico, delimitam área e garantem a privacidade.

3.1.3.1. Pisos

Se tem como definição de piso planos nivelados ao nível da base dos interiores, plataformas que sustentam nossas atividades e o mobiliário de interiores. Os pisos devem estar muito bem estruturados para suportar as cargas resultantes com segurança. As superfícies do piso devem ter durabilidade suficiente para resistir ao desgaste e uso contínuo. (CHING; BINGGELI, 2006).

De acordo com os mesmos autores, são duas as formas de construção estrutural de um piso. A primeira em que o piso é construído com uma série de barrotes ou vigas

paralelos lançado sobre um contrapiso. O contrapiso e as vigas são afixadas de forma que agem juntos como unidade estrutural para resistir aos esforços que serão expostos e transferir as cargas a seus apoios. Estes mesmos autores afirmam que a segunda maneira de construção de um piso, se dá na constituição de uma laje monolítica de concreto armado com aço capaz de desenvolver-se em uma ou duas direções. Seja com um conjunto de placas encaixadas ou com uma laje monolítica, a superfície do piso obrigatoriamente deve ser plana, densa e nivelada para consequentemente receber o material de acabamento.

O piso é uma das maiores superfícies em um ambiente, portanto será de grande influência no resultado final do projeto, desde sua manutenção até o caráter escolhido. Ele também influencia na reflexão da luz, na acústica e na manutenção dos ambientes. Dependendo da atmosfera desejada, do clima, das características particulares do ambiente, das funções que serão exercidas no mesmo, entre outros, inúmeros serão os materiais existentes no mercado que poderão ser utilizados. (GURGEL, 2013).

De acordo com Ching e Biggeli (2006), existem alguns fatores sensoriais e funcionais que envolvem o piso. Por exemplo, o calor dele pode ser real quando aquecido por calor radiante e se manter aquecido por sua própria massa térmica ou pelo isolamento do piso; ou calor pode ser aparente, no qual o piso tenha uma textura macia, um valor médio a escuro e um matriz quente pode dar a sensação de que este parece também quente. Em áreas sujeitas a umidade, se recomenda evitar o uso de materiais de revestimentos lisos e escorregadios. Ainda de acordo com o mesmo autor, um piso de cor clara aumenta o nível de luz em um ambiente, ao passo que um piso escuro absorve grande parte da luz. Uma cor fria e leve no piso dá a sensação de amplitude ao ambiente, já uma cor fria e escura dá profundidade e peso a um piso.

Os pisos costumam ser divididos em dois grupos: pisos duros, como pedra, madeira, lajotas cerâmicas, e macios, que consistem principalmente em carpetes e tapetes. O revestimento é a camada final da estrutura de um piso, e este deve ser cuidadosamente selecionado com critérios tanto funcionais quanto estéticos em mente. Diversos são os materiais de pisos disponíveis no mercado, e, a cada ano,

novos produtos são lançados, entre estes: assoalho de madeira, carpete de madeira, laminado, marmoleum, emborrachado, carpete, mármore e granito, granilite, pedra, piso cimentado, cimento queimado, cerâmica, porcelanato, pastilhas e mosaicos de vidro. (GURGEL, 2013).

Para projetos de cozinha, segundo Ching e Binggeli (2006), materiais de piso cerâmico são mais apropriados, por serem mais sólidos e duradouros. Dependendo da forma e do padrão das peças individuais esses pisos cerâmicos podem ter uma aparência fria e formal ou transmitir uma sensação de informalidade a uma ambiente.

Já de acordo com Gurgel (2013), cerâmica, porcelanato, pastilhas e mosaicos de vidro estão entre os materiais mais utilizados no que diz respeito a revestimentos em ambientes residenciais. Valendo ressaltar que, quanto mais brilho o piso possuir, maior será a reflexão da luz e do som, além de ser mais escorregadio. São infinitas as opções disponíveis no mercado, podendo ser assentado com a finalidade de criar linhas que ajudem a enfatizar o projeto ou mesmo alterar a sensação espacial, caso necessário.

3.1.3.2. Paredes

As paredes são essenciais elementos arquitetônicos para qualquer edificação, servem como apoios estruturais para pisos acima do nível do solo, dos telhados e tetos. Formam fachadas das edificações, fecham, separam e protegem os espaços internos. Existem as paredes externas e internas, as externas devem controlar a passagem de calor, ar, umidade, som, também devem ter a capacidade de resistir aos efeitos do vento, sol e chuva. Já as internas subdividem os espaços internos de uma edificação, proporcionam privacidade e controlam a passagem de som, calor e luz de um espaço para o outro. (CHING; BINGGELI, 2006).

Ainda de acordo com o mesmo autor, existem dois tipos estruturais de paredes. As paredes ripadas, que podem ser construídas com montantes de metal amarrados ou madeira por uma peça-base e uma placa superior, e sobre essa estrutura são

colocadas uma camada ou mais de uma material em placas, como gesso ou painéis de madeira aglomerada, que dão rigidez ao plano da parede. O outro tipo estrutural é as paredes de alvenaria, que são geralmente de concreto ou tijolos tipicamente estruturais e qualificadas como construção não combustíveis, essas paredes definem os limites físicos do espaço e mais difíceis de alterar do que as paredes com montantes de metal ou madeira.

Em suma, as paredes são elementos estruturais ou de vedação que auxiliam no isolamento acústico e térmico, delimitam áreas, garantem privacidade, são elementos primários com os quais definimos os espaços internos. Pode-se construir paredes com altura total do pé direito para vedação completa do ambiente; meias paredes com altura de aproximadamente 160 cm e 180cm para vedação parcial do espaço, ou ainda paredes baixas com 80 cm/ 100 cm, que podem ser utilizadas como divisórias. (GURGEL, 2013).

No que diz respeito a cor e texturas, Ching e Binggeli (2006) afirmam que:

 Se as paredes forem de cor neutra e lisas, servirão como telas de fundo passivas para elementos do primeiro plano. Já quando tem forma irregular e recebem algum tipo de textura, padrão ou cor vigorosa, elas se tornam mais ativas e competem pela nossa atenção.

 Paredes com cor clara reflete a luz de forma efetiva e servem como telas de fundo eficiente para os componentes que serão colocadas a sua frente. Cores leves e quentes em uma parede transmitem a sensação de aconchego, já as cores claras e frias dão noção de amplitude a um espaço.

 Paredes com tons escuros absorvem a luz, dificultando a iluminação do espaço, podem transmitir a sensação de intimidade e proteção.

 As texturas em paredes também afetam a quantidade de luz que ela absorverá e refletirá. As paredes lisas refletem mais luz do que as texturizadas, que tendem a difundir a luz que atinge suas superfícies. Já as paredes lisas e duras refletirão melhor o som em um ambiente do que paredes porosas ou com textura macia.

Diversos são os tipos e revestimentos para paredes encontrados no mercado, tais como: tijolo a vista, pedra, madeira aglomerada, elementos vazados, gesso, tijolo de vidro, vidro, fibrocimento, pastilhas de vidro, papel de parede, porcelanato, revestimentos cerâmicos, reboco, tintas, stains, entre outros. Para ambientes de preparo de alimentos revestimentos cerâmicos seria o mais ideal, são inúmeras as opções, com diferentes padrões, cores, textura, dimensões acabamentos e efeitos visuais. Valendo ressaltar que quanto mais polida e brilhosa maior a facilidade de limpeza e manutenção da mesma. (GURGEL, 2013).

3.1.3.3. Teto

De acordo com Ching e Biggeli (2006), outro elemento principal para a composição dos espaços internos é o teto, este que desempenha importante papel visual na configuração do espaço interior e na limitação de suas dimensões verticais, promovendo proteção tanto física quanto psicológica àqueles que estão sobre seu abrigo, são compostos pelas partes inferiores de estruturas de pisos e telhados.

Estes mesmos autores afirmam, no que diz respeito a pés-direitos, que quanto mais elevados agregam ao espaço uma sensação aberta, majestosa e arejada, dando um ar de formalidade ou dignidade, em especial quando possuírem desenho e forma irregular. Por outro lado, pés-direitos com altura mais baixa enfatizam sua qualidade de proteção, criando espaços íntimos e aconchegantes. Pés direitos normais devem ser proporcionais às dimensões horizontais do ambiente e a seu uso.

Tetos sustentados por uma estrutura de piso acima em geral são planos, porém, quando definido por uma estrutura de telhado, o teto pode assumir outras formas que refletem a forma estrutural, acrescentam interesse visual e dão direção a um espaço. Tetos lisos e de cores claras refletem a luz e transmitem uma sensação de amplidão, aplicar o material ou acabamento das paredes ao plano do teto também dão uma aparência de que ele é mais alto. A altura do pé-direito de um teto pode ser diminuída pelo uso de uma cor escura e brilhante que contraste com a cor da parede. (GURGEL, 2013).

Ainda de acordo com o mesmo autor, o teto tem grande impacto na maneira na qual percebemos o ambiente. Para aumentar visualmente a altura do pédireito, pinte-o com um tom mais claro que as paredes, e para diminuir a altura faça o inverso desse processo. Caso a iluminação seja indireta (com a luz toda direcionada para o teto) o pé-direito parecerá mais alto do que na realidade é. Os materiais mais comuns e aplicáveis para os tetos nas áreas internas, ainda de acordo com Gurgle (2013) são:

 Gesso: uma opção versátil, na qual se possibilita variações na altura e projetos de iluminação mais complexos. Proporcionam ao teto superfícies continuas na qual pode-se adquirir um acabamento liso, pintado, texturizado ou até mesmo a aplicação de papel de parede.

 Madeira: este tipo de material é aconchegante e auxilia a abaixar visualmente a altura do pé-direito, caso já exista um forro de madeira e este promova ao ambiente uma sensação de opressão (por estar instalado em um pé-direito baixo, por exemplo), pinte-a em um tom mais claro, a textura do forro de madeira permanecerá a mesma, porém seu peso visual desaparecerá.