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3.2. Recomendações para uma cozinha segura

3.2.1. Design Universal x usabilidade x adaptações

Segundo Iida (2005) o design universal em suma preocupa-se, em tornar determinado produto acessível à maioria da população, já a usabilidade preocupa-se em facilitar a utilização deste produto. O Design Universal tem como objetivo utilizar determinadas características que facilitem o uso do produto por minorias, como idosos, portadores de deficiências físicas, canhotos, entre outros. Seguem alguns dos princípios que podem ser adotados no projeto descritos:

“Uso equitativo – O produto deve ter dimensões, ajustes e acessórios que permitam atender ao maior número possível de usuários. Estes devem permitir, a todos os usuários, uso de forma idêntica, quando possível ou, senão, equivalente. [...] A segurança, proteção e privacidade devem estar igualmente disponíveis a todos os usuários. Flexibilidade no uso – O projeto deve acomodar uma ampla gama de habilidade e preferências individuais, possibilitar o uso aos destros e canhotos; facilitar o uso preciso e exato a todos os usuários; possibilitar a escolha do modo de usar; e adaptar-se às forças e ritmos próprios de cada usuário. Uso simples e intuitivo – O produto deve ser facilmente entendido, sem depender de conhecimentos especializados. [...] eliminar a complexidade desnecessária. [...] Informação perceptível – As informações devem ser efetivamente comunicadas aos

usuários, sem depender de habilidades especiais dos mesmos. [...] apresentar as informações essenciais com redundância [...] melhorar visibilidade [...] com contrastes e texturas. [...] Tolerância ao erro – O projeto deve minimizar os riscos e conseqüências adversas das ações involuntárias ou acidentais. [...] proteger locais perigosos; [...] providenciar advertências para erros e acionamentos involuntários; e permitir fácil retorno ao estado anterior. Redução do gasto energético – O projeto deve evitar super- dimensionamentos desnecessários, que levem a maiores gastos energéticos. [...]. Espaço apropriado - O dimensionamento das máquinas, equipamentos e espaços de trabalho deve ser apropriado para acesso, alcance e manipulação, independentemente do tamanho do usuário, sua postura ou mobilidade. [...] Os espaços físicos exagerados levam as pessoas idosas a movimentar-se em excesso para realizar as tarefas.” (NULL apud IIDA, 2005, p. 319 – 320)

O conceito do Design Universal defende as ideias de que a capacidade funcional das pessoas aumenta quando as barreiras são removidas e a de uma sociedade inclusa. Todos os usuários em um espaço acessível devem estar capazes de circular, ingressar e utilizar todos os ambientes e não parte deles, independentemente do seu grau de agilidade, idade, habilidade e vigor físico. (BEDNAR, 1977).

Segundo o Centro de Desenho Universal da Universidade Carolina do Norte, sete são os princípios do Design Universal, criados para informação referencial e pesquisa técnica:

 Uso Equitativo: o produto deve possuir dimensões, ajustes e acessórios que permitam um uso do maior número de usuários possível, de maneira idêntica ou ao menos equivalente. Defende na realidade um desenho atraente para todos, além de garantir a segurança, privacidade e proteção para todos;

 Flexibilidade no uso: o projeto deve possuir uma ampla gama de habilidades e preferências individuais, permitindo o uso equitativo;

 Uso simples e intuitivo: o produto deve ser entendido facilmente, independentemente da experiência do usuário. O produto deve ser mais simplificado possível, eliminando a complexibilidade desnecessária. Deve acomodar portanto as diversas maneiras de linguagem, diferenças culturais, entre outros;

 Informação perceptível: as informações devem ser comunicadas ao

 Tolerância ao erro: o projeto deve buscar minimizar os riscos e as consequências adversas das ações involuntárias ou acidentais;

 Redução de esforço físico: deve-se evitar o super dimensionamento desnecessário no projeto. Deve-se permitir o uso por todos de maneira confortável e eficiente, com o desperdício mínimo de energia;

 Espaço apropriado: dimensionamento de equipamentos e espaços devem

ser apropriados para a aproximação, alcance, manipulação e uso, independente do porto do usuário, sua mobilidade ou postura. Espaços físicos mal dimensionados levam uma pessoa idosa a movimentar-se em excesso por exemplo.

3.2.1.1. Usabilidade

A usabilidade é a facilidade e comodidade no uso determinados produtos, tanto em um ambiente doméstico como em um ambiente profissional. Se relaciona com a eficiência e o conforto dos produtos. A usabilidade depende, não apenas das características do produto, mas também de seus objetivos e do ambiente no qual este produto será utilizado. Trata-se então da interação entre o produto, o ambiente, a tarefa e o usuário. (IIDA, 2005).

De acordo com Jordan (1998), seis são os princípios da usabilidade que devem ser seguidos, segue abaixo alguns destes princípios que podem ser adotados para melhorar a usabilidade dos produtos:

“Evidência – A solução formal do produto deve indicar claramente a sua função e o modo de operação. [...] A evidência reduz o tempo de aprendizagem e facilita a memorização, além de reduzir os erros de operação.

Consistência – As operações semelhantes devem ser realizadas de forma semelhante. Isso permite que o usuário faça uma transferência positiva da experiência. [...]

Capacidade – O usuário possui determinadas capacidades para cada função, que devem ser respeitadas.[...]

Compatibilidade – O atendimento às expectativas do usuário melhora a compatibilidade. Essas expectativas dependem de fatores fisiológicos, culturais e experiências anteriores.[...]

Prevenção e correção de erros – Os produtos devem impedir os procedimentos errados. Se estes ocorrerem, devem permitir uma correção fácil e rápida. [...]

Realimentação – Os produtos devem dar um retorno aos usuários sobre os resultados de sua ação. [...] A realimentação é importante para que o

operador possa redirecionar a sua ação. [...]” (JORDAN apud IIDA, 2005, p.321)

Ao analisar os princípios da usabilidade citados anteriormente, observa-se que eles, diferentemente dos princípios do design universal, levam em consideração a capacidade e o conhecimento prévio do usuário.

Iida (2005) frisa que esses princípios recaem sobre duas características do produto, as características físicas e as características cognitivas. Quanto às físicas, podem-se alterar, peso, forma, dimensões, cor, textura, afim de melhorar a interação entre o usuário o produto, uma solução simples de adaptar o mesmo produto a diversas pessoas é colocar regulagens de altura no produto, por exemplo. Ainda de acordo com o mesmo autor quanto às características cognitivas, refere-se às experiências já vividas pelo usuário ao utilizar determinado produto, é de suma importância saber e avaliar o que eles conhecem sobre o produto e como estão acostumados a utilizá-lo.

3.2.1.2. Adaptações

Adaptações se tratam de um conjunto de soluções aplicadas em um ambiente ou objeto, após estes estarem finalizados, buscando torna-los acessíveis para todos. Em um ambiente adaptado, suas adaptações devem passar despercebidas a todos, é importante essa “invisibilidade” para a funcionalidade e a aceitação do usuários, pois tiram o caráter de excepcionalidade que normalmente carrega um produto ou serviço destinado para pessoas com necessidades especiais. (SÂMIA, 2008).

Ainda de acordo com a mesma autora, estas adaptações mais discretas não podem ser realizadas de tal maneira, quando um produto ou ambiente não é projetado desde o início. Um exemplo disso são as barras de apoio instadas em ambientes. Estes tipo de barras se pensadas desde o inicio da concepção do projeto, poderiam se fundir visualmente ao projeto mobiliário, mantendo sua função de apoio e com uma solução estética mais agradável.

O ideal é adaptar os espaços antes de uma real necessidade, isso vem do fato de as pessoas suportarem níveis baixos de conforto até a idade adulta, porém com o

avanço da idade não as suporta mais. As difusões orgânicas em decorrência do envelhecimento prejudicam a capacidade dos idosos se adaptarem aos espaços. Não adianta esperar por um acidente ou imprevisto para depois fazer as adaptações, é melhor que as façam preventivamente, pois são coisas simples de se fazer. (PERITO, 2006).

De acordo com Perracini (2003), os ambientes devem ser projetados para promover e encorajar a independência e autonomia, de maneira que uma boa qualidade de vida possa ser proporcionada a todos os indivíduos.

Sâmia (2008) fixa que para garantir sucesso na introdução das adaptações e criar ambientes nos quais todas as pessoas sintam-se incluídas deve-se levar em considerações fatores como:

“- a tecnologia e as adaptações, devem ser percebidas como necessárias e significativas em relação a possibilidade de manutenção do estilo de vida da pessoa idosa ou com alguma deficiência. É fundamental, considerar previamente o que o usuário sente e pensa sobre a adaptação e se o uso do equipamento de auto-ajuda, ou a modificação ambiental, vai melhorar o seu desempenho nas atividades da vida diária;

- a auto-estima e autoconfiança rebaixadas, combinadas à diminuição da habilidade física, podem ser um obstáculo na aceitação das adaptações e devem ser abordadas terapeuticamente junto a intervenção ambiental. É importante uma analise prévia de como o comportamento, da pessoa idosa, será reforçado pelo uso da adaptação;

- deve-se prever, uma quantidade generosa, de sessões de treinamento, do uso das adaptações, ao usuário. Essas seções devem ser oferecidas, no local onde a adaptação vai ser utilizada;

- os instrutores devem ser, preferencialmente, terapeutas ocupacionais e conhecer bem as habilidades funcionais do usuário, as atividades a serem aprimoradas e alcançadas com o uso da adaptação, assim como, dominar tecnicamente a adaptação proposta;

- quando a adaptação envolver comandos de equipamentos, deve-se analisar se o design do mesmo é, compatível com as habilidades cognitivas, físicas e as características emocionais do usuário.” (SÂMIA, 2008, p. 60, 61) Antecipadamente é difícil prever quais serão as possíveis adaptações necessárias para o usuário no futuro, portanto o conceito do design universal que promove um ambiente adequado ao maior numero de usuários, independentemente de suas limitações físicas, culturais e financeiras parece para Sâmia (2008) mais coerente e essencial em uma residência para a vida toda.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS