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2.3. O Idoso no ambiente Ambiente Residencial

2.3.1. O USO DA COZINHA PELO IDOSO

É comum observar que muitos idosos passam grande parte do seu tempo dentro de casa, muitas vezes necessitando do auxílio de outras pessoas para a realização de suas atividades diárias. É também dentro do ambiente residencial onde a maioria dos acidentes são registrados, em especial na cozinha. Por isso, se viu a necessidade de buscar suprir estas limitações dos idosos, comparando dados e informações, buscando-se soluções para estes problemas. (BIANCHI; OLIVEIRA; MORAES, 2008).

Estas mesmas autoras, elaboraram uma espécie de fluxograma funcional ação- decisão no qual os idosos se encontram ao realizar atividades domesticas em uma cozinha, conforme mostra a Figura 14.

Fonte: (BIANCHI; OLIVEIRA; MORAES, 2008)

Segundo Iida (1990), no que diz respeito a riscos de acidentes domésticos, estes são mais comuns do que se imagina. De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS) “um terço dos atendimentos por lesões traumáticas nos hospitais do País ocorre com pessoas de mais de 60 anos”, sendo que aproximadamente 75% destas lesões ocorrem em ambiente residencial, e destas 34% das quedas ocasionam algum tipo de fratura.

Abrams (1995, p.55) reafirma o que foi posto no parágrafo anterior, “as quedas são a causa mais comum de acidentes em pessoas acima dos 65 anos de idade, e são a principal causa de mortalidade e lesões externas”.

Os riscos de acidentes em ambientes domiciliares, como a queda para o idoso estão ligados à um ambiente planejado e projetado de maneira inadequada para as suas limitações físicas. Spirduso (2005, p.172) define o equilíbrio como “a capacidade de manter a posição do corpo sobre a sua base de apoio, seja essa base estacionária ou móvel”.

Uma maneira de evitar esses tipos de acidentes domésticos com as pessoas idosas é melhorando a interação entre o produto/ambiente e o usuário, criando produtos mais seguros, por isso é importante que seja revisto os possíveis usos indevidos dos produtos, para que assim seja assegurada a devida utilização do mesmo. (IIDA, 2010).

De acordo com Abrams (1995), os fatores ambientais domiciliares que contribuem para as quedas são inúmeros, porém dentro os quais se destaca: prateleiras muito altas ou muito baixas, baixa iluminação, escadas, colocar-se em pé sobre cadeiras ou banco, tonturas geradas por remédios, piso escorregadio ou molhado, superfícies sobreo chão como tapetes, cadeiras, camas.

De acordo com o mesmo autor, é imprescindível que adaptações sejam realizadas no ambiente onde o idoso reside para evitar possíveis acidentes. É recomendável que os obstáculos à segurança nestas áreas que o idoso se encontra, devem ser identificados e eliminados. Ainda de acordo com o mesmo autor é necessário que algumas alterações sejam feitas neste ambiente para corrigir esses problemas, tais como: utilizar cadeiras com descaso para braço, manter os itens que são utilizados com mais frequência em locais acessíveis, usar de muita iluminação na casa, mesas com pernas resistentes, evitar tapetes, entre outros.

Para Iida (2010), outro problema no que diz respeito ao uso de cozinha por pessoas idosas é o arranjo físico ou do layout. As peças entre as quais há um maior fluxo de movimentos devem estar próximas entre si. Estudos mostram que a frequência dos movimentos demonstra que é maior entre a bancada-pia e bancada-fogão e menor entre bancada-geladeira e bancada-armários.

Percebe-se que a bancada funciona como um centro irrigador desses movimentos. Conclui-se portanto que no projeto do layout da cozinha, o elemento de mais ênfase de estudo é a bancada, nesta que se deve colocar a pia e o fogão, enquanto que as posições da geladeira e dos armários são mais flexíveis (IIDA, 1990).

Sâmia (2008), afirma que se tratando de um idoso e do uso do ambiente da cozinha, deve-se considerar que os déficits do envelhecimento, na maioria das vezes são progressivos, e que a percepção do idoso em relação ao ambiente em que ele está em geral não muda. De acordo com a mesma autora, o idoso pode não captar e perceber as limitações que a idade avançada lhe impõe, e acreditar que ainda é capaz de desenvolver as mesmas atividades com a facilidade que desenvolvia antes. Ela ainda afirma que isto se dá em especial, quando o idoso reside a muito tempo na mesma residência. Em casos como este, por exemplo, o idoso pode acreditar que esta apto a ir, ao quarto ou ao banheiro a noite sem precisar acender a luz, por considerar ter total domínio sobre o espaço que está.

A seguir estão dispostas imagens que ilustram o uso da cozinha por uma pessoa idosa, na Figura 15 ilustra a idosa utilizando a bancada da pia, a Figura 16 mostra a idosa utilizando os armários superiores da cozinha, já a figura 17 retrata o uso do armário inferior. A idosa em questão possui 64 anos e a mesma encontra uma certa dificuldade na utilização desse ambiente.

Fig. 15 – Idosa utilizando a bancada da pia

Na figura anterior (Figura 15), observa-se o uso do armário inferior e a dificuldade que a idosa encontra para alcançar a prateleira superior interna do mesmo, valendo ressaltar que a mesma não tem um campo de visão claro do conteúdo que está na parte interna do armário. Se observa também uso da pia, juntamente com a bancada inferior. Nota-se uma grande profundidade da bancada, dificultando o acesso para limpeza da mesma, fazendo com que a idosa prolongue seu braço para um melhor alcance.

Já a Figura 16 é representado o uso do armário superior pela mesma idosa, conforme ilustrado abaixo.

Figura 16 – Idosa utilizando o armário superior

Fonte: Autora

É observado na imagem acima (Figura 16) a dificuldade de acesso para a utilização do ármario superior. Para alcançar algum objeto encontrado na parte interna do mesmo, a idosa faz o uso difícil e arriscado de uma escada, na qual ao estar acima do segundo degrau ela consegue ter total campo de visão do que se encontra nas prateleiras.

Na imagem abaixo (Figura 17) é demonstrado o uso dos ármarios inferiores da bancada abaixo da pia pela pessoa idosa.

Figura 17 – Idosa utilizando o armário inferior

Fonte: Autora

É notório também nesta situação da imagem acima (Fig. 19) a dificuldade de acesso ao conteúdo interno do armário inferior. Para ter um melhor campo de visão do mesmo, a idosa faz o uso de um pequeno banco de madeira, no qual se senta com dificuldade para alcançar algum objeto que esteja dentro do armário.

SEÇÃO 3 |

O DESIGN DE INTERIORES, DESIGN UNIVERSAL E

ACESSIBILIDADE

A seção a seguir será abordada todos os componentes que são necessários para a elaboração de um projeto de interior, desde os componentes arquitetônicos, o mobiliário adequado, a escolha e seleção de materiais entre outros. Também será visto as premissas do design universal e o que é preciso para tornar um ambiente acessível para todo e qualquer usuário.

3.1. Componentes a serem considerados para elaboração de projetos de