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Análise Bivariada e Análise de Correlações

Capítulo 5 – Análise e Apresentação dos Resultados

5.2. Análise Bivariada e Análise de Correlações

Nesta secção do trabalho iremos apresentar os resultados obtidos na análise de correlações das variáveis do estudo. Para isso, adotamos o método de correlação Pearson uma vez que este mede o grau de correlação linear entre duas variáveis quantitativas (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005).

Na Tabela 7 podemos observar a matriz de correlações, com indicação da média, desvio padrão e consistência interna dos fatores. Através da análise da matriz de correlações conseguimos identificar o tipo de associação existente entre as variáveis.

Foram incluídas as variáveis assédio moral, a liderança transformacional, a liderança ética e o clima ético, bem como as variáveis sociodemográficas (idade e tempo de trabalho). Estas variáveis sociodemográficas foram incorporadas na matriz pois evidenciaram correlações estatisticamente significativas, o que nos permite retirar conclusões importantes para a confirmação do modelo de investigação.

Em relação aos valores das correlações, o critério estabelecido por Cohen (1988) foi o critério adotado para avaliar a intensidade das associações entre as variáveis em estudo. Para avaliar o grau de associação entre as variáveis consideramos que 0,10 < r < 0,29 a correlação é fraca; 0,30 < r < 0,49 a correlação é moderada; e 0,50 < r < 1, a correlação é forte.

5.2.1. Analise das correlações do Assédio Moral

Pela análise de correlações contatamos que o assédio moral está correlacionado de forma negativa e estatisticamente significativa, com a liderança transformacional (r= - 0,421; p <0,01), com a liderança ética (r = - 0,519; p <0,01) e com o clima organizacional ético (r=-0,512; p<0,01). O assédio moral correlaciona-se significativamente e positivamente com a idade (r = 0,303; p <0,01).

Estes resultados indicam que os casos de assédio moral diminuem quando os líderes adotam estilos de liderança transformacional e ética. Os líderes que adotam estes dois estilos de liderança tendem a enaltecer as atitudes que são corretas e a condenar as ações consideradas erradas. A liderança ética é o estilo de liderança que tem uma maior influência nos comportamentos de assédio moral por ser também a forma de liderar mais consciente e que entende a necessidade de se eliminar as práticas antiéticas e de se fomentar a ética e a moralidade nas organizações (Stouten et al., 2010; Ahmad, 2018). As organizações que potenciam climas éticos tendem a diminuir a probabilidade de ocorrência de situações de assédio moral (Bulutlar e Öz, 2009).

A

análise correlacional sugere ainda que os indivíduos com mais perceção sobre os casos de assédio moral são os colaboradores mais velhos, uma vez que tendo mais experiência de trabalho conseguem identificar mais facilmente situações irregulares e erradas.

No que concerne às correlações existentes percebemos que a liderança ética e o clima ético se encontram fortemente correlacionadas com o assédio moral mas com sinal negativo. Por seu lado, a liderança transformacional também se correlaciona negativamente com o assédio mas de forma mais moderada.

5.2.2. Análise das correlações da Liderança Transformacional

Nesta secção expomos os resultados da análise de correlação da liderança transformacional com as demais variáveis do estudo. Tendo como suporte a matriz correlacional, percebemos que a liderança ética (r =0,869; p<0,01) e o clima ético (r = 0,662; p <0,01) se correlacionam de forma positiva e estatisticamente significativa com a liderança transformacional.

Estas correlações positivas demonstram que a liderança transformacional apresenta ligações com a liderança ética. Ou seja, a perceção de liderança transformacional tende a ser maior

quando os colaboradores observam também comportamentos e atitudes de liderança ética. Também, constatamos que os indivíduos tendem a apresentar uma perceção mais elevada de liderança transformacional quando estão inseridos num clima organizacional ético, ou seja a liderança transformacional tende a associar-se a um ambiente ético.

5.2.3. Análise das correlações da Liderança Ética

Através da análise da matriz correlacional conseguimos detetar algumas tendências em relação ao tipo de associação entre a liderança ética e as outras variáveis. Constatamos que a liderança ética estabelece uma forte correlação positiva, estatisticamente significativa, com o clima organizacional ético (r= 0,707; p <0,01) e estabelece uma relação negativa, estatisticamente significativa, com o tempo de trabalho (r=- 0,191; p <0,01).

A análise indica que os indivíduos que têm uma maior perceção de liderança ética percecionam o clima da organização como sendo também ético. O clima organizacional tem interferência na forma como os colaboradores percecionam os estilos de liderança, em especial, num clima de trabalho ético estão implementadas medidas que estão de acordo com as normas que um líder ético institui (Mayer et al., 2010). Adicionalmente, os resultados indicam que os colaboradores com mais tempo de trabalho têm uma menor perceção de ética da parte dos líderes.

5.2.4. Análise das correlações do Clima Organizacional Ético

Pela matriz de correlações concluímos ainda que o clima ético se correlaciona de forma negativa e estatisticamente significativa com a idade (r= - 0,195; p <0,01).

Esta correlação negativa demostra que os colaboradores mais novos têm uma maior perceção do clima organizacional como sendo ético e os mais velhos tendem a ter perceções mais moderadas relativamente ao clima ético.

5.2.5. Análise das correlações da Idade

Por fim, considerando as correlações existentes entre a idade e as outras variáveis verificamos que o tempo de trabalho (r = 0,637; p <0,01) se correlaciona naturalmente e de

forma positiva com a idade. A análise positiva verificada entre as variáveis indica-nos que os indivíduos mais velhos estão também há mais tempo na organização.

Em suma a associação das variáveis permitiu-nos compreender e avançar algumas explicações sobre os dados todavia só as análises seguintes nos poderão dar indicações que nos permitam testar as hipóteses de trabalho. Neste sentido, finalizada a análise correlacional, passaremos na secção seguinte à análise fatorial confirmatória e depois à estimação de modelos de equações estruturais que nos permitirão responder às hipóteses de trabalho.

Tabela 7 - Matriz Correlacional

Média DP 1 2 3 4 5 6

1.Assédio Moral

2.Liderança Transformacional

3.Liderança Ética

4.Clima Organizacional Ético

5.Idade 6.Tempo de trabalho 2,49 2,98 2,99 3,19 30,13 2,09 1,01 1,06 1,08 0,69 9,35 0,91 (0,94) -0,421** -0,519** -0,512** 0,303** 0,169* (0,94) 0,869** 0,662** -0,089 -0,151* (0,95) 0,707** -0,148* -0,191** (0,88) -0,195** -0,126 0,637**