• Nenhum resultado encontrado

Análise conjunta dos acrônimos de quatro letras

No documento Universidade Federal do Rio de Janeiro (páginas 162-0)

6.2 ANÁLISE VIA TEORIA DA OTIMALIDADE

6.2.3 As siglas de quatro letras

6.2.3.15 Análise conjunta dos acrônimos de quatro letras

Nesta seção, cabe, após as descrições dos formatos de siglas de quatro letras, a análise dos acrônimos por meio dos mecanismos da TO. Para isso, é imprescindível que sejam formuladas e ranqueadas as restrições, muitas já citadas nas descrições dos formatos e já conhecidas quando da análise dos acrônimos de duas e três letras. Abaixo, em (36), enumeramos as restrições atuantes:

163 (36)

CODA-COND [+ soante / - soante, + contínuo, + coronal] (Condições sobre a coda): Apenas são permitidos, na posição de coda, segmentos soânticos (nasais, líquidas e vogais) e sibilantes (fricativas alveolares e álveo-palatais);

devem ser penalizadas, nessa posição, oclusivas e fricativas labiais (LEE, 1999).

Violação: quando oclusivas e fricativas labiais aparecerem na posição de coda.

ú]MWd: Palavras morfológicas que terminam em <U> devem ser acentuadas nessa vogal.

Violação: sempre que a palavra morfológica terminada em <U> não for oxítona.

TROCHEE (TROQUEU): Todo pé deve ter duas moras, estejam elas localizadas em uma mesma sílaba ou em sílabas distintas. No caso de sílabas distintas, a cabeça deve estar à esquerda (RONDININI, 2009: 104).

Violação: sempre que um pé dissilábico não apresentar cabeça na sílaba inicial ou houver formação de um pé constituído por uma sílaba leve.

*MID]MWd: Palavras morfológicas não devem terminar em vogal média.

Violação: quando vogais médias aparecerem na borda direita de palavras morfológicas.

* coronal coronal

+ aberto 3 - aberto 2 MWd

164 O ditongo aberto [ɛj] não deve figurar na margem direita de palavras morfológicas.

Violação: sempre que palavras morfológicas terminarem com o ditongo aberto [ɛj].

STRESS-TO-WEIGHT (STW): Toda sílaba portadora de acento primário deve ser pesada.

Violação: Toda sílaba leve portadora de acento deve receber infração.

OPEN-TO-STRESS (OTS): Abertura ao acento: as vogais médias acentuadas devem ser abertas.

Violação: quando as vogais médias acentuadas forem fechadas.

DEP-IO (Dependência do input no output): nenhum segmento deve ser inserido; não pode haver qualquer tipo de acréscimo no output.

Violação: quando houver epêntese.

Em (37), abaixo, nossa proposta de hierarquização:

(37)

CODA-COND >> ú]MWd >> TROCHEE >> *MID]MWd >> *

ɛj]

MWd >> STW >>

OTS>> DEP

165 Assim como ocorre com os acrônimos de duas e de três letras, CODA-COND deve ser a restrição mais bem cotada da hierarquia. De acordo com esse restritor, um candidato como [pe(ˈad)], possível realização fonética do acrônimo PEAD (Português – Ensino a Distância), por apresentar o segmento oclusivo [d] na posição de coda, é impossibilitado de emergir como vitorioso na competição.

Inoperante na análise dos acrônimos de duas e de três letras, a restrição ú]MWd é necessária na hierarquia para dar conta de um caso específico: o formato CVCV, quando V2 for <U>. Os dados evidenciaram que, nesse caso particular, os acrônimos constituirão pés iâmbicos, ou seja, a cabeça estará à direita. Dessa maneira, é necessário que ú]MWd esteja hierarquizada à frente de TROCHEE a fim de que um acrônimo como SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), realizado como oxítono pelos informantes e na fala cotidiana, possa vir à superfície.

A restrição TROCHEE, assim como CODA-COND, é essencial na análise. Sendo assim, um candidato como [(u.ˈfla)] para o acrônimo UFLA (Universidade Federal de Lavras) viola TROCHEE por constituir um pé dissilábico com cabeça à direita.

A próxima restrição do ranking é *MID]MWd. Essa restrição, como já se afirmou, é necessária para desfavorecer a inserção de uma vogal média junto ao segmento flutuante na posição de coda. Assim, um possível candidato como [(ˈkla.ke)], para CLAC (Cursos de Línguas Abertos à Comunidade), violaria

*MID]MWd e seria eliminado da competição.

Aparece ranqueado, após *MID]MWd, o restritor da família do OCP

*

ɛj]

MWd. Essa restrição, por exemplo, inibe a emersão do candidato [e(ˈbɛj)],

166 para EBEI (Empresa Brasileira de Engenharia de Infraestrutura). Como já se mostrou na análise dos acrônimos de três letras, esse restritor foi formulado para atender aos dados dos testes, visto que estes evidenciam uma questão fonológica do português brasileiro: não existe qualquer palavra na língua que termine com o ditongo aberto [

ɛj

], a menos que haja travamento por sibilante nas sílabas finais, como ocorre em ‘réis’, por exemplo.

Próxima na hierarquia, a restrição STRESS-TO-WEIGHT (STW) é necessária para que um candidato como [ˈkrɛ.ɐ], para CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), não venha à superfície como output ótimo em virtude de a sílaba acentuada ser leve. A restrição, como se vê, é essencial no ranking, uma vez que a inserção de um glide para a produção de um ditongo fonético é recorrente na fala carioca.

A seguir, vem hierarquizada OPEN-TO-STRESS (OTS). A atuação de OTS impede que um candidato como [i(ˈpej.ɐ)], para IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), por exemplo, venha à tona como output ótimo, já que esse acrônimo é pronunciado com a vogal média aberta.

A última restrição no ranking, tal como ocorre na análise dos acrônimos de duas e de três letras, é DEP-IO, por ser comum, na realização fonética de muitos acrônimos, a inserção da vogal [ɪ] em diversos contextos. A hierarquização desse restritor, ainda que no fim, explica-se para que se evite a inserção de outros possíveis segmentos no acrônimo.

Convém salientar, como fizemos na análise dos acrônimos de três letras, que algumas restrições mencionadas quando da descrição dos formatos

167 (ONSET, PEAK ou NUC e *MWd = ) não foram ranqueadas em virtude de serem inoperantes na análise.

Na sequência, serão iniciadas as análises nos tableaux. Foram selecionados, para isso, alguns acrônimos pelos formatos, a fim de que todas as diversidades possíveis de acrônimos de quatro letras fossem contempladas.

Dessa forma, escolheram-se os seguintes acrônimos: IEAD e OIEC (VVVC), CAEA (CVVV), IESA (VVCV), IPEA e EBEI (VCVV) e PEAD e CAIC (CVVC), CERC (CVCC), ABIC (VCVC), BOPE e SAMU (CVCV), INSP (VCCC), UESB (VVCC), CREA (CCVV), OVNI (VCCV), CLAC e DRES (CCVC). É importante ressaltar que os formatos CCCC, VVVV e CCCV não são abordados nas análises por serem realizados apenas como alfabetismos, e o foco desta tese, reiteramos, é a realização fonética dos acrônimos51.

6.2.3.15.1. Análise do acrônimo IEAD: o formato VVVC em seu primeiro aspecto – os polissílabos paroxítonos

Abaixo, em (38), verifica-se o tableau com a análise de IEAD (Instituto de Educação a Distância).

51 Da mesma forma como feito anteriormente, faremos análises enxutas, dispondo nos tableaux apenas as restrições que são relevantes para os formatos que estão sendo analisados.

168 (38)

IEAD CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  [(ˈ ) (ˈ dʒɪ)] ** *

b) [(ˈ ) (ˈ d)] *! *

c) [(ˈ ) (ˈ d )] *! ** *

d) [(ˈ ) ( ˈdʒi)] *! ** *

Como se observa em (38), o candidato “b” é eliminado da disputa ao infringir CODA-COND, uma vez que o pé alinhado à direita apresenta um segmento oclusivo na posição de coda. Na sequência, “d” sai da competição pelo fato de o pé alinhado à direita apresentar cabeça à direita, violando TROCHEE. Pelo crivo de *MID]MWd, deixa a competição o candidato “c”, que apresenta a vogal média [e] na borda direita da palavra, o que é vetado por essa restrição. Dessa maneira, emerge como output ótimo o candidato “a”, embora viole STW e DEP, restrições menos cotadas no ranking.

6.2.3.15.2. Análise do acrônimo OIEC: o formato VVVC em seu segundo aspecto – os trissílabos paroxítonos

Segue, em (39), tableau com os candidatos a output do acrônimo OIEC (Organização Itaporaense de Educação e Cultura).

169 (39)

OIEC CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW OTS DEP

a)  [(oj) (ˈɛ.kɪ)] * *

b) [(oj) (ˈe.kɪ)] * *! *

c) [(oj) (ˈɛk)] *!

d) [(oj) (ˈɛ.ke)] *! * *

e) [(oj) (ɛ ˈk )] *! * *

A análise verificada em (39) evidencia que o primeiro candidato a ser eliminado é “c”, visto que o pé alinhado à direita apresenta um segmento oclusivo na posição de coda e, por isso, viola CODA-COND. A seguir, por TROCHEE, sai da disputa o candidato “e” em virtude de o pé alinhado à direita apresentar cabeça à direita. A restrição *MID]MWd é responsável pela saída de

“d”, uma vez que esse candidato apresenta a vogal média [e] ao final da palavra morfológica. Na sequência, os candidatos “a”, “b”, “d” e “e” infringem STW, pois a sílaba portadora de acento, nesses candidatos, é leve. Enfim, por meio de OTS, o candidato “b” é eliminado da competição pelo fato de apresentar, na sílaba proeminente, a vogal média com o timbre fechado. Sendo assim, (o ) (ˈɛ.kɪ)] vem à tona como output ótimo do acrônimo OIEC.

Com relação ao formato VVVC, há, além de polissílabos paroxítonos e trissílabos paroxítonos, trissílabos oxítonos, como ocorre em IEAM (Instituto de Educação da Amazônia). Nesse caso, o acento oxítono é garantido pela formação do troqueu moraico na última sílaba pesada, peso esse assegurado

170 pela nasal. A média anterior, por ser localizar em sílaba pretônica, ajusta-se ao vocalismo átono e se realiza fechada, pronúncia default na fala carioca:

[(ˈi.e)(ˈɐ )].

6.2.3.15.3. Análise do acrônimo CAEA: o formato CVVV

A seguir, em (40), segue tableau com a análise do acrônimo CAEA (Centro Acadêmico de Engenharia de Alimentos).

(40)

CAEA TROCHEE STW OTS DEP

a)  [ka (ˈɛj.jɐ)] *

b) [ka (ˈej.jɐ)] *! *

c) [ka (ɛ ˈ )] *! * *

d) [ka (ˈɛ.jɐ)] *! *

A observação do tableau em (40) explicita que o primeiro candidato a ser eliminado é “c”, porque viola TROCHEE. Por meio de STW, “d” deixa a competição, já que a sílaba que porta acento é leve. Desse modo, garantir o preenchimento do ataque pela epêntese do glide não constitui solução mais adequada, já que STW certamente domina ONSET (STW >> ONSET). Na sequência, pelo crivo de OTS, sai da disputa o candidato “b”, por apresentar, na sílaba proeminente, vogal média fechada. Dessa forma, [k (ˈɛj.jɐ)] emerge

171 como realização fonética real do acrônimo CAEA, a despeito de apresentar um pé degenerado e de promover a ambissilabicidade, o que, de acordo com Rodrigues (2012), constitui solução adequada para dar peso à sílaba acentuada e minimizar as violações a ONSET.

O acrônimo analisado é um trissílabo paroxítono, com formação de dois ditongos. Além dessa constituição, o formato CVVV pode gerar acrônimos dissílabos paroxítonos, tais como CEIA (Centro Educacional Integrado Arvoredo), CUIA (Centro de União de Ideias e Artes) e JOIA (Jovens Organizando e Instituindo o Amor). Como esses acrônimos remetem a palavras preexistentes na língua, o que destaca, mais uma vez, o caráter intencional presente nessas formações, não serão analisados por meio dos mecanismos da TO.

6.2.3.15.4. Análise do acrônimo IESA: o formato VVCV

Verifica-se abaixo, em (41), tableau com a análise do acrônimo IESA (Instituto de Educação Santo Antônio).

(41)

IESA TROCHEE STW OTS

a)  [i (ˈɛ.zɐ)] *

b) [i (ˈe.zɐ)] * *!

c) [i (ɛ ˈz )] *! *

172 A análise em (41) mostra que o candidato “c”, por ser um pé iâmbico, infringe TROCHEE, sendo prontamente eliminado da disputa. A seguir, os três candidatos violam uma vez STW, pois as sílabas acentuadas são leves. Por fim, “b” sai da competição pelo fato de apresentar vogal média fechada na sílaba tônica, violando OTS. Com isso, “a” vem à tona como output ótimo do acrônimo IESA, ainda que a sílaba inicial não esteja integrada a nenhum pé.

Além de trissílabos paroxítonos, o formato VVCV pode produzir dissílabos paroxítonos com formação de ditongo na sílaba proeminente, tal como ocorre em AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte). Nesse caso, a vogal alta anterior silabifica na posição de coda, formando um ditongo decrescente, o que garante bom atendimento tanto a TROCHEE quanto a STW: [(ˈaj.kɐ)].

6.2.3.15.5. Análise do acrônimo IPEA: o formato VCVV em seu primeiro aspecto – os trissílabos paroxítonos

No tableau que segue, em (42), verifica-se a análise do acrônimo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

173 (42)

IPEA TROCHEE STW OTS DEP

a)  [i (ˈpɛj.jɐ)] *

b) [i (ˈpej.jɐ)] *! *

c) [i (ˈpɛ.ɐ)] *!

d) [i (pɛ ˈ )] *! *

O tableau em (42) evidencia que o candidato “d” deixa a disputa por conta de TROCHEE. Na sequência, “c” é eliminado em virtude de a sílaba acentuada ser leve, fato que faz com que haja violação por STW. Por OTS, sai da competição o candidato “b”, que apresenta, na sílaba tônica, vogal média fechada. Assim, [ (ˈ ɛj.jɐ)] emerge como forma ótima do acrônimo IPEA.

Novamente aqui, destacam-se, como restrições mais relevantes, TROCHEE, STW e OTS, o que garante paroxítonos com sílaba tônica pesada e núcleo preenchido por média aberta.

6.2.3.15.6. Análise do acrônimo EBEI: o formato VCVV em seu segundo aspecto – os dissílabos oxítonos

A seguir, no tableau (43), observa-se a análise do acrônimo EBEI (Empresa Brasileira de Engenharia de Infraestrutura).

174 (43)

EBEI TROCHEE

*

ɛj]

MWd STW OTS

a)  [e (ˈbej)] *

b) [e (ˈbɛj)] *!

c) [(ˈe.bej)] *! *

A análise exposta em (43) é importante para que se verifique a atuação da restrição simplificada textualmente como *

ɛj]

MWd. Essa restrição, como já se explicou, só opera em acrônimos que terminam em <EI>, desfavorecendo o ditongo aberto [ɛj] à margem direita de palavras morfológicas. Por conta disso, o candidato “b” é eliminado da disputa. O candidato “c”, na sequência, viola STW, visto que a sílaba portadora de acento é leve e, nesse momento, [e (ˈbej)]

vem à tona como output ótimo do acrônimo EBEI, a despeito de infringir uma vez OTS, restrição menos cotada na hierarquia que *

ɛj]

MWd. Desse modo, vogais médias anteriores só não se realizam abertas em sílabas tônicas quando aparecerem nesse tipo de configuração.

175 6.2.3.15.7. Análise do acrônimo PEAD: o formato CVVC em seu primeiro aspecto – os trissílabos paroxítonos

Verifica-se a seguir, no tableau (44), a análise do acrônimo PEAD (Português – Ensino a Distância).

(44)

PEAD CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  [pe (ˈ dʒɪ)] * *

b) [pe ( ˈdʒɪ)] *! * *

c) [pe (ˈad)] *!

d) [pe (ˈ de)] *! * *

A análise observada em (44) mostra que a acronímia desfavorece sílabas travadas por oclusivas (violação de CODA-COND por “c”), postônicas médias (violação de *MID por “d”), ao mesmo tempo em que privilegia a formação de troqueus moraicos, o que é não feito por “b”. Com isso, o candidato “a” vence a competição, embora viole STW e DEP, restrições menos cotadas no ranqueamento.

176 6.2.3.15.8. Análise do acrônimo CAIC: o formato CVVC em seu segundo aspecto – os dissílabos paroxítonos

No tableau abaixo, em (45), segue a análise otimalista do acrônimo CAIC (Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos).

(45)

CAIC CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  [(ˈkaj.kɪ)] *

b) [(kaj.ˈki)] *! * *

c) [ka (ˈi.kɪ)] *! *

d) [(ˈkaj.ke)] *! *

e) [ˈkajk)] *!

Os dados do tableau mostram que o primeiro candidato a deixar a disputa é “e” pelo fato de apresentar um segmento oclusivo ([k]) na posição de coda. Por TROCHEE, é eliminado o candidato “b”, que é constituído por um pé iâmbico. Na sequência, “d” sai da competição, pois a vogal média [e] figura à borda direita da palavra morfológica, o que é vetado por *MID]MWd. Em seguida,

“c”, por ter uma sílaba leve como tônica, é eliminado pelo crivo de STW e, nesse ponto da análise, “a” emerge como candidato vitorioso na disputa, a despeito de violar DEP uma vez. Observe-se que a silabificação da vogal alta

177 anterior como coda garante peso à sílaba acentuada ao mesmo tempo em que previne sílabas sem ataque.

Como foi visto, o formato CVVC gera trissílabos paroxítonos (PEAD) e dissílabos paroxítonos (CAIC). Podem ser gerados, ainda, dissílabos oxítonos, como DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher). Nesse caso, o acento oxítono é garantido pela formação do troqueu moraico na sílaba que contém a nasal. A média anterior, também aqui, ajusta-se ao vocalismo átono e se realiza fechada, pronúncia default na fala carioca: [(de.ˈɐ )].

6.2.3.15.9. Análise do acrônimo CERC: o formato CVCC

Segue abaixo, em (46), tableau com a análise do acrônimo CERC (Centro Educacional Rosa Chamma).

(46)

CERC CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW OTS DEP

a)  [(ˈsɛx.kɪ)] *

b) [(ˈsex.kɪ)] *! *

c) [(ˈsɛxk)] *!

d) [(ˈsɛx.ke)] *! *

e) [(sɛx ˈk )] *! * *

178 Como se observa em (46), o candidato [(ˈsɛx.kɪ] vem à tona como output ótimo do acrônimo CERC pelo fato de os demais violarem as exigências de nível mais alto. Desse modo sobressai em relação a candidatos que formam iambo (“e”), deixam oclusivas em coda (“c”), não promovem a neutralização das postônicas (“d”) ou deixam médias fechadas em sílabas tônicas (“b”).

6.2.3.15.10. Análise do acrônimo ABIC: o formato VCVC

Analisa-se a seguir, em (47), o acrônimo ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café).

(47)

ABIC CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  [a (ˈbi.kɪ)] * *

b) [a (bi.ˈki)] *! * *

c) [a (ˈbik)] *!

d) [a (ˈbi.ke)] *! * *

Os dados do tableau (47) evidenciam que “c”, por apresentar um segmento oclusivo em coda, viola CODA-COND e deixa a competição. Na sequência, “b” infringe TROCHEE e “d” viola *MID]MWd. A partir desse ponto, “a”

vem à superfície como candidato vitorioso, a despeito de violar STW e DEP, restrições menos cotadas no ranking.

179 O formato VCVC, além de constituir trissílabos paroxítonos, como o acrônimo analisado, pode gerar dissílabos paroxítonos (UFES: Universidade Federal do Espírito Santo) e dissílabos oxítonos (UFAL: Universidade Federal de Alagoas). No segundo caso, vem à superfície a forma [u.ˈfaw], que atende, satisfatoriamente, as principais demandas da hierarquia: forma um troqueu na sílaba pesada final, satisfazendo, com isso, tanto TROCHEE quanto STW.

Além disso, não apresenta médias nem promove qualquer inserção, deixando, na coda, um elemento com total licenciamento para essa posição. No primeiro caso, como enfatizamos, o <S> final não conta peso, por termos um dissílabo.

Desse modo, forma-se um troqueu dissilábico e a vogal final, por força de

*MID]MWd, realiza-se como alta.

6.2.3.15.11. Análise do acrônimo BOPE: o formato CVCV em seu primeiro aspecto – os dissílabos paroxítonos

Abaixo, em (48), segue tableau com a análise do acrônimo BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais).

180 (48)

BOPE TROCHEE *MID]MWd STW OTS

a)  (ˈbɔ.pɪ)] *

b) (ˈbo ɪ)] * *!

c) (ˈbɔ.pe)] *! *

d) (bo ˈ )] *! * * *

A análise em (48) revela que o melhor candidato tem de formar um troqueu dissilábico com a tônica se realizando aberta e a postônica, alta. Essas são as soluções adotadas para satisfazer, respectivamente, TROCHEE, OTS e

*MID]MWd. Com isso, [(ˈbɔ.pɪ)] emerge como forma de saída do acrônimo BOPE.

6.2.3.15.12. Análise do acrônimo SAMU: o formato CVCV em seu segundo aspecto – os dissílabos oxítonos

Analisa-se em (49), a seguir, o acrônimo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

181 (49)

SAMU ú]MWd TROCHEE

a)  [(sa.ˈmu)] *

b) [(ˈsɐ .mʊ)] *!

A análise exibida no tableau em (49) é simples, mas necessária nesta tese para que se verifique a atuação do restritor ú]MWd. Como se pode ver, para a análise de SAMU, são necessárias apenas duas restrições, ambas acentuais.

Como a tendência geral dos acrônimos é a constituição de pés trocaicos, é imprescindível que ú]MWd esteja mais bem hierarquizada que TROCHEE, a fim de garantir a emergência de um pé iâmbico, fato que ocorre quando um acrônimo que segue o formato CVCV apresenta <U> em V2.

6.2.3.15.13. Análise do acrônimo INSP: o formato VCCC

Verifica-se a seguir, em (50), tableau com a análise do acrônimo INSP (Instituto Nossa Senhora da Piedade).

182 (50)

INSP CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  (ˈĩʃ.pɪ)] *

b) ( ˈĩʃp)] *!

c) [(ĩʃ ˈ )] *! * *

d) (ˈĩʃ.pe)] *! *

Como se pode notar em (50), [(ˈĩʃ.pɪ)] vem à superfície como output ótimo do acrônimo INSP porque os demais oponentes não são capazes de atender as três primeiras demandas: um forma um pé iâmbico (“c”), outro deixa um segmento sem licenciamento na coda (“b”) e um terceiro (“d”) não aplica a regra de neutralização das postônicas, o que é fortemente desfavorecido por

*MID]MWd.

6.2.3.15.14. Análise do acrônimo UESB: o formato VVCC

Verifica-se abaixo, em (51), tableau com a análise do acrônimo UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia).

183 (51)

UESB CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW OTS DEP

a)  (ˈɛʒ.bɪ)] *

b) (ˈɛʒb)] *!

c) [u (ɛʒ ˈb )] *! * *

d) (ˈ ʒ.bɪ)] *! *

) (ˈɛʒ.be)] *! *

A observação ao tableau (51) mostra que, por CODA-COND, deixa a competição o candidato “b”. Na sequência, “c” é eliminado por TROCHEE. O candidato “e” infringe *MID]MWd, já que a vogal média [e] está localizada no fim da palavra morfológica. A seguir, “d” é eliminado da disputa por meio de OTS, uma vez que a vogal média na sílaba proeminente é realizada com o timbre fechado. Com isso, [u (ˈɛʒ.bɪ)], output real do acrônimo UESB, é o candidato vitorioso na disputa.

6.2.3.15.15. Análise do acrônimo CREA: o formato CCVV

Segue abaixo, em (52), tableau com análise do acrônimo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).

184 (52)

CREA TROCHEE STW OTS DEP

a)  [(ˈkrɛj.jɐ)] *

b) [(ˈkrej.jɐ)] *! *

c) [(kr ˈ )] *! * *

d) [(ˈkrɛ.ɐ)] *!

Novamente aqui, o candidato vencedor abre a média acentuada, realizando-a [ɛ], além de garantir, com a epêntese do segmento ambissilábico, peso ao acento e preenchimento da posição de ataque. Por atender TROCHEE, a forma resultante constitui dissílabo paroxítono, construção não-marcada do português.

6.2.3.15.16. Análise do acrônimo OVNI: o formato VCCV

O tableau abaixo, em (53), explicita a análise do acrônimo OVNI (Objeto Voador Não Identificado).

185 (53)

OVNI TROCHEE *MID]MWd STW OTS DEP

a)  (ˈɔ.vɪ) nɪ] * *

b) (ˈo vɪ) nɪ] * *! *

c) o (v ˈn )] *! * *

d) (ˈɔ.vɪ) ne] *! * *

Os dados exibidos pelo tableau (53) evidenciam que “c” é o primeiro candidato a ser eliminado, pois o pé constituído apresenta cabeça à direita, ou seja, há uma infração a TROCHEE. Em seguida, “d”, por apresentar a vogal média [e] na borda direita da palavra morfológica, viola *MID]MWd e deixa a competição. Todos os candidatos, na sequência, infringem uma vez STW pelo fato de a sílaba portadora de acento ser leve. Por fim, o candidato “b” viola OTS, visto que a sílaba proeminente apresenta vogal média fechada e, por isso, sai da disputa. Com isso, “a” emerge como output ótimo do acrônimo OVNI.

A possibilidade de gerar um pé trocaico à esquerda e deixar um elemento extramétrico à direita é feita por LEE (2007), ao analisar os acentos irregulares dos não-verbos (para o autor, o acento proparoxítono é irregular).

Com a epêntese de [ɪ], produz-se a palavra proparoxítona [(ˈɔ.vɪ) nɪ], output ótimo do acrônimo OVNI. Além disso, a formação de um troqueu moraico a partir da borda direita da palavra levaria um segmento epentético a portar acento, o que constitui grave infração a HEAD-DEP, restritor que milita contra a

186 inserção em posição de cabeça. Desse modo, um candidato como o (ˈv n )], apesar de deixar um elemento não integrado à esquerda, formando um troqueu na margem direita da MWd resultante, acentua uma vogal epentética, fato que nos levaria a pensar numa dominância do tipo HEAD-DEP >> TROCHEE.

Ademais de o formato VCCV constituir acrônimos proparoxítonos, tais como OVNI e UFBA (Universidade Federal da Bahia: [ˈu.fɪ.bɐ]), pode gerar, ainda, dissílabos paroxítonos, como ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) e UFLA (Universidade Federal de Lavras). Por serem estruturas regulares e bem-formadas, não as abordaremos a partir de tableaux.

6.2.3.15.17. Análise do acrônimo CLAC: o formato CCVC em seu primeiro aspecto – os dissílabos paroxítonos

A seguir, em (54), verifica-se a análise otimalista do acrônimo CLAC (Cursos de Línguas Abertos à Comunidade).

(54)

CLAC CODA-COND TROCHEE *MID]MWd STW DEP

a)  [(ˈkla.kɪ)] * *

b) [(kla.ˈki)] *! * *

c) [(ˈkla.ke)] *! * *

d) [(ˈklak)] *!

187 Também em (54), o candidato vencedor sobressai em relação a “d” por silabificar o segmento oclusivo [k] em onset, em relação a “c” por aplicar a

187 Também em (54), o candidato vencedor sobressai em relação a “d” por silabificar o segmento oclusivo [k] em onset, em relação a “c” por aplicar a

No documento Universidade Federal do Rio de Janeiro (páginas 162-0)