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Nesta quinta atividade, objetivou-se estudar a ubiquidade dos micro-organismos, com a realização de uma atividade de experimentação investigativa adaptada com a finalidade de iniciar uma prática experimental utilizando uma cultura de fungos de forma a estimular e proporcionar uma vivência significativa para os alunos, mostrando e identificando os ambientes aparentemente limpos que podem conter micro-organismos fungos na Escola.

Desde o início da aplicação da sequência, procurei auxiliar os alunos a olhar para uma ciência mais ampla e envolvente. A questão inicial problematizadora que norteou esta aula foi. Em qual ambiente espera-se encontrar uma maior quantidade de fungos na Escola?”

Em seguida, os alunos andaram pelo pátio da Escola e banheiro, escolhendo um local para encostar a mão. Ao ser escolhido o local, o aluno líder de cada grupo lavava as mãos na tigela com água e açúcar, sem tocar nos objetos considerados potencialmente contaminados. Assim, com o funil, cada representante do grupo colocava um pouco dessa água no tubo de ensaio. Em seguida, foi molhado o algodão no azul de bromotimol e colocado na boca do tubo de ensaio, sem encostar no líquido. Foi fechado o tubo de ensaio com a rolha, esperando-se após alguns dias, o resultado.

Como este assunto chamou a atenção dos alunos, era evidente a euforia deles, então, pedi-lhes que, em grupo, observasse em sua volta, no pátio da Escola, banheiro, e procurassem o local mais provável para encontrar a presença destes micro-organismos fungos; dessa forma, estaria preparando os alunos para terem uma sensibilidade mais apurada do espaço em que estão inseridos.

Também ocorreram nessa aula registros escritos de perguntas investigativas propostas, além das questões orais problematizadas.

Transcreveu-se abaixo a condução desta aula.

(1) P: E então Quais as relações existentes entre os micro-organismos fungos e os ambientes onde

vivem? Será que tem relação ou não?

(2) A1: Professora tem sim, pelo que vimos os fungos gostam, de locais úmidos, chuvosos, escuros. (3) A2: E também onde tem muita sujeira.

(4) P: Como assim?

(5) A3: Há ... quando nós andamos pelo pátio ...percebi muita sujeira no banheiro, bebedouro próximo à escada, na lixeira.

(6) P: Será que estes micro-organismos fungos vivem neste ambientes que você falou só por causa da sujeira, umidade então. E em locais quentes sobreviveriam?

(Pausa para reflexão)

(7) A4: Claro que não, professora, só ocorrem quando chove.

(8) P: Ei... ei... os fungos gostam de lugares úmidos e também de lugares quentes.É claro que se desenvolve muito bem em locais úmidos, com pouca luz e muita matéria orgânica que usam para se alimentar,mas também precisam de uma temperatura mais alta.

(9) A5: Professora, para que esse material sobre a bancada? (10) A3: Opa! Vamos fazer uma experiência? Eu quero ajudar.

Na verdade, muitos se prontificaram em ajudar... teve muito borbulho, conversas. (11) P: Pessoal, assim não dá..vamos um de cada vez.

(silêncio para ouvir a professora explicar como ocorreriam os procedimentos da investigação e a

divisão dos grupos).

(12) P: Vamos fazer uma análise de microbiologia sobre fungos no nosso ambiente escolar. (13) A1: Microbiologia?

(14) P: Microbiologia, quem já ouviu falar o que é?.

Uma aluna comentou...

(15) A6: Eu ouvi falar em microbiologia... (16) P: Isso... o que significa microbiologia.

(17) A1: Se micro-organismos são seres microscópicos... pequenos... então microbiologia deve ser deve ser o estudo desses seres.

(18) P: Ok... é isso aí.. essa relação das palavras é muito importante que também façam.

(19) A6: Então, professora, microbiologia é o estudos desses seres microscópios que estamos estudando como os fungos

(20)P: Ok... muito bem... microbiologia é o estudo dos micro-organismos, ou seja são formas de vida bem pequenas que, na maioria das vezes, só podem ser vistas com o auxilio do microscópio como bactérias, vírus, fungos. Em nosso caso especial, vamos estudar os micro-organismos fungos. Ok. (21) P: Então, estamos entendidos? Cada grupo elege um aluno para fazer a coleta e qual o local a ser analisado com a presença ou não de fungos micro-organismos.

(Divisão dos grupos e escolha dos alunos-pausa-conversas).

(22) P: Pronto... pronto... agora vamos lá..cada grupo irá andar pelo espaço da escola e realizar a atividade.

(23) P: Pronto... pessoal ... um grupo de cada vez. Temos que identificar no tubo de ensaio o nome do grupo e o local coletado.

Feito, começaram novamente as indagações.. sem parar... quase todos ao mesmo tempo.

(24) A6: O que será que vai ocorrer? (25) A7: Quanto tempo vai demorar?

(26) A5: Eu acho que o material coletado no vaso do banheiro feminino vai dar mais micro organismos.

(27) A3: Professora posso escolher mais um local. Queria fazer de novo?

(28) P: Pessoal... novamente um de cada vez. Sei que estão empolgados, mas calma. Conforme combinado um local por grupo.

(29) P: Agora..vamos fazer o preparo ...colocar azul de bromotimol.

A professora explicou que é o azul de bromotimol e como ela conseguiu e o que é.

(30) P: Então o azul de bromotimol é um indicador adequado para determinações de ácidos e bases fracos o que chamamos de pH .Geralmente, é utilizado como indicador Uma de suas aplicações típicas como indicador é a determinação de pH de aquários, tanques de peixes , águas de criadouros e uso ocasional em laboratório.

(31) A8: Professora, a laranja é ácida?.

(32) P: Sim, quando uma pessoa fala que uma laranja é ácida e uma banana não é, ela está se baseando no sabor. Geralmente, as substâncias ácidas são azedas, amargas. Já as substâncias básicas são substâncias, geralmente, escorregadias, dão uma sensação de apertar a boca como no caso quando comemos a banana verde.

(33) A8: É verdade, quando comemos banana verde dá a sensação de “amarrar” a boca.

Risos gerais.

(34) A9: E o que vai ocorrer dentro do tubo de ensaio?. 35) P: É isso que gostaria de saber? O que vocês acham?

(36) A5: Eu acho que o nosso tubo de ensaio que ficou colhido no pátio da escola vai aparecer mais micro-organismos.

(37) A3: Eu também concordo.

(38) A8: Eu acho que vai ser no banheiro ou na lixeira?

(39) A10: Professora, esse produto que você está colocando no tubo de ensaio parece “Rifocina”. (40) P: Risos.. deve ser por causa da coloração... risos... Alguém sabe para que serve a rifocina comentada pelo amigo aqui?

(41)A10: A mamãe costuma usar nos meu machucados e tem uma cor meia marrom. (42)A11: Eu também já ouvi falar sobre isso.

(43)P: Ok. A rifocina não tem nada a ver com o azul de brometimol talvez só o fato da cor se parecer um pouco, só para esclarecer... A rifocina é um remédio, medicamento utilizado para cicatrizar feridas na pele, evitar a contaminação de bactérias .

Ao abrir a embalagem do fermento biológico para fazer a experimentação investigativa, um aluno disse:

(44) A6: Esse fermento parece um monte de “bichinhos”...”sementinhas”. Nunca tinha reparado. (45) A3: Professora... será que vai demorar muito ainda para acontecer alguma coisa...

(46) P: Temos que aguardar de dois a três dias pelo menos para observar e registrar os resultados... (47) A8: Nossa tudo isso...

(48) A3:Queria que fosse logo.

(49) P: Pessoal... calma... vamos levantar mais ideias do que podem ocorrer com os tubos de ensaios em relação aoas aspectos.

(50) P: Vocês acham considerando que o azul de bromotimol é um indicador poderá alterar a cor desses tubos..

Pausa... pausa... uma aluna respondeu.

(51) A8: Professora... se está sendo usado um indicador deve ser para dar uma diferença nestes frascos. Acredito que vai mudar a cor... vai ficar mais escuro..preto.

(52) P: Ok. O indicador , o azul de bromotimol é sensível à alteração de pH, quando muda sua cor para amarelo... ressalta um aumento de crescimento de leveduras(fungos). Isso vai nos ajudar a identificar o local com maior ou menor agrupamento de microorganismos fungos no ambiente. (53) A12: Quer dizer, se o frasco ficar mais amarelo... é porque o local tem mais fungos.

(54) P: Digamos que sim. Na verdade esse frasco, tubo de ensaio contém dentro dele, a água com açúcar que fornece o alimento necessário para os micro organismos fungos se desenvolverem. Os fungos respiram e soltam gás carbônico, o que torna o ambiente do tubo ácido. Com isso, o azul de bromotimol, sensível à alteração de pH, muda sua cor para amarelo, ressaltando um aumento de

crescimento de leveduras. E em meio básico fica azul, ou seja, em um meio que tem menor aumento de leveduras.

(55) A13:Nossa, então... esse frasco tem que ficar amarelo.

(56) P: risos... calma se o azul vira amarelo: houve ação de leveduras fungos. (57) A12: E se não ficar amarelo?

(58) P: Vamos tentar e esperar o resultados? Se não tentar como saberemos?

(59) A14: Professora, nós poderíamos fazer o experimento aqui do laboratório para ver se o local é propício par ao crescimento do fungos já que estamos vindo aqui direto?.

(60) P: Muito bem pensado.... colega... ninguém ainda dos 7º anos tinha pensado nisso. Todos queriam analisar o pátio da escola, a lixeira, o bebedouro, o banheiro, mas não tinham pensado no laboratório... podemos fazer sim... mas temos que deixar para a aula seguinte... olha o nosso horário.

O sinal bateu ..vários alunos comentaram que a aula tinha sido um show.

No dia seguinte, fizemos a investigação da análise dos micro-organismos fungos no laboratório de ciências na Escola e aguardamos. Após três dias, voltamos, e os alunos se surpreenderam e ficaram encantados com os resultados obtidos.

Abaixo, transcrevem-se falas da alegria dos alunos ao constatar que alguns tubos de ensaio deram certo, e todos queriam chamar a professora ao mesmo tempo para ver o seu frasco e o que tinha ocorrido.

(61) A1: Professora... deu certo... um ficou um pouquinho mais claro... meio amarelo que outro. (62) A2: Olha o meu aqui... um está bem mais claro que outro.

(63) P: É isso aí....

(64) P: Observem que como vimos na experimentação, os fungos podem ser encontrados em diversos ambientes da nossa escola e também em outros espaços como no solo, na água, nos vegetais, em animais mortos, no homem e em lixo em decomposição em geral.

(65) A3: O meu também, este aqui não aconteceu nada... ficou verde..

Neste momento, aproveitei e expliquei que quando verde é porque o meio em que se encontravam os micro-organismos foi neutro. E assim continuaram as indagações, perguntas, respostas, euforias.

(66) P: Ao encontrar um ambiente capaz de fornecer nutrientes e condições para o desenvolvimento, os micro organismos se instalam e aparecem.

(67) P: O mesmo acontece com o nosso organismo: sem as medidas básicas de higiene, ele torna-se um excelente anfitrião para bactérias e fungos.

Para concluir, foi ressaltado que medidas de higiene pessoal, feitas com regularidade, evitam uma série de doenças, e o mesmo ocorre com os cuidados com os ambientes, principalmente em particular com o pátio da Escola, que foi considerado, por eio do experimento, o local mais propício em considerações para o desenvolvimento dos fungos.

Figura 8 - Fotografia da Atividade 5 “Ubiquidade dos Micro-organismos”

Fonte: Elaborado pela própria autora, 2013.

A partir da transcrição da aula, e utilizando-se as tabelas 1 e 2, procurou-se categorizar a atuação docente e discente.

Tabela 1 - Atuação do docente na condução das atividades propostas

Intervenções Falas retiradas da aula transcrita

Instigou (1), (12), (23), (40), (50), (63)

Questionou ou solicitou melhor explicação (4), (14), (21), (35), (58) Parafraseou a respostas (16), (29) Contrapôs (6), (18) Organizou a ideia e recapitulou (8), (11), (22), (28), (32), (46), (49), (54)

Deu ênfase a fala e as ideias (20), (30), (56), (60)

Concluiu (43), (52), (64), (66), (67)

Fonte: Elaborado pela própria autora, 2013.

Tabela 2 - Atuação discente

Ações Falas retiradas da aula transcrita

Levantam hipóteses ou apresentam

propostas de intervenção

(9), (10), (13), (24), (25), (26), (31), (34), (39), (45), (57)

Expõem ideias (7), (15), (33), (36), (42), (44), (47),(48),

(55)

Respondem à questão proposta (2), (3), (37)

Expõem um dado relembrado (5), (19), (27), (38), (59), (61), (62), (65)

Explicam utilizando conceitos (17)

Fazem associações (41), (51), (53)

Fonte: Elaborado pela própria autora, 2013.

Esses resultados da tabela mostram que a atividade 5 possibilitou uma constante interação dialógica entre os alunos e a professora. Vários pontos de vista foram ouvidos e confrontados. As falas da professora (tabela 1) contabilizaram um total de (32), e as dos alunos (35), na (tabela 2).

Percebe-se que as ações que mais ocorreram entre os discentes na tabela (2) foram, os alunos exploram ideias, levantam hipóteses, sendo caracterizada uma abordagem comunicativa do discurso principalmente como interativa/dialógica; em algumas falas, é possível identificar que a professora organizou as ideias dos alunos e recapitulando os conhecimentos dos alunos propostos (50, 52, 54), o que caracteriza uma abordagem interativa/autoritária de conhecimento científico mais consolidada.

Observa-se que as interações são principalmente do tipo I-R-F-R-F em que há um constante feedback (-F-) da professora, solicitando uma elaboração adicional de forma que o aluno desenvolva melhor o seu ponto de vista, o que resulta numa cadeia de interações.

Em relação aos aspectos epistemológicos, observamos que as estratégias de ensino aqui vivenciadas preconizaram também possibilitar aos alunos a construção de conhecimentos científicos segundo os pressupostos educativos de ensino. Percebe- se que a prática utilizada permeou a possibilidade da construção de conceitos científicos, pois nesse momento da atividade, os alunos já conseguiam usar a linguagem da ciência para explicar questionamentos, como na fala (17,19) em que o aluno faz uso de termos científicos para responder à professora, quando indagado.

Acreditamos que essa aula tenha proporcionado um momento muito rico de trocas de saberes, diálogos, de maneira que as ideias, reflexões, questionamentos, soluções de respostas para o problema proposto fluíram de forma muito natural até chegar a uma conclusão e definição mais objetiva e clara possível.

Na apuração dos dados que apliquei com eles, ao final da aplicação da SD sobre fungos, pudemos constatar que, nas três turmas, os alunos relataram, em sua maioria, que a aula sobre a ubiquidade dos fungos foi considerada uma das mais interessantes, atrativa, pois foram proporcionados ótimos momentos, contribuindo de forma relevante e significativa com a motivação e a aprendizagem.

Foram percebidas, durante toda a aula, as diferentes atitudes demonstradas pelos alunos. Estavam felizes, descontraídos, sem gritaria e sem atrapalhar as outras

turmas, mesmo estando no pátio da Escola, em um espaço mais aberto. Na verdade, os alunos mostraram uma autonomia muito grande nas tomadas de decisões quando precisavam resolver uma situação-problema apresentada na aula, como, por exemplo, a tomada de decisão, em grupo, sobre o local a escolher para realizar as atividades.

Acreditamos que a autonomia possibilitada pelo conhecimento dos estudos sobre os fungos possa auxiliar também os alunos na transposição desta atitude para outras esferas da vida.

Nessa perspectiva, essa atividade, de modo geral, permitiu aos alunos, a manipulação dos tubos de ensaio, devendo-se ter também cuidado e muita atenção com o manuseio do tubo de ensaio; identificação dos meios de cultura; a relação das estruturas patogênicas dos fungos; diferenciação dos tubos de ensaios com maior quantidade de micro-organismos; e a promoção da percepção de diferentes ambientes que poderiam lhes possibilitar o desenvolvimento; ou seja, estávamos mais uma vez estimulando, de maneira plena, a iniciação científica e as atitudes de investigação.

Ao longo da investigação, os alunos perceberam que os fungos possuem características particulares e que conseguem reproduzir-se e proliferar-se melhor em ambientes que tenham maior umidade e que, dentro do tubo de ensaio, a água com açúcar fornece o alimento necessário para os micro-organismos, no caso os fungos, desenvolverem-se.

Em outra aula, após transcorridos três dias, os alunos constataram, ao visualizarem os tubos de ensaio, que os fungos respiram e soltam gás carbônico, o que torna o ambiente do tubo ácido. Com isso, o azul de bromotimol, sensível à alteração de pH, muda sua cor para amarelo. E com a análise dos tubos de ensaio, foram reforçados os cuidados de higienização dos ambientes, promovendo-lhes medidas de higiene. Nem sempre os alunos conseguem chegar a formulações, definições e constatações exatas a pergunta problematizadora, mas o que é mais importante é que vivenciem essas experiências, valorizando a descoberta e a manipulação, criem estratégias; formulem suas hipóteses; questionem os colegas e cheguem a conclusões

plausíveis sobre o assunto estudado, e que, acima de tudo, desenvolvam atitudes científicas, como curiosidade, atenção, comparação.

Em todas as turmas, as discussões na atividade foram muito produtivas, aparecendo, entre os alunos, muitas concepções diferentes, principalmente neste experimento sobre a ubiquidade dos fungos. Retomando a visão de Bachelard (1996), as ideias que não coincidem com o saber científico, possivelmente são elaboradas a partir de experiências que inferimos ser com objetos, eventos, pessoas ou informações da mídia.

Na fase de registro escrito dos resultados, os alunos se depararam com uma folha em que além de responder a questionários e hipóteses que remetessem às explicações dos fenômenos, tiveram que desenhar os eventos ocorridos no laboratório de ciências.

Observa-se também que, nessa aula, ao aplicar a prática experimental, foi oportunizada, novamente, a participação dos alunos dentro de uma abordagem de iniciação científica, de forma que eles pudessem estabelecer relação entre os saberes cotidianos e científicos, e fazer conexões com outros conhecimentos, considerando os pressupostos relacionados à Ciência. Percebe-se também que ocorreu um ganho muito grande no desenvolvimento de habilidades procedimentais, pois os alunos se mostraram muito entusiasmados com a realização de experiências; já no quesito ganhos atitudinais, foram aferidos indiretamente, na questão sobre higiene, cuidados com o asseio corporal e com o ambiente em que estão inseridos.

Exemplo de questão escrita respondida em grupo durante a aula sobre ubiquidade dos micro-organismos

QUESTÃO 1: Para o grupo onde é possível encontrar micro-organismos fungos em maior quantidade na nossa Escola ?

Quadro 6 - Recorte de falas dos alunos sobre a aula ubiquidade dos micro- organismos

Grupo 1: No pátio da Escola, pois é um lugar às vezes úmido, tem lodo e sujeiras”. Grupo 2: “No vaso sanitário do banheiro da escola, pois fica sempre o banheiro molhado, sujo, os alunos não dão descargas”.

Grupo3: “Nós achamos que pode ser no bebedouro da Escola, porque fica cheio de água, molhado, e tem perto uma lixeira’’.

Grupo 4: “Aqui no laboratório da Escola, porque fica muito fechado e tem um forte cheiro .... ruim ”

Grupo 5: “ Na lixeira do pátio, na hora da merenda, joga todo o lixo lá e não tem sacola para segurar o lixo”.

Grupo 6: “No parquinho da Escola que tem grama, quando chove fica muito molhado”.

Fonte: Elaborado pela própria autora, 2013.

Como observado no quadro anterior, na fala do grupo (2), os alunos nos colocam que o local mais provável para encontrar micro-organismos fungos é no bebedouro da Escola, pois fica molhado e ao lado tem lixeira. Percebe-se que os alunos já fazem uma percepção de conhecimento científico mais apurado relacionando as condições ambientais com a proliferação dos fungos e provando a percepção do conhecimento científico inserida nessa fala. Também se observou que, na fala do grupo (5), o aluno já consegue associar o lixo orgânico jogado na lixeira com o processo de decomposição e proliferação dos fungos, ou seja, os alunos conseguem transpor o discurso dialógico para o discurso de autoridade, apresentando explicações de conceitos abordados.

O desvendamento em propiciar os conceitos à vivência do aluno é citado por muitos como um instrumento de conquista da cidadania por dar suporte a decisões. Ressalta-se, no entanto, que no contexto escolar em que os estudantes trazem seus conhecimentos espontâneos, a função do professor, no entender de Vygotsky (2001), consiste em mediar as interações que ocorrem em sala de aula, a ponto de proporcionar atividades que levem ao desenvolvimento de novos níveis das funções mentais e à apreensão dos conceitos científicos, onde a construção de conhecimentos decorre de uma ação partilhada que implica num processo de mediação entre sujeitos.

Nessa perspectiva, a interação social é condição indispensável para a aprendizagem. A heterogeneidade do grupo enriquece o diálogo, a cooperação e a

informação, ampliando consequentemente as capacidades individuais. As relações sociais se convergem em funções mentais.

Assim, trabalhar com os conceitos científicos na Educação Escolar refere-se às relações entre os processos de ensino, aprendizagem e desenvolvimento psíquico. Segundo Vygotsky, para a formação dos conceitos científicos é necessária uma relação com o objeto que vai além da experiência vivida, o que exige mobilização da imaginação, da atenção, do raciocínio, enfim de uma ação consciente com o objeto do conhecimento “[...] os conceitos científicos, por sua própria natureza, pressupõem a tomada de consciência” (VIGOTSKY, 2001, p. 290).

Desta forma, segundo Vigotsky (2001), é no processo de ensino, por meio do trabalho do professor e na aprendizagem, que se observa a construção dos conceitos científicos e a partir da mediação do outro, ocorre o desenvolvimento dos níveis de conhecimentos superiores da mente, e, por meio da mediação, que a criança poderá se apropriar de outros modos de comportamento, cultura e saberes.