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Capítulo IV – Resultados do Trabalho de Campo

4.1.2. Análise da entrevista a um membro da Equipa Técnica do CES –

personalidade dos residentes do CES (E1):

A análise da entrevista permitir-nos-á conhecer a vida das crianças, sob várias vertentes: como se efectua a sua integração social, quais os comportamentos que apresentam e qual é o seu quotidiano.

Para conhecer a vida das crianças é preciso saber:

A sua integração social O seu dia-a-dia Os seus comportamentos e atitudes

1.º Verificar como e quando ocorre a saída das crianças.

2.º Verificar se após a saída do CES existem casos de exclusão social.

A estadia das crianças no CES tem uma duração limitada e relativamente curta. No entanto, estas só saem do CES quando tiverem o Projecto de Vida definido, o qual poderá assumir várias formas: o regresso à família, a adopção ou a institucionalização.

Quando esse Projecto de Vida passa pela institucionalização, as crianças são encaminhadas para outro centro, considerando que o CES é um centro de acolhimento temporário e transitório.

Sempre que são integradas numa instituição, as crianças são preparadas antecipadamente e na altura em que se arranja vaga, conversa-se com a criança e prepara-se a criança uma semana antes. Quando se faz a transferência para a instituição, ela é acompanhada pelas técnicas. (E1)

Quando o Projecto de Vida passa pela integração das crianças na família de origem, a Segurança Social procede à avaliação desta. Segue-se ou não a saída da criança, a qual se acontecer, será feita de forma gradual, primeiro com saídas de fim-de- semana, seguindo-se as saídas de férias e finalmente, a saída definitiva.

No caso da criança ser integrada numa família adoptiva, o processo também decorre de forma gradual, começando pelas saídas durante uma tarde, depois um dia, um fim-de-semana, depois as crianças começam a dormir em casa das famílias e depois saem definitivamente. (E1)

Ainda relativamente à integração social, não poderíamos deixar de questionar os entrevistados perante a existência de exclusão social exercida sobre as crianças que saem do CES. As respostas obtidas não foram conclusivas.

Após a saída do CES nós perdemos o contacto. (…) Poderemos vir a saber porque normalmente há crianças que saem e que voltam a reentrar, ou crianças que já

1. Integração social 

saíram e que depois nos chegam relatórios ou pedidos de informação sobre determinadas situações que estão a acontecer. Agora se existem casos de exclusão por causa de estarem aqui no CES eu julgo que não, pelo menos nós tentamos preservar as crianças (…) Relativamente aqui à escola, também não existe nenhuma exclusão às crianças, elas estão completamente integradas nas salas de aulas (…)(E1)

O CES promove também a realização de actividades que contribuem para o desenvolvimento global das crianças através de saídas ao cinema, ao teatro e saídas com famílias amigas um dos projectos do CES. (E1)

As famílias amigas permitem que as crianças tenham experiências enriquecedoras, na medida em que lhes conferem a oportunidade de estarem num ambiente familiar. Estas crianças são oriundas de um seio familiar desestruturado e se não têm oportunidade de ver o outro lado, de como é que funciona a família, acabam por ter uma ideia errada de como é que é o comportamento do pai ou da mãe e assim têm oportunidade de comparar. (…) O ambiente aqui no CES também promove o desenvolvimento pessoal e social. As experiências que proporcionamos às crianças pretendem promover o seu desenvolvimento pessoal e social. (E1)

Por outro lado, as datas festivas são sempre comemoradas, realizando-se um convívio saudável entre crianças e os colaboradores do CES.

3.º Saber quais são as actividades

promovidas pela instituição para as crianças 4.º Verificar se existe a comemoração de dias festivos e se estão abertos à comunidade.

5.º Saber se existem iniciativas que promovem o desenvolvimento pessoal e social.

As crianças que se encontram em idade escolar frequentam a escola. De acordo com a idade, a Fundação CEBI disponibiliza uma série de actividades às crianças que a frequentam:

2. O seu dia-a-dia 

futebol, natação, basquetebol, dança jazz, karaté, ballet, tecelagem. Clube da matemática, rádio clube, escalada. (…) Os mais pequeninos têm expressão dramática, clube da matemática, música, canto, actividades lúdicas e desportivas. (E1)

A diversidade é grande, conforme se conclui pelas entrevistas, que podem ir desde passeios como ir ao teatro, ir ao cinema, ir ao circo, ir às actividades que a Câmara promove e são gratuitas. As próprias instituições que contactam connosco no sentido de levar as crianças e nós vamos a acompanhar. Já chegou a haver escolas que se juntaram, comparam bilhetes para as crianças irem ao Jardim Zoológico, vamos aos parques e às lojas. (…) Temos um ringue onde eles vão fazer patinagem, andar de trotinete, jogar basquetebol, saltar à corda. (E1)

6.º Saber quais são os comportamentos evidenciados pela generalidade das crianças;

7.º Saber quais são as atitudes que as crianças demonstram face a situações de

violência;

8.º Saber quais são as principais características de personalidade destas crianças.

As crianças residentes no CES nem sempre apresentam comportamentos ajustados e são vários os factores que estão na base desses desajustes. Podemos adiantar que estes estão directamente relacionado com a negatividade da experiência vivida, o tipo de negligência ou mau-trato a que as crianças foram sujeitas, a idade, a duração do mau-trato e quem foi o maltratante.

Um pai maltratante marca muito, porque o pai é um modelo (… ) (E1)

Umas reagem com mais agressividade do que outras (…) As chamadas de atenção tanto são feitas pela positiva, como pela negativa. A maioria das vezes é pela negativa, e são feitas através do gritar ou atirar alguma coisa. Depende muito das vivências a que foram sujeitas. (E1)

3. Comportamentos 

Os comportamentos violentos são mais frequentes nas crianças mais velhas, com idades como 8, 9, 10, 11 e 12 que foram vítimas de maus-tratos sucessivos, cujo comportamento já se encontra enraizado. (E1)

Na personalidade destas crianças evidencia-se particularmente a carência afectiva e a instabilidade emocional. O desejo de ter alguém que goste delas é notório. Na generalidade, trata-se de crianças muito meigas e solícitas, sempre à espera de mimos. A maioria interage com qualquer pessoa, mas também há algumas que têm medo e mostram reserva e inibição. Verifica-se, contudo que estas crianças têm uma grande capacidade de adaptação.

4.1.3. Análise das entrevistas às professoras das crianças em estudo (E3, E4, E5, E6, E7):

A finalidade destas entrevista é conhecer os comportamentos e as atitudes das crianças, em contexto escolar. Os aspectos abordados na mesma prendem-se essencialmente com as atitudes das crianças dentro e fora da sala de aula, as suas reacções perante situações violentas, quer sejam espectadores, quer actores e o sucesso escolar. O indicador do absentismo escolar não foi analisado, considerando que as crianças são obrigadas a frequentar as aulas.

Para conhecer os comportamentos e atitudes das crianças é preciso saber:

Atitudes em actividades interiores/exteriores à sala

de aula

Apresentamos as conclusões das entrevistas e os resultados dos tratamentos de dados recolhidos através de grelhas, por, entendermos ser esta uma forma mais imediata de visualização e leitura.

1.º Verificar quais são as características de personalidade das crianças em estudo.

2.º Verificar quais são as atitudes das crianças face a situações violentas

Quadro 3 - Atitudes em actividades interiores/exteriores à sala de aula e personalidade:

Criança 1 “É meiga, carinhosa, e inteligente. Tem muita força de vontade em aprender.” (E3)

Criança 2 “Hiperactiva, muito meiga quando está bem disposta. Demonstra muita falta de atenção. Quando está aborrecida é muito violenta e diz muitas asneiras. É uma criança muito revoltada, gosta muito de atenção e a pessoa tem que se dedicar somente a ela”. (E4)

Criança 3 “É uma criança meiga e cuidadosa com a professora, mas quando a professora a chama a atenção não gosta e resmunga. Na sala de aula interessa-se pelo o que é dito.” (E5)

Criança 4 “É uma criança meiga e cuidadosa com a professora. Socialmente é muito influenciável. Por vezes, em ambiente de amigos existem alguns focos de agressividade, mas tais atitudes não são de todo comuns.” (E6) Criança 5 “É batalhadora quando é estimulada frequentemente. É notório que só gosta de trabalhar e fazer bem quando sente interesse por parte de quem solicita. É uma criança meiga e a maior parte das vezes é honesta em relação ao que conta”. (E7)

1.Atitudes em actividades interiores/ exteriores à sala de aula

 sub-objectivos

Quadro 4 - Características comuns à personalidade das crianças em estudo: Criança 1 Criança 2 Criança 3 Criança 4 Criança 5

Meiga      Cuidadosa com a professora   Quadro 5 - Atitudes:

Criança 1 “Não consigo referir porque a criança só se encontra na minha sala de aula há duas semanas.” (E3)

Criança 2 “Provoca situações muito violentas. Quando existem brigas, coloca-se sempre na confusão.” (E4)

Criança 3 “Reage com violência.” (E5)

Criança 4 “Na minha presença, o aluno não reage de forma agressiva, mesmo que esta seja a atitude dos outros colegas em relação a ele.” (E6)

Criança 5 “Tenta sempre justificar-se e explica a situação acontecida. Ultimamente no recreio porta-se muito mal e é muito mal-educado com as auxiliares.” (E7)

Quadro 6 - Atitudes comuns:

Criança 1 Criança 2 Criança 3 Criança 4 Criança 5 Manifesta alguma

violência e/ou agressividade

    

3.º Verificar quais são os comportamentos que a criança manifesta;

4.º Caracterizar a criança através de adjectivos.

2. Comportamento das crianças 

Quadro 7 - Comportamento das crianças:

Criança 1 “É uma criança com vontade de aprender, meiga e amiga dos colegas. Gosta de mostrar o que vai fazendo.” (E3)

Criança 2 “Faz aprendizagens pequenas, cansa-se com muita facilidade. O máximo são quinze minutos a trabalhar depois têm que se realizar actividades práticas, depois torna-se muito violenta – deita-se no chão, despe-se, põe-se em cima das cadeiras, pontapeia as mesas, …” (E4) Criança 3 “É uma criança serena e que gosta de colaborar. Na sala de aula é

muito interessada, mas por vezes não realiza os trabalhos de casa.” (E5)

Criança 4 “Diariamente é uma criança desatenta e desconcentrada, demora imenso na realização de tarefas escolares.

Gosta de colaborar em actividades de grupo, é afectiva comigo e com os colegas da turma.” (E6)

Criança 5 “Diariamente, na sala de aula, tem um bom comportamento. É atento, interessado e participa em todas as actividades com empenho. É organizado e gosta de mostrar o que vai fazendo.

É uma criança que precisa de muito apoio e de muita atenção. É uma criança amiga dos colegas.” (E7)

Quadro 8 - Comportamentos comuns: Amiga dos colegas Gosta de mostrar o que faz Interessada, gosta de trabalhar e demonstra vontade de aprender Desatenta Realiza aprendizagens pequenas. Criança 1    Criança 2  Criança 3  Criança 4  Criança 5   

Quadro 9 - Caracterização individual das personalidades: Criança 1 “Meiga, serena, calma e alegre.” (E3)

Criança 2 “Hiperactiva, meiga, violenta, revoltada, desatenta.” (E4) Criança 3 “Meiga, carinhosa, atenta, cuidadosa.” (E5)

Criança 4 “Meiga, desatenta.” (E6)

Criança 5 “Meiga, organizada, calma, participativa, interessada e trabalhadora.” (E7)

Quadro 10 - Aspectos comuns da personalidade das crianças:

Criança 1 Criança 2 Criança 3 Criança 4 Criança 5

Meiga     

Atenta/ Interessada  

Desatenta  

5.º Saber se a criança é interessada e empenhada

Quadro 11 - Interesse/ Empenho pela escola:

Criança 1 “Demonstra algum interesse nos conteúdos que são abordados. Empenha-se na realização das tarefas.” (E3)

Criança 2 “Não apresenta qualquer interesse face aos conteúdos programático. Presta atenção durante algum tempo na realização de tarefas práticas.” (E4)

Criança 3 “Na sala de aula é muito interessada e empenhada, mas em casa isso não acontece. “ (E5)

Criança 4 “Não é empenhada, nem interessada. “ (E6)

Criança 5 “É uma criança empenhada e bastante interessada.” (E7) 3. Sucesso escolar

 sub-objectivos

Quadro 12 - Característica comuns:

Criança 1 Criança 2 Criança 3 Criança 4 Criança 5

Empenhada   

4.1.4. Análise das entrevista à psicóloga, sobre as crianças em estudo (E8, E9, E10,