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IMPORTÂNCIA= AÇÃO + IGNIÇÃO + CRITICIDADE AÇÃO (Peso 1 a 4) primaria (+1): 1 causa= 1 efeitos

3.3 Análise dos dados

Para uma análise mais detalhada e representação visual dos dados obtidos, utilizou-se o programa Microsoft Office Excel na criação dos gráficos e tabulação dos questionários.

A análise de riscos foi realizada baseada nas visitas, levando-se em consideração os riscos ergonômicos, físicos, químicos e biológicos existentes no local, levando-se em consideração as possibilidades de ocorrência e as consequências dos aspectos identificados.

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A pressão é exercida pela atividade humana sobre o meio ambiente, geralmente denominadas causas. O conhecimento dos fatores de pressão busca responder à pergunta: Por que ocorre isto? O estado ou condição do meio ambiente que resulta das pressões, as informações referentes ao estado respondem à pergunta, o que está ocorrendo com o meio ambiente? O Impacto produzido pelo estado do meio ambiente sobre diferentes aspectos como os ecossistemas, qualidade e vida humana e economia urbana local.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Cemitério Jardim Santa Paula está localizado em uma área bastante urbanizada, em seu entorno existe uma plantação de canavial pertencente uma usina sucroalcooleira próxima do município. A prática de sepultamento é por inumação, e neste local as covas são abertas com profundidade de 0,90 cm a 1,00 m, possuindo aproximadamente 600 covas. De acordo com várias pesquisas realizadas no Brasil, este tipo de sepultamento causa mais impacto, pois os corpos são colocados diretamente no solo e o necrochorume pode percolar pelo solo e atingir o lençol freático. Campos (2014) em seu trabalho avaliou o potencial de poluição no solo e nas águas subterrâneas decorrente da atividade cemiterial, relatou que têm vantagens e desvantagens ao adotar este tipo de sepultamento. O contato direto com o solo facilita a decomposição dos corpos, tendo como desvantagens a possibilidade de contaminação das águas superficiais e subterrâneas pelo necrochorume e a ocupação de grandes áreas, conforme Figura 3.

Figura 3. Sepultamento por inumação no cemitério Santa Paula, Escada-PE.

Fonte: o autor (2016)

Em período de chuvas e devido às condições do terreno que possui declividade bastante variada e sem nenhum sistema drenagens, ocorre a infiltração das águas pluviais nas sepulturas. Elas ficam empoçadas, ocorrendo vazamento do necrochorume para a superfície, sendo encaminhado também para outras áreas, sugerindo uma grande potencial de contaminação (Figura 4).

Outro problema ocasionado pela umidade excessiva do solo é o retardamento da putrefação, pois ela pode inibir a atuação dos microrganismos, ocasionando a saponificação ou adipocera, um fenômeno conservativo do corpo. A saponificação mantém o perigo de contaminação latente, dada à

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oferta de vetores disponíveis e mobilizáveis e eventual percolação e disseminação pelo fluxo do lençol freático. (SILVA; MALAGUTTI FILHO, 2009).

Figura 4. Sepultura empoçada no Cemitério Santa Paula, Escada – PE.

Fonte: o autor (2016)

O Cemitério Jardim Santa Paula enfrenta também problemas de negligência técnica e administrativa, relacionados à disposição incorreta dos resíduos. Os resíduos gerados como resíduos de construção, da exumação dos corpos, restos de coroas, flores, velas entre outros, seguem um gerenciamento inadequado, onde o manejo e a disposição final não seguem as normas de acondicionamento, tratamento e disposição final dos resíduos gerados, que ficam expostos ao lado do cemitério à espera da prefeitura para recolher ou são jogados a céu abertos no canavial.

O município não tem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, que aplicasse diretrizes para o acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final deste tipo de resíduo. A população que sofre influência direta do cemitério reclama do tratamento que era dado aos restos mortais humanos, que ficavam espalhados por todo terreno do cemitério.

Neste cemitério, observou-se que os funcionários não têm todos os equipamentos de proteção individual para esta atividade. Os EPIs que eles utilizavam eram botas, macacão, chapéu e luvas, mas nem todos utilizavam. Observaram-se funcionários sem nenhuma proteção, utilizando sandálias de dedo, bermudas e camisetas.

Os coveiros são expostos à diversos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de riscos de acidentes, tornando esta atividade insalubre. Uma maneira de minimizar estes riscos é determinar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas, máscaras, botas, chapéu ou capacete e macacão irão protegê-los do contato com substancias tóxicas, alérgicas ou agressivas, que podem causar doenças ocupacionais.

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Após o dia de trabalho este profissional deve evitar ir para sua residência vestido com os (EPIs), evitando carregamento indireto de patógenos e expondo a riscos a saúde de suas famílias. O EPI quando necessário deve ser higienizado, lavado, desinfetado e isolado das demais roupas (MORAES & MONT’ALVÃO, 2000 apud PESSOA et al , 2002).

A falta de treinamento dos funcionários com relação aos riscos que são expostos seria uma das causas deles não utilizarem os EPIs ou utilizarem de maneira incorreta. Em uma das visitas técnicas, presenciou-se a exumação de um corpo, onde um funcionário utilizava botas, macacão que estava rasgado, chapéu e luvas. As luvas eram utilizadas incorretamente, pois eram apenas colocadas na hora de retirar os restos mortais. Além disso, a mesma luva era reutilizada várias vezes em um mesmo dia, conforme Figura 5.

Ao realizar um mapeamento de risco neste cemitério, pôde-se observar todos os tipos de riscos existentes: ergonômico, físico, químico, biológico, porém, com diferentes intensidades. O risco ergonômico mais alto associado ao trabalho realizado pelos coveiros que se encontram em condições inadequadas de trabalho. O risco físico também acentuado pela forma como são dispostas as covas sem que haja uma geometria adequada, ocasionando riscos de quedas entre visitantes e funcionários. Um risco químico e biológico altos, tanto para os funcionários do cemitério quanto aos visitantes do local, sendo ainda mais acentuado para os funcionários, levando-se em consideração o seu tempo de exposição.

Figura 5: Etapas da Exumação de um corpo após três anos. A - Luvas colocadas em cima de uma sepultura. B- Resíduos da exumação colocados no carro de mão que serão jogados no canavial ou colocados para prefeitura

recolher. C- Retirada da esqueletização. D- Esqueletização retirada.

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C D

Fonte: o autor (2016)

5. CONCLUSÕES

Com este estudo, concluiu-se que:

- Os principais impactos ambientais negativos gerados pelo cemitério estão relacionados ao descumprimento das normas vigentes, ausência de fiscalização, gerenciamento ambiental e uma equipe multidisciplinar de profissionais capacitados. Considerando estas áreas como potenciais fonte de impactos ambientais é necessário licenciar, fiscalizar, monitorar e acompanhar a atividade cemiterial rigorosamente;

- Pode-se considerar a área de estudo suspeita de contaminação e poluição ambiental, porém é necessário realizar uma análise ambiental mais aprofundada das características geológicas e hidrogeológicas, para emitir um laudo técnico ambiental com conclusões mais fundamentadas nas condições geológicas e o nível do lençol freático que influenciam e exercem papel importante na qualidade bacteriológica das águas subterrâneas, que podem ter risco de contaminação em áreas de cemitérios.

- A análise de risco ambiental para este cemitério é extremamente alta, considerando que as possibilidades de ocorrências de impactos ambientais são elevadas e suas consequências geradas por estes são também altas.

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