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PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO LIXÃO DE SERRA

146 Figura 14 Tipos de destinos de efluentes líquidos

2.5 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO LIXÃO DE SERRA

TALHADA – PE

QUEIROZ, Érika Mirelly Santana de Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco mirelly_e@hotmail.com GOMES-JUNIOR, Plínio Pereira Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco

ppgjr2005@yahoo.com.br

RESUMO

A reciclagem no Brasil é um fenômeno marcado pela presença de catadores de materiais recicláveis responsáveis por sustentar a base da cadeia produtiva. Nos lixões, os resíduos sólidos urbanos são expostos a céu aberto atraindo muitos vetores. Os catadores de materiais recicláveis são marcados pela desigualdade social. O estudo teve por objetivo identificar o perfil socioeconômico dos catadores de materiais recicláveis do lixão de Serra Talhada – PE, a fim de implementar políticas públicas de inclusão social. Os dados foram coletados de forma qualitativa e quantitativa. A partir dessa análise, fica evidente a necessidade de uma série de medidas de intervenção social com medidas de incentivo a organização e inclusão social, dentro de uma abordagem sustentável através da responsabilidade compartilhada, envolvendo o poder público e a sociedade civil, garantindo-lhes condições dignas e seguras de trabalho, reconhecimento e valorização.

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1. INTRODUÇÃO

São grandes as discussões a cerca dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nas últimas décadas, tornando-se uma preocupação mundial e que tem como razão o desenvolvimento desordenado dos grandes centros urbanos. Atualmente, o Brasil tem se destacado no âmbito da reciclagem pela existência dos catadores de materiais recicláveis (SOARES, 2014). Em decorrência a exclusão social e a vulnerabilidade que esses trabalhadores sofrem, geralmente por não encontrar oportunidade de trabalho de modo formal, então se refugiam em lixões para garantia de subsistência (GARCÍA, 2002). Entretanto, vale salientar que os catadores desempenham atividades sobe condições extremamente precárias, sofrem com o preconceito e a desvalorização do papel que representam para o meio ambiente e a economia.

Os catadores são responsáveis pela separação dos materiais recicláveis em quantidade que seja suficiente para venda. A venda dos materiais recicláveis entre os catadores e as empresas de reciclagem normalmente passa pela mediação dos atravessadores que por muitas vezes, ficam com a maior parte do lucro adquirido no trabalho (DE MEDEIROS, 2006). Isso acontece por falta de informação dos catadores de como funciona a logística, em virtude do baixo nível de escolaridade que acaba ocasionando um rendimento mensal insuficiente para subsistência humana (CARMO, 2005).

Ao entrarem em contato com o lixo que possam ser comercializados ou até servir de alimentos, os catadores se expõem a todos os tipos de riscos de contaminação presentes nos resíduos e à sua integridade física por acidentes causados pelo manuseio dos mesmos (FERREIRA; ANJOS, 2001). O dia-a-dia do catador é árduo sendo realizado em condições de extrema vulnerabilidade

Muitas vezes, ultrapassa doze horas ininterruptas; um trabalho exaustivo, visto as condições a que estes indivíduos se submetem, com seus carrinhos puxados pela tração humana, carregando por dia mais de 200 quilos de lixo (cerca de 4 toneladas por mês), e percorrendo mais de vinte quilômetros por dia, sendo, no final, muitas vezes explorados pelos donos dos depósitos de lixo (sucateiros) que, num gesto de paternalismo, trocam os resíduos coletados do dia por bebida alcoólica ou pagam-lhe um valor simbólico insuficiente para sua própria reprodução como catador de lixo (MAGERA, 2003, p.34).

Segundo Miura (2004), o problema atual do Brasil não está em reconhecer legalmente o catador como um profissional, mas sim, em reconhecer seu direito às condições dignas de trabalho e de vida para além da perspectiva estrita da sobrevivência.

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Serra Talhada – SEMMA, existe uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis – COOPECAMAREST, desde o ano de 2013 e que atualmente possui 35 catadores cadastrados. Apesar de ser um grande avanço a existência de uma cooperativa de catadores que garante a formalidade trabalhista, ainda existe um número relativamente pequeno de cooperados, comparado ao número de catadores que exercem a atividade de modo informal, como é o caso dos catadores do lixão. A cooperativa foi criada a partir do Projeto Recicla Pernambuco, coordenado pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco - ITEP e financiado pela petroquímica de Suape.

Devido a isso, o presente trabalho objetivou identificar o perfil socioeconômico dos catadores de materiais recicláveis do lixão de Serra Talhada – PE, a fim da implementação de políticas públicas de inclusão social.

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2.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Lei 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e define resíduos sólidos urbanos (RSU) como originários de atividades domésticas em residências urbanas e os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana (BRASIL, 2010). Tratando-se, portanto de um conjunto de elementos descartados, provenientes de atividades humanas, ou gerado pela natureza em ambientes urbanos e pela forma como são tratados, assumem um caráter depreciativo, sendo associados à sujeira, repugnância, pobreza, falta de educação e outras conotações negativas (DA SILVA, 2010).

Sabe-se também que o RSU tem uma grande responsabilidade ao número de mortes relacionadas a doenças contraídas devido ao contato com resíduos, torna-se importante verificar a ocorrência de problemas, além daqueles relacionados à saúde, em pessoas que estão em constante contato com o lixo. Pois os lixões apresentam resíduos sólidos expostos ao ar, atraindo inúmeros animais (CORDEIRO, 2012).

O RSU pode ser uma grande fonte de riqueza. Alguns materiais possuem um grande valor comercial, como: papel, lata de alumínio, plástico, vidro, metal, borracha e isopor entre outros materiais (CORDEIRO, 2012). Esses materiais são de grande valor para as indústrias de reciclagem que, por meio do reaproveitamento dessa matéria são capazes de criar novos materiais para o mercado, com uma grande economia de tempo, energia e dinheiro, além de reduzirem a agressão ao meio ambiente (SOARES, 2014).

Partindo dessa premissa, o RSU não pode ser deixado em qualquer lugar. Além dessa questão, existem outras mais importantes, concernentes ao ambiente (PADUA BOSI, 2016). Nesse âmbito dos problemas ambientais, o RSU é um dos assuntos mais abordados e de difícil resolução, já que é impossível não produzi-lo. Essa preocupação se torna maior especialmente em grandes centros urbanos de países subdesenvolvidos (DA SILVA, 2010).

De acordo com JACOBI (2011), em cidades de países em desenvolvimento com urbanização muito acelerada, como acontece no Brasil verificam-se déficits na capacidade financeira e administrativa em prover infraestrutura e serviços essenciais como água, saneamento, coleta e destinação adequada do RSU e moradia, e em assegurar segurança e controle da qualidade ambiental para a população.

Existem muitas discussões relacionadas a essa problemática e como fruto desses debates, elaboram-se alguns documentos, tais como o capítulo 21 do documento final produzido na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a Eco-92. O documento mostrou a preocupação mundial em relação aos problemas ligados aos RSU, estabeleceu soluções e propuseram um dos principais compromissos para as futuras gerações. Entre elas são, o desenvolvimento sustentável, que deveria conciliar a justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental (ONU, 1999).

Em relação ao item 21.4 do capítulo 21, da Agenda 21, ficou estabelecido que o manejo ambientalmente saudável desses resíduos deve ir além do simples depósito ou aproveitamento por métodos seguros dos resíduos gerados e buscar resolver a causa fundamental do problema, procurando mudar os padrões não sustentáveis de produção e consumo. Isso implica a utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente (MMA, 2012). O aumento na geração de RSU tornou-se um problema atual e crescente em diversos países da América Latina, principalmente nos países com maiores demandas e menor oferta de serviços de limpeza pública (ACURIO, 1997).

Pesquisas demonstraram que o aumento dessa geração de lixo por dia, passando agora de 1,0 a 1,2 kg/habitante/dia, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),

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realizada no Brasil em 1996. A mesma pesquisa apontou que 79,9% dos domicílios particulares permanentes tinham o lixo coletado (IBGE, 2007).

Entretanto, o acesso à coleta no Brasil apresentou características de desigualdades, conforme a região, tendo o Nordeste, a menor taxa de lixo coletado (59,7%), em 2005 e a região Sudeste a maior, com 90,1% (IBGE, 2007). Porém, assim como a coleta, a destinação desse lixo deve ser estrategicamente pensada. A reciclagem é um sistema de recuperação de recursos projetados para reutilizar resíduos, transformando-os novamente em substâncias e materiais úteis à sociedade, que poderíamos denominar de matéria secundária. Outro conceito bastante difundido de reciclagem é que ela é, na sua essência, uma forma de educar e fortalecer nas pessoas o vínculo afetivo com o meio ambiente, despertando o sentimento do poder de cada um para modificar o meio em que vivem (CALDERONI, 2003).

No Brasil, assim como no mundo inteiro, a sociedade passa por “distanciamento econômico”, e nesse tipo de sistema de exclusão muitos acabam enfrentando escassez de oportunidades de inserção profissional, tendo que recorrer a métodos alternativos para sobreviver, como a coleta de materiais recicláveis, que acontece principalmente pela ação de catadores de lixo, vinculados ou não a uma associação (VILAR, 2011). Esses profissionais necessitam de pesquisas para ajudá-los no exercício das suas atividades, bem como alertar a sociedade quanto à melhor forma de colaborar nesse trabalho imprescindível, tanto para os profissionais da coleta quanto para o meio ambiente.

Atualmente, não se pode dizer que no Brasil os aterros sanitários são locais de disposição ambientalmente adequada ou que recebem apenas rejeitos. Na realidade, o que ocorre ainda é a disposição final de quaisquer resíduos em solo, sendo as principais formas os lixões, aterros controlados e aterros sanitários (IPEA, 2012).

3. METODOLOGIA

O município de Serra Talhada está localizado no Sertão do Pajeú. Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2013), a população urbana do município é de 79.232 habitantes. De acordo com estudos feitos pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP, 2013), estima-se que Serra Talhada produza 0,98 kg/hab.dia de resíduos sólidos, tendo a população total estimada em 2013, igual a 83.051 habitantes.

O procedimento utilizado foi por meio de visitas ao lixão de Serra Talhada, para fins de estudo preliminar da área e identificação dos catadores. O levantamento dos dados se deu de forma qualitativa e quantitativa. Os dados qualitativos foram coletados por meio de ações realizadas em conjunto com lideranças e representantes do poder público local, que desenvolvem trabalhos junto a esse segmento, e os dados quantitativos foram coletados por meio da aplicação de um instrumento de coleta de dados com questões objetivas e subjetivas para os catadores que trabalham na triagem e comercialização de materiais recicláveis no lixão, (figura 1).

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Figura 1. Diagnóstico dos Catadores de Materiais Recicláveis do Lixão de Serra Talhada – PE.

Fonte: Orlando Telles, 2017.

O período de coleta de dados foi entre janeiro e fevereiro/2017 e estruturado em dois segmentos considerados os interesses das políticas sociais: aspectos demográficos relaciona o gênero, a faixa etária e a escolaridade dos entrevistados; aspectos econômicos tempo de trabalho e renda, que destinou-se caracterizar a dimensão da inserção socioeconômica do grupo, rendimento médio mensal, número de filhos, número de dependentes; e aspectos relacionados ao trabalho de catação, às principais dificuldades, problemas de saúde e questões de moradia. Em sequência, aplicou-se os questionários e criou-se um banco de dados para viabilizar a análise qualitativa e quantitativa.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais dificuldades dos catadores de materiais recicláveis de Serra Talhada – PE, diz respeito à inclusão social. A partir do momento que esses indivíduos se isolaram da sociedade, por dedicar-se exclusivamente ao trabalho e com a falta de políticas públicas ficaram esquecidos por muitos anos. Por meio dos resultados obtidos foi possível observar que 63%, foram do sexo masculino e 37% do sexo feminino (tabela 1). Os dados revelam que encontrar mais homens do que mulheres trabalhando no lixão foi explicado, devido ao fato dos homens manterem o dogma de ter a maior renda da família. Pois a maioria tinha uma postura machista. Embora, tenha sido observada a companhia de alguns cônjuges durante a coleta de dados, provavelmente para aumentar a quantidade de coleta de material e consequentemente a renda familiar.

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Quadro 1. Respostas obtidas na Aplicação do questionário relacionadas ao Perfil Socioeconômico dos Catadores de Materiais Reciclados do Lixão de Serra Talhada - PE.

Variáveis Respostas %

Sexo Masculino 63%

Feminino 37%

Idade Até 26 anos 27%

De 26 a 46 anos 62%

Acima 46 anos 11%

Escolaridade Não estudou 14%

Fundamental Incompleto 54%

Fundamental Completo 15%

Ensino Médio Incompleto 9%

Ensino Médio Completo 6%

Superior 2%

Fonte : Érika Santana, 2017.

Em relação à idade, houve um predomínio de 62% entre os indivíduos de 26 a 46 anos. Se apropriar da situação etária desses catadores é de fundamental importância para a definição de uma série de políticas públicas para o público alvo (tabela 1), assemelhando-se a outro estudo no qual a predominância ficou entre 20 e 40 anos, 62,5%. (PÁDUA BOSI, 2016).

A questão da escolaridade é considerada primordial, uma vez que pode interferir no tipo de trabalho e renda. Os dados apontaram que 54% dos que iniciaram os estudos em algum momento da vida não concluíram o fundamental I ou 5º ano (antiga 4ª série). Porém, 14% relataram que nunca estudou, ou seja, se intitulam como analfabetos e somente 2% conseguiu cursar o nível superior (tabela 1). O Brasil apresenta taxas preocupantes de analfabetismo, esse valor chega a 9,4% da população brasileira e o estudo do IPEA (2013), o índice nacional de analfabetismo entre as catadoras e os catadores, o percentual atingiu 20,5% (IBGE, 2010).

As análises demonstram uma baixa escolaridade e pode ser considerada como fator preponderante para a exclusão dos mesmos do mercado de trabalho e do convívio social, uma vez que a pessoa analfabeta sofre grande limitação de oportunidades profissionais e encara forte impacto negativo na sua qualidade de vida como a falta de políticas públicas eficazes e suficientes. Atualmente existem programas de ensino que incentivam a educação de Jovens e Adultos (EJA), mas que ainda é insuficiente para combater as altas taxas de analfabetismo no país. Com esses dados foi possível inferir o nível de vulnerabilidade social desse grupo e possibilitar a implantação de programas educacionais.

A segunda parte da metodologia foi direcionada a parte econômica (gráfico 1), iniciando pelo rendimento mensal, a maior parte dos catadores de materiais recicláveis, cerca de 46 deles recebe mensalmente R$ 600,00. Apenas 15 deles recebiam acima R$ 600,00 a um salário mínimo, sabe-se que a maioria já conta com o auxílio do Bolsa Família. A comercialização com a venda única e exclusiva do material reciclável gera em torno de R$ 300,00 a R$ 400,00/mês apenas.

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Gráfico 1. Renda Mensal dos Catadores de Materiais Recicláveis do município de Serra Talhada- PE.

Fonte: Érika Santana, 2017.

O gráfico 2 demonstrou a quantidade de tempo que o catador exercia a atividade de coleta, uma parte exerceu o trabalho a menos de 1 ano e outra grande exerceu a atividade a mais de 10 anos, ou seja, desde a sua fundação praticamente. Um dado preocupante foi saber que essas pessoas lidam diariamente com agentes contaminantes e um ambiente insalubre, mas que para adquirir o próprio sustento se submeteram a tais condições colocando em risco não somente a saúde, como também muitas vezes a própria vida.

Gráfico 2. Tempo de trabalho no lixão de Serra Talhada – PE.

Fonte: Érika Santana, 2017.

Em relação à quantidade de filhos, a variável com 3 ou mais filhos foi a que predominou com uma taxa 53% (gráfico 3), significou que além desse grupo encontra-se em situação de extrema vulnerabilidade e possuíam um índice de escolaridade baixo como já visto na Tabela 1, trabalhavam de modo informal com cargas horárias extremas, muitas vezes chegando a 12h/dia, tendo que ainda garantir o sustento dos filhos e a educação.

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Gráfico 3. Quantidade de filhos dos catadores de materiais recicláveis do lixão de Serra Talhada – PE.

Fonte: Érika Santana, 2017.

Em comparação ao rendimento mensal, quantidade de filho e dependentes da renda o que pode-se observar que o maior número variou entre 2 a 4 pessoas que sobreviviam da renda. E em segundo de 4 a 6 pessoas, que significou que a maioria contava com conjugue e uma média de 2 a 4 filhos no mínimo, como pode ser visto no gráfico 4.

Gráfico 4. Quantidade de pessoas que vivem da renda dos catadores de materiais recicláveis de Serra Talhada – PE.

Fonte: Érika Santana, 2017.

O gráfico 5, representa o local de residência dos catadores, o bairro Mutirão encontra-se com o maior número de catadores residindo no local. O segundo mais habitado contava-se com moradores da zona rural, onde alguns residem no entorno ou dentro próprio lixão para aqueles que não possuem local de moradia.

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Gráfico 5. Local de Residência dos Catadores de Materiais Recicláveis do Lixão de Serra Talhada – PE.

Fonte: Érika Santana, 2017.

É importante relatar que ao observar os resíduos lançados a céu aberto foi possível constatar a presença de organismos transmissores de doenças como, moscas, mosquitos, baratas e ratos. Consequentemente a geração de odores e a poluição do solo e das águas superficiais com chorume, com elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos, comprometendo os recursos hídricos.

5. CONCLUSÃO

A partir do perfil socioeconômico, foi possível observar que os moradores do lixão estão expostos à contaminação de solo por escoamento de chorume, contato com produtos químicos de alto risco, poluição por meio do ar e inalação de agentes nocivos à saúde como o metano. A compactação das pilhas de resíduos é irregular colocando em risco à vida dos catadores.

Considera-se de fundamental importância promover a inclusão social por meio de políticas públicas como o EJA (Educação para Jovens e Adultos) exclusivo para esse grupo, inserção nos programas como Bolsa Família para os que ainda não possuem, bem como outros projetos governamentais.

Priorizar a valorização dos catadores de materiais recicláveis, contribuir para a melhoria das condições de trabalho em que estão inseridos e implantar instrumentos que garantam a permanência da categoria na cadeia produtiva da reciclagem. A medida possivelmente proporcionará o desenvolvimento do município, a melhoria direta da qualidade de vida da população, dos catadores e contribuirá para os aspectos ambientais, sociais e econômicos, sob premissas do desenvolvimento sustentável.

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REFERÊNCIAS

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