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ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS NO CEMITÉRIO DE SANTA PAULA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE ESCADA

IMPORTÂNCIA= AÇÃO + IGNIÇÃO + CRITICIDADE AÇÃO (Peso 1 a 4) primaria (+1): 1 causa= 1 efeitos

1.4. ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS NO CEMITÉRIO DE SANTA PAULA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE ESCADA

– PE

LINS, Eduardo Antonio Maia Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) / Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Recife

eduardomaialins@gmail.com DE SOUZA, Joelma Maria UNINASSAU joelma_natu@yahoo.com.br LINS, Adriana da Silva Baltar Maia Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco adriana_baltar@yahoo.com.br NUNES, Tatiana Notaro Monteiro Folha de Pernambuco tatiana.notaro@gmail.com

RESUMO

Os possíveis impactos ambientais negativos gerados por cemitérios irregulares foram analisados neste trabalho. A investigação foi realizada em um cemitério no município de Escada que fica localizado na Zona da Mata Sul de Pernambuco. No cemitério analisado, observou-se que o gerenciamento das necrópoles está em desconformidade com as normas vigentes. Além do impacto que pode ser gerado pelo processo putrefação dos corpos, os resíduos sólidos gerados da exumação não têm destinação adequada e a falta de ossário é um dos grandes problemas. A metodologia utilizada para levantamento e análise dos dados foram visitas técnicas in loco e registro fotográficos. Na atividade cemiterial os riscos de contaminação e poluição irão sempre existir, porém, podem ser reduzidos, seguindo as normas de implantação e gerenciamento para cemitérios. Considerando estas áreas de potenciais impactos ambientais, é indispensável à fiscalização e monitoramento constante pelos órgãos responsáveis para prevenção e controle dos impactos provenientes desta atividade.

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade a destinação final dada aos mortos, envolvia religião e costumes dos mais variados em todo o mundo. A destinação mais conhecida durante a antiguidade foi à mumificação, cremação e jogados ao mar. A partir do século VII iniciou-se a prática de enterrar os cadáveres humanos. Inicialmente, acreditava-se que para conseguir alcançar a salvação divina, os mortos deviam ser enterrados no entorno das igrejas.

Nesta época a aproximação entre os mortos e os vivos, aumentou consideravelmente a propagação dos agentes patogênicos em epidemias como as de tifo, peste bubônica e outras. Por medidas de segurança sanitária, a partir do século VIII foi proibido o sepultamento nestes locais. Os cemitérios foram afastados das cidades, porém devido a um processo de urbanização intenso e desordenado, hoje a maioria dos cemitérios voltaram às proximidades ou estão inseridos nas áreas centrais das cidades.

A construção da maioria destes cemitérios não foi realizado nenhum estudo dos riscos que esta atividade poderia causar a população e o meio ambiente. Considerando que a qualidade de vida e os problemas ambientais estão interligados. Qualquer alteração no meio ambiente tem consequências no meio urbano, causando impactos que afetam a qualidade de vida da população. Estudos provam que os cemitérios podem ser uma fonte geradora de impactos ambientais, pois apresenta alto potencial de poluição e contaminação, estes riscos podem ser aumentados, se a localização e gerenciamento são inadequados.

No Brasil a maioria dos cemitérios o descaso para com a organização cemiterial é visível. Não há controle na construção de cemitérios e muito menos na fiscalização dos existentes. Estas responsabilidades foram repassadas aos municípios, que não tem interesse político em investir. Os cemitérios públicos estão mais suscetíveis a estes impactos, pois são implantados e operados de forma negligente.

Em relação à implantação e gerenciamento de cemitérios, em especial os localizados em áreas urbanas, é fundamental o conhecimento dos impactos ambientais causados pelos mesmos. As substâncias tóxicas produzidas pela putrefação dos corpos, necrochorume, gases, metais pesados, podem polui o ar, o solo e a água. Acarretando um grande problema ambiental sanitário e de saúde pública.

Após a morte os cadáveres produzem e liberam grandes quantidades de substâncias oriundos do processo de putrefação, a maioria destas substâncias apresentam alto grau de contaminação e poluição ambiental. Quando o corpo humano para suas atividades vitais, ele se transforma em um ecossistema habitado por microrganismo, insetos e outros seres que se alimentam de matéria morta.

Na atividade cemiterial, quando não se dá os cuidados devidos ao sepultamento, não só devemos considerar os cadáveres como o único problema ambiental. Os resíduos da exumação também devem ter cuidados especiais. Materiais como faixas, roupas, resto de caixões entre outros, que são enterrados junto ao corpo também irão se decompor ou não dependendo do tipo de material,

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gerando resíduos. A Resolução do CONAMA nº 335, em seu art. 9º estabelece que os resíduos sólidos, não humanos, deverão ter destinação ambiental e sanitariamente adequada.

O ato de enterrar os mortos é milenar, mas a preocupação e estudos dos problemas que os cemitérios podem causar a saúde pública e o meio são recentes. Do ponto de vista ambiental e de saúde pública, estes estudos estão sendo impulsionados pela escassez de água potável para população e as doenças de veiculação hídrica que podem ser transmitidas por patógenos no processo de putrefação. Com estes estudos os cemitérios vêm deixando de ser visto apenas como um local de sepultamento e homenagem aos mortos. Passando também a ser um local de interesse da administração publica e órgãos ambientais, porém ainda engatilhando nas ações que são de suas responsabilidades.

Com objetivo de mitigar os impactos sobre a população e o meio ambiente e tornar obrigatório os cuidados na implantação e operação desta atividade, o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) criou a da Resolução 335, de 03 de abril de 2003, modificada pela Resolução 368, de 28 de março de 2006, que dispõe sobre normas para adequação e Licenciamento Ambiental de Cemitérios.

Este trabalho tem como objetivo trazer esclarecimentos e informações sobre o tema em questão, alertando a população sobre as práticas incorretas de destinação dos cadáveres e os problemas ambientais e de saúde publica decorrente a atividade cemiterial sem planejamento e monitoramento ambiental.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cemitérios

As palavras: ‘cemitério’ e ‘necrópole’, são sinônimos e têm origem grega. A primeira vem de koumetèrian (que significa ‘dormitório’), enquanto necrópole deriva de necrópolis (‘cidade da morte’ ou ‘cidade dos mortos’). Outras palavras também são usadas para nomear como, carneiro, sepulcrário, campo santo, cidade dos pés juntos e última morada (CAMPOS, 2007). A palavra ‘cadáver’, faz parte do mesmo contexto, tem origem latina e significa ‘carne dada aos vermes’, o que apresenta o destino final dessa matéria orgânica. (SILVA E FILHO, 2009).

Somente a partir do século XVIII o termo cemitério adquiriu o sentido atual quando, por razões higiênicas e de saúde pública, foi proibido o sepultamento de corpos no interior e entorno das igrejas. O alerta foi dado pelos médicos, que já estavam preocupados com essa questão e defendiam a localização ideal dos cemitérios fora das cidades, em terrenos arejados, longe das fontes de água e onde os ventos não soprassem sobre as cidades (KEMERICH et al, 2014). Gerou confusão e irritação na comunidade cristã que não aceitava ser enterrada longe do caminho para a salvação. Por fim, foi proibida no século XX pela própria Igreja que reconheceu que esta prática não era higiênica e saudável para os fiéis.