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5 AS INDÚSTRIAS GAÚCHAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

5.1 Análise das empresas participantes

a) Empresa 1

A Empresa 1 atua no setor de alimentos produzindo, comercializando e distribuindo bebidas das linhas The Coca-Cola Company, Heineken e Fonte Ijuí, com 750 colaboradores.

A empresa possui uma fábrica em Santa Maria com 23.000 m2 de área construída e área total em torno de 90.000 m2, além de centros de distribuição em Passo Fundo e Santa Cruz do Sul, gerando em torno de 750 empregos diretos (do site da empresa).

A operação da empresa conta atualmente com 4 linhas de equipamentos de fabricação (1 linha de envase para latas, 2 linhas de embalagens PET e 1 linha de embalagens retornáveis de vidro). Segundo a empresa por causa desses equipamentos modernos torna auto-sustentável nas embalagens de vidro, PET e latas de alumínio. A intenção da empresa é satisfazer e surpreender a seus clientes e consumidores. A empresa 1 tem como política buscado produzir, distribuir e ofertar diversas opções de produtos para as mais variadas necessidades e desejos. Atualmente são disponibilizadas diversas categorias de produtos, somando cerca de 300, todas no ramo de bebidas, tais como: refrigerantes, cervejas, sucos, chás, energéticos, água mineral, águas saborizadas, hidrotônicos e achocolatado. Dentro de cada categoria de produto, a Empresa 1 trabalha com diferentes marcas de refrigerantes (Coca-Cola, Fanta, Sprite, Kuat, Charrua, Schweppes), marcas de cervejas (Kaiser, Heineken, Bavária Clássica, Bavária sem álcool, Bavária Premium, Sol, Sol Premium, Summer, Bock, Xingu, Gold, Dos Equis, Murphy´s Irish Red, Murphy´s Irish Stout, Amstel Pulse, Birra Moretti, Edelweiss Hefetrub), marcas de sucos (Del Valle Mais, Del Valle Frut, Kapo, Del Valle Kapo), marcas de chás (Leão Ice Tea, Matte Leão), marcas de energéticos (Burn,

Gladiator), marcas de águas minerais (Fonte Ijui, Fonte Ijui Levissima), águas saborizadas (Aquarius Fresh) e marcas de hidrotônicos (i9, Powerade) (do site da empresa).

Depois desta breve apresentação da empresa, tem-se a seguir o quadro de análise do nível de sustentabilidade da empresa. A classificação das empresas nas dez variáveis avaliadas se dará da seguinte maneira: de acordo com avaliação da variável e das repostas, a empresa será classificada quanto ao nível de sustentabilidade em: Ausência de Sustentabilidade (AS), Sustentabilidade Fraca (SFr), Sustentabilidade Moderada (SM) ou Sustentabilidade Forte (SF).

Quadro 12 - Nível de sustentabilidade empresa 1

Variável Respostas Nível

sustentabilidade

Economia Economia ambiental SFr

Desenvolvimento sustentável

Capacidade de obter resultados hoje que não comprometa a capacidade de obter resultados futuros.

SFr Visão de mundo Há o investimento em inovação tecnológica para que até 2020

utilize-se plástico de forma renovável, transformando o produto em estudo para utilizar o Bio-Pet feito a base de cana-de-açúcar. Também substituição do conservante artificial por natural.

SM

Estratégia Há matriz socioambiental integrada com toda a empresa: energia, produto, embalagem, tratamento de efluentes e resíduos.

O desenvolvimento sustentável tem de fazer parte o planejamento estratégico dando ênfase as pessoas, capacitando-as para que isso torne-se realidade.

Há revisão de processo, mudou-se mais 300 processos dentro da empresa.

No tripé da sustentabilidade o econômico funciona no curto prazo.

SFr

Questões ambientais

Possuem certificações ISO 9000, 14000, 18000 e 22000.

Busca reciclar latas e pets.

Há investimento na parte de pessoal em cursos e segurança no trabalho.

SM

Fonte: elaborado pelo autor.

Ao analisar a empresa sob a ótica do desenvolvimento sustentável verifica-se que sua estrutura está baseada na economia ambiental, na qual o progresso técnico e a inovação tecnológica são meios para impedir as barreiras que venham a surgir no uso de recursos naturais. Segundo Romeiro (2010), o conceito de economia ambiental dá suporte para que a

empresa supere os limites impostos pela natureza através do progresso técnico. Em síntese, que o sistema econômico é suficientemente grande para se restringir a limites impostos pela escassez de recursos naturais. Há uma restrição apenas relativa, superável indefinidamente pelo progresso tecnológico.

A empresa 1 tem um papel importante no cenário local por ser uma das maiores empresas do município de Santa Maria com 750 colaboradores, gerando emprego e renda. Por ser franqueada da Coca-Cola tem a questão de ser pressionado pela marca. A empresa tem histórico ligado à questão social e muito se deve por causa da filosofia dos gestores familiares que a administram. A empresa pensa que a responsabilidade social deve ser compartilhada com a sociedade, devendo esta estar envolvida no processo. Porém, conforme declara o gestor da empresa, existe certa resistência das pessoas em envolverem-se em questões sociais, permanecendo acomodadas na sua individualidade.

No caso da empresa existem programas sociais desenvolvidos como o programa de limpeza de rios, na qual há uma boa adesão por parte dos funcionários, voluntária. Também realiza a semana do meio ambiente com o slogan: "O otimismo que transforma (ações)".

Conforme avaliação dos gestores esta atividade traz benefícios e os colaboradores ficam motivados a realizar ações ambientais. Para avaliar como esses funcionários percebem o evento há uma pesquisa de satisfação.

Além dessas ações, existem programas de qualificação desenvolvidos dentro da empresa como EJA, Ensino fundamental, Aluno bom de nota, o programa de incentivo aos filhos dos colaboradores que com boas notas são convidados a participarem do programa e recebem ajuda com o material escolar. A empresa oferece, por meio de seleção entre os colaboradores, ajuda de custo de 30 a 70 % para cursos de pós-graduação, graduação e inglês realizados pelos mesmos. Já aos colaboradores que realizam cursos relacionados à área de atuação dentro da empresa, é oferecido 100% do valor do curso. Existe a publicação de um balanço social, referentes às ações elencadas no texto. Outro projeto de cunho social é realizado com a associação de recicladores através da destinação do pet, lata e outros produtos.

O ambiente de trabalho é bem conceituado pelos funcionários e avalizado por critérios de indicadores de desempenho. Exemplo disso, a empresa 1 é a segunda fábrica do sistema Coca-Cola que mais investe em qualificação pessoal em relação ao percentual de vendas. Há também uma avaliação das práticas sustentáveis na empresa através de auditorias externas que verificam determinados quesitos e se eles estão em conformidade. Mas, não há produção de

indicadores de sustentabilidade por parte da empresa. Nesta parte não fica claro quais os quesitos que são avaliados, e se essa auditoria é feita considerando as três dimensões conjuntamente. Na avaliação realizada verificou-se que as dimensões social, ambiental e econômica possuem pouca correlação entre si.

Na questão ambiental verificou-se que a empresa possui a certificação ambiental ISO 14001 de sistema de gestão ambiental. A implantação desse sistema auxiliou na redução do consumo de água, que é o principal recurso utilizado. A redução no consumo de água foi de 5.4 Litros para 2,7 Litros para a produção de refrigerantes. Existe também a preocupação com a reciclagem das embalagens Pet e de Latas. Segundo o gestor, uma empresa tem de estar no mercado sem retirar mais do que ela pode fornecer, sem prejudicar a sociedade, mantendo uma relação equilibrada com seu em torno, minimizando os impactos dos resíduos gerados.

Essa informação que empresa passa como objetivo em termos de sustentabilidade, ela própria declara: "sabe-se que não zeraremos estes resíduos (PET, latas), mas queremos minimizá-los ao máximo". Nesse ponto a empresa busca ser eco-eficiente, um dos pressupostos da economia verde. O gestor declara ainda que a empresa é sustentável no recurso água pelos próximos 50 anos. Por isso, percebe-se que a mesma necessita estudar melhor o assunto sustentabilidade, porque retirar água de um poço artesiano dependendo da sua exploração pode prejudicar o recurso hídrico ocasionando a sua escassez (ALBUQUERQUE, 2004).

A questão que deve ser analisada é que as certificações e os programas de qualidade possuem mais características de controle gerencial e melhoria de imagem, do que para atender a requisitos estabelecidos por seu colaborador e pela sociedade. Esses programas existem para melhorar os processos e a coleta de informações. A sociedade está mais atenta as ações que as empresas executam em seu negócio, por isso buscam estratégias para se sustentar no mercado.

A empresa está cada vez mais preocupada com o que a sociedade pensa; por isso, a preocupação com a imagem que as pessoas possuem da empresa. Nesse sentido, ela investe na divulgação de suas ações tanto sociais como ambientais. A empresa define a sua estratégia de negócio que é "desenvolver e sustentar marcas de valor". Essa estratégia demonstra a preocupação da empresa em sobreviver no seu negócio, afirmando que a questão econômica influencia no curto prazo e que as pessoas não estão dispostas a pagar mais caro por produtos orgânicos. Então, como que a estratégia da empresa preocupa-se com a valorização da sua marca?

A questão aqui é que se preocupar socialmente e ambientalmente tem a ver com a preservação de recursos, com justiça e equidade social, não com a marca da empresa ou sua

imagem. Também a preocupação da empresa com a sua imagem está alicerçada na Teoria Institucional na qual

As organizações são levadas a incorporar as práticas e procedimentos definidos por conceitos racionalizados de trabalho organizacional prevalecentes e institucionalizados na sociedade. Organizações que fazem isto aumentam sua legitimidade e suas perspectivas de sobrevivência, independentemente da eficácia imediata das práticas e procedimentos adquiridos (MEYER; ROWAN, 1977, p. 340).

A expressão acima diz que as empresas buscam ferramentas e práticas eficazes realizadas por outras empresas para serem aceitas pela sociedade, mesmo que a eficácia destas ferramentas não sejam as ideais.

A pressão da sociedade e de seu fabricante faz com que a empresa busque atitudes que a transformem em uma empresa sustentável; porém, para que isso ocorra é necessário que a empresa estude e conheça o tema desenvolvimento sustentável e consiga defini-lo dentro de sua estrutura. Percebe-se esse aspecto porque a empresa sente a necessidade de comunicar-se melhor internamente e conhecer mais sobre sustentabilidade.

Na questão socioambiental, a empresa enfatiza a questão da qualificação dos colaboradores, que se mostram motivados para desempenharem suas funções, devido ao programa de incentivo a qualificação impulsionado pelos gestores. A empresa também tem uma forte pressão por parte do seu detentor da marca para desempenhar estas funções e desenvolver atividades que valorizem aspectos socioambientais. A empresa necessita desenvolver programas de voluntariado, mostrando ética nos negócio, evitando o assistencialismo, trazendo para o colaborador programas que tragam um ambiente melhor para se viver e trabalhar.

Embora existam os programas de incentivo aos funcionários, não se percebe o reconhecimento por meio de melhores salários. Há também uma questão quanto à filosofia do fabricante, que influencia os colaboradores e faz com que eles defendam essa estrutura com louvor. Mas, isso não quer dizer que a empresa tenha as questões socioambientais resolvidas.

A empresa deve inserir os princípios de sustentabilidade dentro da própria cultura da empresa ao invés de ser manipulada pelo dono da marca ao qual representa.

b) Empresa 2

Fundada em 1924, a Empresa 2 começou sua trajetória com produtos derivados da borracha e é hoje uma das marcas mais tradicionais do Brasil. Fundada em Santa Cruz do Sul (RS), onde atualmente tem duas fábricas, é referência no segmento de material escolar e de escritório, no qual consagrou a imagem de sua borracha estampada com o deus Mercúrio no inconsciente coletivo de várias gerações de estudantes (do site da empresa).

Atualmente, a Empresa 2 concentra seus negócios em quatro unidades diferentes:

Stationery (escolar, escritório e artesanato), Body Care (produtos para esportes, saúde e bem-estar), Revestimentos (pisos para construção civil e soluções customizadas, disponibilizando lençóis de borracha, correias atóxicas e peças técnicas) e Internacional (importação, exportação e gestão internacional). A empresa emprega diretamente cerca de 650 colaboradores e detém um portfólio de mais de 1,5 mil itens que vão de borrachas de apagar, colas e corretivos, a bolsas térmicas, bolas para ginástica, muletas, tintas para artesanato, papéis para decoupage, esteiras para linha de produção industrial e pisos táteis.

Atuando em todo o Brasil por meio de parceiros, a Empresa 2 comercializa seus produtos em mais de 30 países da Ásia, Europa e Américas. Para potencializar ainda mais as exportações, acaba de abrir uma subsidiária nos Estados Unidos com objetivo de expandir seus negócios na região e disseminar ainda mais a marca pelo mundo. É um exemplo de que inovação e tradição podem andar de mãos dadas, já que, mesmo consolidada, apresenta crescimento consistente. Estes mais de 80 anos no mercado de borrachas mostram que a fórmula de apostar na inovação sem abrir mão da tradição tem dado certo. Prova disso é que a Empresa 2 tem registrado crescimento médio de 20% ao ano nos últimos cinco anos (do site da empresa).

A empresa tem a hierarquia por unidade de negócios, são empresas dentro de empresas. Segundo um facilitador "Nos tínhamos que mexer na estrutura da empresa para trabalhar com sustentabilidade." Para a organização, foi um choque na estrutura vertical, bem tradicional, que agora tinha que mudar cargos, como de diretores para facilitadores. Ou seja, de uma estrutura tradicional passou para uma estrutura de grupos, em que comitês trabalham os assuntos específicos de forma colegiada, sendo o processo de decisão realizado democraticamente.

Para Rattner (1999), a onda verde crescente em projetos de desenvolvimento se deve muito ao processo de democratização do processo de decisão. A fórmula usada nos discursos

acadêmicos e políticos sobre sustentabilidade é de economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto. O conceito da sustentabilidade ultrapassa o exercício detalhado de explicar a realidade e exige um teste de lógica em aplicações práticas, onde o discurso é transformado em realidade objetiva. Os agentes sociais e suas ações adquirem legitimidade política para comandar comportamentos sociais e políticas de desenvolvimento por meio de práticas concretas.

Depois desta breve apresentação da empresa, tem-se a seguir o quadro de análise do nível de sustentabilidade da empresa. A classificação das empresas nas dez variáveis avaliadas se dará da seguinte maneira: de acordo com avaliação da variável e das repostas, a empresa será classificada quanto ao nível de sustentabilidade em: Ausência de Sustentabilidade (AS), Sustentabilidade Fraca (SFr), Sustentabilidade Moderada (SM) ou Sustentabilidade Forte (SF).

Quadro 13 - Nível de sustentabilidade da empresa 2

Variável Respostas Nível

Nesse sentido, a principal função em termos de sustentabilidade é que tudo tem que ser feito para as pessoas, e isso se dá através das atitudes da empresa.

SM

Visão de mundo A empresa usa a cooperação ao invés da competição. Se a empresa deixasse de existir o mundo sentiria sua falta. Senão sentir porque ela precisa existir? A empresar quer algo mais. A pessoa precisa ser para depois ter, e não ter para ser alguém.

SF

Tempo Curto 50 anos SFr

Escala espacial Local e regional SM

Espécies consideradas Humana e natureza SM

Recursos Existe na empresa a situação em que 21% de tudo foi que utilizado internamente é matéria prima recuperada como retalho, sucata, rebarba.

A caldeira a óleo foi substituída pela caldeira a lenha.

No cálculo da pegada ecológica a empresa precisava plantar 24.000 arvores, mas plantou somente 5.000.

SM

Estratégia A sustentabilidade pode ser atitudes e/ou escolhas que devem ter um propósito.

Esse propósito deve ser para as pessoas.

A empresa tem auxiliado na formação de mundo melhor, se ela não existisse faria falta a sociedade na qual está.

SM

Questões ambientais Existe relação de indicadores, cálculo de pegada ecológica. GHG16 da Fundação Getulio Vargas. Na premiação do GHG obtiveram o troféu prata, por não ter realizado auditoria de terceira parte (externa).

O desafio de substituir a matéria-prima não renovável por renovável.

Logística reversa está no começo.

A empresa quer buscar o cálculo do ciclo de vida dos produtos.

Não possuem certificação ISO 14000.

SM

Responsabilidade social As pessoas estão inseridas nos processos, pensando em inovações para os problemas a serem resolvidos.

Trocou-se a estrutura de cargos da empresa para atender a sustentabilidade.

Exemplo disso, não existe mais diretores e sim facilitadores, e as decisões são feitas por colegiados (grupos).

Há ações socioambientais como o programa de participação nos lucros.

SF

Fonte: elaborado pelo autor.

16 WBCSD, WRI & BCSD - Protocolo de Gases com Efeito de Estufa. Lisboa, 2006.

A empresa buscou estudar a temática e o instituto Paulo Freire auxiliou nesse processo. Baseou-se no GRI17,18 para elaborar planos de ação para os seus 650 funcionários sobre assuntos relacionados com sustentabilidade. Foram criados oito grupos de estudos, buscando conhecer o assunto para depois colocá-lo em prática. O momento em que se alterou a estrutura, foi chamado pelos entrevistados como "a hora da virada". Como destaque para esse momento de implantação o grupo frisou a educação continuada sobre o assunto, com o objetivo de capacitar sobre determinado tema. Conforme a gerente de RH "Fomos convidados a desconstruir um entendimento e construir um novo entendimento que nunca ficará pronto, porque estamos sempre aprendendo."

Segundo Ligteringen (2012), a GRI resulta de um processo multistakeholders, oferecendo um modelo comprovado para aperfeiçoar tanto qualitativamente quanto quantitativamente as informações sobre sustentabilidade ambiental. Ainda, que as diretrizes do relatório de sustentabilidade baseados na GRI são usadas por milhares de empresas e organizações no mundo.

O que chama atenção em relação a outras empresas é que nessa a consciência para trabalhar com sustentabilidade aguçou os gestores para que mudassem suas estruturas. Aqui houve uma quebra de paradigma da administração tradicional para a administração por competências. O facilitador inclusive cita o livro "Administração para século 21”, de Crhowdhury et al. (2002). Atualmente, existe um colegiado que decide em grupo, como a empresa irá se comunicar com o mercado. "Existe o cuidado de não colocar no mercado inverdades, e de como vamos divulgar a marca Empresa 2, porque existem casos de mero discurso", comenta um facilitador.

Verifica-se que a Empresa 2 passou a estudar o desenvolvimento sustentável para inseri-lo na cultura da empresa, ou seja, buscando bases teóricas para que seus colaboradores tivessem a segurança para realizar estas novas tarefas. Na empresa com o conhecimento sobre a temática da sustentabilidade surgiram novos assuntos, indagações e alternativas para soluções de problemas que antes não eram visualizados. Exemplo disso, a empresa buscou parceira com a Universidade local para resolver a seguinte questão: óleo mamona era trazido de São Paulo, então, porque não se desenvolve algo localmente para fomentar o

17 Instituto Ethos Estrutura de Relatórios da GRI (Global Reporting Initiativa) visa a servir como um modelo amplamente aceito para a elaboração de relatórios sobre o desempenho econômico, ambiental e social de uma organização. Foi elaborado para ser utilizado por organizações de qualquer porte, setor ou localidade.

18 A GRI (2006) publica diretrizes de orientação para a confecção de um relatório padronizado, composto de indicadores qualitativos e quantitativos, que complementa os relatórios financeiros.

desenvolvimento da região, reduzindo custos e contribuindo para a diminuição da pegada ecológica ("mais pelo social de que pelo econômico" declara um facilitador).

Outros temas foram surgindo com o processo de sustentabilidade como: a alfabetização ecológica, o projeto pensando e o projeto do consumo consciente que consiste em reciclagem, em economia de água e energia. Também teve-se a preocupação de determinar como a empresa vai se comunicar em termos de sustentabilidade. Comenta um dos coordenadores de área "estamos nos comunicando com público externo, há muitas ações sociais, parcerias". Continua: "cuida-se para não fazer uma maquiagem verde".

A empresa comunica-se com seu público externo por meio de projetos e participação em conversas, fazendo ela própria a sua propaganda e declara: "as agências de publicidade não estão preparadas para comunicar uma empresa como a nossa". Comentário de um dos facilitadores: "a Empresa 2 dentro da sociedade é algo estranho, quando relatamos que a empresa funciona dessa forma. O que acontece é que o econômico fala mais alto para a maioria das empresas que não pensam como nós". A Empresa 2 quer deixar claro que não trata a sustentabilidade como marketing e que o principal é que tudo tem de ser feito em função das pessoas. "A grande comunicação se dá através de nossas atitudes", revela a empresa. Conforme Savitz (2007), a ideia da empresa sustentável é aquela que gera lucro para o acionista e, ao mesmo tempo, protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com quem mantém relação.

Percebe-se a preocupação da empresa em como comunicar o seu desenvolvimento sustentável para a sociedade. Na entrevista ficou claro que empresa não quer fazer marketing com isso. Savitz (2007) relata em seu estudo que as empresas têm dificuldade em comunicar sobre sustentabilidade.

Uma questão que reforça essa preocupação foi levantada pelo facilitador durante a entrevista: qual o propósito da empresa? "A empresa precisa ser algo mais do que somente vender o seu produto". Ainda reforça "temos que pensar que a questão do bem-estar não é

Uma questão que reforça essa preocupação foi levantada pelo facilitador durante a entrevista: qual o propósito da empresa? "A empresa precisa ser algo mais do que somente vender o seu produto". Ainda reforça "temos que pensar que a questão do bem-estar não é