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5 AS INDÚSTRIAS GAÚCHAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

5.2 Nível de sustentabilidade das empresas pesquisadas

Na sequência desta seção para uma visualização do nível de sustentabilidade das empresas, elaborou-se um quadro de escore no qual as empresas pontuaram zero para ausência de sustentabilidade, um fraca, dois moderada a três para sustentabilidade forte em cada item. Podendo, por exemplo, se a empresa chegar a uma pontuação máxima de 30 pontos ser classificada na sustentabilidade forte.

A pontuação foi definida no sentido de considerar, por exemplo, que a empresa nos dez itens avaliados deve chegar ao mínimo de 20 pontos para ser considerada em um nível de sustentabilidade moderada. Não adianta ela pontuar em nove itens como sustentabilidade moderada (escore 2) e em um sustentabilidade fraca (escore 1). Ela somara dezenove pontos (2 X 9 = 18 + 1 X 1 = 1 ) e será classificada em um nível de sustentabilidade fraca. Considera-se aqui que para Considera-ser classificada em um nível superior ela deve atingir esConsidera-se mínimo. Assim

conforme a classificação do quadro anterior lista-se o resultado das empresas participantes do estudo:

Tabela 1 – Escore de pontuação das empresas

Empresa empresa funcionar no sistema econômico. Seu conceito35 declara que o sistema econômico é suficientemente grande para sofrer restrição de recursos e que essas restrições serão derrubadas pelo suporte do progresso técnico e da inovação. As empresas nesse estudo estão vinculadas à geração de resultados e à busca pela redução de custos e desperdícios; tornou-se uma ótima oportunidade de melhorar o seu desempenho e produzir uma boa imagem.

Há no caso uma empresa que pode ser classificada em um nível de sustentabilidade moderada. Há também outra empresa que quase atingiu o nível de sustentabilidade moderada.

Essas empresas estão mais evoluídas no aspecto de sustentabilidade, isso se deve a aspectos como a alteração da estrutura de uma das empresas para a introdução e desenvolvimento do tema dentro de seus negócios. E considera a própria empresa em questão, de que não é possível desenvolver a temática desenvolvimento sustentável em estruturas verticais de administração.

Percebe-se também que as empresas se encontram em um processo de conhecimento e posicionamento sobre assunto. As empresas ainda estão iniciando a sustentabilidade como conceito dentro da sua estrutura e que devido a pressões institucionais36 elas inserem o assunto dentro da empresa.

35 ROMEIRO (2010).

36 Meyer e Rowan (1977), no texto Institutionalized organizations formal structure as mythand ceremon, relatam as pressões sofridas pelas empresas atraves da sociedade, na qual as empresas incorporam essas pressões por questões de sobrevivência.

Variável

O que se observa é que as empresas estão buscando de uma maneira em graus diferentes introduzir o assunto sustentabilidade no seu dia a dia. Essa introdução começa na sua maioria com novas tecnologias e inovações, através de processos que reduzam custos e desperdícios dentro dos seus negócios. Há empresas que somente introduziram o assunto, pensando na redução de custos e nada mais, conforme o conceito da economia ambiental já citado.

As empresas estão apenas começando a verificar como devem fazer para que seu produto, após o descarte, volte para a empresa e seja reaproveitado ou reciclado (ou mesmo que se dê destino correto para ele). A questão da logística reversa é o caso, algumas empresas relataram dificuldade pelo numero de clientes e produtos, e outras ainda não pensaram o assunto. O problema para elas é como aplicar essa logística reversa37 no seu processo.

Na parte social todas trabalham a questão da responsabilidade social focando principalmente seu publico interno. As empresas entrevistadas mostram programas sociais de incentivo e qualificação para os colaboradores. Também investem em programas sociais dando uma boa visibilidade frente aos seus stakeholders. O que se pode observar é que as empresas, seis, estão dentro de pirâmide de Carrol localizadas na responsabilidade legal, fazem aquilo que a lei determina e utilizam o incentivo do Imposto de Renda38 para programas sociais, o que na verdade tira esse recurso do Estado deixando-o nas mãos da empresa que pode investir no programa social que quiser.

As outras empresas, uma está classificada na responsabilidade ética na qual busca fazer o que é certo, ser ética, e a outra está na responsabilidade filantrópica, que busca que seus colaboradores serem bons cidadãos. A diferença dessas é que a com responsabilidade filantrópica busca em suas ações mudar estilos tradicionais administração, um exemplo disso, a empresa mudou sua estrutura de decisão, antes verticalizada, para uma estrutura horizontal na qual foram criados grupos de colegiados para tomada de decisões nos setores. Também a empresa escolheu um fornecedor local que mesmo com um custo maior para costurar o seu produto, optou-se por isso, ao invés dele vir da China costurado a um custo menor (isso não traria desenvolvimento para a região e com fornecedor local se incentiva a economia da região).

37 Ver Aligleri; Aligler; Kruglianskas (2009, p. 108) sobre logística reversa.

38 6% do imposto de renda devido podem ser usados para programas sociais. Disponível em:

www.receita.gov.br. Acesso em: 28 jul. 2012.

No aspecto ambiental as empresas em cumprem com a legislação seguem regras de normas de certificação como a ISO 14000 e algumas ainda possuem selos mais específicos como FSC. Todas enaltecem a importância das certificações algumas para melhorar processos gerenciais e outras simplesmente para marketing empresarial. As certificações têm essa tendência em organizar e controlar melhor processos, isso contribui para melhora no desempenho ambiental, mas não é principal quando se certifica, e sim evoluir com processos mais eficientes com o objetivo de serem eco-eficientes (aqui a empresa busca continuar competitiva).

Já na questão de indicadores de sustentabilidade o foco parece ainda estar em mostrar para os investidores como a empresa controla bem aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Relatórios de sustentabilidade são baseados em requisitos que devem atender a legislação, como tratamento de efluentes e resíduos sólidos, ou seja, poucos são os exemplos de ações que visam à sustentabilidade como seu conceito define. Um exemplo disso se verifica no cálculo de pegada ecológica ou carbon free, poucas fazem o cálculo especificamente (duas) e como exemplo plantam arvores para compensar sua pegada.

A preocupação das empresas com o desenvolvimento regional endógeno de suas comunidades não ficou claro, somente em duas empresas é que se visualizou esse cuidado.

Um exemplo a contratação de um fornecedor local mesmo sendo mais caro que outro fornecedor mais barato e situado em outro país.

O desafio de aplicar o conceito de sustentabilidade e de relacionar o tripé social, econômico e ambiental deve-se ao fato que essas empresas não acham exemplos que possam ser aplicados no seu contexto. As empresas buscam exemplos de outras empresas com o objetivo de sentirem-se mais legitimas e aceitas pela sociedade39. Pelo cliente, se ele preocupar-se com aspectos socioambientais investe-se, senão, não. Algumas empresas consideram que o cliente não está disposto a pagar mais por um produto ecologicamente correto e ainda há uma preocupação maior com a imagem que deixam para seus stakeholders.

Segundo Savitz (2007) envolver esses agentes em questões que possam afetá-los é cada vez mais importante para sentirem-se participantes da gestão da empresa, assim, talvez essa passividade desses agentes esteja mudando.

As empresas ainda estão observando o processo da sustentabilidade. Percebe-se ainda que as empresas encontram dificuldade em comunicar-se com seus clientes, fornecedores e até mesmo seus funcionários quando o assunto é sustentabilidade. Pode ser que cada agente

39 Ver DiMaggio; Powell (1983) sobre isomorfismo mimético.

tenha um entendimento sobre o assunto, por isso, é papel da empresa coordenar esse processo.

Também teve-se a limitação que algumas empresas procuradas não participaram do estudo, por isso, elaborou-se uma seção que abordará o tema a seguir.