• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

3.5. Análise de dados

De acordo com Bogdan e Biklen (2006) a análise de dados implica o trabalho com os dados recolhidos. Esta, para além da organização de todo o material, como: as notas de campo, os documentos dos participantes, as transcrições das entrevistas, entre outros; compreende a divisão em unidades de análise e a procura de padrões, para responder às questões da investigação, bem como a decisão do que será importante divulgar aos outros (Bogdan e Biklen, 2006).

Para Stake (2007), a análise de dados “pretende dar significado às primeiras impressões assim como às compilações finais” (p. 87), referindo que não existe um momento específico para se iniciar o processo de análise. Assim, tendo em conta o objectivo deste estudo e as suas questões de investigação, a análise de dados realizou-se em duas fases.

Uma primeira fase que ocorreu à medida que se foram recolhendo os dados, necessária para uma certa orientação, organização de ideias e clarificação de objectivos. Teve-se a preocupação de imediatamente a seguir, e logo que possível, a cada sessão de aplicação do problema, em cada curso, organizar, por grupo e por problema proposto, as notas de campo das observações realizadas, os documentos referentes à resolução do problema e transcrever a entrevista realizada ao grupo, a seguir à resolução deste. Procurou-se ainda ler todas as notas de campo que descreveram os acontecimentos e as conversas observadas, acrescentando e/ou tecendo, sempre que pertinente, alguma preocupação, ideia ou visão do que tinha acontecido e observado, tendo-se, como salientam Bogdan e Biklen (2006), registado insights importantes para não os perder.

A segunda fase que ocorreu depois da recolha de dados. Nesta, depois de se ler diversas vezes todos os documentos reunidos e organizados, por grupo e por problema proposto, procurou- se fraccionar e relacionar as diferentes partes (Stake, 2007); “examinar (…) e recombinar as evidências” (Yin, 2005, p.137) e “tecer afirmações que revelassem a intenção do projecto” (Bogdan e Biklen, 2006), tendo em consideração a formulação das questões de investigação. Destas leituras e acções anteriores, procedeu-se a uma análise segundo uma determinada estrutura para cada grupo participante. Elaborou-se a caracterização de cada um dos formandos que constituíam o grupo; descreveram-se e analisaram-se os processos utilizados na resolução de cada um dos problemas propostos; a forma como explicitaram as suas resoluções; bem como as dificuldades sentidas e como as ultrapassaram ao longo da experiência formativa.

Neste estudo, como já foi referido, considera-se que processos de resolução são acções que são desencadeadas e ocorridas durante a resolução de problemas, ao nível cognitivo e afectivo.

84

Dado que aquele se realizou no âmbito das sessões de formação da Área de Competência-Chave Matemática para a Vida, com o objectivo de trabalhar o Critério de Evidência Utlizar um modelo de resolução de problemas, nomeadamente o proposto por Polya, e fazendo um paralelismo deste modelo com os processos envolvidos na resolução de problemas defendidos por Charles, Lester e O‟ Draffer (1987), consideraram-se os seguintes processos: (a) compreender o problema; (b) seleccionar os dados necessários para resolver o problema; (c) formular e resolver sub-problemas; (d) seleccionar estratégias de resolução adequadas; (e) implementar correctamente a(s) estratégia(s) escolhidas; (f) dar uma resposta relacionada com o contexto do problema e (g) avaliar a razoabilidade da resposta.

Pretendeu-se analisar a resolução como um todo e não apenas a solução obtida, pelo que todos os dados foram transcritos e organizados segundo um sistema de categorias emergente dos dados e norteado pelas questões de investigação, nomeadamente:

- Caracterização de cada um dos formandos dos grupos participantes: (i) características pessoais e (ii) crenças relativamente à noção de problema e resolver problemas;

- Processos utilizados durante a resolução de problemas: (i) compreender o problema (ler e analisar pormenorizadamente o enunciado; clarificar e compreender o significado de todas as palavras e toda a informação explícita e implícita no texto; identificar as partes principais do problema: dados, condições, e questão; compreender e reconhecer a relação entre os dados e as condições e a relação entre a questão, os dados e as condições; esquematizar e estabelecer essas relações através da representação: figura e uma notação adequada); (ii) seleccionar os dados necessários para resolver o problema (identificar os dados necessários, eliminar os desnecessários e recolher dados de diversas fontes); (iii) formular e resolver sub-problemas (analisar como é que os diversos elementos se relacionam para ter uma ideia da resolução; destacar as diferentes partes do problema e tomada de decisão sobre a necessidade de formular sub-problemas); (iv) seleccionar estratégias de resolução adequadas (tomada de decisão sobre a estratégia a implementar; quais os cálculos e construções a efectuar; concentração no objectivo e bons hábitos mentais; escolher uma operação, fazer uma figura, tabela ou lista organizada, resolver um problema mais simples, recordar um problema idêntico, tentar transformar um problema num outro em que se conhece a resolução e ver se é possível utilizar o seu método de resolução, tentar imaginar um problema mais acessível, ou mais específico); (v) implementar correctamente a(s) estratégia(s) escolhidas (ser capaz de usar o raciocínio lógico, efectuar cálculos, uma lista organizada, uma tabela e executar todas as operações algébricas ou geométricas que definiu na etapa anterior e, passo a passo, rever a sua

85

resolução, pelo raciocínio formal, ou pela intuição ou pelas duas vias); (vi) dar uma resposta relacionada com o contexto do problema (apresentar uma resposta com uma frase completa segundo o contexto do problema e apresentar uma resposta com a unidade correcta) e (vii) avaliar a razoabilidade da resposta (olhar para trás, verificar e interpretar o resultado obtido, bem como o caminho utilizado; uma revisão e discussão de todo o trabalho realizado);

- Forma como explicitaram as suas resoluções: (i) registo das partes principais do problema: dados, condições e questão do problema e (ii) organização e registo, passo a passo, de todo o seu trabalho escrito;

- Dificuldades sentidas durante a resolução de problemas e como as ultrapassaram.

Em cada um dos estudos de caso apresentados procurou-se manter a mesma estrutura, com os ajustes decorrentes de cada problema e da participação de cada grupo interveniente.

87