• Nenhum resultado encontrado

Análise de dados

No documento Download/Open (páginas 91-96)

CAPÍTULO 4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.4 Análise de dados

A seguir apresentaremos o processo de análise de dados explicitando os critérios de escolhas, como também os referenciais metodológicos que apoiam nossa pesquisa.

4.4.1 Análise da primeira etapa da pesquisa

Neste momento inicial, analisamos as respostas do professor, com o propósito de observarmos informações sobre o perfil profissional, epistemológico da prática e da formação e suas concepções sobre o conceito se substância e suas possíveis relações com o conceito de molécula.

 Análise da primeira parte da entrevista - perfil profissional do participante

Realizamos todas as descrições das informações do sujeito participante, observando informações sobre o perfil profissional e epistemológico da professora. Foram verificados os seguintes aspectos: tempo de serviço, formação acadêmica, tempo de experiência lecionando a disciplina de Química, quais recursos utilizam na sua prática docente, quais dificuldades enfrentaram e enfrentam em sala de aula e suas considerações epistemológicas sobre a construção de conceitos científicos em sala de aula.

 Análise da segunda parte da entrevista - concepções do professor

As concepções do professor para o conceito de substância foram analisadas à luz das zonas do perfil conceitual de substância, propostas por Silva (2011) e Silva e Amaral (2013), conforme exposto no Quadro 4 abaixo:

Quadro 4: Critérios da análise das concepções do professor Zonas do perfil

conceitual de substância

Visões que emergiram na fala Características de cada zona

Zona essencialista Visão essencialista da

substância

As propriedades e as substâncias são abstratas e constituem a essência e o motivo da existência

das coisas.

Zona generalista Visão generalizada da

substância

Generalização de ideias, aceita qualquer tipo de conceito a ser aplicado ao termo substância.

Zona substancialista Visão substancialista da

substância

O conceito de substância é explicado a partir da composição da matéria.

Zona racionalista

Visão microscópica da substância

As substâncias são reconhecidas em diferentes contextos da Química, tanto microscópico quanto

o macroscópico. Visão macroscópica da

Zona relacional Visão relacional da substância

As concepções sobre substâncias vão além da zona racionalista, assim são relacionadas a matéria e energia, explicando fenômenos como

reações químicas e síntese de substâncias. Fonte: Silva (2011) adaptado

Conforme podemos observar no Quadro 4, para cada resposta dos questionamentos indicamos a zona, observando as visões observadas nos extratos de fala do sujeito participante, assim como as características para indicação das zonas.

Em relação à ocorrência das relações do conceito de substância com as zonas do perfil conceitual de molécula, nos guiamos pelas informações descritas no item 3.2.1 Zonas do perfil conceitual de molécula, desta dissertação.

4.4.2 Análise da entrevista semiestruturada - situações contextualizadas

Para a análise dos dados obtidos por meio da entrevista semiestruturada, utilizando as situações, também utilizamos as zonas do perfil conceitual de substância proposto por Silva (2011) e Silva e Amaral (2013) e as zonas do perfil conceitual de molécula proposto por Mortimer (1997).

A análise de identificação das zonas das entrevistas, em relação cada perfil conceitual, foi embasada categoricamente nas ideias do propositor de cada perfil. A seguir, apresentamos o Quadro 5 que ilustra as principais informações dos perfis conceituais, assim como as características de cada zona.

Quadro 5: Perfis conceituais, zonas e suas características. Perfil

Conceitual Zona Características

Substância [1]

Essencialista As propriedades e as substâncias são abstratas e constituem a essência e o motivo da existência das coisas.

Generalista Generalização de ideias, aceita qualquer tipo de conceito a ser aplicado ao termo substância.

Substancialista O conceito de substância é explicado a partir da composição da matéria.

Racionalista As substâncias são reconhecidas em diferentes contextos da Química, tanto microscópico quanto o macroscópico.

Relacional

As concepções sobre substâncias vão além da zona racionalista, assim são relacionadas à matéria e à energia, explicando fenômenos

como reações químicas e síntese de substâncias.

Molécula [2]

Generalista* As moléculas são formadas por determinados materiais (elementos ou substância).

Substancialista* A molécula contém todas as propriedades da substância que ela compõe.

Racionalista*

A molécula tem a menor unidade na qual uma substância pode ser dividida sem que haja uma mudança na sua natureza química.

Relacional*

A molécula é relacionada a estrutura molecular, é compreendida como algo dinâmico que não pode ser considerado apenas como um grupo de átomos cujo número, tipo e arranjo geométrico determinam

todas as suas propriedades químicas. Fontes: [1] Silva 2011; [2] Mortimer (1997) adaptado.

Nota: *Estas quatro zonas, foram nomeadas nesta dissertação, pois no trabalho proposto por Mortimer (1997) receberam outra nomenclatura, mas mantiveram integralmente a ideia do propositor.

De acordo com as informações evidenciadas no Quadro 5, as respostas concedidas pelo professor na entrevista semiestruturada serão analisadas à luz dos diferentes compromissos epistemológicos e ontológicos, explicitados como as características específicas de cada zona, conforme apontadas no quadro acima.

4.4.3 Análise das filmagens das aulas

Para a análise da terceira etapa desta dissertação, nos guiamos na estrutura analítica proposta por Mortimer e Scott (2002, 2003), a qual foi organizada à luz dos estudos da linguagem de Bakhtin (1986). Nos trabalhos destes autores é observado o discurso em sala de aula a partir de cinco aspectos, a saber: Intenções do professor; Conteúdo; Abordagem comunicativa; Padrões de interação e Intervenção do professor (MORTIMER; SCOTT, 2002, 2003). Mas, neste trabalho, apenas iremos levar em conta as intenções do professor e o conteúdo do discurso, por compreendermos que estes dois pontos permitem envolvermos diferentes elementos das interações em sala de aula.

4.4.3.1 Critérios de análise para a observação das aulas

As quatro aulas filmadas, ambas tratavam do conteúdo de substância. Vale destacar, que em cada aula foi trabalhada uma das situações selecionadas pelo pesquisador.

Para apreciarmos as aulas, organizamos em episódios, sendo que a primeira aula ficou com cinco episódios, a segunda aula com sete episódios, a terceira aula com cinco episódios e a quarta aula com seis episódios. Vale salientar, que apesar de cada aula ser de 50 min, o intercurso de montagem de retroprojetor de slides, organização e frequência dos alunos, influenciaram na diferença da quantidade dos episódios. Assim, para análise elegemos os principais episódios da sequência de aula inicialmente identificamos a emergência de zonas do perfil conceitual na fala do professor. É importante salientar, que apenas selecionamos cinco episódios, cujos compreendemos que apontavam elementos de grande

representatividade das aulas, dessa forma, o primeiro expôs a aula introdutória em relação ao conceito de substância e os demais episódios exemplificaram a discussão de cada situação no decorrer das quatro aulas. E em seguida analisamos as interações discursivas verificando como as discussões em sala de aula se desenvolveram sentidos e significados a partir da explicitação de certas zonas por parte da professora. Para isto, nos apoiamos em Mortimer e Scott (2002, 2003), focando as intenções do professor e o conteúdo do discurso do professor. As intenções do professor são veiculadas em suas iniciativas de divulgar as atividades em sala de aula, buscando desenvolver habilidades nos estudantes, por meio de ‘histórias científicas’, apontando as ideias científicas (incluindo temas conceituais, epistemológicos, tecnológicos e ambientais) no plano social da sala de aula. Em relação ao conteúdo, podemos dizer que está relacionado a aspectos procedimentais, questões organizacionais da disciplina e o manejo de sala de aula.

No Quadro 6, a seguir, apresentamos os critérios apontados por Mortimer e Scott (2002), ilustrando aspectos, categorias e as ferramentas de análise das interações discursivas e a produção de significados nas aulas dos professores.

Quadro 6: Critérios de análise para as interações discursivas

Aspectos Categorias Características

Intenções do Professor

Explorando as visões dos estudantes

Descrever e explorar as visões e entendimentos dos estudantes sobre ideias e fenômenos específicos.

Observar o desenvolvendo a ‘história

científica’

Analisar as ideias científicas (incluindo temas conceituais, epistemológicos, tecnológicos e ambientais) dos estudantes. Guiando os estudantes no

trabalho com as ideias científicas, e dando suporte ao processo de

internalização.

Dar oportunidades aos estudantes de falar e pensar com as novas ideias científicas.

Ao mesmo tempo, dar suporte aos mesmos para produzirem significados individuais, internalizando essas ideias. Mantendo a narrativa:

sustentando o desenvolvimento da

‘história científica’

Prover comentários sobre o desenrolar da ‘história científica’, de modo a ajudar os estudantes a seguir seu desenvolvimento e a

entender suas relações com o currículo de ciências como um todo.

O conteúdo do discurso

Descrição

Observar se envolve enunciados que se referem a um sistema, objeto ou fenômeno, em termos de seus constituintes ou dos

deslocamentos espaço-temporais desses constituintes. Explicação Analisar se envolve importações de algum modelo teórico ou

mecanismo para se referir a um fenômeno ou sistema específico. Generalização Verificar se elabora descrições ou explicações que são

independentes de um contexto específico. Fonte: Mortimer e Scott (2002)

No capítulo a seguir, expomos todos os resultados alcançados e suas respectivas discussões.

No documento Download/Open (páginas 91-96)