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Coleta de dados

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CAPÍTULO 4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.3 Coleta de dados

Na coleta de dados, buscamos analisar o perfil profissional e epistemológico; as diferentes concepções do professor participante, sobre o conceito de substância e algumas relações com o conceito de molécula e observações da sala de aula, a fim de organizarmos possibilidades para que os perfis conceituais tornem-se ferramentas no processo de ensino- aprendizagem. Desta forma, acreditamos que a teoria do perfil conceitual pode permitir novos caminhos para uma formação epistemológica na prática do professor, tornando-o mais consciente nas interações discursivas e na construção de significados em sala de aula.

4.3.1 Entrevistas com o professor

Segundo Severino (2007), as entrevistas semiestruturadas são utilizadas de maneira direcionada e previamente estabelecida, almejando uma articulação criteriosa entre pesquisador e sujeito pesquisado, mantendo a impessoalidade nas questões. Diante disso, compreendemos que será uma boa ferramenta, pois poderemos compreender o perfil profissional e alguns elementos epistemológicos da prática do professor.

 Primeira parte da entrevista - perfil profissional do participante

Realizamos a primeira entrevista (Cf. APÊNDICE B), contendo 11 questionamentos, a fim de coletar informações sobre a participante. Colocando os seguintes pontos em questão:

 tempo de serviço;

 formação acadêmica;

 tempo de experiência lecionando a disciplina de Química;

 quais recursos utiliza na sua prática docente;

 quais dificuldades enfrenta ou enfrentou em sala de aula;

 considerações epistemológicas sobre a construção de conceitos científicos em sala de aula.

A segunda parte da entrevista continha 11 questionamentos (Cf. APÊNDICE B), no intuito de traçarmos as diferentes concepções do professor sobre o conceito de substância e possíveis relações com o conceito de molécula. Assim, todos os questionamentos, estavam alinhados às distintas visões dos conceitos já mencionados podem ser percebidos em diferentes contextos sociais, precisamente ligadas às percepções do contexto científico escolar. Essa etapa da pesquisa teve duração de 50 minutos para as duas fases.

4.3.2 Entrevista semiestruturada - Situações contextualizadas

A entrevista semiestruturada com situações contextualizadas foi baseada nos trabalhos de Coutinho (2005) e Silva (2011), os quais buscaram suscitar ideias acerca do conceito de substância, relacionadas a diferentes contextos (Cf. APÊNDICE C). A seguir apresentamos no Quadro 3, ilustrando resumo das intenções que cada situação buscou originar.

Quadro 3: Intenções de cada situação da entrevista

Situações Conceito de substância relacionado a diferentes contextos 1ª Situação Aplicação de substâncias na produção agrícola

2ª Situação Aplicação de substâncias na mineração

3ª Situação Aplicação de substâncias na história da ciência

4ª Situação Aplicação de substâncias na perícia científica

5ª Situação Aplicação de substâncias na medicina

6ª Situação Aplicação de substâncias no contexto sociopolítico

7ª Situação Aplicação de substâncias no meio de automotores

8ª Situação Aplicação de substâncias no setor farmacêutico Fonte: Produção Própria.

Conforme podemos observar no Quadro 3, a referida entrevista buscou estabelecer pontes entre os perfis conceituais em diversos contextos, para que possamos identificar o uso das zonas do perfil conceitual a partir dos diferentes posicionamentos do professor participante. Deste modo, de acordo com Silva (2011), a utilização de situações contextualizadas possibilita a emergência de distintas zonas, pois situa o sujeito a um momento em que o mesmo é condicionado a posicionar-se frente à determinada discussão.

Assim, preparamos a entrevista que apresentou perguntas abertas que ilustram situações contextualizadas baseadas em Coutinho (2005) e Silva (2011). A situação contextualizada trata-se de uma situação problema que incita o sujeito a refletir sobre as informações colocadas, objetivando que o mesmo busque de todos os conhecimentos

epistemológicos e ontológicos construídos ao longo de suas vivências e exponha suas considerações sobre o que está sendo indagado. Desta forma, cada pergunta possibilitou verificar a emergência de zonas do perfil conceitual de substância e as possíveis relações do conceito de substância com as zonas do perfil conceitual de molécula.

Elaboramos a entrevista com oito questionamentos, envolvendo diretamente o conceito de substância e as possíveis relações com o perfil conceitual de molécula. É importante ressaltar que todos os questionamentos remetiam a contextos diferentes do científico escolar. A escolha foi proposital, pois segundo Diniz Júnior, Amaral e Silva (2015), ao trazer questionamentos ligados a contextos escolares ou até mesmo de laboratório, as concepções dos sujeitos ficam restritas a informações advindas de livros didáticos, ou até mesmo a ideias intuitivas ligadas a visões simplistas do senso comum, sem trazer sentidos e significados já aplicados pela ciência.

Esta etapa da pesquisa estava alinhada nas dimensões da teoria do perfil conceitual, pois a partir deste podemos perceber diferentes concepções epistemológicas e ontológicas dos sujeitos, assim como as distintas percepções a partir de diferentes contextos. Vale ressaltar que através desta entrevista utilizando as situações, se almejou ir além do mapeamento das zonas dos perfis conceituais, possibilitando analisarmos todo um panorama dos diferentes compromissos epistemológicos e ontológicos arraigados nas concepções dos professores participantes. É importante destacarmos que esta etapa foi registrada em áudio utilizando-se de um aparelho de MP3 e teve duração de 70 minutos.

4.3.4 Observação da sala de aula a partir de videografia

A observação é um procedimento que permite acesso aos fenômenos de variados contextos. Segundo Severino (2007), é um recurso imprescindível em qualquer tipo de ou modalidade de pesquisa. Nesta etapa da pesquisa, escolhemos observar quatro aulas de 50 minutos, ministradas pela professora participante em uma turma do 1º ano do Ensino Médio, que tinha 16 alunos, com faixa etária entre 15 e 16 anos de idade. Durante as aulas, foram trabalhadas algumas definições do conceito de substância, e se utilizou de algumas das situações trabalhadas na segunda etapa da pesquisa (Cf. APÊNDICE D). As situações foram entregues aos alunos que se dividiram em quatro grupos, para tentarem resolver cada situação com a mediação da professora. Estas situações foram indicadas pelo pesquisador, com o objetivo de realizar algumas relações com a forma que cada professor resolveu as situações na

entrevista e a maneira que a professora mediava no contexto da sala de aula. Assim, pudemos olhar para as diferentes formas que a professora utiliza o conceito de substância.

Outros aspectos que consideramos foram as interações discursivas em sala de aula, a fim de observarmos as zonas que estão emergindo no discurso da professora, e dos estudantes ao resolverem e discutirem as situações sobre os conceitos em estudo. Perante esta discussão, realizaremos tais procedimentos visando corroborar algumas pesquisas frente à teoria do perfil conceitual (MORTIMER, 1995; AMARAL; MORTIMER, 2001; AMARAL; MORTIMER, 2004; SILVA; AMARAL, 2006; MORTIMER; SCOTT; EL-HANI, 2009; SILVA, 2011, SEPÚLVEDA; MORTIMER; EL-HANI, 2013; SABINO, 2015), as quais apontam a necessidade de formarmos estudantes que tenham consciência das diversas formas de pensar um conceito. A partir de nosso trabalho, colocamos esta necessidade levando em conta também o professor, acreditando que este, durante as interações discursivas em sala de aula, pode promover múltiplas possibilidades para a conscientização dos estudantes sobre as diferentes formas de pensar um conceito na construção de significados no contexto escolar.

Nesta etapa da pesquisa, todos os momentos foram registrados em áudio e vídeo, utilizando de aparelho de MP3, de câmera digital, e teve uma duração de 200 minutos. Segundo Pinheiro, Kakehashi e Ângelo (2005), a videografia constitui um instrumento valioso na coleta de dados, principalmente em processos de observação em pesquisas qualitativas. Deste modo, de acordo com as autoras, o mesmo deve ser usado criteriosamente, levando em consideração o preparo do pesquisador, além dos aspectos técnicos de natureza pessoal. Além disso, requer um planejamento cuidadoso, organizando o período de realização da pesquisa e o treinamento ou orientando o operador para o manejo da câmara. Por fim, o pesquisador deve manter um posicionamento ético, respeitando todos os direitos dos sujeitos pesquisados.

Assim sendo, através das observações filmadas, buscamos contribuir para o desenvolvimento da teoria do perfil conceitual, para que esta seja utilizada como instrumento na construção de conceitos científicos no contexto educacional.

Logo após a realização desta etapa, realizamos as transcrições das observações, as quais foram divididas em episódios e cada episódio subdividido em turnos, evidenciando as falas observadas nas interações discursivas das aulas sobre os conceitos em estudo, ministradas pelo professor participante.

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