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Perfil Conceitual de Substância

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CAPÍTULO 3 OS PERFIS CONCEITUAIS DE MOLÉCULA EDE SUBSTÂNCIA

3.1 Perfil Conceitual de Substância

A proposta do perfil conceitual de substância foi estabelecida por Silva (2011), na qual em seu trabalho o mesmo evidenciou variadas formas de pensar e representar conceito de substância nas distintas esferas da sociedade, destacando que o conceito de substância é polissêmico.

Para Silva (2011) o termo de substância na sociedade contemporânea ainda é percebido como pensamento filosófico como também está entrelaçado à química de Lavoisier, que alude acerca das propriedades definidas da matéria. Diante disso, percebemos que os conhecimentos que arquitetamos ao longo de nossas vidas são resistentes e influenciados legitimamente pelo contexto que participamos.

Silva (2011) também defende que apesar das diversas transformações que passamos em sociedade, influenciados pelo desenvolvimento da ciência e da tecnologia, ainda permanecem em evidência as ideias similares às concepções levantadas tem diferentes períodos. Perante isso, verificamos que as ideias do conceito de substância evoluíram concomitantemente com o desenvolvimento sociohistórico da humanidade, apontando que o conceito em questão apresenta diferentes formas de ser conceituado.

Nesta ótica Silva e Amaral (2013) dizem que o conceito de substância é polissêmico, ou seja, pode apresentar diversos significados, usados em contextos específicos. Assim o mesmo contribui para o desenvolvimento dos estudos de perfil conceitual, como também ajuda a melhorar a aprendizagem de conceitos dentro e fora do meio escolar.

Deste modo percebemos que a aprendizagem do perfil de substância pode promover uma evolução conceitual dentro da sala de aula, mas não num sentido de substituir conceitos

por outros, nem tampouco à forma de compreender o conceito se sobressair em relação à outra maneira de se entendê-lo, mas sim aprender que existem diferentes aplicações no nosso dia a dia.

Conforme relata Silva (2011, p. 18) “(...) as diversas concepções sobre o conceito de substância, verificamos que algumas delas apresentavam significações muito diversas com relação ao universo da sala de aula de ciências e/ou de Química (...)”.

Portanto, partir dessas significações foram propostas as diferentes ideias sobre o conceito de substância, sendo que através destas foram apontadas as distintas zonas que serão discutidas no próximo ponto.

3.1.1 Zonas do Perfil Conceitual de Substância

Conforme especificado Por Silva (2011) a polissemia do conceito de substância, o autor propôs cinco zonas notificando as diferentes maneiras de pensar e falar, nos dessemelhantes contextos da sociedade.

Zona Essencialista – As propriedades e as substâncias são abstratas: A ideia da zona

essencialista foi construída a partir de diferentes pontos de vista, inicialmente a partir de concepções da filosofia grega apontando que as substâncias se subdividem em substâncias materiais estabelecendo uma visão física e como imaterial sob o olhar da metafísica se baseando nas teorias da natureza. Nessa direção o autor exemplifica que na visão filosófica as substâncias seriam as formadoras do tudo que existe no mundo material e que a alma seria a substância que concedia vida ao ser humano. O autor também ilustra que alguns alquimistas também apontavam algumas visões da zona essencialista, quando buscavam a partir da essência dos materiais, gerar substâncias que de alguma maneira prolongariam a vida do ser humano, como o elixir da longa vida. Diante disso, a zona essencialista entende que as “propriedades e as substâncias são abstratas e constituem a essência e o motivo principal da existência ou funcionamento das coisas” (p. 146).

Zona Generalista – Generalização de ideias: Nesta zona as ideias são incorporadas a partir

de generalizações do conceito de substância, admitindo que qualquer tipo de material é uma substância. Assim as substâncias são vistas de maneira ingênua sob o ponto de vista macroscópico. De acordo com o autor o conceito de substância apresenta variadas classificações, que partem desde entendimento do próprio conceito de substância, para a ideia

de “elemento” e “matéria”, conforme evidenciado no contexto atual de Química. O autor ainda complementa que a definição de substância pura em muitos momentos é confundida com o conceito de substância simples e até mesmo de elemento. Além disso, no contexto da sala de aula em alguns momentos a definição de substância é confundida como “átomo” e até mesmo “molécula”.

Zona Substancialista – Substância é explicada a partir da composição da matéria: Na

zona em questão temos as concepções em que ocorre a existência da consciência da composição da matéria por substâncias. Mas segundo o autor nesta visão, átomos, moléculas e elementos contêm as propriedades das substâncias as quais constituem, por exemplo, os átomos de carbono possuem qualidades da substância carbono. O autor ainda menciona que determinados sujeitos que integram o contexto da sala de aula substancializam algumas propriedades organolépticas das substâncias, como cheiro e cor, diante disso, em um processo de transformação química as propriedades são transferidas de uma substância para outra.

Zona Racionalista – Substância entendida a partir da ótica microscópica e macroscópica: Nesta zona, a definição de substância já compreende as ideias que decorrem

do contexto da Química contemporânea, apontando concepções acerca do conceito a partir do ponto de vista macroscópica e microscópica. Sendo assim, as ideias desta zona ilustram um nível mais altivo em relação às anteriores, uma vez que as concepções racionalistas estão imbricadas pela técnica experimental, acompanhado de reflexões e pela lógica. Para o autor o olhar racionalista desta zona pode ser observado quando os sujeitos sabem conceituar o termo substância, concedendo explicações conscientes, apontando as principais diferenças e características. De acordo com o autor a consciência da referida zona leva os sujeitos a “conceituar substância pura (tendo consciência dos limites dessa ideia e do seu modelo implícito)” apontando também distinções de substância elementar (elementos), composto (substância) e material (misturas), representando assim as substâncias em uma condição microscópica por meio de suas propriedades físicas e químicas (p. 151). Diante disso, nesta zona as propriedades são compreendidas como pontos importantes para a distinção das substâncias, que em muitos casos são percebidas como inalteráveis.

Zona Relacional – Substância é relacionada à matéria e energia: Durante muito tempo as

concepções aludidas na zona anterior a partir do ponto de vista racionalista conseguiu responder e exemplificar as necessidades postas pelo contexto da ciência. Entretanto, na zona

relacional a visão racionalista vai um pouco além, uma vez que leva em consideração as concepções da zona racionalista, levadas a um nível mais complexo de compreensão do conceito. De acordo com o autor na zona relacional, as relações entre matéria e energia são utilizadas para uma série de fenômenos e transformações, por exemplo, as reações químicas e as sínteses de substâncias. Nesta zona, a compreensão de substância não se restringe apenas as suas propriedades, pois passa a considerar a influência do meio externo nas transformações da matéria a partir de suas variadas interações, inclusive considerando a energia como entidade que pode alterar o caráter das interações das substâncias. Segundo o autor, reconhecer as interações das substâncias permite entendermos que na natureza não é possível isolar e identificar uma substância individual, com 100% de pureza, dessa forma passa a entender que as substâncias estão sempre interagindo com o meio.

Então, a partir da discussão das zonas supracitadas, ilustramos no Quadro 1 abaixo, um resumo apontando a forma que iremos tratar as zonas do perfil de substância nessa dissertação.

Quadro 1: Zonas e características do perfil conceitual de substância Perfil

Conceitual Zona Características

Substância [1]

Essencialista As propriedades e as substâncias são abstratas e constituem a essência e o motivo da existência das coisas.

Generalista Generalização de ideias, aceita qualquer tipo de conceito a ser aplicado ao termo substância.

Substancialista O conceito de substância é explicado a partir da composição da matéria.

Racionalista As substâncias são reconhecidas em diferentes contextos da Química, tanto microscópico quanto o macroscópico.

Relacional

As concepções sobre substâncias vão além da zona racionalista, assim são relacionadas à matéria e à energia, explicando fenômenos

como reações químicas e síntese de substâncias. Fonte: Silva 2011

Assim, com base nas informações do Quadro 1, guiaremos nossas discussões sobre do conceito de substância, adotando as características supracitadas.

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